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HOMENAGEM
Primeiro bicampeão olímpico do Brasil, Adhemar Ferreira da Silva torna-se Herói da Pátria
Alguns momentos da carreira vitoriosa de Adhemar Ferreira da Silva. Fotos: Comitê Olímpico do Brasil / Divulgação
O primeiro bicampeão olímpico do Brasil é, agora oficialmente, um dos heróis nacionais. Foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (11/5) a sanção da Lei nº 14.575/2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O texto inscreve o nome de Adhemar Ferreira da Silva no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. O livro é guardado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília (DF).
Nascido em São Paulo, em 29 de setembro de 1927, Adhemar Ferreira da Silva foi um gênio do salto triplo, um dos nomes mais notáveis da história do esporte mundial e um brasileiro à frente de seu tempo.
Suas credenciais foram apresentadas ao planeta em dezembro de 1950, quando entrou para a história ao saltar 16 metros e igualar o recorde mundial do japonês Naoto Tajima, que vigorava desde 1936. Os 16 metros no salto triplo representavam algo como o limite do que um atleta seria capaz. Mas Adhemar mudaria essa percepção pouco depois.
Nos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952, Adhemar chocou o planeta ao quebrar quatro vezes em seis tentativas o próprio recorde mundial. Saltou 16,05m, 16,09m, 16,12m e, finalmente, 16,22m, marca com a qual faturou o ouro olímpico
No ano seguinte, em 30 de setembro, um dia após completar 24 anos, Adhemar cravou 16m01 no Rio de Janeiro, um novo recorde mundial, que fez dele o primeiro ser humano a ultrapassar a marca dos 16 metros na prova. Naquele instante, Adhemar Ferreira da Silva abriu as portas para o estrelato nas Olimpíadas.
Em 23 de julho de 1952, nos Jogos de Helsinque, Adhemar, no auge de sua forma física e técnica, chocou o planeta ao quebrar quatro vezes, em seis tentativas, o próprio recorde mundial. Saltou 16,05m, 16,09m, 16,12m e, finalmente, 16,22m, marca com a qual faturou o ouro olímpico pela primeira vez. Sua medalha foi apenas a segunda do Brasil na história dos Jogos e veio 32 anos depois que Guilherme Paraense, do tiro esportivo, sagrou-se campeão olímpico em 1920, na Antuérpia.
Como forma de agradecimento às dezenas de milhares de finlandeses que gritavam “Da Silva, Da Silva!”, Adhemar deu uma volta completa pelo Estádio de Helsinque com a medalha no peito. Ele não sabia, mas com aquele gesto tornou-se o primeiro atleta de esporte individual a dar a “volta olímpica” nos Jogos, repetindo uma tradição inventada pela equipe de futebol do Uruguai nos Jogos de 1924, na França.
Quatro anos depois, em 27 de novembro de 1956, Adhemar saltou 16,35m, estabelecendo um novo recorde olímpico nos Jogos de Melbourne, na Austrália. A conquista do segundo ouro elevou o atleta ao posto de primeiro bicampeão olímpico do Brasil, feito que só seria igualado quase 50 anos depois, em 2004, nos Jogos de Atenas.
Ao longo da carreira, Adhemar conquistou diversos títulos e marcou seu nome também nos Jogos Pan-Americanos com o tricampeonato em Buenos Aires (1951), Cidade do México (1955) e Chicago (1959). O ouro no México foi eternizado por um salto de 16,56m, recorde mundial na época e melhor marca de sua carreira.
» Confira abaixo, em vídeo do antigo site oficial do Governo Federal para os Jogos Rio 2016, um resumo do primeiro ouro olímpico de Adhemar Ferreira da Silva
BRILHANTE — Fora das pistas, Adhemar era igualmente brilhante. Formado em Direito, Belas Artes, Relações Públicas e Educação Física, falava inglês e francês, foi locutor da Rádio Panamericana de São Paulo, jornalista do Última Hora, também na capital paulista, e adido cultural do Brasil em Lagos, na Nigéria, entre 1964 e 1967.
Como se não bastasse, era ator e participou da pela peça Orfeu da Conceição (1960), de Vinicius de Moraes, e do filme Orfeu Negro, que ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1959 e Oscar de Melhor Filme em língua não inglesa em 1960.
No dia 12 de janeiro de 2001, o Brasil despediu-se de um de seus gênios, quando Adhemar Ferreira da Silva faleceu, em São Paulo. Para além de seus feitos, e a título de curiosidade, as duas estrelas douradas no escudo do time de futebol São Paulo, clube que defendeu por anos, são homenagem a Adhemar.