Entrevista do presidente Lula à Rádio Meio (PI)
Ari Carvalho (Rádio Meio): Seja bem-vindo, muito obrigado. Seja bem-vindo ao Piauí novamente, presidente Lula. Muito obrigado.
Presidente Lula: O prazer é meu de estar aqui em Teresina outra vez, sobretudo porque essa é uma cidade que eu tenho uma história muito longa, desde a fundação do PT. É um estado que eu construí um conjunto de amizades que são aquelas amizades da imortalidade, ou seja, as pessoas morrem, mas continuam sendo amigas. E, sobretudo, porque esse governador foi um menino que eu peguei no colo e tô vendo o sucesso com que ele está administrando o estado do Piauí. E também por causa do nosso companheiro Wellington [Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome], que é o companheiro mais esperto, indígena, que eu conheço no Brasil. É o Wellington. Pense em um caboclo esperto. Então, estou aqui feliz da vida. Quero dizer aos ouvintes e telespectadores do grupo Meio que estou à disposição do Ari para toda e qualquer pergunta que ele quiser fazer.
Ari Carvalho (Rádio Meio): Muito bem, eu gosto de entrevistado assim, que não pensa duas vezes antes de responder as perguntas. Presidente, eu gostaria de começar essa conversa com o senhor falando sobre emoção e razão. Vou explicar. Antes, quando a economia ia bem e o brasileiro era perguntado se aprovava ou não o governo, o que ele dizia: “olha, eu tenho mais comida em casa, a minha família está empregada, a inflação está sob controle, então eu aprovo”. Só que o senhor vem colecionando notícias positivas na economia. Desemprego em queda, inflação controlada, programas funcionando. Mas, quando o brasileiro é perguntado se aprova seu governo, muitos ainda relutam em dizer que aprovam, mesmo tendo melhorado na vida real, no dia a dia. A emoção engoliu a razão? Quer dizer, a pessoa está dizendo, está respondendo, levando em consideração mais a ideologia? “Ele não é do meu time. Eu estou bem, mas ele não é do meu time, então eu não vou dizer aqui que eu aprovo”.
Presidente Lula: Ari, nós temos apenas que compreender que estamos vivendo um momento histórico no Brasil, no que diz respeito à política, diferente do que a gente estava habituado a viver. Ou seja, desde a disputa da Dilma, em 2014, com o Aécio, a eleição se transformou em uma eleição muito polarizada, porque o Aécio foi muito ostensivo, muito ofensivo, muito duro com a presidenta Dilma. Eu nunca tinha visto, em um debate, um homem ser tão agressivo com uma mulher como Aécio foi com a Dilma. Pois você sabe que ele era contra a posse dela, ele tentou questionar a posse dela, dizendo que a eleição não tinha sido honesta e decente e tal. De lá para cá, se criou uma clima de uma disputa que não existia quando eu disputei com o Fernando Henrique Cardoso, quando eu disputei com o Ulysses Guimarães, quando eu disputei com o Collor. Não existia essa disputa.
Bom, então, o país está muito, muito, muito mais polarizado hoje. Muito mais polarizado. Bem, isso não é um problema, porque a polarização existe no mundo inteiro. Estados Unidos, democratas e republicanos, sempre foram adversários e o país estava dividido. Quando faz a maioria no Senado, outro faz na Câmara. Quando faz na Câmara, outro faz no Senado. O presidente ganha as eleições e é mais ou menos empatado o número de deputados e senadores. E, aqui no Brasil, o que nós estamos vivendo? Aqui no Brasil estamos vivendo a seguinte situação. Houve uma eleição muito polarizada, uma eleição em que o meu adversário utilizou R$ 300 bilhões nos últimos dois anos do mandato dele. Entre privatização, desoneração e distribuição de dinheiro, para ver se se mantinha no poder. Ou seja, nunca antes nesse país alguém tinha consumido tanto recurso público para fazer uma campanha política para se manter. Porque, na verdade, ele tinha um projeto de poder autoritário. Tanto é que ele, em qualquer vaga que surgia, ele colocava o militar. E não o militar digno de ser militar, mas o militar na turma dele. O cara que pensava como ele. Bem, então as eleições ficaram polarizadas. Nós ganhamos as eleições e eu tinha muita paciência. Não sei se você entendeu, Ari, nós não fizemos nenhum discurso radical na transição. Eu poderia ter mostrado toda a podridão do governo Bolsonaro e eu não quis mostrar. Porque eu fui eleito para governar o país, eu não vou ficar esquecendo. O passado nós derrotamos, vamos tratar do futuro. E eu resolvi fazer uma transição. Coloquei o meu vice, Geraldo Alckmin, para ser o chefe da transição, para ninguém dizer que eu estava radicalizando contra o meu adversário.
