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“Estamos tratando a fome como uma questão política”, diz Lula no Festival Aliança Global
Presidente Lula durante o Festival Aliança Global, evento cultural criado para impulsionar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza - Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou na noite deste sábado, 16 de novembro, do último dia de apresentações do Festival Aliança Global, evento cultural criado para impulsionar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, prioridade do Brasil à frente do G20 — principal fórum de cooperação econômica internacional. Desde quinta-feira (14), dezenas de estrelas da música brasileira fizeram shows gratuitos na Praça Mauá, no Rio de Janeiro.
“O que eu quero dizer para 733 milhões de habitantes que passam fome no mundo, crianças que vão dormir e acordam sem ter certeza se vão ter algum alimento para colocar na boca é: hoje não tem, mas amanhã vai ter. Porque nós temos que ter coragem e dignidade para mudar a história da humanidade que está tão perversa”
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente da República
“Quero agradecer de coração a todos vocês, mulheres, homens, artistas famosos, artistas anônimos, brasileiros e brasileiras que foram solidários ao chamamento da minha querida Janja [primeira-dama do Brasil], da Margareth Menezes [ministra da Cultura] e de todas as pessoas que trabalharam para que a gente pudesse realizar aqui no Rio de Janeiro, no dia da realização do G20, esse ato artístico, para que a gente pudesse transformar a questão da fome numa questão política”, declarou Lula, no festival.
A importância de tratar a fome e a pobreza como pautas prioritárias foi ressaltada pelo presidente. “A fome não é uma questão da natureza, não é uma questão alheia ao ser humano. A fome hoje é tratada como se não existisse por conta da irresponsabilidade de todos nós, governantes do planeta Terra. E é por isso que nós estamos tratando a fome como uma questão política, para que a gente comece a falar em qualquer lugar”, defendeu.
Lula reforçou o seu compromisso de unir esforços em todos os continentes para acabar com o problema da fome. “O que eu quero dizer para 733 milhões de habitantes que passam fome no mundo, crianças que vão dormir e acordam sem ter certeza se vão ter algum alimento para colocar na boca é: hoje não tem, mas amanhã vai ter. Porque nós temos que ter coragem e dignidade para mudar a história da humanidade que está tão perversa”, disse.
Ainda em seu discurso, o presidente lembrou que o Brasil já conseguiu sair do Mapa da Fome da ONU e pontuou que o Governo Federal está trabalhando para alcançar tal feito novamente. “Quando nós entramos em 2003, a gente tinha nesse país 54 milhões de pessoas passando fome. Em 2014, o Brasil, reconhecido pela ONU, saiu do Mapa da Fome. Eu voltei em 2023 [à presidência do país] e o Brasil já tinha 33 milhões de pessoas passando fome. Em apenas um ano e nove meses, nós já tiramos 24 milhões de pessoas da fome. E até 2026, a gente não vai ter nenhum brasileiro passando fome, porque todos terão o direito conquistado de tomar café da manhã, almoçar e jantar todo santo dia, porque é o mínimo compromisso que um presidente da República tem que assumir com o seu povo”, afirmou.
EVENTO — O festival aproveitou o poder transformador das expressões artísticas para consolidar uma mensagem sobre o compromisso do país de construir uma rede colaborativa e de impacto duradouro, envolvendo países, organizações e cidadãos na luta pela segurança alimentar. Artistas como Daniela Mercury, Diogo Nogueira, Fafá de Belém, Zeca Pagodinho e Roberta Sá se apresentaram no festival, que antecedeu a Cúpula de Líderes do G20, marcada para os próximos dias 18 e 19, e ocorreu simultaneamente à Cúpula Social do G20.
PROGRAMAÇÃO — O festival foi dividido em três noites temáticas. Na quinta (14), a ancestralidade e a herança africana foram os fios condutores da noite “Muito Obrigado Axé”, que se inspirou no histórico local do evento: a região da Pequena África, onde africanos escravizados desembarcaram no Brasil e que hoje reúne pontos que reverenciam o legado da cultura negra. A direção musical foi assinada por Kainã do Jêje e Marcelo Galter (Aguidavi do Jêje).
A segunda noite (15), intitulada “O show tem que continuar”, trouxe uma inédita orquestra de samba para celebrar o ritmo tipicamente brasileiro, o povo, a arte, o movimento e a rua. A direção musical é de Pretinho da Serrinha.
A terceira e última noite, no sábado (16), chamada de “Pro dia nascer feliz”, reúne múltiplas sonoridades e vertentes musicais para celebrar a diversidade e a esperança em um futuro com justiça social. A direção musical fica com Marcus Preto e Mateus Simões (Nova Orquestra).
Além dos shows, a praça Mauá e os edifícios ao redor se tornarão uma tela para um espetáculo de videomapping, luzes, laser e sons, com projeções dos artistas visuais Manuela Navas, Maribê, Thiago Santos e Yan Carpenter.
REALIZAÇÃO — O Aliança Global Festival é uma realização do Governo do Brasil em parceria com a OEI, Serpro, Apex, Banco do Brasil, BNDES, Caixa Econômica Federal, Itaipu, Petrobras, Prefeitura do Rio de Janeiro, BID e PNUD.
ALIANÇA GLOBAL — Durante a programação da Cúpula Social do G20, 41 governos, 13 organizações internacionais e 19 entidades filantrópicas e organizações não governamentais anunciaram compromissos históricos com objetivo de promover a erradicação da fome e da pobreza, no mundo, até 2030, no âmbito da Aliança Global criada pelo Brasil. Um dos principais anúncios veio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a partir do investimento de 25 bilhões de dólares em crédito para a Aliança Global, entre outras ações.