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Em comunicado, Brasil e Índia ressaltam estreita colaboração para enfrentar os desafios contemporâneos
O presidente Lula e o primeiro-ministro Narendra Modi: segurança alimentar e crise climática na agenda de prioridades. Foto: Ricardo Stuckert / PR
Brasil e Índia divulgaram um comunicado conjunto neste domingo (dia 10) após reunião bilateral entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, realizada depois do encerramento da 18ª Cúpula de chefes de Estado e de Governo do G20 em Nova Delhi.
No documento, os líderes sublinharam que os laços bilaterais floresceram, ao longo de 75 anos de relações diplomáticas, com base em valores comuns e objetivos partilhados, incluindo a busca da paz, da cooperação e do desenvolvimento sustentável.
» Fotos em alta resolução (Flickr)
» Íntegra do comunicado (em inglês)
» Em bilateral, Lula e Modi conversam sobre tecnologia, comércio e biocombustíveis
Os governantes afirmam no comunicado que continuarão trabalhando em estreita colaboração a fim de enfrentar melhor os desafios contemporâneos na paz e segurança internacionais. O primeiro-ministro acolheu com satisfação o anúncio de apoio do Brasil à candidatura da Índia a um assento não permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) para o período de 2028/2029.
Lula e Modi expressaram decepção com a paralisia criada nas negociações intergovernamentais sobre a reforma do CSNU, que não produziram progressos tangíveis.
Ambos afirmaram o compromisso com a reforma abrangente do Conselho de Segurança, incluindo a expansão nas categorias permanente e temporário — com garantia de maior representação dos países em desenvolvimento — para melhorar a eficiência, eficácia e a legitimidade.
INDÚSTRIA DE DEFESA — Os líderes manifestaram satisfação com o aumento da cooperação em defesa entre a Índia e o Brasil, incluindo a participação em exercícios militares, a troca de delegações de alto nível em defesa e a presença mútua da indústria nos eventos do setor. Ambos os países têm incentivado as indústrias de defesa a explorar oportunidades de colaboração e iniciar projetos comuns para desenvolvimento tecnológico.
COMBATE À FOME — Reforçando os três pilares elencados pela liderança do Brasil no G20 (inclusão social e a luta contra a desigualdade, a fome e a pobreza; enfrentamento das mudanças climáticas e a promoção do desenvolvimento sustentável em suas dimensões econômica, social e ambiental; e defesa da reforma das instituições de governança global, que reflita a geopolítica do presente), os líderes reconheceram no comunicado que as alterações climáticas representam um dos maiores desafios atuais.
A crise climática precisa, contudo, ser abordada no contexto do desenvolvimento sustentável e dos esforços para erradicar a pobreza e a fome. Além disso, Lula e Modi reiteraram a intenção de ampliar a cooperação na agricultura sustentável e no desenvolvimento rural, com o objetivo de salvaguardar a segurança alimentar e nutricional de ambos os países e do mundo. Sobre a transição energética, ambos reconheceram sua urgência — e a necessidade de que ela seja justa e equitativa.
BIOCOMBUSTÍVEIS – Os dois líderes reconheceram a urgência de uma transição energética justa e equitativa. Salientaram o papel vital dos biocombustíveis e dos veículos flex na descarbonização do setor dos transportes. Elogiaram as iniciativas bilaterais em bioenergia, envolvendo setores governamental e privado. Lula e Modi exaltaram, também, a Aliança Global de Biocombustíveis. A iniciativa reúne, além de Brasil e Índia, os Estados Unidos, três dos principais produtores de biocombustíveis no mundo. A intenção é fomentar a produção sustentável e o uso desses produtos. Outros 19 países e 12 organizações internacionais fazem parte da aliança, que segue aberta a novas adesões.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS — Os dois países comprometeram-se a aprofundar e diversificar a sua cooperação bilateral em relação ao clima, bem como em colaborar para garantir que o processo multilateral da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês, United Nations Framework Convention on Climate Change), da COP 28 à COP 30, abra caminho para uma correção de curso em relação ao clima — levando em consideração a gravidade e a urgência apontada pelo 6º Relatório de Avaliação (AR6) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).