Fizemos um processo. E o que é que nós descobrimos? Que era preciso reconstruir o Brasil. Tudo que a gente tinha feito de políticas públicas tinha sido desmontado. As universidades estavam desmontadas, os laboratórios não foram feitos, os refeitórios dos estudantes não foram feitos, os prédios não tinham sido terminados, os Institutos Federais não estavam terminados. Seis mil creches sem terminar. Ontem eu fui inaugurar, em Fortaleza, um conjunto habitacional que era para ter sido inaugurado em 2018, Ari. Em 2018. Então, veja, você teve um governo que deixou o povo pobre oito anos esperando uma casa que estava 98% pronta. Esse era o país que nós herdamos, então eu tomei como atitude, Ari. Primeiro, nós vamos, com muita paciência, semear a terra. Vamos limpar, tirar todo o mato, o carrapicho. Vamos fazer o manejo da terra correto, vamos repor as peças do lugar, vamos trazer de volta a cultura. Não só nós trouxemos a cultura de volta, como é o momento de maior investimento da história da cultura nesse país. Entre a Lei Rouanet e a Lei Paulo Gustavo, são R$ 15 bilhões para a cultura. R$ 15 bilhões. Ontem eu fui no Rio de Janeiro anunciar dinheiro para o cinema brasileiro. Mais tela, mais filme brasileiro. E tentar convencer os empresários também a serem co-produtores de filmes interessantes.
Então nós vamos reconstruindo o país, vamos reconstruindo. Só para você ter ideia, nós chegamos, o Ibama tinha 700 funcionários a menos do que tinha em 2010. Aliás, eu dou um exemplo de como é que esse país estava. 2010. Dezembro de 2010, eu deixei a presidência, o Brasil produzia 3,8 milhões carros por ano. Em 2023, eu voltarei à presidência. O Brasil só produzia 1,8 milhão de carros por ano. Ou seja, o Brasil passou a produzir metade daquilo que ele produzia 15 anos atrás. O Brasil tinha 86 mil trabalhadores trabalhando na indústria naval. Quando eu voltei, tinha 26 mil. Porque destruir a indústria naval. O Brasil fazia a plataforma da Petrobras. O Brasil fazia a sonda que gerava milhares de empregos. Eles tiraram para importar tudo. Então, eu com muita paciência, fui tomando pé da situação e agora o que eu estou fazendo? Agora eu estou colhendo.
Ari Carvalho (Rádio Meio): Começou a colheita?
Presidente Lula: Já começamos a colher. Começamos a colher, porque tem um ditado que diz que no Brasil tudo que se planta dá. E se você planta, se você tratou a terra bem, fez o manejo correto, adubou, você vai colher. Então, veja, nós já decidimos fazer, só para você ter ideia, o PAC é R$ 1,7 trilhão para investimento até 2028, entre público e privado. Não é uma coisa só pública. Só para o Nordeste, o PAC prevê R$ 700 bilhões de investimento para o Nordeste. E eu tenho muito orgulho, Ari, porque em qualquer cidade que eu chego, em qualquer estado, eu digo em qualquer público, eu duvido que em algum momento da história o estado do Piauí já recebeu mais dinheiro do que recebeu no governo Lula e Dilma. Eu duvido que o Rio Grande do Sul já recebeu do Getúlio, do Brizola, do Médici, que era tudo gaúcho, mais do que eu pus. Eu chego em São Paulo, que tem o Fernando Henrique Cardoso, 8 anos, e eu digo, dizia para o Mário Covas, dizia para Alckmin, dizia para o Serra, e digo para o Tarcísio [Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo] agora. Duvido que na história de São Paulo um presidente já colocou mais dinheiro do que o governo Lula e Dilma.
E a gente faz isso com satisfação, porque a gente quer atender os interesses do povo, não o interesse de um governo, é o interesse do povo. Então, eu estou dizendo isso para falar da pesquisa. Então, quando chegou a pesquisa, eu falei, pessoal, gente, olha, muita paciência. O povo é muito mais inteligente do que a gente pensa. O povo não é sempre que ele está trabalhando, sabe, com emoção. Muitas vezes o povo, no primeiro ano de mandato, você gera uma expectativa extraordinária e o povo entende a expectativa. O povo nem te cobra nada no primeiro ano. O primeiro ano o povo só quer comemorar a sua posse, sabe. No segundo ano, o cara começa a pensar: “bom, já ganhou, e o meu, quando é que vai vir?” Então, demora para as pessoas compreenderem também, não é do dia para a noite.
Você veja, nós já aumentamos o salário mínimo nos dois anos, nós já fizemos isenção do imposto de renda para as pessoas que ganham quase até 3 mil reais, nós já tivemos o crescimento da massa salarial de 11,7%, 85% dos acordos feitos pelos trabalhadores brasileiros são com um ganho real de aumento acima da inflação. O PIB cresceu o triplo daquilo que os adversários diziam que ia crescer, e vai crescer mais esse ano. Nós somos o segundo país a receber investimento externo direto, e nós temos consciência de que as coisas estão acontecendo. E as coisas vão acontecendo por baixo. A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, sozinhos, os dois, têm mais crédito disponibilizado hoje do que os outros três bancos grandes. Por que isso? Porque o sistema financeiro brasileiro não está preocupado em fazer investimento na produção, no setor produtivo. Ele está preocupado em especular. É por isso que a taxa de juros fica 10,5%, sem nenhuma explicação, sem nenhum critério.
