Notícias
POVOS INDÍGENAS
Lideranças Yanomami visitam Palácio do Planalto em Semana de Diálogo e Consulta
Acompanhados por servidores da Casa Civil, do Ministério dos Povos Indígenas e da Funai, os Yanomami convidados participaram de uma visita guiada pelos salões do Palácio do Planalto - Foto: Henrique Raynal | CC
O Palácio do Planalto recebeu, na manhã desta quinta-feira, 14 de março, a visita de um grupo de nove indígenas Yanomami vindos de Boa Vista, em Roraima. Eles participam da Semana de Diálogo e Consulta, promovida pelo Governo Federal para apresentar aos indígenas as políticas públicas federais que tratam dos direitos dos povos originários.
“A nossa comitiva Yanomami foi bem-recebida e isso é o nosso desejo. Brasília abrindo as portas aqui para a gente, porque hoje, no Brasil, nos ministérios, no Congresso, se fala muito do povo Yanomami, sobre a crise, o garimpo, e se fala muito sobre como o povo Yanomami sofre com isso. Agora a gente está vendo que a gente vai ter um resultado bom, nós mesmos, lideranças da comunidade, chegando aqui em Brasília e falando dos desafios, das realidades, cada comunidade e os ministérios, cada um, nos ouvindo”
Carlinha Lins Santos Yanomami, artesã indígena
Acompanhados por servidores da Casa Civil, do Ministério dos Povos Indígenas e da Funai, os Yanomami convidados participaram de uma visita guiada pelos salões do Palácio e conheceram a história de obras de arte e patrimônios que compõem o acervo da Presidência da República. O roteiro da visitação incluiu o térreo, o segundo, o terceiro andar e o subsolo, que agora é um novo espaço de exposições.
CONFIRA TAMBÉM:
Fotos em alta resolução (Flickr)
Após os 40 minutos em tour pelo Palácio, as lideranças indígenas se reuniram com a equipe da Secretaria de Articulação e Monitoramento (SAM) da Casa Civil para compreender mais sobre como está estruturado o trabalho e para ampliar a interlocução.
A secretária especial adjunta da SAM, Júlia Rodrigues, deu as boas-vindas ao grupo e a gestora Janini Ginani conduziu a reunião. “Trabalhamos exclusivamente com a causa Yanomami, desde a entrega de cestas básicas ao combate ao garimpo. Todos os desafios e as articulações passam aqui pela Casa Civil, sob a coordenação do ministro Rui Costa”, explicou Janini.
A artesã indígena Carlinha Lins Santos Yanomami, da comunidade de Maturacá, em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, demonstrou otimismo com a visita. “A nossa comitiva Yanomami foi bem-recebida e isso é o nosso desejo. Brasília abrindo as portas aqui para a gente, porque hoje, no Brasil, nos ministérios, no Congresso, se fala muito do povo Yanomami, sobre a crise, o garimpo, e se fala muito sobre como o povo Yanomami sofre com isso. Agora a gente está vendo que a gente vai ter um resultado bom, nós mesmos, lideranças da comunidade, chegando aqui em Brasília e falando dos desafios, das realidades, cada comunidade e os ministérios, cada um, nos ouvindo”, relatou.
Ela também celebrou a mudança de vida que programas de transferência de renda do Governo Federal têm gerado em seu povoado. “Agora estamos integrados. É através dele que compramos roupinhas, material escolar. O Bolsa Família está permitindo que a gente se dê com o mundo globalizado, do branco. A gente vive da roça, da natureza. O programa ajuda a garantir mais comida e roupas que precisa para a criança estudar”, afirmou.
Quem também integrou a comitiva foi Julião Yanomami, uma das lideranças indígenas da região do médio Rio Negro, no município amazonense de Barcelos. Com um roteiro de viagem extenso que incluiu a saída de Aracá, na afluente do Demeni, chegada em Barcelos e ida para Roraima, onde, por fim, embarcou para Brasília, ele definiu a viagem como longa, mas proveitosa. “Eu vim feliz para conhecer Brasília, para conhecer a nossa atividade aqui e poder conhecer mais as coisas que não conhecia. Deu pra conhecer tudo, as presidências [Três Poderes] aqui no Brasil. Nós estamos aqui há três dias para poder conhecer bem os lugares e conhecer o Palácio do Planalto”, contou.
