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“Hoje, quem veio ao Complexo do Alemão foi a educação“, diz Lula ao anunciar IFRJ na comunidade
O presidente Lula, a primeira-dama, Janja, a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial), os ministros Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidêncial) e Camilo Santana (Educação) e o prefeito Eduardo Paes (Rio de Janeiro) durante a cerimônia de lançamento da pedra fundamental do campus do IFRJ no Complexo do Alemão - Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, participou do lançamento da pedra fundamental do campus do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) no Complexo do Alemão, na capital fluminense, nesta quarta-feira, 7 de fevereiro. Com investimento total de R$ 15 milhões, a conclusão da obra está prevista para dezembro de 2025, o que vai representar a realização de um sonho de mais de 13 anos dos moradores da comunidade.
» Fotos em alta resolução (Flickr)
» Íntegra do discurso do presidente Lula
Hoje, dia 7 de fevereiro, não foi um delegado ou um capitão da polícia que veio anunciar a quantidade de mortes no Complexo Alemão. Hoje, o Governo Federal e o Governo Municipal vieram aqui dizer: dia 7 de fevereiro, quem veio ao Complexo do Alemão foi a educação, para salvar essa gente”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
“Eu queria pedir uma edição especial para a capa do Jornal O Globo, para a capa do Jornal O Dia, para a capa do Jornal Extra. Hoje, dia 7 de fevereiro, não foi um delegado ou um capitão da polícia que veio anunciar a quantidade de mortes no Complexo Alemão. Hoje, o Governo Federal e o Governo Municipal vieram aqui dizer: dia 7 de fevereiro, quem veio ao Complexo do Alemão foi a educação, para salvar essa gente”, ressaltou o presidente Lula.
Em um terreno com 12,7 mil m², o prédio principal do campus terá área construída de 5,57 mil m² e receberá até 1,4 mil estudantes. A unidade ofertará cursos técnicos e formação de professores. O recurso para a obra está previsto no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), pelo qual ainda serão construídas cem novas unidades dos institutos federais no país, totalizando R$ 3,9 bilhões em repasses federais.
“No Rio de Janeiro, vai ter esse aqui do Complexo do Alemão, vai ter aquele que nós fizemos que atenda a Cidade de Deus e outros bairros, vai ter um em Magé que eu já anunciei, vai ter um em Teresópolis e um em São Gonçalo. E vai ter um também em Campo Grande. E a gente pretende, com isso, atender o nosso povo para se qualificar profissionalmente para o mercado de trabalho”, explicou Lula.
Na cerimônia de anúncio da nova unidade, o presidente contou a história de sua mãe, que criou oito filhos com muitos desafios, e destacou como a educação técnica possibilitou que ele tivesse uma melhor qualidade de vida. Também garantiu que voltará ao Complexo do Alemão no ano que vem para um grande evento de inauguração do campus.
“Eu fui o primeiro filho da minha mãe — e eu sou o caçula — a ter um diploma primário. Depois eu fui o primeiro a ter um curso técnico. Por conta disso, eu fui o primeiro a ter uma televisão, o primeiro a ter uma geladeira e o primeiro a ter uma casa própria. Eu fui o primeiro a ser presidente de um sindicato importante e o único a ser presidente da República, graças aos filhos do Brasil, que são vocês. Eu estou contando isso porque isso significa que a educação de um curso técnico mudou a minha vida”, afirmou.
DEMANDA POPULAR – Em julho de 2023, a primeira-dama da República, Janja Lula da Silva, procurou o Ministério da Educação, acompanhada pelas líderes comunitárias Camila Moradia e Tia Bete (do Complexo do Alemão), e por Alan Brum, presidente do Instituto Raízes em Movimento, organização que elaborou o Plano de Ação Popular do CPX, de desenvolvimento local.
No encontro com o ministro da Educação, Camilo Santana, pediram a retomada do projeto de construção de uma unidade do IFRJ no local. No mesmo mês, o ministro visitou o Complexo e confirmou o compromisso com a construção da unidade.
No evento desta terça-feira (7), Camila Moradia agradeceu Janja e a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, por ouvirem as demandas dos moradores da comunidade, entre elas a construção do IFRJ, e destacou a importância da participação feminina na política. “Esse instituto é a possibilidade dos sonhos dos meus filhos, dos nossos filhos, dos filhos dessa favela. Com esse instituto, agora nós seremos fortalecidos. Continuaremos sendo potência na reconstrução e na construção de uma favela, de um Rio de Janeiro e de um Brasil melhor para todos”, declarou.
A ministra Anielle Franco, que cresceu no Complexo da Maré, outro conjunto de favelas da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, ressaltou o papel da educação para transformar as vidas dos jovens das periferias. “A gente está falando hoje de um lugar onde a gente já perdeu Ágatha, Eduardo, Benjamin, onde a gente já perdeu muitos sonhos. E a gente está cansado disso. Quando a gente tem um governo que investe em educação e não investe em armas, isso também significa dizer que a favela está olhando para um futuro que, muitas vezes, nos é negado. Hoje é falar de esperança de dias melhores”, afirmou.
O ensino médio técnico profissionalizante é um desejo da maioria dos jovens brasileiros, segundo o ministro da Educação, Camilo Santana. “Nós fizemos uma consulta ano passado sobre o ensino médio, 80% dos jovens que nós consultamos queriam o ensino médio técnico profissionalizante. O Brasil precisa avançar e dar um salto para garantir matrícula de jovens no ensino médio que sejam técnicos ou profissionais, que já saiam da escola com uma profissão”, disse.
O ministro afirmou ainda que os alunos de baixa renda de institutos federais também poderão receber a bolsa do programa Pé-de-Meia, que visa reduzir as taxas de evasão escolar. “No Rio de Janeiro, são 171 mil jovens que vão poder participar desse programa. Vão receber R$ 200 todo mês e ao fim do ano, passando de ano, ele recebe R$ 1.000 numa poupança para ele. Isso no primeiro, no segundo ano e a mesma coisa no terceiro ano. E ao final, se ele poupar, pode ter R$ 9.000 na conta dele. A contrapartida do aluno é garantir 80% de frequência em média no ano”, concluiu.