Então, você pode ficar certo no seguinte, eu acho que o ser humano é 80% emoção e 20% razão. Nós somos pura emoção. Você, Ari, é emoção. Você é emoção, eu sou emoção. Então é o seguinte, vai chegar o momento em que a emoção vai sendo motivada a ser mais forte do que a razão. E aí você vai votar em uma pessoa, você vai escolher a pessoa, porque aquela pessoa está fazendo aquilo que você acha que é importante para o seu povo. Então eu estou muito tranquilo com isso. Eu estou com um ano e meio de mandato, eu tenho dois anos e meio, tudo está para fazer. Começamos a colheita da jabuticaba agora, na verdade o pé está florindo ainda. Nós vamos colher muita jabuticaba, vamos colher muita soja, muito milho, muito algodão, muito arroz, muito feijão. Você veja o negócio, eu tomei uma atitude esses dias drástica, que foi o seguinte, o cara me mostrou lá no celular dele um pacote de arroz de 5 quilos a R$ 36. Aí um outro me mostrou um pacote de arroz a R$ 33. Eu falei, não, não é possível. Não é possível, o povo não pode pagar R$ 36 num pacote de 5 quilos. Esse arroz está caro. Aí tomei a decisão de importar um milhão de toneladas. Um milhão de toneladas. E depois tivemos a anulação do leilão, porque houve uma falcatrua na empresa. Mas por que eu vou importar? Porque o arroz tem que chegar na mesa do povo em um mínimo a R$ 20. Um pacote de 5 quilos que compre R$ 4 reais o quilo de arroz, mas não dá pra ser a um preço exorbitante. E vamos inclusive financiar áreas de outros estados produtivos de arroz para não ficar dependendo apenas de uma região. Vamos financiar, vamos oferecer, sabe, o direito dos caras plantarem. A gente vai dar uma garantia de preço para que as pessoas não tenham prejuízo. Então, nesse aspecto, eu estou muito tranquilo. A minha tese é que eu sou 80% emoção e 20% razão. E a minha razão, ela só é elevada, a minha razão, ela só entra em funcionamento quando as pessoas me apresentam um projeto, como o Rafael [Rafael Fonteles, governador do Piauí] me apresentou, do projeto de Porto Piauí. E, depois, o seguinte: a inclusa, a hidrovia que vai fazer pelo rio Parnaíba, que é rio de 1.500 quilômetros, e esse estado é a coqueluche do Brasil na produção de energia renovável. Esse estado já produz seis vezes mais do consome. Esse estado virou exportador. E, agora, o nosso governador quer ser exportador de hidrogênio, quer ser exportador de aço verde, quer ser exportador de soja verde. Ou seja, tudo que ele vai ser. É extraordinário quando você conversa com uma pessoa que te apresenta propostas tão contundentes, que aí já não é mais emoção, aí é razão.
Ari Carvalho (Rádio Meio): Eu vou já falar do governador Rafael Fonteles, que é o menino do Lula, é um prodígio de fato. É doutor em matemática, então ele entende bem de números. E o senhor já o classificou, na visita anterior que fez ao Piauí, de um governador pidão, que ele cerca o presidente, pede e consegue. Termina o presidente entregando mais do que o ex-governador Wellington Dias, o índio. Mas antes de falar do Piauí, que é o estado mais petista do Brasil, que sempre espera uma atenção especial do senhor, sempre o Piauí espera. Mas antes da gente entrar aqui na seara local, eu quero saber o seguinte: para continuar na analogia com a agricultura. Foi semeada a terra, a colheita está aí florindo. Mas sempre há risco de erva daninha. Sempre há risco de erva daninha, tem que manter a vigilância para estivar. Vamos falar da relação com o Congresso. Que é um Congresso dividido, é um Congresso radicalizado em muitos aspectos, que termina atrapalhando com pautas de costumes, com pautas polêmicas. E aí eu pergunto, só o Lula resolve? Porque os seus interlocutores, recrutados pelo senhor, presidente, parece que não estão entregando, não.
Presidente Lula: Olhe, é uma coisa muito engraçada, Ari. Porque nem sempre a informação que chega pelos meios de comunicação é o que acontece na verdade. Deixa eu lhe falar uma coisa. Nós até hoje não perdemos um único projeto de interesse do governo no Congresso Nacional. Nós aprovamos um Marco Regulatório, nós aprovamos uma PEC de Transição que deu ao governo R$ 170 bilhões para poder governar em 2023, porque o outro quebrou o país. Nós já aprovamos uma reforma agrária [tributária] na sua primeira fase, agora ela está para aprovar a regulamentação dela. Sabe, que estava há 40 anos na fila com esse Congresso adverso. Sabe o que eu acho importante? A lição que a gente aprende disso, Ari, é o seguinte: o charme da democracia é que você é obrigado a aprender a conviver democraticamente na diversidade. Então você começa a compreender que um deputado de outro partido político não é obrigado a votar no projeto do governo. Ele pode não concordar com o projeto. Então, quando o governo manda um projeto de lei para o Congresso, o governo já sabe que aquele projeto vai passar pela discussão dos partidos e que vai ter gente que quer fazer emenda. Uns fazem emenda para melhorar, outros querem fazer emenda para piorar. No frigir dos ovos, sempre termina acontecendo um acordo e a votação daquilo que a gente quer. Você, veja, a pessoa fala “Ah, porque o Lula perdeu o veto da saidinha”.
