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TRANSIÇÃO ENERGÉTICA
Política pró-biodiesel reverteu ociosidade de indústria no Paraná
Uma indústria de biodiesel que funcionava, até o ano passado, a 10% de sua capacidade por falta de estímulo à produção do setor está voltando a 100% de atividade na cidade da Lapa, no Paraná. Isso só foi possível a partir da decisão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de aumentar a inserção de biodiesel ao combustível fóssil.
Foi isso que ouviu o vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, ao participar nesta sexta-feira (30) da inauguração da ampliação da planta da indústria de biodiesel do Grupo Potencial, que lançou ainda, na ocasião, a Pedra Fundamental de sua esmagadora de soja — que também produzirá óleo vegetal. O presidente do grupo, Arnoldo Hammerschmidt, celebrou a retomada das atividades e agradeceu ao governo federal pelo fortalecimento da política de estímulo à produção de biodiesel.
Ao discursar na inauguração, o vice-presidente ressaltou a importância dos investimentos na produção de biodiesel e reforçou a posição de destaque do Brasil como exemplo para o mundo por sua matriz energética limpa.
Ele recordou que esta política teve início no primeiro mandato do presidente Lula, quando foi criado o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), em 2004. O programa começou com a inclusão de 3% (B3) de biodiesel no combustível fóssil e foi gradativamente subindo até chegar a 13% (B13). No passado, porém, o governo anterior reduziu para 10%.
Em 2023, houve a retomada gradual do incremento, que está atualmente em 12% e deve chegar a B15 em 2026. “O pessoal dos motores às vezes fala ‘precisamos ter cuidado’. Eu falei, ‘olha, parte da frota de ônibus de Curitiba é B100. (...) Em muitos países, já é B20”, afirmou Alckmin.
De acordo com ele, com a ampliação do percentual para B15, o país deixará de importar 4 bilhões de litros de diesel, o que também terá impacto positivo para o meio ambiente — somente em 2022, o Brasil importou 16 milhões de litros de diesel, aproximadamente 25% do consumo nacional.
Segundo dados apresentados pelo presidente do Grupo Potencial, o Brasil hoje possui 59 usinas instaladas em 51 municípios e 15 estados de todas as regiões. A capacidade instalada anual de produção do biodiesel, de acordo com ele, é de 14 bilhões de litros — e, ao se manter o B12 até o final do ano, a produção será da ordem de 7,5 bilhões de litros por ano — uma ociosidade média de aproximadamente 50%.
“Por isso não inauguramos nossa usina no passado”, disse Hammerschmidt. “Podemos dizer agora que nossa planta vai ser inaugurada. Até agora estava fora de uso”, celebrou ele, que defende a antecipação do calendário para que o ano já termine com uma mistura de 13%.
Essa previsibilidade — que permite ao setor se organizar a partir da previsão de aumento de um ponto percentual até 2015 — foi celebrada também pelo deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel. “Se há um setor que precisa de previsibilidade é este (...). Temos absoluta certeza de que quando chegarmos a 2030 estaremos com 20% na mistura”, previu.
A presidente nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffman (PR), também presente ao evento, disse saber da pressão para que se chegue ao B20. “E acredito que, com a vontade que o presidente tem — e ele é obcecado por esse tema, que envolve biodiesel, transição energética — eu tenho certeza de que a gente pode caminhar rápido”.
Flavio Arns, senador (Rede-PR) ressaltou a união entre todos ali representados no evento, que envolveu governos e setor produtivo. “É isso que o Brasil precisa: estarmos unidos a favor do desenvolvimento, da geração de emprego, de renda, isso gera efeitos sociais importantes”.
Por sua vez, o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Jr., elogiou o projeto da indústria do Grupo Potencial, que considerou como “referência em produção de energia limpa”, assim como seu estado, segundo ele considerado o maior produtor de energia limpa do país, com 94% de matriz energética renovável.