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SAÚDE
Presidente recebe equipe que registrou desafios do SUS durante a pandemia
Foto: Ricardo Stuckert/ PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, na tarde desta quarta, 8/3, integrantes da equipe do documentário “Quando falta o ar”, codirigido pelas irmãs Ana e Helena Petta. O filme narra a pandemia da Covid-19 a partir da história de profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS). Lula estava acompanhado por Janja Lula da Silva, pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, e pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta.
Por cerca de uma hora, o presidente ouviu as protagonistas do filme, mulheres médicas e agentes comunitárias que trabalham no SUS em diferentes regiões do país e que estiveram na batalha dos cuidados intensivos e no atendimento primário durante a maior crise de saúde do século. A indígena Eli Baniwa, que obteve o diploma de médica aos 35 anos, na Universidade Federal do Pará, após ser alcançada por programas sociais como o Bolsa Permanência, relatou durante o encontro que chegou a passar seis horas atendendo sozinha dentro do posto de saúde. “Eu vi colegas meus, médicos jovens, se recusando a ir para a frente de batalha, então sinto orgulho de estar nesse filme”, disse.
O orgulho de fazer parte do sistema público de saúde é um ponto em comum entre as protagonistas que estiveram no Palácio do Planalto. Para Baniwa, quem sustentou o caos da pandemia foi o SUS. Médica pernambucana e professora da Universidade Federal de Pernambuco, Rafaela Pacheco arrancou risadas ao dizer que costuma brincar com seus alunos e alunas: “Eu digo muito em sala que o SUS é mulher. Deveria ser ‘a’ SUS”.
As profissionais da saúde também expuseram ao presidente as condições às quais foram submetidos pacientes na pandemia: “Tinha gente que tomava o kit cloroquina uma vez por semana, por cinco semanas. A gente perdeu amigos, mães, colegas de trabalho surtaram”, relatou Conceição Celestino, agente comunitária há 30 anos, que atua no Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife, região periférica da cidade.
A codiretora Ana Petta fez questão de pontuar que enxerga o documentário como um registro histórico e uma forma de homenagear essas mulheres que tiveram que enfrentar toda a dificuldade da doença, mas tiveram que enfrentar também o negacionismo. “É histórico a gente estar hoje aqui, com vocês, presidente, fazendo uma espécie de reparação”, afirmou.
Janja Lula da Silva, que esteve ontem na estreia no documentário, destacou que considerou muito importante o trecho do filme que alcança os presídios e mostra como foi realizado esse atendimento às pessoas encarceradas. Representando as médicas que atuam em presídios e que não interromperam o trabalho durante a crise da Covid-19, está Andréia Beatriz, que é reconhecida por fazer um trabalho exemplar como médica da família e comunidade na Penitenciária Lemos de Brito, em Salvador (BA). “Quando comecei a atender, depois que fiz parte do programa de Interiorização do Trabalho em Saúde, no começo dos anos 2000, as pessoas que chegavam para atendimento perguntavam quando a médica chegaria”, compartilhou ela, mulher negra, também presente no encontro desta tarde.
Sentada ao seu lado, emocionada, Conceição Celestino fez questão de reafirmar a sua identidade, que rompe os estereótipos que por tanto tempo definiram a classe médica: “Para mim, mulher, negra, candomblecista, saio daqui acreditando que ainda vem muita coisa boa por aí porque tenho certeza de que com o senhor a gente vai chegar muito longe”.
MAIS MÉDICOS - O programa Mais Médicos, criado em 2013, durante o Governo Dilma, também foi pauta do encontro, embora não seja foco do filme. Para a médica Rafaela Pacheco, o programa mudou o interior do Brasil. “Eu já atendi pessoas que aos sessenta anos estavam em sua primeira consulta, então poucas vezes na minha vida senti tanto orgulho de ser brasileira como quando passei na porteira da casa de Dona Lindu, em Caetés, acompanhando colegas médicas cubanas, e pude mostrar a elas que aquela era a casa da sua mãe, presidente”.
EXIBIÇÕES - O documentário “Quando falta o ar”entra em circuito nacional nesta quinta-feira, quando poderá ser assistido pelo grande público. O presidente Lula, a ministra Nísia Trindade e o ministro Paulo Pimenta sinalizaram que o Governo Federal poderá apoiar exibições abertas em espaços educativos e de saúde. O filme foi o grande vencedor do conceituado festival É Tudo Verdade, em 2022.
FICHA TÉCNICA
Direção: Ana Petta, Helena Petta
Produção: Manoel Rangel, Pedro Betti, Egisto Betti, Heitor Dhalia
Produção Executiva e Direção de Produção: Thiago Franco
Direção de Fotografia: Léo Bittencourt
Montagem: Paulo Celestino
Cor: Luisa Cavanagh
Desenho de Som e Mixagem: Edson Secco
Som Direto: Marina Bruno