Ari Carvalho (Rádio Meio): Saidinha dos presos.
Presidente Lula: Deixa eu te contar uma coisa. A decisão da saidinha foi uma decisão unipessoal. Foi uma decisão moral minha. Muito moral, porque eu sabia, eu sabia, que todos os deputados queriam que eu não vetasse. Que deixasse passar, porque vai ter eleições e é um tema delicado. Antes de ser presidente, eu sou um ser humano. Eu tenho formação política, eu tenho caráter, eu tenho compromisso ideológico, eu tenho família. E eu falei: “Como é que é possível, em uma sociedade democrática, em que a base da sociedade é a família, o Estado prende um cidadão que cometeu um delito e, se o prendeu, não apenas para castigá-lo, é para recuperá-lo. E, na hora que o cidadão sai para ver a sua família, que é uma das fontes de recuperação dele, é proibido? Como é que é proibido um pai ver uma mãe? Um filho ver uma mãe? Um irmão ver um irmão? A mãe ver uma filha. Ah, por que cometeu um delito? Vai pagar pelo delito e vai voltar a ser uma pessoa livre outra vez. É isso que eu queria, é que a família deveria ter o direito de receber, e não qualquer um que pudesse sair. Quem tivesse praticado crime hediondo não poderia sair, quem tinha feito estupro não poderia sair, ou seja, para o cara sair tinha que ser crimes, sabe, e também um comportamento de que pessoas podem ser recuperadas. “Ah, mas de vez em quando as pessoas fogem”. Mas é tão pequeno o percentual dos que não voltam que não compensa a gente destruir a possibilidade da família, sabe, conversar com essa pessoa.
Você imagina, eu fiquei preso 580 dias, você não tem noção o que era o meu prazer quando eu recebia meus filhos para me ver. Agora, você proibir uma família, uma mulher e filhos, de receber o marido porque ele cometeu um delito, você não está apostando na recuperação dele. E como eu acredito muito na base da sociedade democrática, sabe, que tem no seu alicerce principal a família, eu queria que as pessoas tivessem uma saidinha. Os vetaram, não me derrotaram, não me derrotaram, eu não estou preso, eu não quero sair. Mas derrotaram uma parte do povo brasileiro, enfraqueceu a dignidade, sabe, de muita gente nesse país.
Ari Carvalho (Rádio Meio): Presidente, o Congresso está em vias de aprovar a autorização para os jogos de azar, incluindo cassinos, por exemplo. Se isso acontecer, o ministro Fernando Haddad vai ter um reforço aí no caixa, fala-se em R$ 12 bilhões, até R$ 12 bilhões, e os olhos dele devem brilhar. O senhor sanciona se for aprovado?
Presidente Lula: Deixa, deixa eu falar uma coisa. Houve um tempo em que esse discurso de jogos de azar tinha alguma verdade. Alguma verdade. De todos os jogos que acontecem, eu sempre achei que o jogo do bicho era o jogo que mais distribuía dinheiro. Porque o cara ganha R$50, R$40, R$30. O cara levanta de manhã e vai apostar na borboleta, vai apostar no leão, vai apostar no cachorro, vai apostar no macaco. E depois o cara recebe R$20, R$30, R$50. E isso é considerado contravenção. É proibido. Jogar baralho, jogar poker, jogar tudo a dinheiro é proibido. Fazer cassino é proibido. Mas e a jogatina que você tem hoje na televisão, no esporte? Criança com o celular na mão fazendo apostas o dia inteiro. Quem é que segura isso? Então deixa eu lhe falar uma coisa. Eu não acredito no discurso de que se tiver cassino o pobre vai gastar quanto tem. O pobre não vai no cassino. O pobre vai trabalhar no cassino. Ele pode até ver a sua cidade se desenvolver, mas ele não vai, porque o cassino é uma coisa pra gente que tem dinheiro. Eu tenho 78 anos de idade, eu nunca fui no cassino. Aliás, eu vou te contar uma coisa. Eu deixei de apostar. Não aposto nada. Eu não sou daqueles que ficam imaginando que vão ficar ricos amanhã. Não, eu vou viver com o meu trabalho. Em 1974, eu ganhei na loteria esportiva. Eu tava vendo a zebrinha, e quando a zebrinha foi falando, eu olhando o meu cartão, não queria nem que a minha namorada visse vendo o meu cartão. 13 pontos. Aí eu guardei o meu cartão. Aí eu descobri que eu tinha um lado maldoso, um lado perverso. Ou seja, eu não contei pra minha namorada, não contei pra minha mãe, não contei pra ninguém. Eu tava rico. Aí, no dia seguinte, eu acordei, cara. A minha riqueza desapareceu porque ganharam 30 mil pessoas, deu R$ 100 pra cada um. E eu continuei pobre. E falei: “nunca mais eu vou jogar, porque eu não quero alimentar o lado perverso que o ser humano tem”. Um demôniozinho que todo mundo tem e, de vez em quando, aparece. Então, eu prefiro viver a minha e não apostar. Eu não sou favorável a jogo, não. Não sou favorável, mas também não acho um crime. Se o Congresso for aprovado e for feito um acordo entre os partidos políticos e for aprovado, não tem porquê não sancionar.
