Notícias
RELAÇÕES EXTERIORES
Lula exalta força do BRICS e diz que dinamismo da economia está no Sul Global
No fim do dia, representantes dos cinco países do BRICS posaram para a imagem oficial do evento na África do Sul. Os presidentes Lula, Xi Jinping (China), Cyril Ramaphosa (África do Sul), o primeiro-ministro Narendra Modi (Índia) e Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia. Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou na tarde desta terça-feira, 22/8, do Fórum Empresarial do Brics em Joanesburgo, na África do Sul. Em seu discurso, ele ressaltou o crescimento econômico do bloco e indicou que os países em desenvolvimento têm potencial de avançar ainda mais na comparação com países industrializados.
No fim do dia, ele e os representantes dos outros quatro países do bloco (China, África do Sul, Índia e Rússia) se reuniram para uma agenda reservada e posaram para a foto oficial do evento. Participaram os presidentes Lula, Xi Jinping (China), Cyril Ramaphosa (África do Sul), o primeiro-ministro Narendra Modi (Índia) e Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia.
A decisão de estabelecer o Novo Banco de Desenvolvimento representou um marco na colaboração efetiva entre as economias emergentes. Ao diversificar fontes de pagamento em moedas locais, expandir sua rede de parceiros e ampliar seus membros, o NDB constitui uma plataforma estratégica para promover a cooperação entre países em desenvolvimento”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
» Confira a íntegra do discurso do presidente Lula
» Fotos em alta resolução (Flickr)
“Já ultrapassamos o G7 e respondemos por 32% do PIB mundial em paridade do poder de compra. Projeções indicam que os mercados emergentes e em desenvolvimento são aqueles que apresentarão maior índice de crescimento nos próximos anos. Segundo o FMI, enquanto os países industrializados devem desacelerar o crescimento de 2.7%, em 2022, para 1.4% em 2024, o crescimento previsto para os países em desenvolvimento é de 4% neste ano e no próximo. Isso mostra que o dinamismo da economia está no Sul Global e o BRICS é sua força motriz”, destacou Lula em seu discurso no fórum.
Para o presidente, para que esse crescimento aconteça de forma mais ampla e sustentável, os países em desenvolvimento vão precisar encontrar novas formas de obter investimentos, já que o sistema financeiro internacional não tem atendido a essas demandas de maneira adequada. Dessa forma, alternativas como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB na sigla em inglês) se tornam ainda mais necessárias.
“A decisão de estabelecer o Novo Banco de Desenvolvimento representou um marco na colaboração efetiva entre as economias emergentes. Nosso banco conjunto deve ser um líder global no financiamento de projetos que abordem os desafios mais urgentes de nosso tempo. Ao diversificar fontes de pagamento em moedas locais, expandir sua rede de parceiros e ampliar seus membros, o NDB constitui uma plataforma estratégica para promover a cooperação entre países em desenvolvimento”, afirmou.
Novo PAC – O presidente Lula também falou do recém-lançado Novo PAC, programa voltado para infraestrutura que ele considera que pode representar um leque de novas oportunidades para investidores dos países que fazem parte do BRICS – África do Sul, China, Índia e Rússia, além do Brasil.
“Esperamos mobilizar US$ 340 bilhões para a modernização de nossa infraestrutura logística, com investimentos em rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos. Também daremos prioridade à geração de energia solar, eólica, biomassa, etanol e biodiesel. É enorme o nosso potencial de produção de hidrogênio verde. Estabeleceremos parcerias entre o governo e os empresários em todas essas áreas, sob a forma de concessões, Parcerias Público-Privadas e contratações diretas. Precisamos garantir mais credibilidade, previsibilidade e estabilidade jurídica ao setor privado”, concluiu.
Também daremos prioridade à geração de energia solar, eólica, biomassa, etanol e biodiesel. É enorme o nosso potencial de produção de hidrogênio verde. Estabeleceremos parcerias entre o governo e os empresários em todas essas áreas, sob a forma de concessões, Parcerias Público-Privadas e contratações diretas"
BRICS - O BRICS é uma parceria entre cinco das maiores economias emergentes do mundo: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. No total, o grupo representa mais de 42% da população mundial, 30% do território do planeta, 23% do PIB global e 18% do comércio internacional.
O principal objetivo do bloco é alterar, por meio da cooperação, o sistema de governança global, com uma reforma de mecanismos como o Conselho de Segurança da ONU, além de introduzir alternativas a instituições como o FMI e o BID para o fomento às economias emergentes, como é o caso do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês).
EM NÚMEROS - Fazem parte do grupo os dois países mais populosos do mundo, Índia e China, cada um com 1,4 bilhão de habitantes – o Brasil está em sétimo na lista, com 203 milhões, a Rússia em nono, com 143 milhões, e a África do Sul em 25º, com 59 milhões. No total, o BRICS tem uma população de cerca de 3,2 bilhões de pessoas.
Em termos de dimensões territoriais, no grupo estão o maior país do mundo (Rússia, com 17,1 milhões de km²), o terceiro maior (China, 9,6 milhões de km²), o quinto (Brasil, com 8,5 milhões de km²) e o sétimo (Índia, 3,2 milhões de km²). A África do Sul é o 24º na lista, com 1,2 milhão de km².
Em conjunto, os países do BRICS têm um PIB de US$ 24,7 trilhões. Segundo estimativas do Banco Mundial, o PIB da China chegou a US$ 17,7 trilhões em 2022, o segundo maior do mundo. A Índia ficou em sexto, com US$ 3,17 trilhões, seguida pela Rússia em 11º (US$ 1,7 trilhão), pelo Brasil em 12º (US$ 1,6 trilhão) e pela África do Sul em 32º (US$ 419 bilhões).
Presidente Lula discursa durante Fórum Empresarial do BRICS em Joanesburgo, na África do Sul.
Foto: Ricardo Stuckert / PR |
COMÉRCIO BRASIL-BRICS - O Brasil tem um comércio intenso com os países do BRICS. Em 2022, o volume de transações chegou a US$ 177,7 bilhões, sendo US$ 99,4 bilhões em exportações brasileiras para China, Índia, Rússia e África do Sul e US$ 78 bilhões em importações de produtos vindos desses países. De janeiro a julho de 2023, o volume já atingiu US$ 102,3 bilhões (US$ 63,2 bilhões em exportações e US$ 39 bi em importações).
Principal parceiro comercial do Brasil, a China comprou 90% de toda a exportação brasileira destinada ao BRICS, cerca de US$ 89,4 bilhões. A Índia importou 6,3% (cerca de US$ 6,3 bilhões), a Rússia foi destino de 2% das exportações (US$ 1,96 bilhão) e a África do Sul, de 1,7% (US$ 1,7 bilhão).
No sentido inverso, 78% das importações vindas do bloco foram de produtos chineses (US$ 60,7 bilhões), seguidos dos indianos (11% ou US$ 8,9 bilhões), russos (10%, US$ 7,9 bi) e sul-africanos (1,2% ou US$ 908 milhões).
No ano passado, o produto mais exportado pelo Brasil para o BRICS foi a soja, com 33% do total, seguida por petróleo (18%), ferro (18%) e carne bovina (8,2%). Em contrapartida, os produtos mais importados foram adubos e fertilizantes (10%), válvulas e diodos (8,9%), produtos químicos (7,9%) e produtos de telecomunicação (5,3%).