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Para Lula, cúpula CELAC-União Europeia foi “extremamente exitosa”
Presidente Lula também reforçou que o Brasil vai apostar na chamada bioeconomia, na economia verde. Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que considerou a cúpula entre a CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e a União Europeia como “extremamente exitosa”. Ele concedeu uma entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, 19/7, em Bruxelas (Bélgica), antes de embarcar de volta para o Brasil.
No caso do Mercosul, nós temos interesse em ter a possibilidade de recuperar a possibilidade de nos reindustrializar. Por isso, fazemos esse gesto de exigência, para que a gente possa ser exportador de manufaturados, de coisas com mais valor agregado, gerar empregos mais qualificados. Por isso não abrimos mão das compras governamentais
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente da República
"Venho dizer para vocês que foi uma reunião extremamente exitosa. Acho que de todas as reuniões que eu participei com a União Europeia, essa reunião foi a mais exitosa de todas elas", afirmou o presidente. "E o fato de fazermos a reunião entre CELAC e União Europeia, com a participação de 60 países, demonstrou de forma inequívoca o interesse da União Europeia voltar os seus olhos para a América Latina".
» Íntegra da entrevista coletiva concedida pelo presidente Lula
O presidente destacou o anúncio de um programa de investimentos europeus na região que, segundo a presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deve chegar a 45 bilhões de euros (cerca de R$ 242 bilhões). O bloco europeu também se comprometeu a contribuir para combater o desmatamento das florestas tropicais.
ACORDO UE-MERCOSUL – O presidente também mencionou as negociações para o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Ainda que existam pontos de negociação importantes a ajustar, ele se disse extremamente otimista em conseguir finalizar o acordo ainda este ano. “Pela primeira vez estou otimista de que a gente vai concluir este acordo ainda este ano. Estou tão otimista que já estou dizendo ‘ainda este ano’”, brincou o presidente.
Lula ressaltou que o governo brasileiro entregou aos parceiros regionais Argentina, Paraguai e Uruguai, uma proposta para responder à carta apresentada pelos europeus no início do ano, que prevê sanções em caso de descumprimento de metas ambientais. “Fizemos a resposta brasileira, que está sendo discutida entre os quatro países, e vamos daqui a duas ou três semanas entregar definitivamente a proposta para a União Europeia”, explicou Lula.
Para ele, a questão das compras governamentais e a chance de reindustrializar os países do Mercosul precisam ser levadas em consideração. "No caso do Mercosul, nós temos interesse em ter a possibilidade de recuperar a possibilidade de nos reindustrializar. Por isso, fazemos esse gesto de exigência, para que a gente possa ser exportador de manufaturados, de coisas com mais valor agregado, gerar empregos mais qualificados. Por isso não abrimos mão das compras governamentais. As compras governamentais são um instrumento de desenvolvimento interno", disse, citando como exemplo o potencial do Sistema Único de Saúde (SUS).
“A gente tem que aproveitar o potencial de compra que tem o SUS para que a gente possa desenvolver internamente uma indústria da saúde. A gente pode produzir tudo o que a gente precisa, inclusive remédios. Tem vários remédios que a patente já venceu que a gente pode produzir genéricos, a partir de laboratórios brasileiros”, citou.
POLÍTICA INTERNACIONAL – Durante a conversa com jornalistas, Lula destacou também as diversas reuniões bilaterais que realizou durante a viagem, que incluíram encontros com líderes da Alemanha, Áustria, Barbados, Bélgica, Dinamarca e Suécia e organismos europeus como a Comissão e o Conselho Europeus, além de uma reunião sobre Venezuela com representantes do governo e da oposição do país e os presidentes da França, Colômbia e Argentina.
"Fiz 10 bilaterais, com muitos países, todos interessados em visitar o Brasil, e eu também interessado em visitar alguns países, porque é importante que o Brasil se abra. Eu quero promover muitas reuniões de empresários brasileiros e da União Europeia. Marcamos para o fim do ano uma reunião com empresários brasileiros e alemães em Berlim, e vamos tentar fazer com outros países", contou.
O presidente Lula também revelou que, durante a viagem de volta, vai se reunir com o presidente de Cabo Verde, José Maria Neves. Os dois mandatários vão aproveitar a parada técnica de reabastecimento no retorno da delegação brasileira para um rápido encontro na capital caboverdiana, Praia.
PROTEÇÃO AMBIENTAL – Outro tema abordado foi a questão da proteção ao meio ambiente e o combate às mudanças climáticas. O presidente lembrou que no próximo mês acontecerá a Cúpula da Amazônia, em Belém, e que além das nações amazônicas, convidou países que ainda possuem florestas tropicais, como Indonésia, Congo e República Democrática do Congo, para discutir propostas conjuntas para as próximas cúpulas climáticas.
“Nós vamos ter pela a primeira vez em 45 anos uma reunião com todos os países amazônicos para discutir uma estratégia em defesa do território amazônico, levando em conta que na Amazônia da América do Sul tem 50 milhões de seres humanos que precisam ter qualidade de vida. Pretendemos, com esse encontro, preparar um documento para ser levado para a COP-28, que se realizará no final do ano nos Emirados Árabes”, ressaltou.
O objetivo, segundo Lula, é que até 2025, quando será realizada a COP-30, também em Belém, esteja definido um compromisso mundial pela preservação das florestas tropicais que leve em conta a responsabilidade pelas pessoas que vivem nessas regiões, incluindo povos indígenas e comunidades tradicionais.
“Esse, para nós, é o grande motivo dessa reunião, porque vamos apresentar, agora em agosto, uma proposta de transição energética e transição ecológica. O Brasil vai mostrar ao mundo que vamos definitivamente entrar na chamada bioeconomia, economia verde, para que a gente possa servir de exemplo para o mundo, e para que a gente possa dar a nossa contribuição na questão da preservação do planeta”, declarou.