Agora, eu acho que não é isso que vai resolver o problema do Brasil. Essa promessa fácil de que vai gerar 2 milhões de empregos e que vai desenvolver não sei o quanto, não é verdade também. Não é verdade. Então o que eu acho é o seguinte: a minha missão é o seguinte, o meu jogo agora é esse, o meu jogo é fazer a economia brasileira voltar a crescer. O meu jogo é fazer muito investimento no ensino profissional, no ensino técnico, nas universidades e no ensino fundamental. O meu jogo é fortalecer a escola de tempo integral no Brasil inteiro. O meu jogo é gerar emprego, aumentar salário, distribuir renda, porque é isso que deixa o povo feliz. É esse jogo que o povo tem que apostar e é esse jogo que o povo vai ganhar, porque esse país vai devolver ao povo o prazer e o orgulho de ser brasileiro.
Logo, logo você vai ver que esse ódio que está estampado com muita gente aí, ele vai desaparecendo, vai para a lata de lixo e as pessoas vão voltar a se tratar com respeito.
Ari Carvalho (Rádio Meio): Vamos falar de um goleador chamado Rafael Fonteles, já que o senhor mudou a analogia da agricultura para futebol. O senhor é Timão, né? Corinthians.
Presidente Lula: Eu sou Corinthians.
Ari Carvalho (Rádio Meio): Muito bem. O governador, ele aposta muito na transformação digital, na produção de hidrogênio verde, na exportação para a Europa, através do Porto Piauí. São projetos arrojados e ousados que o Piauí nunca tinha visto, né? A gente sempre ia mais na linha do feijão com arroz. E eu fiquei curioso. Esse projeto é de navegabilidade do rio Parnaíba para ajudar na exportação de hidrogênio verde lá no litoral, que ele apresentou. É em primeira mão esse projeto, né?
Presidente Lula: Deixa eu lhe falar uma coisa. Esse estado é um estado... Toda vez que eu vinha ao Piauí, antes do PT, o estado era conhecido como o estado mais pobre do Brasil. Não foi por acaso que o Programa Fome Zero começou aqui, lá em Guaribas. Olha o que aconteceu nos dezesseis anos do companheiro Wellington e do PT aqui e no governo do Lula e da Dilma. A verdade é que o Piauí teve uma transformação social extraordinária. Houve muita política de inclusão social, houve muitos eventos. Você se lembra que isso aqui, enquanto aqui tinha uma ou duas escolas técnicas, nós vamos para vinte agora. Tem mais três chegando aqui, tem mais três, sabe? Chegando uma em Altos, uma em Barros e outra em Esperantina. Sabe? Tem mais três. E por quê? Porque a gente quer formar mão de obra qualificada, porque o que nós queremos é exportar inteligência. Queremos exportar conhecimento.
O companheiro Rafael, ele não sonha com hidrogênio verde apenas para exportar hidrogênio verde. Ele quer é que as empresas venham produzir o aço verde, sabe, o carro verde aqui no Brasil com energia produzida no Brasil. É isso que vai fazer esse país fazer a diferença. E é por isso que eu acho que o sonho do companheiro Rafael é legítimo. Ou seja, nós investimos muito no social, o estado se desenvolveu, sabe, e, agora, ele entra, ele é um matemático formado no IMPA, sabe, deve ter sido medalhista de ouro nas Olimpíadas da Matemática.
Ari Carvalho (Rádio Meio): Sim, é chamado gênio da matemática.
Presidente Lula: E você sabe que nós criamos a Faculdade de Matemática no Rio de Janeiro agora. Sabe pra quê? Para colocar os meninos que receberam, e meninas, que receberam medalha de ouro nas Olimpíadas. Vamos fazer um vestibular pra não deixar os nossos gênios sair do Brasil. Estude aqui. E vamos ser gênios brasileiros à serviço dos interesses, da necessidade do povo brasileiro. Então, quando eu vi o projeto, o projeto, eu falei, o projeto tem um problema mais político do que econômico. Do ponto de vista econômico, ele tem todo o direito, porque esse dinheiro que está disponibilizado é pra cuidar, sabe, do Rio São Francisco e do Rio Parnaíba. Portanto, ele tem dinheiro, tem o direito. Quando você vai discutir apenas economicamente, você fala, poxa, mas dá um bilhão só para um estado e tem tantos estados no Brasil. “Ah, então não vamos dar”. Não, mas veja, não é dar um bilhão pro estado, é a gente entender que o estado tem direito a esse recurso porque ele tem o Rio Parnaíba. E esse dinheiro só pode ser utilizado na recuperação do Rio Parnaíba e do Rio São Francisco.
