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EDUCAÇÃO
Escola de qualidade é base para sociedade menos desigual, diz Lula
Para o presidente Lula, conceito de ensino integral não é só extensão da permanência na escola, mas oportunidade de atividades complementares em áreas como esporte, cultura, saúde e direitos humanos. Foto: Ricardo Stuckert / PR
Na cerimônia de sanção da lei que institui o programa Escola em Tempo Integral – com carga horária mínima de sete horas, combinando atividades pedagógicas, com esporte, cultura e lazer –, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o papel da educação e da universalização do acesso à escola pública de qualidade para a construção das bases de uma sociedade mais consciente e menos desigual, com filhos de famílias pobres tendo as mesmas oportunidades que os ricos.
» Íntegra do discurso do presidente Lula
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A escola pública de qualidade é o ponto de partida para que os filhos e filhas das famílias mais carentes tenham as mesmas oportunidades que as crianças e os adolescentes das famílias mais ricas"
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
A um grupo de educadores, gestores escolares, estudantes, ministros, parlamentares e governadores, o presidente da República ressaltou o papel da educação como fator de transformação social e de espaço de estímulo para a formação de cientistas, intelectuais e novos talentos esportivos e artísticos. Segundo ele, prefeitos, governadores e a sociedade em geral precisam entender o investimento em educação como o mais importante a ser feito para que uma nação tenha soberania e qualidade de vida.
“A escola pública de qualidade é o ponto de partida para que os filhos e filhas das famílias mais carentes tenham as mesmas oportunidades que as crianças e os adolescentes das famílias mais ricas. Oferecer as mesmas condições de educação aos estudantes das escolas públicas e aos alunos das escolas privadas é combater a desigualdade social na raiz”, afirmou.
HABILIDADES - O presidente afirmou que o conceito de ensino em tempo integral não deve ser entendido só como extensão do tempo de permanência dos alunos na escola, mas oferecer atividades complementares que desenvolvam as capacidades dos estudantes e garantam melhores estímulos intelectuais, culturais e psicossociais.
“Queremos fazer das escolas um espaço que as crianças e os adolescentes gostem e sintam vontade de estar. A escola deve ser o ambiente que desperte não só o apreço pelos estudos, pelo conhecimento, mas também o gosto pelos esportes, pela cultura, pelo trabalho comunitário”, disse.
Para o presidente, uma escola de qualidade propicia o florescimento de talentos diversos, passa pela valorização dos professores e pela ampliação e reestruturação das escolas públicas, com a instalação de quadras poliesportivas, laboratórios, espaços para atividades culturais, bibliotecas, auditórios, cozinhas, refeitórios, banheiros e demais equipamentos.
INCLUSÃO - Lula lembrou dos retrocessos pelos quais o país passou nos últimos anos, levando novamente para as ruas um grupo de crianças e adolescentes que deveriam estar na escola, mas saem em busca de esmolas para sobreviver. Ele destacou a necessidade de o Brasil combinar novamente crescimento econômico com inclusão social, voltar a gerar empregos e oportunidades, acabar de novo com a fome e fazer da Educação uma das principais prioridades do Brasil.
Mais uma vez, o presidente afirmou que recursos destinados à educação são investimentos, não gastos, e disse ser preciso saber quanto custou ao Brasil não fazer as coisas no tempo certo. Os prejuízos desse atraso – como não ter alfabetizado o país inteiro no começo do século passado – sempre cai na conta dos mais pobres, disse.
“Precisamos mudar o jeito de fazer as coisas para que a gente faça um pouco diferente porque, senão, as pessoas humildes serão sempre as últimas. São as primeiras a sofrer as consequências dos atos de irresponsabilidade do governo em não fazer”.
ESPELHO - O presidente mencionou outras medidas de valorização da educação já adotadas pelo Governo Federal desde janeiro – como retomada de obras paradas, reajuste no piso salarial dos professores, recomposição do orçamento de universidades e institutos federais – e disse que não descansará enquanto não consolidar definitivamente a educação como um investimento no futuro do Brasil e do povo brasileiro.
“A educação é o espelho do desenvolvimento de um país. Queremos olhar nesse espelho e ver refletida uma sociedade que caminha para a construção de um país mais desenvolvido e mais solidário, com uma educação pública de qualidade, e livre de todas as formas de desigualdade”, finalizou.
R$ 4 BILHÕES - O ministro da Educação, Camilo Santana, detalhou o Escola em Tempo Integral, que prevê investimentos de R$ 4 bilhões, ter 1 milhão de novas matrículas de tempo integral na educação básica de todo o Brasil neste ano e chegar a 3,2 milhões de matrículas até o fim de 2026. Municípios e estados interessados podem aderir pelo Sistema Simec. O programa prevê, em conjunto com o fomento financeiro, ações de assistência técnica às secretarias e comunidades escolares, com o objetivo de aprimorar o trabalho pedagógico da educação em uma perspectiva integral. Entre as vantagens de o aluno ter acesso à escola integral, o ministro mencionou maior chance de ingresso na universidade, maior taxa de ocupação e perspectiva de remuneração, redução dos índices de violência na juventude e redução da evasão escolar.
COMPROMISSO - Na cerimônia, representantes de pais, alunos e professores deram depoimentos sobre a importância das escolas integrais. O professor sergipano Yuri Norberto da Silva, professor de uma escola integral em Aracaju, relatou a história de alunos que estão vencendo barreiras para realizar sonhos a partir da escuta da escola às demandas dos alunos. “Educação é um compromisso de todos. Não tenho dúvida de que vamos mudar a história desse país”, disse.
Alessandrini Silva, mãe de duas crianças que frequentam escola integral em Manaus (AM), destacou a importância da escola integral para as crianças, mas também para as mães que conseguem mais tranquilidade em seus trabalhos quando os filhos estão na escola. “Para nós, mães, a escola de educação integral representa uma ferramenta de enfrentamento das desigualdades sociais. Foi por ter escola em tempo integral que consegui me dedicar ao trabalho”, contou.