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VOLTANDO EM PAZ
Ponto a ponto: entenda como é a operação de resgate dos brasileiros em Gaza
O grupo de brasileiros repatriados de Gaza ao lado de diplomatas brasileiros e da equipe de resgate em Al-Arish, onde pararam para almoçar antes de seguir para o Cairo, no Egito. Foto: GOV.BR
"Meu Deus, eles estavam presos. Trinta e cinco dias. Chegaram aqui para a gente almoçar e todo mundo correu na praia". A frase de Hasan Rabee acompanhou um vídeo que ele postou no Instagram no fim da tarde deste domingo, na cidade de Al-Arish, no Egito. As imagens mostram meninas e meninos correndo na areia em direção ao mar.
Ali, o grupo de 32 brasileiros repatriados pelo Governo Federal parou para almoçar, numa escala da viagem entre a fronteira do Egito com Gaza e o Cairo. Na capital egípcia, eles terão uma noite de descanso antes de embarcarem num VC-2, da Presidência da República, rumo ao Brasil. São 17 crianças, nove mulheres e seis homens. Vinte e dois brasileiros e dez palestinos familiares dos brasileiros.
Foi proporcionado um local onde ficaram abrigados por cerca de três semanas. Tiveram transporte para o ponto de fronteira, auxílio financeiro para cruzar a fronteira. Um comboio foi organizado para levá-los ao Cairo. O avião da Presidência já está há quase um mês no Cairo à espera deles"
Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores
A previsão é de que a aeronave decole por volta das 12h (horário local). A estimativa da Força Aérea Brasileira (FAB) é de que sejam feitas escalas técnicas em Roma, na Itália, depois em Las Palmas, na Espanha, e uma última na Base Aérea de Recife, já em território nacional, antes da aterrissagem em Brasília.
"Eu queria relembrar que eles receberam todo o apoio de nossa representação em Ramala. Foi proporcionado um local onde ficaram abrigados por cerca de três semanas. Tiveram transporte para o ponto de fronteira, auxílio financeiro para cruzar a fronteira. Um comboio foi organizado para levá-los ao Cairo. O avião da Presidência já está há quase um mês no Cairo à espera deles", disse o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, numa coletiva de imprensa na tarde deste domingo.
MINÚCIAS - Vieira listou uma série de iniciativas que fizeram parte da rotina da Representação Brasileira em Ramala nesse período. A equipe comandada pelo embaixador Alessandro Candeas monitorava diariamente a situação.
No início do conflito, hospedou parte do grupo de brasileiros na escola Rosary Sisters, na região Norte de Gaza. Diante da intensificação dos bombardeios, um ônibus fretado levou 16 pessoas para o sul de Gaza, em Rafah, já próximo à zona de fronteira. Outros 18 que manifestaram interesse na repatriação ficaram hospedados em Khan Yunis.
Para evitar bombardeios, tanto os transportes usados nos deslocamentos quanto os endereços utilizados foram informados pela diplomacia brasileira para as autoridades de Gaza e de Israel.
RECURSOS - No cotidiano desse período de quase um mês, o Governo Federal garantiu recursos para que os dois grupos tivessem acesso a alimentos, medicamentos, gás, água potável e atendimento médico e psicológico online, por telefone, única medida possível dentro de uma região conflagrada.
Lutamos para que os brasileiros não fossem afetados pela catástrofe humanitária que assola Gaza. Alugamos casas e conseguimos enviar recursos para alimentos, água, gás e remédios no precário mercado local. Oferecemos apoio de psicóloga e médico a distância. Infelizmente, as perspectivas são de rápida degradação das condições de vida e segurança na região de Gaza",
Alessandro Candeas, embaixador da representação brasileira em Ramala, na Cisjordânia
Houve momentos tensos, diante da falta de energia e até de sinal de internet, mas a representação brasileira conseguiu garantir comunicações diárias com todos e zelar para que todos os interessados pudessem cruzar a fronteira. As listas oficiais com os nomes dos brasileiros estavam com as autoridades de Israel, Egito e Autoridade Palestina havia mais de 20 dias.
“Lutamos para que os brasileiros não fossem afetados pela catástrofe humanitária que assola Gaza. Alugamos casas e conseguimos enviar recursos para alimentos, água, gás e remédios no precário mercado local. Oferecemos apoio de psicóloga e médico a distância. Infelizmente, as perspectivas são de rápida degradação das condições de vida e segurança na região de Gaza", afirmou o embaixador Candeas.
Essa degradação das condições sociais fez com que o ministro Mauro Vieira enfatizasse neste domingo a intenção do Governo Federal de voltar a buscar, no Conselho de Segurança da ONU, medidas que possam conduzir a pausas humanitárias e ao fim de hostilidades na região.
"O presidente Lula continua muito envolvido na solução da questão. Ele tem falado constantemente com chefes de Estado mais importantes, com o secretário-geral da ONU, com os chefes de Estado da região, enfim, todos os atores importantes. A sua intenção é voltar a tratar da questão no Conselho de Segurança das Nações Unidas a partir desta semana, para que se possa encontrar uma forma de suspensão dessas hostilidades e a criação de uma pausa humanitária que possa levar ao alívio da população civil palestina em Gaza”, afirmou Vieira.