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CONVERSA COM O PRESIDENTE
“A gente quer que o brasileiro volte a andar com a cabeça erguida”, diz Lula sobre o Desenrola
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente Lula no programa Conversa com o Presidente desta terça-feira, 21 de novembro - Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aproveitaram a edição do programa Conversa com o Presidente desta terça-feira, 21 de novembro, para detalhar o chamado Dia D do programa Desenrola, que acontece nesta quarta-feira, 22 de novembro. A ideia é que o maior número de pessoas possa negociar suas dívidas ainda antes do Natal.
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Na hora que você liberta o cara de uma dívida, o que você está fazendo? Você está dando liberdade até para que ele se endivide outra vez, mas que se endivide com responsabilidade. A gente quer que o brasileiro volte a andar com a cabeça erguida”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
Agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal em todo o país vão abrir uma hora mais cedo nesta quarta, para que os clientes possam solicitar a renegociação de seus débitos. Para o presidente Lula, é uma medida que ajuda a devolver a dignidade a essas pessoas.
“Na hora que você liberta o cara de uma dívida, o que você está fazendo? Você está dando liberdade até para que ele se endivide outra vez, mas que se endivide com responsabilidade. A gente quer que o brasileiro volte a andar com a cabeça erguida”, declarou o presidente.
Segundo ele, o objetivo do programa é tirar as pessoas de problemas financeiros, causados pela crise econômica que o país viveu nos últimos anos, quando muitos brasileiros precisaram se endividar até para comprar o que comer.
“A sociedade brasileira estava enrolada, você tinha 70 milhões de brasileiros que estavam endividados com dívidas pequenas, às vezes no cartão de crédito, pessoas que estavam utilizando o cartão de crédito para comprar comida e ficavam sem poder pagar, muitos com R$ 100, 150, 200, 300. Então nós fizemos esse programa chamado Desenrola, fizemos para a sociedade como um todo”, disse ele.
ESTÍMULO – Também durante o Conversa com o Presidente, o ministro Fernando Haddad explicou o funcionamento do programa, em que as dívidas foram adquiridas em um leilão, com desconto médio de 83% para o público. Ele aproveitou para ressaltar que o consumidor fica com o nome limpo rapidamente, apenas alguns dias após a negociação, mesmo que não consiga quitar a dívida e opte por um parcelamento.
“A grande vantagem desse programa é a seguinte: quando você aceita pagar aquela dívida com o desconto que os credores deram, a sua dívida está quitada e, em 5 dias, eles têm que dar baixa no Serasa, no SPC, seu nome está limpo 5 dias depois. O parcelamento é um novo financiamento, não tem nada a ver com o antigo, o antigo vai sumir do seu registro. Você vai poder inclusive escolher na rede bancária qual vai te dar o menor juro para você fazer esse parcelamento, e todos os bancos estão parcelando com taxas de juros típicas de crédito consignado, abaixo de 2% ao mês. Eu falo com muita convicção: não tema sair dessa encrenca, se desenrolar. Pega o desconto, que o governo já negociou para você”, disse o ministro.
Haddad contou que, dos mais de 70 milhões de CPFs com dívidas inscritas no SPC e no Serasa, cerca de 30 milhões estão habilitados a participar do programa. Destes, 7 milhões já entraram no Desenrola e conseguiram regularizar seus débitos. Além disso, cerca de 10 milhões de dívidas de até R$ 100 que estavam em protesto foram canceladas.
“O desconto médio é de 83% e em alguns casos chega a 99%. Com desconto de 83%, se a pessoa deve R$ 1.000, ela consegue pagar com R$ 170. E se ela ganha até 2 salários mínimos, nós parcelamos essa dívida, com parcela a partir de R$ 50. É uma coisa inédita, nunca aconteceu. É a primeira vez que um governo brasileiro se dispõe a isso, a bancar esse programa”, declarou o ministro.
RODA GIGANTE – Para o presidente Lula, a política visa incluir as pessoas no que ele chama de “roda gigante da economia”, ampliando o número de brasileiros em condições de consumir, aumentando assim a demanda interna.
“Nós estamos pensando no desenvolvimento da economia, porque a visão é muito simples. Se o cara não deve ou se ele deve uma dívida controlada, ele vai poder comprar alguma coisa. Na medida que ele compra, o comércio vai vender, o comércio gera emprego. O comércio gera emprego, vai vender e vai ter que encomendar mais um produto da fábrica. A fábrica vai ter que produzir mais uma peça, vai ter que contratar mais um emprego, vai pagar mais um salário. É isso que eu chamo de roda gigante. Não adianta só alguns estarem sentados na roda gigante e a multidão lá olhando”, ressaltou Lula.
O presidente também destacou o Desenrola do FIES, anunciado recentemente, que vai permitir que 1,28 milhão de estudantes e ex-alunos possam renegociar suas dívidas de financiamento estudantil. Além disso, ele revelou que o governo deve apresentar, em breve, o projeto de uma poupança para os estudantes de ensino médio, para ser sacada no fim do curso.