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Lula: “Vamos ter mais emprego, mais educação e mais cultura”
Na entrevista ao SBT Brasil, o presidente Lula falou sobre as ações do Governo Federal para impulsionar a economia brasileira, ao mesmo tempo em que combate a fome no país e investe na educação como um dos instrumentos para redução da criminalidade - Foto: Ricardo Stuckert / PR
Nesta segunda-feira, 11 de março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou, em entrevista ao jornalista César Filho, no programa “SBT Brasil”, um panorama das ações do Governo Federal para impulsionar a economia brasileira, ao mesmo tempo em que combate a fome no país e investe na educação como um dos instrumentos para reduzir a criminalidade.
Não tem outra razão para eu ter voltado a ser presidente da República, a não ser provar para a elite brasileira que é possível, a gente cuidando dos pobres, fazer a economia crescer, fazer o salário crescer e fazer esse país ser muito mais respeitado no mundo”
Luiz Inácio Lula da Silva
presidente da República
“Não tem outra razão para eu ter voltado a ser presidente da República a não ser provar para a elite brasileira que é possível, a gente cuidando dos pobres, fazer a economia crescer, fazer o salário crescer e fazer esse país ser muito mais respeitado no mundo”, afirmou o presidente Lula durante a entrevista, disponível na íntegra no canal de YouTube do SBT News.
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Fotos em alta resolução (Flickr)
Transcrição da entrevista do presidente Lula
Após um ano dedicado à reconstrução e ao lançamento de políticas públicas, Lula pontuou que o país vai colher as melhorias promovidas pelo trabalho do Governo Federal. “Este é o ano em que a gente vai começar a colher aquilo que plantamos. Foram mais de 86 políticas de inclusão social que lançamos. Foi muita política para o agronegócio, para a agricultura familiar, para o novo projeto de política industrial e muita política internacional para recuperar aquilo que o Brasil tinha de prestígio quando deixei a Presidência em 2010”, disse.
O presidente destacou a meta de acabar, mais uma vez, com a fome no Brasil, e citou exemplos de avanços já alcançados em relação ao aumento salarial da população e da merenda escolar, que demonstram a viabilidade de o país atingir esse objetivo.
“O salário mínimo já aumentou dois anos seguidos, o salário tinha passado seis anos sem aumentar. A merenda escolar tinha ficado seis anos sem nenhum reajuste, nós já aumentamos 39%. As pessoas estavam ganhando menos salário, a massa salarial era muito pouca, a massa salarial aumentou 11,7% em 2023. E, mais importante, 87% dos acordos salariais feitos em 2023 foram com aumento real acima da inflação. Isso significa que as coisas começam a melhorar”, argumentou.
Lula abordou diversos outros assuntos durante a entrevista, entre eles a expansão dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs) do Governo Federal em todas as 27 unidades da Federação. “Amanhã (terça-feira), vou anunciar mais 100 escolas técnicas neste país. Porque este país precisa investir na educação. O jovem brasileiro precisa estudar. Se ele não estudar para ter uma profissão, ele vai cair no crack, vai cair na droga, vai cair no crime organizado. E nós não queremos isso para a juventude brasileira”, sinalizou.
O presidente finalizou a entrevista com um recado para a população: “A mensagem que quero deixar para o povo brasileiro, independentemente de em quem a pessoa vote, para qual time torce ou que religião a pessoa professa, enquanto cidadão, mãe, pai, filho, brasileiro: acredite, nós vamos fazer deste país um país feliz para se viver. Nós vamos ter mais emprego, mais salário, mais educação, mais cultura, mais lazer e vamos ter mais prazer”.
Confira alguns dos principais trechos da entrevista:
EXPANSÃO DA ECONOMIA — A economia está bem, mas não está tão bem quanto a gente espera que ela esteja, porque nós vamos trabalhar para a economia ficar muito melhor. Tenho um compromisso com o povo brasileiro, e por isso eu vou trabalhar muito. Porque, quando deixar a Presidência em 2026, eu quero deixar a economia mais forte, o salário mais forte, o emprego mais forte e a participação das pessoas no consumo da sociedade brasileira mais forte. Esse é o meu objetivo. Para isso, temos que baratear produtos e temos que baratear o alimento. A economia cresceu melhor do que aquilo que o Fundo Monetário Internacional (FMI) previa, ou os pessimistas previam, mas ainda está muito longe de ser a economia que pretendo.
