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MEIO AMBIENTE
Treze mil pessoas participam do evento “Diálogos Amazônicos” para debater políticas para a região
Belém do Pará foi palco, entre os dias 4 e 6 de agosto, dos “Diálogos Amazônicos”, um encontro de oito países da região para debater propostas para a reconstrução de políticas públicas. O Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) esteve presente, representado pelo assessor de Participação Social e Diversidade, Anderson Quack. Ele fez um relato em primeira pessoa sobre o que viveu nestes três dias de evento, pelo qual, segundo ele, passaram 13 mil pessoas. Leia:
Quando cheguei ao Hangar, o local do evento, me emocionei ao ver que o Brasil está de fato no caminho certo da União e Reconstrução, garantindo a participação social nos principais temas do país.
O palco estava montado, faltava chegar o elenco. Quando chegou foi avassalador, uma profusão que começou de forma muito marcante na abertura conduzida pela atriz paraense Dirá Paes, com a presença do Governador [Helder Barbalho], de ministros de Estado, do prefeito de Belém [Edmilson Rodrigues] e de demais autoridades dos países que fazem parte da OTCA - Organização do Tratado de Cooperação Amazônica.
Mas foi o povo a verdadeira estrela desse processo, tanto na plateia quanto no palco. A história estava sendo contada dessa vez pelos povos originários, com seus representantes quilombolas e indígenas.
O evento reuniu participantes dos governos federais, estaduais e municipais, iniciativa privada, terceiro setor e sobretudo a sociedade civil organizada, representada por moradores da região: do campo, da cidade, da periferia, ribeirinhos, quilombolas e povos originários em sua imensa diversidade. Foram 600 atividades na programação, com o objetivo de debater a Amazônia em seus mais variados aspectos.
Vi uma sociedade civil preocupada com a mudança do clima, interessada na participação social. As atividades ocorriam em cinco espaços diferentes, todos com nível elevado de público, abordando temas diversos e tendo em comum o compromisso atávico com a Amazônia. Essas plenárias ocorriam das 8 às 20 horas, espalhadas por outros lugares de Belém e com ponto focal no Hangar.
O que eu vi em Belém foi uma demonstração do quanto o povo brasileiro está preocupado com a mudança do clima e com a Amazônia. Sim, todo o povo brasileiro, mas faço uma deferência ao povo do Norte, a todo o povo amazônico que conhece essa terra como ninguém.
Um dos aspectos que chamaram minha atenção foi a diversidade de temas que envolvem a Amazônia. Os problemas são muitos também e vão além do garimpo ilegal e criminoso, do desmatamento, das queimadas, da contaminação dos rios, da fome, do racismo ambiental.
Como um dos coordenadores que vão encaminhar o relatório final dos diálogos para Cúpula, vivenciei experiências incríveis. Uma das demandas transversais que mais apareceram nas plenárias foi a floresta de pé, seguida de racismo ambiental, Amazônia Negra, recorte de gênero, consulta dos povos indígenas sobre projetos próximos às aldeias, extrativismo, agricultura familiar, Juventudes, questões energéticas, saúde física e mental, segurança dos ativistas, cinema amazônico, tecnologia na Amazônia e uma infinidade de outros temas.
Depois de viver com tamanha intensidade essa experiência dos Diálogos Amazônicos, afirmo quão difícil é sintetizar as demandas colocadas, porque elas são imensas, vêm de inúmeros lugares e todos são legítimos. Não existiu aqui uma única demanda que fosse equivocada. O sucesso dos diálogos está primeiramente na sua imensa adesão da sociedade civil em participar, em debater e sobretudo em cobrar das autoridades as providências que precisam ser tomadas para garantia da vida e defesa da floresta.
Concluo dizendo que os Diálogos Amazônicos cumpriram sua função, que não era apenas produzir e entregar um relatório à Cúpula Amazônica para começar a pensar na COP 30. O maior ativo dos Diálogos é continuar dialogando, cobrando, defendendo cada palma dessa floresta, defendendo a vida, combatendo todas as formas de racismos e discriminação, defendendo as nascentes dos rios, a pesca, as terras indígenas e quilombolas, as mulheres, a juventude. E isso tudo ficou muito evidente. Os Diálogos foram uma oportunidade de mostra tudo que já está sendo feito de positivo e de negativo, o que precisa ter continuidade e o que precisa cessar, a importância da cooperação com as Universidades, poder público em todas as esferas, terceiro setor e iniciativa privada e sociedade civil.
Nesses três dias, enquanto Assessor de participação social e diversidade do Ministerio do Planejamento e Orçamento, o meu papel não foi de protagonista do processo e sim de garantidor do processo, algo que já faz parte da principal vocação do Ministério.
Viva a Amazônia, Viva Belém e Viva a COP 30.
Crédito imagem 1: Bruno Peres/ASCOM SG-PR