Notícias
RELAÇÕES EXTERIORES
Na Assembleia Nacional de Angola, Lula defende nova agenda de investimentos com o país africano
O presidente Lula e Carolina Cerqueira, presidente da Assembleia Nacional de Angola. Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi homenageado em uma sessão solene da Assembleia Nacional de Angola na tarde desta sexta-feira, 26/8. Em seu discurso, ele defendeu que a parceria entre os dois países, que voltou a ser aprofundada neste ano, seja ainda mais ampla e variada daqui para frente.
O fluxo comercial entre nossos países voltou a crescer após sete anos de estagnação. No primeiro semestre de 2023, foi quase 65% maior em relação ao mesmo período de 2022”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
» Fotos em alta resolução (Flickr)
» Íntegra do discurso do presidente Lula
» Íntegra dos acordos de cooperação firmados
“Queremos inaugurar uma nova agenda de cooperação com Angola, que também sirva de modelo para outros países. Temos orgulho de ter contribuído, no passado, com o financiamento de projetos de rodovias, saneamento, abastecimento de água e geração e distribuição de energia elétrica. O Brasil tem condições de voltar a ser um grande parceiro de Angola em seu desenvolvimento”, afirmou Lula.
O presidente destacou que a retomada de uma parceria mais consistente deve favorecer empresários dos dois países e ampliar o leque de produtos comercializados, que nos últimos anos ficou concentrado em petróleo e bens primários. A ideia é que a mudança tenha participação da Câmara de Comércio Brasil-Angola, criada em junho.
“Os empresários que acompanham minha visita demonstram grande interesse nas oportunidades que a economia angolana oferece. O fluxo comercial entre nossos países voltou a crescer após sete anos de estagnação. No primeiro semestre de 2023, foi quase 65% maior em relação ao mesmo período de 2022”.
COOPERAÇÃO – Mais cedo, no Palácio Presidencial em Luanda, os governos dos dois países assinaram sete documentos de cooperação bilateral , em turismo, saúde, educação, agricultura, apoio a pequenas e médias empresas, recursos humanos e exportações.
De acordo com o presidente, a parceria deve incluir também o fortalecimento da indústria, progresso científico e tecnológico, transição energética e proteção ao meio ambiente e biodiversidade. Ele citou como exemplo um projeto agrícola implementado no sul de Angola em parceria com a Embrapa.
“O programa de regiões irrigadas e políticas de apoio à agricultura familiar no Vale do Rio Cunene será um marco dessa nova fase. Formulada com base em demandas angolanas, a iniciativa fortalecerá o planejamento de recursos hídricos e a organização de cadeias produtivas naquela província. Permitirá transformar as terras irrigadas em fonte de recursos para a segurança alimentar e o desenvolvimento social. Saúdo o governo angolano pelo sucesso das obras de transposição das águas do rio Cunene, que traz esperança à população desta região”, ressaltou.
Comitiva brasileira e integrantes do parlamento angolano à frente da Assembleia Nacional. Foto: Ricardo Stuckert/ PR |
TRANSIÇÃO ENERGÉTICA - Lula abordou ainda a necessidade de encontrar novas fontes de energia e de preservar o meio ambiente, para tentar frear os efeitos da mudança climática em todo o planeta. Citou que o Brasil trabalha em soluções sustentáveis há décadas e que tem potencial de contribuir com seus parceiros.
“Com os biocombustíveis, chegamos a uma opção viável, limpa, relativamente barata e acessível. A consolidação dos mercados de bioenergia permitirá que a África em breve disponha de nova fonte de recursos para financiar seu desenvolvimento”, disse.
Para Lula, Angola tem um papel importante na luta pela preservação das florestas tropicais, e conta com a ajuda do país na luta por uma ampliação do financiamento das ações ambientais que vem cobrando de países desenvolvidos. “Como possuidora de florestas tropicais, Angola é aliada natural dos países amazônicos na busca por remuneração justa pelos serviços que esses biomas prestam ao mundo”, declarou.
PARCERIA HISTÓRICA – No encerramento do discurso, Lula exaltou os laços que unem Brasil e Angola ao longo da história e disse que a visita marca um “reencontro” não só entre os dois países, mas do Brasil com o continente africano.
“Temos orgulho de ser o primeiro país do mundo a reconhecer Angola independente. Temos orgulho de fazer parte da moderna história deste país. Uma história rica e vitoriosa, que bem exemplifica a capacidade das nações africanas de assumir o seu próprio destino. Esta visita marca o reencontro do Brasil com a África, relança a cooperação bilateral e prepara uma agenda robusta para comemorar, em 2025, nossos 50 anos de relações diplomáticas”, finalizou.