CASA DE GOVERNO – Em reunião com representantes da Casa Civil, as lideranças perguntaram sobre o funcionamento da Casa de Governo, em Boa Vista, inaugurada pelo Governo Federal há três semanas. O espaço centraliza as ações dos mais de 30 órgãos federais que já atuam na Terra Indígena Yanomami e em Roraima. As lideranças informaram que querem estar mais próximas de Brasília [Governo Federal], da Casa de Governo e participar das ações sociais que estão sendo implementadas e construídas. “Nossa intenção é multiplicar as informações nas comunidades para os nossos parentes”, disse o líder do povo Yek'kwana, Maurício.
Os noves líderes Yanomami seguirão entre a tarde desta quinta-feira e a manhã desta sexta (15) para agendas no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e para o Ministério da Saúde (MS). Eles estão em Brasília desde o início da semana, quando passaram pelas pastas dos Povos Indígenas; Meio Ambiente e Mudança Climática; Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome; e Ministério da Educação.
DIÁLOGO E CONSULTA – Antes da visita ao Planalto, o grupo foi a ministérios para participar da discussão de propostas desenvolvidas pelas pastas. Na terça-feira (12), os indígenas foram recebidos no prédio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Ministério dos Povos Indígenas (MPI), onde foram apresentados ao Plano de Proteção Socioambiental, resultado do trabalho conjunto do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), ICMBio, Ibama, Funai e MPI. Os Yanomami também foram consultados sobre o Projeto Rede de Monitoramento Ambiental da Terra Indígena Yanomami e Alto Amazonas.
À tarde, eles participaram de uma reunião para conhecer o Plano de Proteção Territorial, com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, MMA, ICMBio, Ministério do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome e MPI.
No dia seguinte, eles participaram de reuniões sobre o Plano de Segurança Alimentar e Nutricional e foram consultados sobre a nova composição das cestas básicas de alimentos.
Eles também cumpriram agenda no Ministério da Educação (MEC), na quarta-feira (13), para conversas sobre o Plano de Educação, que envolve a Funai, MPI, MEC e Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). No Centro de Formação da Funai em Sobradinho, no Distrito Federal, eles também participaram da Oficina dos Consultores dos Territórios Etnoeducacionais.
Após a visita ao Palácio do Planalto, os indígenas foram apresentados ao Plano de Saúde do Ministério da Saúde e Secretaria de Saúde Indígena. Em seguida, irão ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania para conhecerem as políticas implementadas pela pasta. Na sexta-feira, dia 15, eles embarcam para retornar a Boa Vista, em Roraima.
VISITAÇÃO AO PLANALTO — O Palácio do Planalto voltou a receber visitação pública em janeiro deste ano. Para a retomada, o Planalto passou por manutenção e algumas reformas, além de um intenso processo de recuperação do acervo artístico do local, feito em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Um trabalho necessário, especialmente, após a invasão e a depredação causada pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
O objetivo do programa de visitação à sede do Poder Executivo Federal é aproximar o público externo e permitir “maior compreensão da missão institucional da Presidência da República”. Ainda segundo a Casa Civil, “a visitação também enfatiza aspectos da educação patrimonial na construção e na ampliação do conhecimento da população acerca da história, cultura e bens artísticos da sede do governo.”
Para agendar uma visita gratuita ao Planalto, as pessoas interessadas devem ir ao site visitapr.presidencia.gov.br e escolher dia e horário. As turmas entram de hora em hora, das 9h às 13h (e a última se encerra às 14h). As visitas são guiadas, em português e com possibilidade de guias que falam inglês. O site está aberto para agendamentos durante todo o ano.
O roteiro da visita inclui o térreo, o segundo e o terceiro andar e ainda o subsolo, que agora é um novo espaço para exposições. As visitas têm duração média de uma hora e são realizadas por grupos de até 30 pessoas, com vagas destinadas a grupos prioritários. Não é necessário realizar o agendamento para crianças de até 10 anos.
ARQUITETURA — O projeto do Palácio do Planalto impressiona pela pureza das linhas, com grande poder dinâmico em que dominam os traços horizontais. O prédio encanta pela beleza das colunas, assim definidas nas palavras de Oscar Niemeyer: “leves como penas pousando no chão”. Na definição do presidente Juscelino Kubitschek, “o Palácio do Planalto assemelha-se a uma caixa de vidro, à espera das orquídeas que no seu interior deverão ser depositadas”. Os jardins são de autoria do paisagista Roberto Burle Marx. Em 1991, foi construído um espelho d’água, em frente e na lateral direita do prédio, com uma área aproximada de 1.635 m², comportando 1.900 m³ de água, com largura que varia entre 5 a 20 metros.