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Na abertura da Cúpula Celac-UE, Lula defende nova governança global
Cúpula ocorre na sede do Conselho Europeu, em Bruxelas (Bélgica) - Foto: European Union
Em discurso na sessão de abertura da III Cúpula Celac-União Europeia, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu a paz, a redução das desigualdades, o respeito às liberdades individuais, a união entre os povos em prol do futuro do planeta e uma nova governança global capaz de reduzir assimetrias econômicas e sociais e dar oportunidades aos países em desenvolvimento.
"É inadiável reformar a governança global. Esse será um dos principais temas da presidência brasileira do G20, no próximo ano. As legítimas preocupações dos países em desenvolvimento devem ser atendidas, e precisamos estar adequadamente representados nas instâncias decisórias", argumentou Lula.
No encontro realizado na sede do Conselho Europeu, em Bruxelas (Bélgica), no fim da tarde desta segunda-feira (17/7), pelo horário belga, o presidente brasileiro destacou a importância de instâncias como essa, que reúne os 33 países da América Latina e Caribe com as 27 membros da União Europeia, para construção coletiva de um mundo melhor.
É inadiável reformar a governança global. Esse será um dos principais temas da presidência brasileira do G20, no próximo ano. As legítimas preocupações dos países em desenvolvimento devem ser atendidas, e precisamos estar adequadamente representados nas instâncias decisórias
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Presidente da República
"Estou certo de que, para além dos fundamentais acordos comerciais, esta Cúpula Celac-União Europeia representa um passo importante na construção do mundo que sonhamos: um mundo mais solidário, mais fraterno e menos desigual", ressaltou, destacando ainda que, sozinhas, as nações ficam mais vulneráveis diante das guerras, da pandemia, da fome, da desigualdade e da crise climática que pode levar a humanidade à extinção.
ERRADICAÇÃO DA POBREZA E DA FOME — Lula enfatizou também que a cooperação bilateral entre países dos dois continentes deve refletir prioridades e realidades dos dois lados do Atlântico — o que, para os países da América Latina e Caribe, significa priorizar a redução das desigualdades e a erradicação da pobreza e da fome. A relação comercial, enfatizou o presidente, deve ser justa, sustentável e inclusiva.
"Precisamos de uma parceria que ponha fim a uma divisão internacional do trabalho que condena a América Latina e o Caribe ao fornecimento de matéria-prima e de mão-de-obra migrante, mal remunerada e discriminada", cobrou. Segundo ele, iniciativas de mobilização de recursos e investimentos são bem-vindas e devem contemplar transferência de tecnologia e real integração de cadeias produtivas.
ACORDO MERCOSUL - UNIÃO EUROPEIA — O presidente brasileiro disse também que a conclusão do Acordo Mercosul-União Europeia é uma prioridade que deve ser sustentada pela confiança mútua. "A defesa de valores ambientais, que todos compartilhamos, não pode ser desculpa para o protecionismo. O poder de compra do Estado é uma ferramenta essencial para os investimentos em saúde, educação e inovação. Sua manutenção é condição para a industrialização verde que queremos implementar", disse, apontando a proteção da Amazônia como obrigação e a necessidade de o mundo se preocupar com o direito de viver bem dos habitantes da floresta.
Lula cobrou dos europeus a promessa feita pelos países ricos em 2009 de aportarem US$ 100 bilhões anuais para a proteção da Amazônia e disse ser preciso resgatar uma indústria que seja intensiva em tecnologia e voltada para a sustentabilidade como grande motor da geração de empregos de qualidade.
REGULAMENTAÇÃO NAS REDES — Na sala com outras lideranças mundiais, o presidente brasileiro defendeu a regulação das plataformas de internet e argumentou que o mundo está ameaçado pelo extremismo político, pela manipulação da informação e pela violência que ataca e silencia minorias.
"Não existe democracia sem respeito à diversidade. Sem que estejam contemplados os direitos de mulheres, negros, indígenas, LGBTQI+, pobres e migrantes. Políticas ativas de inclusão social, digital e educacional são fundamentais para a promoção dos valores democráticos e da defesa do Estado de Direito", concluiu.