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CÚPULA VIRTUAL DO BRICS
Diante de “catástrofe humanitária” no Oriente Médio, Lula cobra trégua determinada por resolução da ONU
Lula lamentou que só em 15 de novembro, mais de 40 dias depois do início dos conflitos, o Conselho de Segurança tenha aprovado uma Resolução que foca na proteção de crianças - Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou nesta terça-feira, 21 de novembro, a aplicação da resolução aprovada pela Organização das Nações Unidos há quase uma semana que determina uma trégua humanitária no conflito entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza.
Neste momento, o desafio é fazer com que a trégua humanitária determinada pela Resolução seja implementada imediatamente”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
» Confira a íntegra do discurso do presidente
O discurso se deu durante a Cúpula Virtual Extraordinária do BRICS, diante de outros chefes de Estado e Governo e chamceleres dos paises integrantes do bloco (Rússia, Índia, China e África do Sul) e de representantes dos países convidados este ano a integrá-lo: Arábia Saudita, Argentina, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Irã.
Lula lembrou que, desde o início da guerra, teve a oportunidade de conversar bilateralmente com diversos líderes da região. Reforçou a posição do Brasil de condenar veementemente os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro, que fizeram inclusive três vítimas brasileiras. Reiterou o chamado pela liberação imediata e incondicional de todos os reféns, e enfatizou que os atos bárbaros não justificam o uso de força indiscriminada e desproporcional contra civis.
“Estamos diante de uma catástrofe humanitária. Os inocentes pagam o preço pela insanidade da guerra, sobretudo mulheres, crianças e idosos. O elevado número de mortos — mais de 12.000 pessoas, sendo 5.000 crianças — nos causa grande consternação. Como bem disse o Secretário-Geral da ONU, Gaza está se tornando um cemitério de crianças”, afirmou o presidente.
Lula criticou uma das consequências imediatas do conflito, que foi o deslocamento forçado de cerca de 1,6 milhão de pessoas (70% da população de Gaza), sem que eles tenham perspectivas de retorno. Deslocamento que se torna ainda mais complexo diante da falta de água potável, de energia elétrica e de acesso cotidiano a alimentos e gás para cozinhar na Faixa de Gaza.
CREDIBILIDADE – Para o presidente brasileiro, as dificuldades para que o Conselho de Segurança da ONU chegasse a uma resolução, em particular devido à prática da instituição do veto pelos membros permanentes, demonstra a urgência da reforma das instituições multilaterais e coloca a credibilidade das Nações Unidas em jogo. Ele lamentou também que mais de uma centena de funcionários da ONU tenham perdido a vida desde o início do conflito.
“O Brasil não poupou esforços em favor do tratamento da emergência humanitária, da contenção da atual escalada e da retomada de uma solução duradoura para o conflito. Propusemos uma Resolução que contou com apoio da maioria dos membros, mas que infelizmente foi objeto de veto de um dos membros permanentes. A paralisia do Conselho é mais uma demonstração da urgência da sua reforma”, citou.
Lula lamentou ainda que só em 15 de novembro, mais de 40 dias depois do início dos conflitos, o Conselho de Segurança tenha aprovado uma Resolução que foca em um dos objetivos essenciais: a proteção de crianças. “Neste momento, o desafio é fazer com que a trégua humanitária determinada pela Resolução seja implementada imediatamente”.
DOIS ESTADOS – Além de criticar o contexto atual da guerra, o presidente Lula cobrou dos parceiros do BRICS uma atuação para evitar que a guerra se alastre para os países vizinhos. “O Brasil não acredita que a paz seja criada apenas pela força das armas. Temos longa experiência que reforça nossa fé na paz criada por uma justa negociação diplomática”, disse.
Por último, o presidente lembrou que a guerra atual é consequência de “décadas de frustração e injustiça representada pela ausência de um lar seguro para o povo palestino”. Para o líder brasileiro, o reconhecimento de um Estado palestino viável, vivendo lado a lado com Israel, com fronteiras seguras e mutuamente reconhecidas, é a única solução possível. “O Brasil seguirá pronto a apoiar todas as iniciativas que levem a uma solução política para esse conflito”.