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“O Brasil será um país imbatível”, diz Lula na inauguração do Complexo Mineroindustrial da EuroChem
Presidente Lula com funcionários da EuroChem durante visita ao Complexo Mineroindustrial em Serra do Salitre - Foto: Ricardo Stuckert/PR
O Brasil caminha para reduzir a dependência de importação de fertilizantes e para se tornar o “celeiro do mundo” na produção de alimentos e energia renovável. Nesta quarta-feira, 13 de março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da inauguração do Complexo Mineroindustrial da EuroChem, em Serra do Salitre, no Triângulo Mineiro. Com investimento de US$ 1 bilhão, esta é a primeira unidade de mineração da empresa fora da Europa.
“Nós queremos deixar de ser importador. No ano passado, foram 25 bilhões de dólares que nós pagamos para importar fertilizantes para o Brasil. Esse dinheiro poderia ter sido pago para empresários aqui dentro, que gerem emprego aqui dentro, que gerem salário e qualidade de vida aqui dentro”
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República
“A vinda da EuroChem para o Brasil e o investimento numa planta como essa em Serra do Salitre não é apenas a demonstração de que essa empresa acredita no que está acontecendo no Brasil. É que essa empresa sabe que o Brasil está se transformando muito rapidamente. Aquilo que a gente dizia, o ‘celeiro do mundo’, é o que vai acontecer com o Brasil. Não apenas do ponto de vista de carne, da produção de soja, de milho, de cana, não. Do ponto de vista também da produção de energia renovável. O Brasil será um país imbatível nesse momento em que a gente discute a transição energética e a questão climática”, afirmou o presidente Lula na cerimônia.
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A previsão é que o complexo chegue a fornecer 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano para a agricultura brasileira — o equivalente a 15% da produção nacional. Toda a produção do Complexo será destinada ao mercado interno, para apoiar a produtividade da agricultura brasileira e, como consequência, fortalecer a segurança alimentar das gerações presentes e futuras.
O Governo Federal tem atuado para fomentar o aumento da fabricação nacional de fertilizantes. “Nós queremos deixar de ser importador. No ano passado, foram 25 bilhões de dólares que nós pagamos para importar fertilizantes para o Brasil. Esse dinheiro poderia ter sido pago para empresários aqui dentro, que gerem emprego aqui dentro, que gerem salário e qualidade de vida aqui dentro”, pontuou Lula.
IMPACTOS — O presidente também destacou o fato de a EuroChem ter contratado 30% de mulheres para trabalhar no Complexo. Ele defendeu a inclusão de mais mulheres no mercado de trabalho, ganhando salário justo. “Nós conseguimos aprovar no Congresso Nacional uma lei que diz o seguinte: trabalho igual, salário igual entre homens e mulheres. Não tem por que uma mulher fazer a mesma função que um homem, com a mesma competência, mesma qualidade, e ganhar 30% a menos, 20% a menos, até mais”, disse Lula.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ressaltou que o trabalho do Governo Federal é pautado em uma mineração mais segura, socialmente justa e ambientalmente sustentável. “O aumento da produção de fertilizantes vai impactar na produção de alimentos, a nossa grande vocação. O fertilizante mais barato vai beneficiar a produção agrícola e baixar o preço dos alimentos. Vai reduzir o preço da comida que chega no prato do povo”, sinalizou.
“Estamos implementando um crescimento sustentável da nossa agropecuária. Vamos incentivar a conversão de mais de 40 milhões de hectares de pastagens de baixa produção para alta produtividade. E, para isso, fertilizante é fundamental”, salientou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.
O vice-presidente, Geraldo Alckmin, considerou o investimento “importantíssimo” por reduzir a dependência do Brasil do mercado externo. “Vamos fabricar aqui, gerando emprego e renda”. Ele ressaltou que o anúncio vem ao encontro dos objetivos da Nova Indústria Brasil, política industrial lançada pelo Governo Federal em janeiro, voltada para os eixos de produtividade, competitividade, sustentabilidade e aumento da capacidade exportadora. “E dizer à EuroChem que pode investir mais. O Brasil vive um bom momento”, continuou, citando as quedas do Risco Brasil, do dólar, do desemprego, da inflação e o aumento da renda das famílias. “É a maior renda desde o Plano Real, desde 1995”, celebrou.
EMPREENDIMENTO — O Complexo Mineroindustrial da EuroChem integra, em um único local, desde a extração do fosfato, matéria-prima principal, até a produção de fertilizantes granulados. Além de 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano, a planta industrial produzirá 1 milhão de toneladas anuais de ácido sulfúrico e 240 mil toneladas de ácido fosfórico, subprodutos usados no processo de produção do próprio fertilizante.
O empreendimento tem área total de quase 20 milhões de m². A companhia espera envolver mais de 1,5 mil colaboradores, com atuação direta, indireta e contínua na operação. Durante as obras, foram gerados 3,5 mil empregos diretos no Complexo, com a adoção de uma política de desenvolvimento e capacitação profissional que prioriza a contratação de mão-de-obra local.
O diretor-presidente da EuroChem na América do Sul, Gustavo Horbach, explicou que a missão da empresa no Brasil segue duas direções: “A primeira é continuar impactando positivamente as comunidades que nos recebem aqui, em Serra do Salitre e nas outras 20 comunidades onde temos unidades no Brasil. A segunda é reafirmar o nosso compromisso com o Brasil de fazer com que cada vez mais a dependência que temos de importação de fertilizantes seja gradativamente reduzida. Contamos, para tanto, com o apoio do governo, seja ele municipal, estadual ou federal”.
Fundada em 2001, a EuroChem desenvolve atividades que abrangem mineração, produção, logística e distribuição de fertilizantes. Com sede na Suíça, está presente no Brasil desde 2016, a partir da aquisição das empresas Fertilizantes Tocantins e Fertilizantes Heringer. Atualmente, conta com 21 unidades produtoras no país.
MAPEAMENTO — Durante a inauguração do Complexo em Minas Gerais, o ministro Alexandre Silveira assinou uma portaria que institui o Plano Decenal de Mapeamento Geológico Básico e Levantamento de Recursos Minerais (PlanGeo). O documento estabelece as diretrizes e orientações sobre o planejamento e execução das atividades pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB).
“Esse planejamento vai permitir que a mineração do país saiba para onde está indo. Com esse mapeamento, seremos capazes de aproveitar o solo de forma mais eficiente e produtiva”, afirmou o ministro.
“Também estamos confirmando, sob a orientação do presidente, a instalação do Conselho Nacional de Política Mineral (CNPM). Na primeira reunião do CNPM, já no próximo mês, vamos propor o Programa de Mineração para Segurança Alimentar. Vamos priorizar o mapeamento geológico dos minerais fundamentais, tanto críticos quanto fertilizantes”, completou Silveira.