Então, sabe, eu me convenci, e o meu papel agora é tentar convencer outros, de que é importante, porque, veja, será o projeto mais estruturante da história de Sergipe, do Piauí, me desculpe. O mais importante, gente. É quase de uma revolução, sabe, que esse rapaz quer fazer nesse estado, já está fazendo, mas quer fazer e quer entregar a obra mais estruturante do Piauí. Então, eu estou convencido da necessidade. Não, porque tem uma discussão ainda. Mas o que eu acho é o seguinte: o projeto é factível. O projeto tem cabeça, tronco e membro. Tem começo, meio e fim. E isso é o que importa. Sabe qual é gostoso de você ser Executivo? É que se você coloca um paralelepípedo na rua, você pode contar pra história toda, esse paralelepípedo foi eu que coloquei. Às vezes você fica tentando no Congresso, você não põe um paralelepípedo, você não põe nada. Ou seja, muita gente nem sabe o que você fez.
Então, eu estou convencido que o Fonteles está sendo uma extraordinária novidade nesse estado, porque ele está pensando em fazer o Piauí se transformar num estado altamente moderno, altamente competitivo. É um estado que antes já tinha muito investimento em educação, agora ele está fazendo curso, sabe, escola de tempo integral e ao mesmo tempo junto com formação técnica desses alunos. É tudo isso que nós precisamos, Ari.
Você, veja uma coisa, Ari, eu sou o único presidente da República que não tem diploma universitário. A minha obsessão pela educação é isso, é porque eu não tenho. Eu não tenho e eu acho que todas as pessoas têm que ter o direito. Não de ir para a universidade, que, às vezes, o cara não quer ir para a universidade, o cara quer ser técnico, o cara quer ser um pequeno agricultor, o cara não quer, nem todo mundo precisa fazer a universidade, mas eu tenho que dar a eles o direito de ser, a oportunidade de ser. E é por isso que eu sou o presidente que mais fez universidade da história do Brasil, que mais fez extensões universitárias. E, quando nós chegamos na presidência, em 2003, Ari, tinha 140 escolas técnicas feitas em 100 anos. Eu vou terminar o meu mandato agora com 782 escolas técnicas nesse país. É a revolução do conhecimento que eu quero para esse país.
Ari Carvalho (Rádio Meio): O senhor falou em novidade, então eu vou falar de algo novo, que é o pré-candidato do PT a prefeito de Teresina, o deputado estadual Fábio Novo. Porque na eleição de 2020, o PT não elegeu nenhum prefeito de capital, e para que essa colheita frutifique em 2026, o senhor vai precisar de um suporte de prefeitos, de vereadores, e depois na eleição de deputados também. O que o senhor espera que surja das urnas no dia 6 de outubro? Qual é o desenho que o senhor espera que saia em relação ao PT?
Presidente Lula: Veja, é que toda eleição tem a sua história. A história da eleição para prefeito de 2024 vai acontecer a partir do momento em que os candidatos forem oficializados e estiverem na rua fazendo campanha. O PT nunca ganhou Teresina, como o PT nunca ganhou Salvador, embora a gente governe Salvador há 20 anos. Mas o PT já ganhou São Paulo três vezes, sendo governador de oposição. O PT chegou a governar em São Paulo 22 milhões de habitantes. O PT governou toda a região metropolitana de São Paulo, mais Campina, mais Piracicaba, mais Ribeirão Preto. Ou seja, nós éramos que nem essa Copa Europeia, ou seja, a Copa do Mundo sem o Brasil e a Argentina. Então, sabe, a gente governava o estado sem estar no palácio, porque a gente governava o setor produtivo do estado de São Paulo. Nós perdemos, nós temos que analisar porque é que nós perdemos, onde é que nós cometemos erro, não lançamos candidatos adequados? Essa cidade aqui, eu não esqueço nunca uma única divergência que eu tive com o meu companheiro Wellington. Uma única divergência que eu era contra ele ser candidato a prefeito de Teresina depois de ter sido eleito senador da República. Eu fui contra. Ele sabe que eu fui contra. Chamei a atenção, falei: “o povo não compreende, Wellington, o povo te deu mandato de oito anos, cara. O povo te fez uma figura nacional e você larga de governador e agora quer voltar para ser prefeito? O que aconteceu: o povo não votou nele. E não votou não é porque não gostava não, não votou para dar uma lição. Vocês políticos pensam que são espertos, mas, de vez em quando, nós, o povo, somos mais espertos que vocês. E dois anos depois ele é eleito governador outra vez. Veja, em uma demonstração de inteligência e sabedoria do povo. Então, cada eleição tem uma história. Eu estou muito feliz com o entusiasmo do governador, do Wellington, com a possibilidade do Fábio Novo ser o novo prefeito de Teresina. Seria uma coisa extraordinária você ter um governador ativo e altivo, como o Rafael, e ao mesmo tempo você ter um prefeito da capital na mesma sintonia, participando da mesma orquestra, tocando a mesma música. Vai ser uma coisa extraordinária para Teresina. Eu penso que vai ser uma coisa extraordinária para Teresina.
