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Governo vai discutir taxas de juros do empréstimo consignado, diz Lula
Na conversa com Marcos Uchôa, Lula também defendeu a formação de estoques reguladores para garantir preço ao consumidor e proteção a produtores rurais. Foto: Ricardo Stuckert / PR
Eu vou conversar com o Haddad (ministro da Fazenda), vou conversar com os presidentes dos bancos. A gente está dando como garantia a folha de pagamento e a gente ainda paga mais caro do que paga o empresário pelo empréstimo?”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta terça-feira (27/6), durante o programa Conversa com o Presidente, que o Governo Federal discutirá com o Ministério da Fazenda e com bancos a taxa de juros dos empréstimos consignados, modalidade em que os pagamentos são descontados mensalmente diretamente na folha de pagamento.
» Íntegra da entrevista com o presidente
» Fotos em alta resolução (Flickr)
Segundo Lula, os trabalhadores que recorrem a essa forma de empréstimo pagam juros mais altos do que os oferecidos em outras modalidades de empréstimos, inclusive a grandes empresários, sendo que no consignado praticamente não há risco de calote.
“Eu vou conversar com o Haddad (ministro da Fazenda), vou conversar com os presidentes dos bancos, para saber como é que a gente está lesando o povo pobre nisso. A gente está dando como garantia a folha de pagamento e a gente ainda paga mais caro do que paga o empresário pelo empréstimo?”, questionou Lula.
TERRAS IMPRODUTIVAS – Na conversa semanal com o jornalista Marcos Uchôa, o presidente tratou da proposta de criação de um novo mecanismo que trate da questão das terras improdutivas no país. Segundo o presidente, a ideia é que o governo atue de forma proativa na área.
“Por que a gente tem que esperar o movimento invadir uma terra para a gente mandar o Incra avaliar se ela é produtiva ou improdutiva e desapropriar? Por que o Estado não monta uma prateleira de terras improdutivas? Faz um convênio com as secretarias dos estados que cuidam da terra, cada estado com a União, e apresenta em cada estado um banco de terra disponível”, detalhou Lula.
“Em vez de as pessoas invadirem, a gente oferece, organiza. Essa é uma novidade que não pensei no primeiro e no segundo mandato. Pensei agora e vamos fazer. Vamos fazer uma prateleira das chamadas terras improdutivas nesse país e terras devolutas. A gente pode fazer assentamento agrário para quem quiser trabalhar no campo sem precisar brigar com ninguém”, prosseguiu o presidente.
ESTOQUE REGULADOR – No mesmo dia em que o Governo Federal anuncia o lançamento do Plano Safra 2023/2024, Lula destacou a importância do pequeno e médio produtor no cenário agrícola do país. Ele ainda reforçou a proposta da criação de um estoque regulador para o setor.
“Os dois (grandes empresários e os pequenos e médios produtores) são importantes. É importante ajudar o pequeno e médio produtor rural. Nós temos mais de quatro milhões e seiscentas mil propriedades de até 100 hectares. Essas pessoas são responsáveis pela produção de muitas coisas que nós comemos”, destacou Lula.
Segundo ele, é preciso ajudar os produtores para baratear o custo da comida que chega à mesa do brasileiro. “Isso ocorre se o governo tiver capacidade de ter estoque regulador. Por isso é que estamos fazendo com que o Ministério do Desenvolvimento Agrário possa agora, junto com o Ministério da Agricultura, administrar a Conab para que a gente faça o estoque regulador”, continuou o presidente.
O estoque regulador garante uma proteção ao produtor no caso de aumento de preços por ausência de oferta. “Você coloca aquele (produto) que está estocado no mercado para baratear”, ao mesmo tempo que o protege em caso de queda acentuada nos preços. “Se o preço cai demais e o pequeno produtor não tem preço, você garante um preço mínimo para o produtor não ter prejuízo na roça. E assim vamos fazer essa pequena revolução no agronegócio e na agricultura brasileira, para que a gente viva em paz, para que a gente possa produzir mais”, frisou o presidente.