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Queridas companheiras e queridos companheiros do estado do Amapá e de Macapá. Queridas companheiras ministras, queridos companheiros ministros, queridas companheiras deputadas, deputados estaduais, federais, queridos senadores Randolfe [Rodrigues, líder do governo no Congresso], Alcolumbre [Davi, presidente do Senado Federal] e Jacques Wagner [líder do governo no Senado Federal], que é o meu líder no Senado.
Não é comum o presidente ficar ouvindo tanta gente falar para ele falar depois. Por que o que acontece? Vocês já falaram tudo e um pouco mais. E eu não posso repetir o que vocês já falaram, porque senão o pessoal vai ficar enfadonho. Eu só queria dizer para vocês poucas coisas. Eu, desde pequeno, aprendi com a minha mãe que o mundo da mentira é mais fácil do que o mundo da verdade. Porque o da mentira você não tem que construir. Só mente. E o mundo da verdade você tem que fazer. E a minha mãe dizia: “a mentira voa e a verdade engatinha”.
Então as pessoas que mentiram, dizendo que eu não vinha aqui, dizendo que nós iríamos desapropriar essa área, dizendo que nós iríamos mandar a polícia para cá, vão continuar mentindo. Porque eles não sabem fazer outra coisa a não ser contar mentiras. E quem é covarde, que não tem coragem de dizer as mentiras publicamente, utiliza o celular para fazer fake news e fica dentro de casa, ao invés de ficar discutindo com o filho, educando o filho, ele fica contando mentiras sobre os outros.
É importante vocês lembrarem que Jesus Cristo foi crucificado por causa de mentiras. É importante vocês lembrarem, porque muitas vezes a mentira contada contra uma pessoa séria e responsável, ela até um determinado momento, ela pega. E nós estamos vivendo no mundo esse momento da mentira.
Antigamente, um político que fosse candidato a algum cargo, ele ficava no seu programa de governo dizendo o que ele ia fazer. Ele ficava prometendo coisas. Na base da mentira, o cara não tem que prometer nada. Ele só tem que falar mal dos outros. Ele só tem que destruir as coisas que estão construídas, porque ele não tem capacidade de dizer o que ele vai fazer.
Eu queria pegar o meu companheiro jornalista, que me entrevistou ontem, que me parece uma das pessoas mais extraordinárias do ponto de vista do estado do Amapá. Um jornalista que não fala gritando, um jornalista que não faz pergunta gritando, um jornalista que não fica julgando você. Eu queria, Luiz, que você pudesse fazer uma coisa. O Brasil teve a proclamação da República em 1889. De lá para cá, o Brasil teve muitos presidentes da República, até que nós chegamos no governo. Eu queria que vocês fizessem um estudo. Até a imprensa, os professores da universidade, os especialistas, os estudantes dos institutos, e eu queria parabenizar todas essas pessoas que estão de camisa verde, são estudantes do instituto.
Eu queria que vocês fizessem um estudo para saber o que fizeram os presidentes que governaram esse país. Eu queria que vocês aferissem, para que a gente pudesse destruir as mentiras, e saber o que fez cada um. Por exemplo, o último presidente da República que governou esse país, eu duvido que aqui no Amapá vocês conheçam um tijolo que ele colocou nesse estado.
Se alguém defende ele, que prove o que ele fez. Em vez de a gente ficar brigando, ficar xingando, tem que desafiar as pessoas a mostrar quantas casas eles fizeram aqui. Tem que mostrar quantas escolas eles fizeram aqui. Tem que mostrar quantos hospitais eles fizeram aqui. Tem que mostrar quantas estradas eles fizeram aqui. Tem que mostrar quantas universidades eles fizeram aqui. Tem que mostrar quantos médicos eles colocaram aqui.
Porque nós tínhamos vinte e poucos mil médicos, eles diminuíram para doze mil, e nós agora já temos vinte e oito mil médicos espalhados por esse país para cuidar do povo brasileiro. Seria importante que a gente fizesse uma avaliação para que o povo não permitisse que a verdade fosse crucificada em nome da mentira.
Eu tenho muito orgulho de ser o primeiro presidente da República sem diploma universitário que chegou a presidir esse país. Eu não tenho orgulho de não ter diploma. Eu tenho inveja daqueles que têm. Eu tenho, sabe, uma coisa muito dentro de mim, por que eu não tive um diploma universitário? Eu não tive porque eu não tive condição de fazer. Eu não tive porque eu não tive condição de estudar. Porque eu comecei a trabalhar muito cedo para poder comer o pão de cada dia.
Eu lembro isso. Eu fui comer pão pela primeira vez em São Paulo com sete anos de idade. Porque até os sete anos o meu café era uma cuia de farinha com café preto. Era esse o café que a gente tinha lá na minha cidade em que eu nasci. E eu tenho muito orgulho de ter uma mãe que nasceu e morreu analfabeta e ela teve coragem, com oito filhos pequenos, de se separar do meu pai e criar os oito filhos sem precisar de favor de nenhum macho.
Ela criou, porque quando a mulher tem orgulho, quando a mulher tem caráter e tem vontade, ela não se submete a alguém. Alguém que bebe, alguém que ofende ela, alguém que é bravo com ela, alguém que quer levantar a mão para ela. Mão de homem não foi feita para bater em mulher. Mulher precisa de carinho e a mão do homem foi feita para trabalhar.