Ari Carvalho (Rádio Meio): Muito bem. Temos tempo ainda, Ricardo?
Presidente Lula: Deixa eu te falar mais alguma coisa. Eu tenho que ter muito cuidado nas eleições para prefeito pelo seguinte: eu tenho uma base de apoio no Congresso Nacional muito heterogênea. Então, na medida que tiver um partido que no Congresso Nacional me apoia, em divergência profunda com um partido que está lançando a candidatura, como o PT aqui na cidade de Teresina, eu vou ter que decidir se eu venho ou não venho. No caso de Teresina, eu estou te dizendo, antecipadamente, eu vou participar da campanha do Fábio. Se ele necessitar, porque do jeito que eu estou vendo aí, parece que nem vai necessitar.
Ari Carvalho (Rádio Meio): Olha aqui, a presença do Lula é sempre um peso.
Presidente Lula: Temos São Paulo, que nós temos chance de ganhar as eleições. O Boulos [Guilherme Boulos] pode ser prefeito de São Paulo, pegar suas capitais. O Rio de Janeiro, nós vamos apoiar o Eduardo Paes, que é o candidato certo para se reeleger. Em Recife, a gente está apoiando o Campos [João Campos], e vamos ter que apoiar o Campos, porque ele é candidato a reeleição. E tem outras cidades que a gente vai lançar candidatos. No Rio Grande do Sul, a gente tem uma candidata competitiva, que é a Maria do Rosário. Em outras cidades importantes que nós temos interesse de ter candidatos, nós vamos lançar. Aonde eu não tiver candidato, eu vou apoiar o candidato aliado. O que eu não quero é que os adversários ganhem, porque os adversários são negacionistas. Eles não gostam da verdade, não gostam de coisa certa. Então, eu estarei fazendo esse jogo com muito cuidado, Ari, com muito cuidado, sem esquecer que a eleição termina e a vida continua, e eu sou o presidente, o Congresso vai funcionar, e eu vou precisar de ter relação com o Congresso.
Ari Carvalho (Rádio Meio): Presidente, o senhor veio aqui a Teresina participar dessa décima edição da Caravana Federativa. E há uma expectativa de anúncios que o senhor faça, daqui a pouco, ao vivo, aqui no Centro de Convenções da capital. Na área de moradia, o senhor pode atestar algo aqui pra gente do Grupo Meio?
Presidente Lula: Olha, é muita coisa, é muita coisa. Eu estava brincando agora pouco que se a gente não tomar cuidado, o Rafael vai chegar lá em Brasília com um projeto para trazer o Palácio do Planalto pra cá. Porque, veja, nós vamos fazer muitas entregas hoje aqui. Além da Caravana, que é uma coisa extraordinária, porque é a oportunidade da gente trazer o Governo Federal para o estado e fazer com que os prefeitos, vereadores, presidentes de Câmara, tenha acesso a essa gente, nós aqui vamos fazer algumas concessões de terrenos importantes para Teresina.
Vamos fazer a concessão de uma área para implantação do sonhado Porto Luiz Correia. É uma área de 4,9 milhões de metros quadrados. Só pra você ter ideia. Depois nós vamos fazer a doação de um terreno para a construção da unidade da Fiocruz. A Fiocruz vai se instalar no Piauí. A gente está dando um terreno de 53 mil metros quadrados para a Fiocruz se instalar aqui, cuidar da saúde desse povo, pesquisar a saúde desse povo. Nós estamos dando um terreno para a construção da sede da Polícia Federal aqui. E nós estamos dando um imóvel para o polo de inovação do Instituto Federal do Piauí. Esse é o tanto de coisa que nós vamos fazer concessão. Depois a gente vai ter um imóvel para a sede do INTERPI. Depois a gente vai ter mais, sabe, a gente vai anunciar, não sei se vai anunciar aqui, a primeira estratégia nacional do Governo Digital do país. Vamos anunciar aqui também.
Ari Carvalho (Rádio Meio): Dentro do projeto de transformação digital do Governo Federal?
Presidente Lula: E depois vamos anunciar mais também, sabe, 1.400 casas novas em cinco cidades. Porque no PAC vai ter quase 10 mil casas aqui, entre a faixa 1 e 2, e outras faixas mais importantes. Vamos chegar, no pacto oficializado, 6.300 casas do 1 e 2. Mas nós queremos financiar a casa para a gente que ganha um pouco mais, que quer uma casa melhor. Então nós também precisamos pensar nesse setor médio da sociedade, que ganha 5, 6, 7 mil reais, que quer uma casinha um pouco maior. Nós vamos também pensar em fazer a casa para essa gente. E depois nós vamos dizer para você que esse estado aqui, só do PAC, ele tem R$ 56 bilhões de investimentos, sabe. Quase todas as propostas apresentadas pelo governador. Porque essa foi uma coisa, Ari, que eu fiz. Em janeiro de 2023, eu tomei posse. A primeira reunião minha foi com 27 governadores para dizer para os governadores: “eu quero saber quais são as três obras mais importantes para cada estado, que eu quero assumir o compromisso de ajudar vocês a construir”. E isso foi feito, e nós estamos fazendo.