COMÉRCIO EXTERIOR — Só de novos mercados para a carne brasileira, criamos 68 novos mercados. O dado concreto é que o Brasil deu um salto de qualidade extraordinário na capacidade de comércio exterior. A gente agora vai começar a colher aquilo que plantamos, e a sociedade vai se dar conta de que as coisas vão melhorar.
FOME — Nós já acabamos com a fome uma vez no Brasil. Em 2014, a ONU anunciou que a fome tinha sido terminada no Brasil. Depois, a fome voltou por conta do descaso. O problema da falta de comida na mesa das pessoas não é nem a falta de produção no campo e nem a falta de vontade das pessoas de terem acesso ao alimento. É que falta recurso. Você produz muito mais alimentos por hectares hoje. Então, o que precisa é ter dinheiro para as pessoas comprarem esse alimento. Na hora que tem dinheiro para comprar, as pessoas vão produzir mais. Na hora que as pessoas produzem mais, as pessoas vão comprar mais. Aí você cria um círculo virtuoso e todo mundo vai comer. Nós vamos acabar com a fome outra vez no Brasil.
PÉ-DE-MEIA — Nós, ano passado, detectamos que 500 mil jovens por ano, de 13, 14, 15 anos, estão desistindo da escola a pretexto de ajudar a família em casa. Veja, se esse jovem não tem perspectiva de estudar, se não tem perspectiva de trabalhar, esse jovem pode cair na droga ou no crime. Nós criamos um programa em que a gente vai dar para as pessoas mais pobres, a quase 3 milhões de pessoas, uma poupança para esse jovem estudar. O equivalente a R$ 200 por mês, durante 10 meses. Quando chegar no fim dos dez meses, ele tem que passar de ano e ter, no mínimo, 80% de presença na escola, senão não recebe. Aí, no fim do ano, a gente deposita R$ 1.000 e fica na poupança. No segundo ano, a mesma coisa. No terceiro ano, quando chegar no final do terceiro ano, ele pode ter R$ 9 mil para começar a vida de verdade, que ele terminou o ensino médio. Isso é uma política de incentivo para que as pessoas mais pobres não deixem de estudar, porque, se a gente permitir que esse jovem deixe de estudar, nessa idade de 14, 15 ou 16 anos, a gente não sabe qual será o futuro dele, que caminho vai seguir. Ele pode ir para o crime organizado, ele pode ir para a droga. Aí, pode aumentar a violência.
SEGURANÇA PÚBLICA — Nós temos que fazer muito investimento em inteligência, porque precisamos, efetivamente, de mais inteligência na polícia e na segurança pública. E precisamos ter mais policiais nas ruas. Você pode ver que a violência, na maioria, é entre jovens, de 18, 19, 20 anos. Então, se a gente não cuidar de dar estabilidade para essa gente, a garantia de que essa gente vai ter um emprego, de que vai ter uma escola, a gente não consegue controlar isso. Só polícia não resolve o problema e só aumento da punição não resolve. Eu acho que a segurança é uma coisa séria e é preciso que o Governo Federal e os governos de estados se ajudem mutuamente, porque, se você tem, de um lado, a responsabilidade do governo estadual, você tem que ter a participação do Governo Federal subsidiando e incentivando, com recursos, a melhoria da atuação das polícias em cada estado.
REFORMA TRIBUTÁRIA — A ideia é fazer com que as pessoas que ganham mais paguem mais. As pessoas que ganham menos paguem menos. E eu tenho um compromisso de campanha de fazer, até o final do meu governo, que todas as pessoas que ganham até R$ 5 mil não paguem Imposto de Renda. E nós vamos fazer isso. A Reforma Tributária que aprovamos é uma coisa de uma grandeza extraordinária. Agora, tem que regulamentar. O que espero? Que na regulamentação a gente não piore aquilo que aprovamos no principal da lei. Mas eu estou otimista, porque ainda tenho quase três anos de mandato. Nós já colocamos tudo no papel, agora é executar, cobrar, trabalhar. É fazer as coisas acontecerem.
