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Lula: “Muitas respostas para construir um mundo mais equitativo estão na África”
Líderes do BRICS e representantes de dezenas de nações convidadas ao evento ampliado em Joanesburgo, na África do Sul. Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em seu discurso na sessão estendida da Cúpula de chefes de Estado do BRICS, que termina nesta quinta-feira, 24/8, na África do Sul, que muitas das soluções para um futuro menos desigual e mais inclusivo podem ser encontradas no continente africano. Para ele, o mundo como um todo retrocedeu nos últimos anos e novos caminhos precisam ser encontrados.
Vamos retomar nossa vocação universalista e reconstruir nossos vínculos históricos com os países em desenvolvimento. A prosperidade só é plena quando compartilhada”
Luiz Inácio Lula da Silva
“Enquanto preocupações de segurança limitam cada vez mais o compartilhamento de tecnologias, a União Africana lança estratégia de transformação digital e centenas de startups e centros de inovação surgem na África. Ao mesmo tempo em que proliferam medidas unilaterais que ameaçam a integridade do regime comercial, o continente africano se transforma na maior área de livre comércio do planeta, com 1,3 bilhão de pessoas e PIB combinado de 3,4 trilhões de dólares”, destacou. “Muitas das respostas que buscamos para construir um mundo mais equitativo estão na África”.
» Íntegra do discurso do presidente Lula
» Fotos em alta resolução (Flickr)
O presidente brasileiro citou alguns retrocessos recentes que se transformam em grandes desafios atuais, como a insegurança alimentar, que voltou a patamares de 2005 e a erosão de processos políticos democráticos em vários países. “O mundo andou para trás”, resumiu, no evento batizado de Diálogo de Amigos do BRICS.
Lula criticou ainda a queda do investimento internacional nos países em desenvolvimento, que ainda dependem de commodities e da importação de bens de primeira necessidade. Esse cenário, aliado a altos juros e condições impostas pelo sistema financeiro internacional, restringe o crescimento dessas nações. Mas para além de diagnosticar os problemas, o presidente indicou caminhos. Para ele, a transição energética com sustentabilidade e combate às desigualdades é um ativo importantes para que os países em desenvolvimento encontrem saídas para parte dos desafios atuais.
“Existem formas sustentáveis de ampliar a produtividade agrícola, gerar renda e oferecer proteção social. Foi isso que discutimos na Cúpula da Amazônia, em Belém, no começo deste mês. E queremos discutir com os países das demais bacias tropicais, a do Congo e a do Bornéu-Mekong. O Brasil vai assumir a presidência do G20 em dezembro e quer recolocar a redução das desigualdades no centro da agenda internacional”, disse o líder brasileiro, ressaltando que vai defender o ingresso da União Africana no G20. "Vamos retomar nossa vocação universalista e reconstruir nossos vínculos históricos com os países em desenvolvimento. A prosperidade só é plena quando compartilhada".