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CONVERSA COM O PRESIDENTE
Lula: “Se você não falar em paz todo dia, as pessoas esquecem que é possível”
“Esse é o meu papel: tentar criar condições para que a gente sente na mesa de negociação”, disse o presidente. Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (24/10), durante o programa Conversa com o Presidente, que vai seguir negociando de forma contínua em favor de uma solução que traga a paz para o Oriente Médio, no conflito que já deixou milhares de mortos. Foi a primeira participação do presidente no programa desde a cirurgia no quadril, no fim de setembro.
Eu estou falando com todo mundo para conseguir três coisas. Primeiro, garantir um corredor humanitário para que as pessoas possam receber água, comida e remédios. Garantir que não falte energia elétrica nos hospitais para que as pessoas possam ser tratadas e garantir que não se mate mais crianças”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
“Se você não falar em paz todo dia, as pessoas esquecem que é possível construir a paz. Eu vejo as autoridades falando em guerra, que fulano tem que matar sicrano, que tem que derrotar. Não é assim que a gente resolve o problema. Numa mesa de negociação não morre ninguém, custa mais barato e a gente pode encontrar a solução”, afirmou o presidente. “Esse é o meu papel: tentar criar condições para que a gente sente na mesa de negociação”.
» Fotos em alta resolução (Flickr)
Lula destacou que, mesmo se recuperando da operação em Brasília, telefonou para diversos líderes mundiais com o objetivo de estabelecer um diálogo multilateral que ajude a parar as hostilidades na região. Desde o último dia 11, ele conversou com os presidentes de Israel (Isaac Herzog), da Autoridade Palestina (Mahmoud Abbas), do Irã (Ebrahim Raisi), do Egito (Abdel Fattah el-Sissi), da Turquia (Recep Tayyip Erdogan), da França (Emmanuel Macron), da Rússia (Vladimir Putin), dos Emirados Árabes (Mohammed bin Zayed Al Nahyan) e do Conselho Europeu (Charles Michel)
“Eu estou falando com todo mundo para conseguir três coisas. Primeiro, garantir um corredor humanitário para que as pessoas possam receber água, comida e remédios. Garantir que não falte energia elétrica nos hospitais para que as pessoas possam ser tratadas e garantir que não se mate mais crianças”, salientou o presidente.
Para Lula, além da atuação limitada da ONU - cujo Conselho de Segurança não conseguiu aprovar ainda uma resolução garantindo corredores humanitários, a saída de estrangeiros de Gaza e um cessar-fogo -, o discurso de algumas autoridades acaba inflamando a situação e ampliando a violência.
As pessoas querem guerra, as pessoas querem incentivar o ódio, querem estimular o ódio. E eu não vejo assim. Podem me criticar o quanto quiserem. O Lula vai continuar falando em paz, em diálogo, o Lula vai continuar chorando pela morte das crianças do planeta Terra”
“Não é porque o Hamas cometeu um ato terrorista que Israel tem que matar inocentes. Não é possível que as pessoas não tenham sensibilidade. Não é possível. Se a ONU tivesse força, a ONU poderia ter interferência maior. Os Estados Unidos poderiam ter interferência maior. Mas as pessoas não querem. As pessoas querem guerra, as pessoas querem incentivar o ódio, querem estimular o ódio. E eu não vejo assim. Podem me criticar o quanto quiserem. O Lula vai continuar falando em paz, em diálogo, o Lula vai continuar chorando pela morte das crianças do planeta Terra”, declarou.
Na entrevista, o presidente Lula também comentou que falou sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia durante o telefonema com Putin, na última segunda-feira. Em sua opinião, é necessário que os combates parem o quanto antes, para dar início ao processo de paz, e para que o custo para as pessoas comuns não seja ainda mais alto.
“Ainda ontem falei com o Putin sobre a guerra da Ucrânia e sobre a guerra do Oriente Médio. É preciso que as pessoas parem. É preciso que as pessoas compreendam que você leva 10 anos para construir uma casa e com um foguete você destrói um prédio inteiro. Será que as pessoas não têm senso de humanidade, senso de responsabilidade? Cadê o humanismo, cadê a fraternidade, cadê a solidariedade, cadê a nossa paixão pelas crianças? Cadê o nosso pensamento no futuro? Ou seja, o futuro é isso? É guerra?”, provocou.