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Lula conversa sobre políticas para as mulheres com ex-líderes do Chile, Costa Rica e Senegal
O papel da mulher nas sociedades modernas e a necessidade de promoção de agendas que reduzam as desigualdades de gênero foram os temas tratados no encontro. Na imagem (da esquerda para a direita), Laura Chinchilla, Aminata Touré, Luiz Inácio Lula da Silva, Michelle Bachelet, Janja Lula da Silva, Cida Gonçalves e Celso Amorim - Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado da primeira dama, Janja Lula da Silva, recebeu, na tarde desta terça-feira (14), as senhoras Michelle Bachelet, ex-presidenta do Chile e da UNASUL e ex-alta comissária da ONU para Direitos Humanos; Laura Chinchilla, ex-presidenta da Costa Rica; e Aminata Touré, ex-primeira-ministra do Senegal. A visita se deu por ocasião do evento “Mulheres no Poder: Estratégias para Implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU para Alcançar a Igualdade de Gênero”, promovido no Palácio do Planalto, no mesmo dia, pela ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.
Durante a reunião, conversou-se sobre o papel da mulher nas sociedades modernas e a necessidade de promoção de agendas que reduzam as desigualdades de gênero, como a recém-aprovada lei da igualdade salarial. Falaram também sobre a desejável reforma das instituições de governança global e concordaram que os conflitos em curso no Oriente Médio e na Ucrânia são reflexo das dificuldades operacionais da ONU e em particular do Conselho de Segurança. Comentaram também sobre os riscos que corre a democracia no mundo, abalada pela proliferação de informações falsas e narrativas de ódio, e sobre a necessidade de uma revisão do discurso das forças progressistas.
O presidente Lula e a senhora Bachelet comentaram o estado atual das relações entre os países da América do Sul e concordaram que seu melhor momento se deu entre 2003 e 2013, período em que foi criada a UNASUL, presidida por Bachelet em 2008-2009. Um exemplo positivo citado por Bachelet nesse sentido foi a aproximação entre a UNASUL e a África, que perdeu prioridade nos anos subsequentes.
O presidente Lula ouviu a seguir, da senhora Touré, comentários sobre a oportunidade representada pela presidência brasileira do G20, agora com a presença da União Africana, e por seu papel no BRICS, para fazer avançar o debate sobre a defesa da democracia e a luta contra a pobreza e a insegurança alimentar, "agenda número um na África". Recebeu também felicitações sobre a reativação de programas sociais do Brasil, em particular o Bolsa Família, "uma revolução social e um modelo para o mundo”. O presidente Lula concordou que o financiamento à mulher, esteio de grande parte das famílias, tem grande impacto nas sociedades, a exemplo das recentes iniciativas nesse sentido no continente africano. O presidente manifestou desejo de visitar a sede da União Africana, em Adis Abeba, e adiantou que uma de suas pautas será a defesa da renegociação das dívidas impagáveis dos países do continente.
O problema do endividamento excessivo do mundo em desenvolvimento foi novamente suscitado, com preocupação, pela senhora Chinchilla, de quem Lula ouviu também comentários sobre a perda de protagonismo da América Latina em anos recentes, em parte por conta da falta de lideranças que promovam uma integração regional efetiva. A quantidade desproporcional de mortes por Covid-19 na região, em comparação ao resto do mundo, foi citada como exemplo da falta de uma política integrada em prol da vacinação.
O presidente Lula agradeceu os comentários sobre a retomada dos programas sociais bem-sucedidos de seus primeiros mandatos, abandonados pelos governos anteriores, e salientou a necessidade de se pensar novas iniciativas, com enfoques inovadores sobre as demandas das mulheres, da juventude e das camadas médias da sociedade, em áreas básicas como educação, saúde e financiamento à inclusão social.