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RELAÇÕES EXTERIORES
“México e Brasil juntos pela redução de desigualdades”, diz chanceler mexicana
O Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Mauro Vieira, recebe a Secretária de Relações Exteriores dos Estados Unidos Mexicanos, Alicia Bárcena - Foto: Márcio Batista / MRE
Em visita ao Brasil para a reunião de Ministros de Relações Exteriores do G20, a chanceler do México, Alicia Bárcena, destacou as ações para o Ano Dual Brasil-México (2023-2024), o compromisso dos dois governos com a justiça social, a discussão de temas regionais na reunião do CELAC, da qual irá participar o presidente Lula, e o combate ao tráfico internacional.
Às vésperas de celebrar os 195 anos de relações diplomáticas entre México e Brasil, em 2025, Bárcena percebe um momento bastante oportuno para os dois países, uma vez que ambos presidentes, Andrés Manuel López Obrador e Lula, trabalham, em suas palavras “em prol da igualdade, da justiça social e dos verdadeiros temas sociais para suas populações”.
Ano Dual
“Acredito que o encontro entre o Morena (Movimento de Regeneração Nacional), do México, e um governo que tem como tema a união e a reconstrução do Brasil pode ser um momento político muito importante. O ano dual pode ser uma oportunidade enorme para que os dois países, com uma visão progressista, social, possam realmente unir muito mais seus esforços”.
“Muitas coisas já nos unem, mas acredito que neste ano, em que se celebra a presença do México no Brasil e do Brasil no México, devemos aproveitar para eventos culturais de todo tipo. Podemos realizar exposições conjuntas de arte mas também ações no âmbito da integração regional. Em nossa reunião bilateral com o Ministro Mauro Vieira, convidamos o Brasil para ser o próximo convidado do Festival Internacional Cervantino no México”.
Temas regionais e participação na reunião do CELAC
“Temos a vontade de trabalhar juntos e trazer conosco e a toda nossa região temas centrais como o setor farmacêutico, energético e alimentar. Temas transversais de combate à fome. Na próxima semana, na reunião do CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), em Kingstown (São Vicente e Granadinas) estaremos seguramente debatendo esses assuntos. Os recursos naturais do mundo estão em nossa região. O que precisamos fazer é utilizá-los bem, para benefícios de nossos povos e não ter somente uma visão extrativista”.
Justiça social
“Ambos países estão realmente lutando contra a cultura dos privilégios e conseguindo que estes se convertam em direitos. Essa questão é central. Temos aprendido muito com o Brasil e suas políticas trabalhistas, políticas sociais e o programa Bolsa Família. Tem sido muito importante para o México avançar sobre o tema do salário mínimo”.
“De fato, estamos vendo a possibilidade de fazer uma espécie de cúpula entre os dois países que possa articular outros mais em torno a essa visão progressista, social e de profundidade produtiva e política, e também com relação ao meio ambiente. Ambos os países percebemos que a mudança climática nos gerou muitos problemas de seca, incêndios e destruição. E para solucioná-los, temos muitos recursos e, sobretudo, pessoas.
Tráfico internacional
“Nós, no México, temos uma grande preocupação com o tráfico ilegal de armas, drogas e pessoas. Três temas que estão conectados entre si e sobre os quais precisamos avançar na busca de soluções. As organizações multilaterais, como o Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime, não têm apresentado respostas suficientes. Precisamos desenvolver estratégias de caráter regional. Estamos, por exemplo, propondo um encontro no México, coordenado com a Colômbia, orientado para discutir a mobilidade humana, mas também conectado a buscar soluções para deter o tráfico de pessoas”.
“No caso das armas, precisamos desenvolver sistemas de rastreamento. Sabemos que as armas nos EUA são legais, mas precisamos descobrir qual é sua origem e que tipos estão chegando a nossa região, América Latina e Caribe”.
“No caso das drogas, é preciso seguir toda a cadeia de produção. O crime internacional está nos ultrapassando. É sobre isso que tratei de falar em minha intervenção na reunião do G20. E, nesse sentido, estou de acordo com a fala do presidente Lula, quando ele diz que o crime organizado se tornou uma indústria multinacional, com entrada em diversos setores. Temos que identificar esses atores internacionais e ver sua correlação entre si, descobrir quem está por trás disso e como entramos em um acordo para um controle mais eficaz”.