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RAÍZES DO CEDRO
Primeiro voo de repatriação de brasileiros tem previsão de sair do Líbano nesta sexta
Os ministros José Múcio (Defesa) e Mauro Vieira (Relações Exteriores), ao lado do comandante da Força Aérea Brasileira, tenente-brigadeiro do Ar Marcelo Damasceno. Foto Valter Campanato/ Agência Brasil
O primeiro voo de resgate de brasileiros na zona de conflito no Oriente Médio, na operação batizada de Raízes do Cedro, tem previsão de decolagem nesta sexta, 4 de outubro, de Lisboa, em Portugal, com destino ao Líbano. O pouso em Beirute está previsto para 16h no horário local (10h de Brasília). No retorno, a aeronave KC-30 realizará uma parada técnica em Lisboa. A aterrissagem no Brasil está prevista para sábado, 5 de outubro, por volta das 8h de Brasília, na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos (SP).
Estamos repetindo o que foi feito de outubro ao início deste ano com relação aos brasileiros que estavam na Palestina, na Faixa de Gaza e em Israel. Foi uma operação muito bem sucedida. Foram quase 1.600 cidadãos brasileiros repatriados”
Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores
“Estamos repetindo o que foi feito de outubro ao início desse ano com relação aos brasileiros que estavam na Palestina, na Faixa de Gaza e em Israel. Foi uma operação muito bem sucedida. Foram quase 1.600 cidadãos brasileiros repatriados”, ressaltou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (3/10), para detalhar a primeira fase da operação de repatriação de brasileiros no Líbano.
O comandante da Força Aérea Brasileira, tenente-brigadeiro do Ar Marcelo Damasceno, apontou que o primeiro voo vai retirar 220 pessoas da área de conflito e estimou a quantidade de cidadãos que poderão ser atendidos semanalmente. “Se pudesse identificar o número, 500 pessoas por semana é o que considero interessante e podemos trabalhar. Mas, logicamente, varia de acordo com a disponibilidade de mais aviões”, disse.
Mauro Vieira esclareceu os critérios de seleção para os voos de repatriação. “Em primeiro lugar, brasileiros não residentes. Logo depois, brasileiros residentes. E, dentro dessas duas categorias, o que é estabelecido por lei: idosos, mulheres, gestantes, crianças, pessoas com deficiência, doentes de toda forma. Com base nisso, e com a disponibilidade nos aviões, estamos organizando as listas para que sejam realizados esse primeiro voo, e os subsequentes na medida da necessidade”, afirmou.
O ministro da Defesa, José Múcio, pontuou que na próxima segunda-feira (7/10) fará um ano da operação de repatriação de brasileiros na Faixa de Gaza e que a atuação federal no Líbano será semelhante. “Evidentemente, não podemos dizer que temos experiência sobre esse assunto, porque cada fato é uma coisa nova. Mas o ministro Mauro já havia falado que essa coisa do Líbano poderia acontecer a qualquer momento, nós já havíamos discutido com a Aeronáutica, e estamos preparados para amanhã, sob orientação do Ministério de Relações Exteriores, executarmos o primeiro voo. A partir daí, vamos ver como vamos operar para dar sequência à operação”, resumiu.
ACOLHIMENTO- Na tripulação do KC-30, embarcou uma equipe multidisciplinar com médicos, enfermeiros e psicólogos para garantir acolhimento e assistência às cerca de 220 pessoas que sairão da zona de conflito nessa primeira escala. "A gente está de prontidão a pedido do Governo Federal. É uma honra, uma satisfação e uma responsabilidade muito grande que nós temos", resumiu a capitã Kelly Gomes, médica. "A gente está aqui para dar um apoio à tripulação e para os passageiros, para que a gente possa mitigar os efeitos desse estresse, de tudo aquilo que causa nas pessoas lidar com situações como essa", completou a tenente Ingrid, psicóloga.
Segundo o tenente-coronel aviador Marcos Fassarella Olivieri, o voo se assemelha ao perfil dos 13 que foram feitos na Operação Voltando em Paz, realizada em 2023 para resgatar quase 1.600 brasileiros e mais de 50 animais domésticos das zonas de conflito em Israel, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. "Nós temos a capacidade de, por voo, repatriar 220 pessoas, além de trazer os pets. Nos enche de orgulho participar de uma missão de tamanho vulto e tamanha importância, de podermos trazer os nossos compatriotas de uma zona de guerra para um local seguro", afirmou Olivieri.
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FLEXIBILIDADE PARA PETS - O Ministério da Agricultura e Pecuária definiu na terça-feira (1/10) manter a flexibilização de regras para a entrada de cães e gatos acompanhando cidadãos repatriados e refugiados. As diretrizes facilitam o processo de ingresso desses animais no Brasil. Com isso, as unidades da Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), em conjunto com a Coordenação de Trânsito e Integração Nacional de Cargas e Passageiros, passam a adotar protocolo especial para animais de estimação provenientes do Oriente Médio. O procedimento permite que tutores ingressem com seus pets sem a apresentação imediata de documentos sanitários exigidos em condições normais. "Essa flexibilização é necessária para que a entrada dos animais acompanhe a urgência das situações humanitárias, preservando a saúde pública e o bem-estar animal", explicou o coordenador-geral de Trânsito, Quarentena e Certificação Animal do ministério, Bruno Cotta.
MÚLTIPLAS FUNÇÕES- O KC-30 usada neste primeiro voo de repatriação é um avião com cerca de 240 lugares, autonomia para até 14.500 quilômetros e foi utilizado várias vezes nos voos humanitários de resgate de brasileiros na zonas de conflito em Israel e em Gaza desde o início da crise Oriente Médio, em outubro de 2023. Com 59 metros de comprimento, é a maior aeronave operada pela Força Aérea Brasileira. Tem capacidade de uso em operações estratégicas, apoio logístico e missões humanitárias. Em casos de calamidade pública, como desastres naturais ou emergências médicas, também pode realizar missões de Evacuação Aeromédica (EVAM) para atender a múltiplos pacientes.