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JUROS
Alckmin: cada ponto percentual da Selic custa R$ 38 bilhões ao país
Presidente em exercício concedeu entrevista coletiva nesta quinta-feira (22) - Foto: Karim Kahn (Fiesp)
Em coletiva à imprensa no início da noite desta quinta-feira (22/6), o presidente em exercício e ministro Geraldo Alckmin alertou para o impacto fiscal – e consequente prejuízo – dos juros altos na dívida pública do Brasil. Referindo-se à decisão do Banco Central (BC) de manter o patamar dos juros básicos da economia (taxa Selic) em 13,75% ao ano, mesmo com inflação em queda, Alckmin foi crítico e julgou como "difícil entender" a decisão.
"Não há oposição do governo ao Banco Central e nem ao Copom; agora a crítica, ela é importante", advertiu o presidente em exercício. "A manutenção da taxa Selic não prejudica apenas a atividade econômica, na medida em que inibe investimento, dificulta o comércio, prejudica a indústria e o setor do agro. Mas ela também tem outro impacto que é do ponto de vista fiscal, porque quase metade da dívida pública brasileira é ‘selicada’", explicou.
A manutenção da taxa Selic não prejudica apenas a atividade econômica, na medida em que inibe investimento, dificulta o comércio, prejudica a indústria e o setor do agro. Mas ela também tem outro impacto que é do ponto de vista fiscal
GERALDO ALCKMIN
Presidente da República em exercício
Na avaliação do ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, cada um ponto percentual da taxa Selic custa R$ 38 bilhões. Na prática, se a taxa estiver cinco pontos percentuais acima do aceitável, o custo da dívida aumenta R$ 190 bilhões. "Você fica fazendo economia de R$ 1 bilhão, de meio bilhão, e acaba gastando quase R$ 200 bilhões a mais, em razão de ter uma taxa Selic nessa altura", esmiuçou Alckmin.
Em maio, puxado pela queda nos preços dos combustíveis e de artigos de residência, o IPCA caiu para 0,23%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, o indicador acumulou alta de 2,95% no ano e de 3,94% nos últimos 12 meses, percentual mais baixo do que os 4,18% acumulados até o mês anterior.
Alckmin fez referência à situação internacional que, atualmente, tem juros negativos e queda de inflação. No Brasil, a inflação está em queda, e o IGPM em deflação. "Veja que, em 2020, a inflação era maior", comparou. Hoje ela está em 3,9%, enquanto em 2020 era um pouco acima de 4% (e a taxa Selic era 2%). "Você tinha juros negativos de 2%; inflação de 4%; taxa Selic de 2%. É claro que em determinados momentos você tem que subir. O problema é manter por tanto tempo, essa que é a questão", concluiu.
O que é a Taxa Selic?
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia. É o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle.
Diariamente, o BC atua por meio de operações de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos federais – para manter a taxa de juros próxima do valor definido na reunião. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Com efeito, taxas mais altas podem dificultar a expansão da economia. Contudo, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Ao reduzir a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.