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Entrevista do presidente Lula, no Palácio do Itamaraty, durante visita do presidente da República Italiana, Sergio Mattarella
Jornalista: Como é que o senhor viu o atentado contra Donald Trump, ontem, candidato dos Estados Unidos?
Presidente Lula: Eu já tive a oportunidade de disputar [inaudível] de condenar qualquer manifestação antidemocrática que aconteça em qualquer lugar do mundo, seja pela direita, seja pela esquerda. Ou seja, ninguém tem o direito de atirar numa pessoa, porque não concorda com ele politicamente.
Jornalista: O senhor acha que fortalece a extrema-direita, o ex-presidente Bolsonaro, o senhor acha que isso fortalece a extrema-direita?
Presidente Lula: Eu não sei se isso vai fortalecer alguém, gente, isso empobrece a democracia. Ao invés de a gente ficar analisando se alguém ganha ou perde com isso, o que nós temos que ter certeza é que a democracia perde. Os valores do diálogo, os valores do argumento, os valores de sentar em torno de uma mesa, da forma mais diplomática, para encontrar soluções para os problemas, vai indo pelo ralo. Se tudo vai se encontrar na base da bordoada, na base da violência, na base do murro, na base da luta, na base do tiro, na base da faca, para onde é que vai a democracia? E como eu sou defensor da democracia, eu acho que nós temos que condenar.
Presidente Lula: Uma coisa importante que eu insisti para que o presidente Mattarella viesse ao Brasil e também insisti para que a primeira-ministra venha ao Brasil, é porque o Brasil é o maior território italiano fora da Itália. Primeiro é a Itália, segundo é o Brasil.
Você deve ter entre 30 e 35 milhões de italianos e descendentes de italianos que têm uma participação extraordinária na agricultura, que têm uma participação extraordinária na indústria, que têm na universidade e que têm na cultura.
Afinal de contas, não é pouca coisa um tenor como o Pavarotti fazer eu gostar de música erudita. Então, eu queria que eles viessem ao Brasil para eles conhecerem um pouco da realidade brasileira. E ele vai visitar São Paulo, vai visitar o Rio de Janeiro, vai visitar a Bahia, porque o Brasil e a Itália são muito importantes. É uma relação histórica em que a migração começou em 1824 pelo Espírito Santo. E eu acho que nós temos um fluxo comercial de aproximadamente R$ 10 bilhões por ano.
Eu acho pouco pela grandeza do Brasil e pela grandeza da Itália. Então, eu espero que essa vinda do presidente Mattarella tenha possibilitado a gente restabelecer o fortalecimento da parceria estratégica entre Brasil e Itália. Eu disse ao presidente Mattarella para avisar aos companheiros da União Europeia que nós, do Mercosul, estamos aptos a fazer um acordo com a União Europeia. Agora depende dos europeus.