Ari Carvalho (Rádio Meio): Uma última pergunta para o presidente Lula, ele tem uma agenda ao vivo aqui no centro de convenções de Teresina para encerrar essa décima edição da Caravana Federativa. Presidente, muito se fala que o senhor vai fazer uma reforma ministerial para tirar ali aqueles ministros que não estão entregando e deixar os que estão. Queria que o senhor falasse, vai haver mesmo essa reforma? Vai deixar os melhores agricultores no time?
Presidente Lula: Deixa eu te falar uma coisa. Eu não vejo nenhuma necessidade de fazer reforma ministerial. Eu tô satisfeito com os meus ministros Aliás, como eu já fui presidente, aliás, deixa eu falar uma coisa para você. Você sabia que só tem o Dom Pedro II e o Getúlio Vargas que tem mais experiência de presidir o Brasil do que eu?
Ari Carvalho (Rádio Meio): E eles não foram eleitos pelo voto democrático.
Presidente Lula: Então, com a experiência que eu tenho, eu não preciso fazer nenhuma reforma. A hora que precisar, eu vou mudar as pessoas. Mas, veja, eu estou com um governo muito bom. Você não tem noção da ajuda que me dão esses meninos que foram governadores de estados e que estão me ajudando no governo. Todos. Todos. Muito competentes. Muito competentes. E outros ministérios novos que estão começando agora. Eu não vejo necessidade agora. Mas o presidente da República tem o poder de tirar e pôr na hora que ele quiser. Mas eu acho que as coisas estão indo bem. Eu disse pra você que a gente está na época da colheita. A gente está na época da colheita. E na época da colheita, a gente vai precisar de mais gente dentro, não mais gente fora. E é por isso que eu estou muito tranquilo aqui.
Eu te confesso uma coisa. Eu já fui presidente outras vezes. Eu nunca tive, no momento, de certeza com o Brasil como eu tenho agora. Eu, quando vejo as pessoas “ah, o Brasil vai crescer um pouco, mas, entretanto. Ah, porque eu não sei o que entretanto”. Não existe a palavra entretanto. Nós vamos fazer acontecer nesse país, porque é necessário que aconteça. Essa questão da transição energética é uma benção de Deus, sabe, colocar esse país no lugar que ele está. Porque ninguém consegue competir com o Brasil nessa questão de transição energética. Eólica, solar, biomassa, hídrica — que nós já temos 90% de energia limpa e mais hidrogênio verde. Aí, se for necessário, vamos fazer hidrogênio amarelo, vermelho, qualquer coisa que faz. Não vamos fazer vermelho, porque vão pensar que é hidrogênio do PT, aí eles não querem aceitar. Mas é o seguinte: nós não podemos deixar cair essa oportunidade, cara.
Esse ano eu tenho que ir à Rússia, para ir na reunião dos BRICS, em Kazan. Eu tenho que ir a Azerbaijão, na reunião da COP 29. Depois eu tenho que ir no Peru, no encontro dos países do pacífico. Depois tem o G20 aqui. O G20 aqui vai ser um megaevento, vai ter o Rio de Janeiro com a vinda de muitos presidentes do mundo inteiro, sabe? Nós vamos ter bilaterais com governos importantes. Eu pretendo marcar bilateral como o Xi Jinping, já estava certo que nós vamos ter bilateral. E nós queremos construir uma parceria estratégica com os chineses, uma coisa de muitos anos, sabe? Chega! Chega! Esse país não nasceu pra ser pequeno. Não é possível que Deus deu esse tamanho todo de território, esse tamanho de floresta, essa quantidade de costa marítima, essa quantidade de água doce, pra gente não fazer acontecer.
Então, nós vamos fazer acontecer, sobretudo quando você tem do seu lado um jovem matemático impetuoso, arrojado, como o companheiro Rafael.
Ari Carvalho (Rádio Meio): E o Brasil vai crescer e o Piauí, com a produção de hidrogênio verde, junto. O Grupo Meio, presente em 18 estados brasileiros, agradece ao presidente Lula por ter conversado com a nossa audiência, nas cinco emissoras de rádio aqui da capital, em todas as dezenas de outras filiadas. E em nossas filiadas em todo o Brasil também pela TV e pelo rádio. Muito obrigado, presidente.
Presidente Lula: Obrigado você. Muito obrigado. Eu, agora, a partir de agora, em todas as cidades que eu visitar, o meu primeiro compromisso é uma entrevista na rádio local.
Ari Carvalho (Rádio Meio): Eu gosto muito, porque o meu veículo preferido é o rádio.
Presidente Lula: Eu acho o rádio extraordinário. Eu acho rádio extraordinário.
Ari Carvalho (Rádio Meio): Somos dois. Muito obrigado.
Presidente Lula: Obrigado a você.
Ari Carvalho (Rádio Meio): E a TV Meio segue com sua programação normal.