INCENTIVO À PRODUÇÃO — O que queremos, na verdade, é fazer com que a gente tenha uma política tributária que penalize menos o setor produtivo. É preciso que a gente incentive as pessoas a produzirem, para que a gente tenha mais gente investindo, mais gente gerando emprego, mais gente pagando salário e mais gente vivendo bem nesse país.
EDUCAÇÃO INTEGRAL — Nós vamos ter quase 3,7 milhões de crianças em escola de tempo integral, para garantir que a mulher tenha mais liberdade de trabalhar, sabendo que o filho está sendo cuidado. Sabendo que o filho está dentro de uma sala de aula e não à mercê de uma bala perdida.
MELHORAR VIDAS — As pessoas falam: "Ah, mas o Lula só cuida de pobre". Não. Eu cuido de pobre porque eu não quero que as pessoas sejam pobres. Eu quero que as pessoas deem um salto de qualidade, que subam um degrau na escala social da vida. Que possam comer uma vez por mês em um restaurante, que possam comer carne durante a semana, que possam viajar. É esse país que eu quero criar.
FINANCIAMENTO DE CASAS — Eu quero que as pessoas que ganhem 6, 7, 8 mil, cinco salários mínimos, seis, que as pessoas possam participar de um programa de financiamento do governo e possam ter uma casinha de 100 metros quadrados, de 120 metros quadrados. Ter um apartamento melhor, uma casa melhor. As pessoas trabalham e têm expectativa para isso. Nós vamos continuar fazendo casa para as pessoas que ganham menos, mas a gente tem que construir casas para as pessoas que têm vontade de ter uma casa e que nem são ricos e nem pobres. São setores médios.
COMBUSTÍVEIS — Eu tenho um compromisso com o povo brasileiro que é de reduzir o preço do combustível, o preço da gasolina, o preço do gás de cozinha e o preço do óleo diesel. A gente não tem porque ter um preço equiparado a preço internacional, porque nós somos autossuficientes na prospecção de petróleo.
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA — Quando a gente achou o pré-sal em 2007, muita gente dizia: "É, está fazendo festa com o pré-sal, mas não dá para explorar porque é caro." Hoje, o petróleo tirado a 5 mil metros de profundidade está a quase o mesmo preço do petróleo tirado na Arábia Saudita. Uma demonstração de que a evolução tecnológica da Petrobras deu uma resposta concreta. E o Brasil ainda tem muito petróleo. E a gente está entrando em outro tipo de energia. A gente acha que o petróleo não é mais o nosso principal. Queremos a transição energética, queremos a eólica, biodiesel, etanol, solar, hidrogênio verde. Queremos transformar esse país no centro do mundo da energia renovável. Já temos quase 90% de energia elétrica limpa. E, no total da matriz, já temos 50%. Então, ninguém no mundo pode competir com o Brasil. E nós queremos que a Petrobras também participe do processo energético, não apenas do petróleo. Porque ainda vai precisar, durante muito tempo, utilizar o petróleo. Mas nós, obviamente, que caminhamos para descarbonizar o planeta Terra
INDÚSTRIA — Até 2028, 2027, vai ser investido nesse país R$ 117 bilhões na indústria automobilística. Todas as indústrias automobilísticas, todas, sem distinção, estão fazendo vultosos investimentos para produzir carro a hidrogênio, a etanol, elétrico, para produzir todo tipo de carro. Essa é uma coisa extraordinária. Além do que, as nossas exportações estão crescendo, novos mercados estão se abrindo para o Brasil. O Brasil vai realizar o G20 aqui, que é uma coisa importante. E o ano que vem o Brasil tem BRICS aqui e ainda tem a COP 30, que é a questão do clima.
REDES SOCIAIS — Eu acho que é preciso ter uma regulamentação. Essa regulamentação tem que ser resultado de um longo debate com a sociedade brasileira, com as pessoas que entendem desse assunto, com os especialistas, os usuários. Porque você não pode confundir liberdade de expressão com o uso da liberdade para fazer maldade. Ou seja, fazer acusações falsas, criar imagem negativa das pessoas, fazer bullying com as pessoas, é muito grave. Então, nós temos que ter uma regulagem para que a internet seja um instrumento de comunicação, de conhecimento, talvez, mais rápido na história da humanidade até hoje, mas que faça o bem, que ajude a fazer coisas produtivas, as coisas boas e não as coisas más.