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Lula e presidenta da Comissão Europeia falam sobre meio ambiente e acordo comercial em Brasília
- Foto: 📸 Cadu Gomes/VPR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta segunda-feira, 12/6, a visita da presidenta da Comissão Europeia (CE), Ursula van der Leyen, no Palácio do Planalto, em Brasília. Durante o encontro, trataram de preservação ambiental, da conclusão do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia e da possibilidade de negociações para a paz entre Rússia e Ucrânia. O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, acompanhou a reunião.
Para Lula, exigências extras na área ambiental apresentadas pela União Europeia este ano, que preveriam sanções ao Brasil, precisam de revisão. “Não podemos concordar com punições impostas na área do meio ambiente. Temos uma parceria estratégica com a União Europeia. Não pode haver imposições e punições, mas sim negociação”, disse. “A premissa que deve existir entre parceiros estratégicos é a da confiança mútua e não de desconfiança e sanções”.
A presidenta da CE ressaltou igualmente a parceria estratégica com o Brasil, demonstrou disposição para negociar quaisquer termos do acordo que sejam do interesse brasileiro e expressou a intenção de concluir o texto antes do fim do ano. “Este acordo deve ir muito além do comércio. Deve representar um engajamento de longo prazo e uma plataforma para o diálogo contínuo”.
Ursula também parabenizou o Brasil pela escolha de Belém-PA como sede da COP 30, em 2025, e declarou que “a União Europeia está disposta a cumprir todas as obrigações que emanam das COPs”. O presidente Lula defendeu “um compromisso global forte sobre a agenda climática, a necessidade de uma governança que gere obrigações efetivas” e relembrou que a realização da COP 30 será “uma grande oportunidade de engajar o mundo na discussão dos temas amazônicos, particularmente os mais jovens”.
PARCERIA HISTÓRICA – O presidente lembrou que a parceria estratégica com a União Europeia, assinada em 2007, durante seu segundo mandato, ampliou e consolidou as relações comerciais entre o país e o bloco europeu ao longo dos últimos 15 anos.
“Nosso comércio bilateral avança de forma consistente e nossa corrente de comércio poderá ultrapassar este ano a marca de 100 bilhões de dólares. O Brasil também se destaca como o maior destino do Investimento Estrangeiro Direto dos países da União Europeia na América Latina, que se concentram nos setores de manufatura, infraestrutura digital e serviços”, declarou.
LIDERANÇA GLOBAL – Em seu discurso, Ursula van der Leyen destacou a volta do Brasil como um ator internacional e a liderança global do presidente. Segundo ela, a União Europeia deseja elevar suas parcerias na América Latina a um novo patamar, com um programa de investimentos da ordem de 10 bilhões de euros. Isso também deve ser a tônica na questão ambiental.
“O problema global que mais nos faz unir forças é mesmo a mudança climática. Ouvi seu discurso inspirador na COP27 e a sua liderança na área climática é muito bem-vinda. Discutimos a floresta amazônica, que é uma peça importante contra o aquecimento global, e por isso queremos contribuir com 20 milhões de euros para o Fundo Amazônia, além das contribuições individuais dos países-membros”, declarou.
A presidenta da Comissão Europeia também destacou o fato de que o Brasil possui uma matriz energética de fontes predominantemente limpas e afirmou que o bloco irá investir 2 bilhões de euros na produção de hidrogênio verde no país.
UCRÂNIA - A respeito da guerra na Ucrânia, o presidente Lula ressaltou que tem trazido o tema das negociações de paz com os vizinhos da América do Sul e com países não envolvidos no conflito, como Índia e Indonésia, e que voltará a tratar do assunto em suas visitas oficiais à França, à Itália e ao Vaticano e na próxima cúpula do BRICS, fórum de que a Rússia também participa.
A presidenta da CE declarou ter “grande admiração pela forma como o senhor defende o direito internacional e a Carta da ONU em todas as suas declarações internacionais” e salientou que “a Europa está de acordo sobre a necessidade de uma paz negociada entre a Rússia e Ucrânia”.
Lula declarou, por fim, ter relações históricas muito fortes com o sindicalismo europeu, além de ser “um profundo admirador da construção da União Europeia”.