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CENSO
Começa a finalização do Censo Demográfico na Terra Indígena Yanomami
O Censo Demográfico vai terminar onde tudo começou: com os povos indígenas do Brasil. A frase da ministra Simone Tebet descreve a operação que começa nesta terça-feira (7/3) na Terra Indígena Yanomami. Os supervisores e recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já estão no alojamento principal em Surucucu, no município de Alto Alegre (RR), a partir do qual viajarão com helicópteros da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para os pontos de mais difícil acesso. A missão é só uma: encontrar e contar os Yanomami que restam ser recenseados.
A operação é resultado do trabalho conjunto do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), ao qual o IBGE é vinculado, com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (ao qual a PRF é vinculada), com o Ministério dos Povos Indígenas e com o Ministério da Defesa.
"O IBGE vai contar quantos yanomamis nós somos. Sim, porque, historicamente, é de nós que estamos falando. Quão bonito é poder dizer que o censo brasileiro vai terminar onde tudo começou, com os povos indígenas, o povo Yanomami”, disse a ministra Simone Tebet durante evento realizado na sede do MPO na última quinta-feira (2/3). Na ocasião, o termo de cooperação interministerial foi assinado.
"Nós estamos enfrentando um negacionismo censitário, que é uma das modalidades perversas desses múltiplos negacionismos que se implantaram no nosso país. Celebramos o hino nacional e dizemos nossa pátria, a mãe gentil dos filhos deste solo. Muito bem, para ela ser gentil, é preciso que nós saibamos onde estão e quem são os filhos e filhas desta pátria. E somente o recenseamento pode responder a isto", afirmou o ministro da Justiça, Flávio Dino, que colocou a PRF para realizar a principal parte logística do Censo: os voos que levarão os técnicos do IBGE até os locais onde estão os Yanomami.
Pelos próximos 30 dias, os supervisores e recenseadores do IBGE visitarão 169 aldeias Yanomami em Roraima e três no Amazonas. Ao todo, 110 servidores trabalham na realização do Censo na Terra Indígena Yanomami, divididos em 17 equipes, contando desde técnicos do IBGE até policiais da PRF, passando por especialistas da Funai e médicos do Ministério da Saúde. Todos eles obedecem aos protocolos sanitários estabelecidos pelo Ministério da Saúde, dentro, portanto, da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 709, do Supremo Tribunal Federal, que estabelece a barreira sanitária na região.
O IBGE já tem 53% da coleta no território, realizada originalmente no fim do ano passado. São 21 mil indígenas Yanomami recenseados no território. A operação com suporte aéreo visa completar o restante do recenseamento na região, mais especificamente, dos indígenas que vivem em áreas cujo acesso é particularmente complexo, acessíveis somente por voos de helicóptero.
"É uma área de difícil acesso, o território é muito grande, as comunidades são muito espalhadas e o IBGE tem encontrado dificuldade de estrutura, de logística, para chegar nas áreas mais remotas. Então, é muito importante essa frente, para que a gente possa contabilizar e saber qual é a nossa população e de fato o que precisa ser feito em cada lugar", afirmou a ministra Sonia Guajajara, dos Povos Indígenas. O apoio de helicópteros e guias da Funai, vinculada ao MPI, é fundamental ao garantir o suporte necessário aos policiais da PRF no traslado.
“Trata-se de uma verdadeira força tarefa entre ministérios, organizada a partir de esforço conjunto, seguindo pedido da ministra Simone Tebet”, afirmou João Villaverde, assessor especial da ministra no MPO, que tem acompanhado de perto o tema. “Cada Pasta entrou com uma parte nessa operação e nosso apoio é integral, seguindo o determinado pelo ministro”, disse Diego Galdino, secretário executivo adjunto do MJSP, em referência ao ministro Flávio Dino, parceiro de primeira hora da operação.
Do lado do Ministério da Defesa ficou acordado o apoio logístico no transporte do combustível necessário às aeronaves da PRF e da Funai envolvidas na viabilização do Censo, além do apoio de alojamento em Surucucu, onde está o 4º Pelotão Especial de Fronteira do Exército Brasileiro e um Polo Base de Saúde Indígena.
“Como a ministra Simone Tebet tem sempre falado: o Censo é a base fundamental de informações e dados para todas as políticas públicas setoriais. É especialmente simbólico que o Censo termine em território Yanomami”, afirmou o presidente interino do IBGE, Cimar Azeredo.
O gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, Fernando Damasco, foi o primeiro a chegar no campo, de forma a recepcionar os demais supervisores e recenseadores destacados para a operação. “Os dados do Censo revelarão a frequência de visitas das equipes de saúde na comunidade, a existência de agentes indígenas de saúde e saneamento, informações sobre infraestrutura de comunicação, acesso à luz, saneamento e documentação”, disse ele.
Mais informações sobre o Censo Demográfico
O Censo, que terminou no último 28, está agora em etapa de apuração. Demógrafos externos, contratados pelo IBGE, trabalham junto do corpo próprio do instituto na revisão geral dos dados coletados desde 1º de agosto de 2022. Retornos pontuais a campo devem ocorrer.
Essa etapa é toda liderada pelo Comitê de Fechamento do Censo, criado pelo IBGE, e será concluída até o fim de abril, quando os primeiros resultados serão divulgados ao público.
Para mais detalhes sobre o acordo de cooperação entre ministérios, clique aqui.
Para mais detalhes sobre a operação final do Censo na Terra Indígena Yanomami, clique aqui.
Para detalhes sobre o Censo 2022, convidamos a todas e todos que leiam a íntegra da nota divulgada pelo Conselho Diretor do IBGE, neste link.
Para detalhes sobre a Decisão Normativa do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o uso de informações do IBGE para o cálculo de quotas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para o exercício orçamentário de 2023, convidamos a todas e todos que leiam a decisão da Corte aqui.
Para detalhes sobre o evento da ministra Simone Tebet com os superintendentes do IBGE na sede do Ministério do Planejamento e Orçamento, clique aqui.