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CÚPULA DA AMAZÔNIA
Lula: valorizar a floresta é dar dignidade às pessoas que vivem nela
Lula fez balanço positivo das trocas com parceiros latino-americanos da OTCA
Em pronunciamento à imprensa após conclusão da série de reuniões da Cúpula da Amazônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez balanço positivo das trocas com os parceiros latino-americanos da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) e com os países convidados que detêm florestas tropicais. Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela, Indonésia, República do Congo e República Democrática do Congo se unirão em voz única para negociar com o mundo, com maior representatividade, os compromissos de financiamento climáticos assumidos pelos países ricos, de modo que consigam explorar a biodiversidade de suas florestas e promover inclusão social dos povos que vivem nelas.
Íntegra do pronunciamento do presidente Lula
Íntegra de Declaração de Belém (PA)
Íntegra do Comunicado Conjunto dos Países Florestais em Desenvolvimento em Belém
Fotos em alta resolução (Flickr)
DIGNIDADE — Segundo o presidente, negar a crise climática que o mundo enfrenta é insensatez, e valorizar a floresta amazônica não é só mantê-la em pé, mas dar dignidade às quase 50 milhões de pessoas que vivem na região. Para isso, acrescentou, é preciso gerar emprego e renda por meio do fomento à ciência, tecnologia e inovação, do estímulo à sociobioeconomia e da valorização dos povos indígenas e comunidades tradicionais e seus conhecimentos ancestrais. Ele afirmou, ainda, que não são os países donos da floresta que estão precisando de dinheiro e de financiamento, mas sim a natureza.
“Vamos à COP-28 com objetivo de dizer ao mundo rico que, se quiserem preservar efetivamente o que existe de floresta, é preciso colocar dinheiro não apenas para cuidar da copa da floresta, mas para cuidar do povo que mora lá embaixo, que quer trabalhar, estudar, comer, passear, viver decentemente. É cuidando desse povo que vamos cuidar da floresta”, disse o presidente, lembrando que a maior parte das terras preservadas no Brasil está em território indígena, o que, segundo ele, é uma demonstração de que o país já tem os fiscais naturais da floresta. “É só respeitá-los e garantir a eles condições de vida digna e decente”.
Foto: Ricardo Stuckert (PR)
PAVIMENTO — Na sala de imprensa montada especificamente para o evento, com mais de 200 jornalistas de veículos de todo o mundo, o presidente brasileiro contou que a Declaração de Belém , divulgada na terça (8/8), e o comunicado conjunto com os países convidados , publicado nesta quarta, são passos para uma definição de uma agenda comum para pavimentar o caminho até a COP-30, que acontecerá na capital paraense em novembro de 2025.
Segundo ele, os países vão trabalhar em duas frentes: uma para criar um mecanismo que remunere de forma justa e equitativa os serviços ambientais que as florestas tropicais prestam ao mundo e outra com objetivo de definir um conceito internacional de sociobioeconomia que leve à certificação de produtos oriundos da floresta.
A Cúpula da Amazônia de 2023, segundo o presidente, vai gerar frutos e será lembrada no futuro como um marco do desenvolvimento sustentável. “O que fizemos foi dizer ao mundo que não aceitaremos mais ficar criando teses que não sejam colocadas em prática”, disse, acrescentando que o Brasil seguirá valorizando o diálogo com a sociedade civil, ouvindo as vozes dos povos indígenas, de ribeirinhos e quilombolas, de mulheres e jovens e de todos os que lutam e arriscam sua vida para preservar a Amazônia.
Lula também destacou que, além de garantir a proteção, é importante brigar para expulsar da floresta o crime organizado e o tráfico de drogas e armas. Segundo ele, haverá maior policiamento na extensa fronteira seca do Brasil e convênios com os países vizinhos para essa fiscalização.