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INTEGRAÇÃO
Fronteiras são sinônimo de solução, diz Tebet, em plenária sobre as rotas de integração
O Ministério do Planejamento e Orçamento deu sequência, nessa quinta-feira, 4 de abril, aos diálogos que vêm conduzindo para apresentar e debater o projeto das cinco Rotas de Integração Sul-Americana. Com foco na Rota Ilha das Guianas, que pretende potencializar rotas de integração do Norte do Brasil, a ministra Simone Tebet e a equipe do MPO participaram de uma plenária na cidade de Boa Vista, capital de Roraima, que reuniu o governador de Roraima, Antonio Denarium, o prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique, a secretária Nacional de Políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MDIR), Adriana Melo Alves, lideranças regionais da indústria e do comércio, além de Rodger King, cônsul-geral da Guiana no Brasil.
"Estamos vindo a Roraima mais para ouvir do que para falar", disse Tebet. "Nos últimos 20 anos, o Brasil sempre olhou para o Atlântico, para a Europa, para o litoral, mas nos últimos anos estamos vendo um crescimento do país graças ao agronegócio. E o agronegócio está no Centro-Oeste, no Norte e no Sul do país," acrescentou. Para Tebet, o peso do agronegócio no crescimento e no comércio exterior do Brasil torna realidade o mapa das rotas de integração com os países da América do Sul, que também abrem caminhos de exportação via o Pacífico, que tendem a encurtar as distâncias e reduzir o custo do transporte de mercadorias para a Ásia e outros mercados. “Há 30 anos, isso parecia utopia. Hoje é realidade. E é realidade para estar pronta em três a quatro anos”, disse a ministra, em referência ao prazo em que as primeiras das cinco rotas estarão concluídas.
Entre as cinco rotas de integração, duas estão diretamente relacionadas ao comércio dos Estados do Norte do Brasil com os países vizinhos da América do Sul, América Central e Caribe e abertura de rotas mais curtas e ágeis para o comércio com a América do Norte. Uma delas é a Ilha das Guianas e a outra, Manta-Manaus, rota principalmente hidroviária que permite conectar a capital do Amazonas aos portos do Equador e Peru.
A rota da Ilha das Guianas beneficia diretamente o Estado de Roraima. Ela reúne 16 obras do Plano de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), das quais 10 em Roraima. Todas essas obras já contam com recursos garantidos no orçamento federal dos próximos quatro anos. Há outras três obras que estão na lei orçamentária de 2024 sem serem do Novo PAC. Ao apresentar a Rota Ilha das Guianas, Tebet reforçou que o traçado foi fruto de escuta aos governos e sociedade. "Roraima pode ter a rota mais curta para o Pacífico, passando pelo Canal do Panamá”, explicou. A rota pode ser o acesso mais rápido do Norte do Brasil para a Ásia.
Além das obras de integração com a América do Sul, a plenária também debateu o Rotas de Integração nacional, programa do MIDR. Adriana Melo Alves, que representou o ministro Waldez Góes no evento, ponderou que há uma complementariedade entre os projetos que visam alavancar a economia dos territórios no interior do Brasil, muitos deles em regiões de fronteira, com as rotas de integração com os países vizinhos. E o MIDR, disse, está buscando um alinhamento estratégico pelo desenvolvimento da Amazônia, que se espalha por outros países. “Essa é região rica e precisamos avançar para enfrentar gargalos de desenvolvimento”, disse ela. No arco Norte, disse Alves, uma das apostas é a bioeconomia, capaz de criar alternativas sustentáveis de desenvolvimento para a população local.
Autoridades e representantes da economia regional defenderam a importância dos investimentos previstos na infraestrutura de transportes, energética e digital para potencializar a integração de Roraima com o Brasil e com os países vizinhos. O governador de Roraima, Antonio Denarium, lembrou que a população de Roraima foi a que mais cresceu na última década e que também o comercio exterior tem tido um peso crescente no desenvolvimento regional, situação que pode ser alavancada com as obras de integração previstas. O Estado de Roraima aumentou suas exportações em 87% nos últimos três anos. As vendas ao exterior passaram de US$ 196,8 milhões em 2020 para US$ 368,7 milhões em 2023. O principal destino das exportações de Roraima são os países da América do Sul (63% do total).
Para o prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique, a integração com outros países e também com o resto do Brasil é fundamental para gerar um modelo de desenvolvimento que traga mais qualidade de vida para a população do Estado. Isso também pode ajudar, disse ele, a reduzir a imigração de países vizinhos, especialmente da Venezuela, pois tende a gerar oportunidades de emprego e renda nos países vizinhos também. Atualmente, disse ele, vários gargalos de infraestrutura prejudicam o desenvolvimento regional e por isso as obras previstas no PAC e que compõem o projeto das rotas estão bem mapeadas e chegando no momento certo.
Presente no encontro, o cônsul da Guiana, Rodger King, Roger King lembrou que seu país sempre teve uma relação forte com Roraima e seu povo e que nesse momento, em que a Guiana é um dos países que mais cresce no mundo, em função dos investimentos recentes no petróleo, a integração faz ainda mais sentido. Ele disse, ainda, que tem percebido um crescente investimento de empresários brasileiros no seu país, situação que tende a crescer diante da expectativa dos projetos de integração.
Izabel Itikawa, presidente da Fed. das Indústrias de RR (FIER), falou sobre a união de esforços entre os setores público e privado. "Juntos encontramos alternativas para o ambiente competitivo do negócio. Estamos passando por um momento de transformação na nossa matriz econômica." Na mesma linha, a representante da Fecomércio de Roraima, Yolanda Herbster ressaltou a importância do comércio para a economia estadual, situação que também pode ser incrementada com novas rotas de transporte intrarregional. Para a representante da bancada federal de RR, deputada Helena Lima, "a rota Ilha das Guianas vai amenizar nossos problemas e potencializar a economia de Roraima”. Para o ex-senador Romero Jucá, o evento em Boa Vista demonstra centralidade que a agenda do governo federal está dando ao desenvolvimento da Amazônia e do Centro-Oeste e o compromisso para que "o discurso da integração sul-americana se transforme em realidade".
Ao voltar a falar após ouvir todas as intervenções e em respostas as perguntas que foram feitas, a ministra Simone Tebet encerrou com um recado: "Olhar o interior do Brasil, focar no interior e fazer com que o Brasil conheça o Brasil é uma prioridade do governo federal" para que a região de fronteira não seja vista como problema, "mas como sinônimo de solução para o desenvolvimento do país".