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Governo brasileiro ressalta papel estratégico da relação com a China em reunião da COSBAN
Presidente em exercício, Geraldo Alckmin conduziu a reunião realizada no Palácio Itamaraty. Foto : Cadu Gomes / VPR
O ano de 2024 será marcado por duas datas simbólicas relacionadas às relações entre Brasil e China, maior parceiro comercial do país: os 50 anos de relações diplomáticas entre as duas nações e os 20 anos da criação, pelo presidente Luiz Inácio da Silva, da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação – COSBAN. Soma-se a isso a expectativa de que o presidente chinês, Xi Jinping, visite o Brasil, atendendo a um convite do líder brasileiro.
Com esses marcos no horizonte e representantes de 23 ministérios destacando a importância da China para seus projetos e para o país, o presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, abriu nesta quinta-feira (24/8) a Reunião Interministerial preparatória para VII Sessão Plenária da COSBAN.
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“Teremos a reunião da COSBAN provavelmente no primeiro semestre do ano que vem. O presidente Lula esteve na China, assinou inúmeros protocolos e acordos, e vamos preparar a pauta para a reunião. Cada ministério deve levantar na sua área os avanços nos temas da relação sino-brasileira”, afirmou Alckmin.
A COSBAN é o principal mecanismo de diálogo regular entre Brasil e China e congrega 11 subcomissões: Política; Econômico-Comercial e de Cooperação; Econômico-Financeira; Indústria, Tecnologia da Informação e Comunicação; Agricultura; Temas Sanitários e Fitossanitários; Energia e Mineração; Ciência, Tecnologia e Inovação; Espacial; e de Cultura e Turismo; e Meio Ambiente.
“O fato de reunirmos aqui representantes de 23 ministérios é simbólico e sintomático da importância e da multidimensionalidade da cooperação entre Brasil e China”, ressaltou a embaixadora Maria Laura da Rocha, secretária-executiva da COSBAN. “Temos aqui dois objetivos: ouvir a evolução das ações anunciadas durante a visita do presidente Lula à China em abril e dar início à coordenação da seção brasileira da COSBAN, tendo em vista a VII sessão plenária em 2024”, completou a diplomata.
SINERGIA - Com projetos em diferentes áreas, os ministérios estabelecem contatos diretos e frequentes com as contrapartes chinesas para avançar a agenda comum. Ao longo da reunião desta quinta, diversos ministros deram exemplos da força das relações entre Brasil e China, que tende a se intensificar nos próximos anos.
“Estamos vivendo um ambiente positivo na atração de recursos privados. E é nessa agenda que acho fundamental a interação com a China. Eles vão estar com uma oferta para investimentos no exterior, especialmente na área de infraestrutura. Isso cria uma óbvia sinergia com as necessidades do Brasil”, destacou o ministro Renan Filho, dos Transportes.
Segundo o ministro, a parceria cria condições para a redução de custos das exportações brasileiras. “Especialmente investimentos para o escoamento da produção, construção de rotas bioceânicas para reduzir o preço do frete, ampliação do modal ferroviário e criação de competitividade maior nos portos, conectados a uma rede ferroviária mais robusta”, listou.
SANTOS-GUARUJÁ – Já o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, frisou que a China pode ser parceira do Brasil naquela que será a maior obra física do Novo PAC: o túnel que liga Santos a Guarujá. “É um túnel submerso de um quilômetro e meio. Nós não temos tecnologia de engenharia para fazer e só quem faz no mundo é uma parte da Europa ou os chineses. Portanto, alguma das duas empresas vai ganhar para produzir essa obra que fisicamente nunca foi feita, um túnel que fica 40 metros por baixo do Oceano Atlântico”, explicou.
Ele ressaltou ainda que o país oriental poderá estar presente também em obras de dragagem. “A China hoje disputa com Holanda e Bélgica a prerrogativa nas dragagens. Todas as grandes dragas do mundo ou são chinesas ou europeias”, explicou Márcio França.
SEGURANÇA ALIMENTAR – No campo do agronegócio, a China tem papel prioritário nas relações comerciais com o Brasil. O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, lembrou que tratativas foram feitas no âmbito do BRICS para assegurar a segurança alimentar global. “Os países concordaram em estabelecer um fórum para garantir a segurança alimentar global e reduzir a fome e a pobreza. Algumas ações já foram implementadas entre Brasil e China”.
Entre essas ações, ele citou o Programa de Recuperação de Pastagens Degradadas, “que amplia a nossa capacidade de produção com preservação ambiental, já aderido pelas empresas chinesas”; o Protocolo de Certificação Eletrônica Brasil-China, “que vai garantir mais competitividade e reduzir a burocracia”, a ampliação de exportações de farinhas de proteína animal e o levantamento do embargo das liberações de carnes bovinas.
MEIO AMBIENTE – Com o planeta cada vez mais voltado à economia sustentável e a produção de baixo carbono, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, comemorou a criação na COSBAN de um setor ligado diretamente ao meio ambiente, após a visita do presidente Lula à China, em abril.
“A nossa comitiva teve a oportunidade de trabalhar em várias frentes com o Governo da China e, da parte do Ministério do Meio Ambiente, uma das coisas mais importantes foi o estabelecimento da Subcomissão de Meio Ambiente e Mudança do Clima. Eu considero que isso tem uma sinalização muito forte”, afirmou Marina Silva.
A ministra destacou que a parceria com os chineses pode catapultar, por exemplo, os esforços brasileiros na recuperação florestal. “A China tem grande experiência na recuperação florestal. Ela tinha cobertura florestal de 8% e em cerca de 40 anos subiu essa cobertura para 28%, e tem o compromisso de fazer uma restauração de floresta de mais de 70 milhões de hectares. No Brasil, temos a meta de restauração florestal de algo em torno de 12 milhões de hectares. Obviamente que toda essa expertise, salvaguardada as singularidades dos países, será de muita importância e relevância”, concluiu.