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Lula se encontra com primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh
Brasil defende a solução negociada para o cessar-fogo desde o início do conflito no Oriente Médio, em outubro de 2023 - Foto: Ricardo Stuckert / PR
Pouco antes de participar da 37ª Cúpula da União Africana, em Adis Abeba (Etiópia), o presidente Lula esteve em uma reunião bilateral com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh. Ele agradeceu o apoio e a solidariedade do Brasil e do presidente Lula ao povo palestino, reforçou a necessidade de um cessar-fogo imediato e a abertura para a entrada de ajuda humanitária.
Lula condenou os ataques do Hamas contra civis israelenses, indicou concordância com a necessidade do cessar-fogo e reiterou o compromisso do governo brasileiro com a solução de dois Estados — com um Estado palestino economicamente viável, convivendo em paz e segurança com Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas.
Shtayyeh ainda destacou que a situação na região do conflito é pior do que os números divulgados. Segundo ele, há 30 mil mortos, 70 mil feridos e estima-se que 9 mil pessoas estão desaparecidas sob escombros de casas e prédios destruídos com os ataques. Desde o início do conflito no Oriente Médio, em outubro de 2023, o Brasil defende a solução negociada para o cessar-fogo, a soltura dos reféns e a criação de condições para garantir ajuda humanitária às pessoas que estão na área.
A reunião com o premiê da Autoridade Palestina ocorre dois dias após Lula prometer ajuda financeira extra à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA, da sigla em inglês). Para o presidente brasileiro, a decisão de países alinhados a Israel de cortar o financiamento pode ter consequências humanitárias graves. Na quinta-feira (15), durante sessão extraordinária da Liga dos Estados Árabes no Cairo (Egito), Lula anunciou que o Brasil seguirá apoiando a entidade.
"Perdas humanas e materiais são irreparáveis. Não podemos banalizar a morte de milhares de civis como mero dano colateral", sublinhou o presidente, em seu discurso. "Ante nossos olhos, a população de Gaza sofre de fome, sede, doenças e outros tipos de privações, como alerta a Organização Mundial de Saúde", completou.
VISITA OFICIAL — Na quarta-feira (14) o presidente Lula iniciou a sua segunda viagem oficial ao continente africano desde que tomou posse para o terceiro mandato. A primeira parada ocorreu no Egito. No ano passado, Lula visitou África do Sul, Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Antes desta ocasião, o presidente esteve no Egito em 2003 — primeira visita de um chefe de Estado brasileiro desde as viagens de Dom Pedro II na década de 1870.
O convite para a visita, que celebra os 100 anos das relações diplomáticas entre Brasil e Egito, foi feito pelo presidente egípcio, Abdel Fattah El-Sisi, durante a COP 27. Marcou a missão oficial a assinatura de dois acordos bilaterais: um protocolo que garante a segurança alimentar, padrões rigorosos de qualidade e retira amarras burocráticas à exportação de carnes bovinas, suínas e de aves do Brasil para o Egito; e um memorando que reforça parcerias, cooperações e pesquisas nas áreas de ciência, tecnologia e inovação entre os países.
Na quinta (15), a delegação brasileira seguiu para Adis Abeba, capital da Etiópia. Egito e Etiópia estão entre os cinco países que confirmaram entrada no BRICS este ano. A comitiva permanece no país até domingo (18).
COMITIVA — O presidente Lula viajou para o Egito e a Etiópia acompanhado dos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Anielle Franco (Igualdade Racial), Silvio Almeida (Direitos Humanos e Cidadania), Vinícius Marques de Carvalho (Controladoria-Geral da União), e do assessor-chefe adjunto da Assessoria Especial, Audo Faleiro.