Notícias
INOVAÇÃO
Brasil vai sediar final de competição mundial sobre tecnologias para mapeamento de biodiversidade de florestas tropicais
Presidente da República em Exercício, Geraldo Alckmin participa da Assinatura do Acordo de Cooperação Técnica para a final do Prêmio XPrize no Brasil. Foto: Cadu Gomes / VPR
O Governo Federal firmou, nesta sexta-feira (25/8), um termo de parceria com a XPRIZE Foundation para que a competição XPRIZE Rainforest Florestas Tropicais seja realizada na Floresta Amazônica brasileira, no estado do Amazonas, em 2024. O prêmio visa o desenvolvimento de novas tecnologias para a mapeamento da biodiversidade das florestas tropicais do mundo.
Nada mais relevante que uma disputa pela tecnologia para a biodiversidade da floresta, uma disputa saudável, de maior interesse público”
Geraldo Alckmin, presidente da República em exercício
A cerimônia de assinatura contou com a presença do presidente em exercício, Geraldo Alckmin, do vice-presidente executivo de biodiversidade e conservação da XPRIZE, Peter Houlihan, e da presidente do Instituto Alana, Ana Lúcia Villela. “Muito importante a cooperação técnica na final do prêmio”, afirmou Alckmin na abertura da solenidade. “É maravilhoso. Nada mais relevante que uma disputa pela tecnologia para a biodiversidade da floresta, uma disputa saudável, de maior interesse público”, acrescentou.
» Fotos em alta resolução (Flickr)
O secretário de Economia Verde do MDIC, Rodrigo Rollemberg, assinou o termo de parceria em nome da Pasta e celebrou a parceria. "Esse prêmio usa as tecnologias da fronteira do conhecimento para identificar nossa biodiversidade". Ele ressaltou as potencialidades do país na área de bioeconomia, que elevam o país a uma posição de liderança. "O Brasil tem tudo para liderar uma economia verde, uma economia de baixo carbono por suas condições naturais e políticas. Temos a maior biodiversidade do planeta, temos grande quantidade de biomassa, uma matriz energética renovável e em expansão, 12% da água do planeta e temos democracia."
RETA FINAL - Financiado pelo Instituto Alana, o XPRIZE Rainforest premiará os vencedores com US$ 10 milhões. A competição entrou na reta final após quatro anos de trabalho envolvendo 100 grupos de cientistas de 40 países. Com tecnologias que incluem o sequenciamento de material genético ambiental, drones com sensores bioacústicos, uso de robótica terrestre, inteligência artificial e ciência cidadã, as equipes selecionadas para a final mostraram, na prática, o efetivo uso de suas inovações.
Na primeira fase da competição, realizada em Singapura, em junho de 2022, foram selecionadas seis equipes, entre elas um time brasileiro: Brazillian Team de Piracicaba (SP), que desenvolveu uma tecnologia envolvendo drones, arranjos de sensores, robótica terrestre e drones com podadores projetados para coletar amostras de DNA ambiental (eDNA) para avaliação. Além da equipe brasileira, há equipes da Suíça, Espanha e três dos Estados Unidos.
O QUE É O XPRIZE Rainforest | Florestas Tropicais é uma competição de cinco anos que tem por objetivo estimular as equipes a desenvolverem tecnologias autônomas para a avaliação da biodiversidade com o intuito de melhorar a compreensão dos ecossistemas da floresta tropical, usando a rápida integração de dados para fornecer novos conhecimentos sobre a floresta. Entre os seus conselheiros estão nomes como o ator Harrison Ford e o cientista brasileiro Carlos Nobre, membro da Academia Brasileira de Ciências
DESAFIO - No segundo semestre de 2024, os finalistas devem ser capazes de pesquisar 100 hectares de Floresta Amazônica em 24 horas e relatar as descobertas mais importantes feitas em tempo real em até 48 horas. O objetivo será demonstrar escalabilidade e maximizar o desempenho tanto no levantamento da biodiversidade quanto na produção de soluções compatíveis com os desafios de uma floresta tropical úmida e densa.
“A sobrevivência da humanidade, especialmente a vida das crianças, depende da nossa capacidade de entender e proteger as florestas e sua sociobiodiversidade, mas nos resta pouquíssimo tempo. Nossa organização apoia os esforços ousados do XPRIZE Rainforest para encontrar junto a toda comunidade global de cientistas, mais rapidamente, novas tecnologias e aplicações para conservar nossas florestas tropicais e seus povos, incluindo a proteção de territórios, comunidades originárias e a valorização dos seus conhecimentos tradicionais e da repartição justa de benefícios”, afirma Pedro Hartung, Diretor de Políticas e Direitos do Alana.
CONVERSAÇÃO - As descobertas das equipes, em especial as que se conquistarem os três primeiros lugares, vão beneficiar não apenas o Brasil, que possui a maior floresta tropical do mundo, mas também outros nove países na América Latina, África e Ásia que possuem florestas tropicais, além da possibilidade de aplicá-las na conservação da biodiversidade de outros biomas. Até hoje, pesquisadores de todo o mundo identificaram cerca de 1,5 milhão de espécies, presentes nas florestas tropicais, mas alguns estudos estimam que convivemos com cerca de 9 milhões tipos de fauna e flora que ainda não conhecemos. Ao mesmo tempo, o mapeamento permite o acompanhamento efetivo do combate à perda da biodiversidade, uma das ameaças centrais da vida na Terra segundo a ONU.
“Não podemos proteger aquilo que não conseguimos medir e entender com precisão, mas estamos muito empolgados com o que as equipes mostraram nos testes da semifinal em Singapura. Elas trouxeram novos recursos de eDNA de campo que sinalizam um grande avanço para a avaliação da biodiversidade em geral”, diz Peter Houlihan, vice-presidente executivo de biodiversidade e conservação do XPRIZE. Uma vez que especialistas dizem que a data limite o "ponto de não retorno" das florestas está previsto para o fim desta década, as tecnologias oferecidas podem chegar na hora certa para abordar questões críticas sobre a conservação dos ecossistemas tropicais.
INCLUSÃO - O armazenamento e uso dos dados coletados durante a competição é um dos pontos de atenção para a equipe do prêmio XPRIZE Rainforest | Florestas Tropicais. “Um pilar crucial desta competição desde o início tem sido a inclusão, capacitação e crédito apropriado, atribuição e direitos dos Povos Indígenas e das comunidades locais, que são os principais guardiões, protetores e detentores do conhecimento das florestas tropicais do planeta. As equipes têm sido obrigadas a aderir a isso, evitando causar danos, na co-criação, co-design e ampliação de soluções desde o início, enquanto seguem a Convenção sobre Diversidade Biológica, bem como regulamentações nacionais ou internacionais relevantes referentes à propriedade dos dados (biológicos ou outros) e ideias produzidas como parte da competição", finaliza Houlihan.
Em 2018, a brasileira Ana Lucia Villela, pedagoga, filantropa, ativista e presidente do Alana, tornou-se a primeira mulher da América Latina a integrar o Innovation Board do XPRIZE Foundation, organização que realiza competições globais para solucionar os maiores desafios da humanidade. Ela enxergou nas competições do XPRIZE uma forma eficiente de alavancar o investimento filantrópico com foco na resolução de problemas complexos, como a perda da biodiversidade, e gerar impacto global: espera-se que cada dólar investido seja potencializado de 19 até 31 vezes, já que são geradas diversas pesquisas em torno do tema. O XPRIZE Rainforest vai antecipar a criação de tecnologias que, na velocidade tradicional de desenvolvimento, estaria disponível apenas na próxima década, em 2035.
Saiba mais sobre as equipes finalistas e suas tecnologias:
- Brazilian Team, Piracicaba (SP) - drones, arranjos de sensores, robótica terrestre e drones com podadores projetados para coletar amostras de DNA ambiental (eDNA) para avaliação.
- ETH BiodivX, Suíça - drones patenteados e modificados usados para coletar amostras digitais e físicas que podem ser analisadas usando a tecnologia de “backpack lab” combinando IA inovadora, ciência cidadã e eDNA de campo para análise remota econômica.
- Map of Life, EUA - veículos aéreos não tripulados (UAVs) equipados com captura de imagem de alta resolução e sensores acústicos que transmitem dados para um painel baseado em nuvem.
- Providence Plus, Espanha - grandes sensores implantados por drones projetados para produzir dados ricos em vários níveis de cobertura que, de outra forma, seriam difíceis de acessar.
- Team Waponi!, EUA - novas armadilhas de captura de insetos e sensores bioacústicos inovadores para serem implantados e recuperados via drone.
- Welcome to the Jungle, EUA - drones com sensores bioacústicos e de imagens personalizados para deixar para trás apenas material orgânico nativo da floresta após a recuperação.
Sobre o XPRIZE - Há mais de 25 anos, o XPRIZE vem lançando competições globais para solucionar os maiores desafios da humanidade, sempre tendo em vista: romper novas fronteiras, garantir a sustentabilidade do planeta e despertar o potencial humano. O primeiro prêmio foi o Ansari XPRIZE para voos espaciais privados, que gerou avanços exponenciais, impulsionando a indústria de voos espaciais comerciais, inspirando o surgimento de empresas pioneiras e nomes conhecidos como Virgin Galactic, Blue Origin e SpaceX. Desde então, o XPRIZE conta com a realização de 25 competições e já ofereceu mais de US$ 269 milhões em premiações.