Eu tive a minha educação formada pela minha mãe. É por isso que ela é a coisa mais sagrada que eu tenho. Aliás, não tenho não, porque ela morreu em 1980. Mas eu ainda converso com ela. Eu ainda converso porque como eu acredito que existe um outro mundo, eu acho que ela está lá me olhando. Porque ela não poderia deixar o caçulinha dela sozinho. Ela era a caçula da família. Ela era toda dengosa comigo. Então eu acho que ela está me olhando.
E é por isso que eu tenho orgulho. Porque eu não tenho diploma, mas o meu diploma foi substituído porque eu tenho muitos compromissos. Muitos compromissos. Eu tenho uma causa. Eu tenho uma causa. É por isso que eu acho que eu vou viver até 120 anos. Porque todo dia, todo dia eu falo com Deus. Eu não quero ir para o céu agora. Eu quero ficar aqui na Terra, porque nós temos que ajudar muita gente a sair da miséria que eles estão. Porque tem uma parte do povo brasileiro que acha que pobre gosta de ser pobre.
Alcolumbre, tem gente que acha que a gente gosta de ser pobre. Que a gente gosta de comer mal. Que a gente gosta de morar mal. Que a gente gosta de se vestir mal. Que a gente gosta de estudar mal. Que a gente gosta de viver em um bairro mal. Não. Não. Eu não gosto de ninguém que seja pobre, porque eu quero transformá-lo numa pessoa com uma vida boa e decente.
Eu acho que nós temos um direito. Primeiro, todo mundo gosta de se vestir bem. Todo mundo gosta de comer bem. Todo mundo quer um filho estudando bem. Todo mundo quer que as suas filhas vivam, que o seu menino viva, aprenda uma profissão e viva uma vida digna e decente.
É por isso que eu brigo. É por isso que eu brigo. Quando eu brigo e quando eu vejo vocês receber uma casa... Ô, gente. Gente, eu fui morar num quarto e cozinha em 1952. Esse quarto e cozinha era no fundo de um bar. Esse quarto e cozinha eu morava com 13 pessoas, com a minha mãe, 13 pessoas num quarto e cozinha. Um quarto e cozinha. O banheiro que a gente utilizava, querido governador, era o banheiro que as pessoas que bebiam cerveja e cachaça utilizavam. Era um banheiro que não tinha vaso. Era um buraco no chão.
E assim nós vivemos muitos anos. E minha mãe nunca perdeu a razão. Minha mãe sempre falava: “amanhã vai melhorar, amanhã vai melhorar”. E ela me ensinou a ter paciência. Ela me ensinou a não ter ódio. Ela me ensinou que se a gente tiver perseverança, se a gente tiver fé e se a gente acreditar, a gente consegue vencer, porque não há nada que o ser humano não possa vencer. A única coisa impossível é Deus pecar. O resto, a gente pode tudo. O resto, a gente pode tudo.
Então eu fico perguntando, por que foi no momento de um presidente da República que não tem diploma universitário que a gente fez mais universidade na história do país? Por que tendo um presidente que não tem diploma, a gente fez mais escolas técnicas nesse país? Por que que esse presidente que não tem diploma é o presidente que mais vai fazer escola de tempo integral nesse país? Por que que a gente vai alfabetizar as crianças até dois anos de idade para que essas crianças deem um salto de qualidade? Por que nós criamos o Pé de Meia para ajudar os meninos a não desistirem da escola?
É porque se a gente não investir agora a gente vai ter que construir cadeia. A gente vai ter que pagar a política para colocar esses meninos que a gente não colocou na escola para sair do narcotráfico. Essas coisas que nós temos que ter consciência. Quem é que fez mais casa do que nós? Quantas casas foram feitas aqui, governador, pelo governo passado? Quantas creches foram feitas? Ninguém lembra. Agora, vocês sabem. Nós somos o governo que mais fez casa popular na história desse país. E vamos continuar fazendo.
Eu estava contando para o Alcolumbre, que talvez ninguém saiba, talvez nem os ministros do governo saibam, talvez nem a Esther [Esther Dweck, ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos] saiba. Mas eu vou contar para vocês. Foi no nosso governo que nós colocamos, no meu primeiro mandato, 49 milhões de hectares de terra à disposição da reforma agrária.
No governo da Dilma, a gente colocou mais 2 milhões. Chegamos a 51 milhões de hectares disponibilizados para a reforma agrária. 52% de todas as terras disponibilizadas em 500 anos para fazer reforma agrária foi no nosso governo.
E por que nós fizemos isso? É porque as pessoas que querem trabalhar no campo têm o direito de trabalhar no campo. As pessoas que querem trabalhar no campo têm o direito de ter crédito facilitado para trabalhar. As mulheres que querem trabalhar têm que ter um crédito especial. E eu não faço isso porque eu quero fazer. Eu faço isso, porque eu aprendi com vocês. Foi no meio de vocês que eu nasci. É no meio de vocês que eu vou votar. E é no meio de vocês que um dia, se eu tiver que morrer, eu vou morrer. Porque só tem uma razão de eu ter chegado à Presidência da República.
Só tem uma razão. Como é que um pernambucano, lá de Caetés, quase semi-analfabeto, chegou três vezes à Presidência da República? Não sou eu que estou inteligente. É vocês que têm coragem e têm consciência política de enfrentar as mentiras.
As broncas que eles têm não são de mim. A bronca é de vocês. Como é que pode esse povo pobre querer não passar fome? Como é que está gastando dinheiro com Bolsa Família? Por que está gastando dinheiro com Pé-de-Meia? Por que está gastando dinheiro para fazer universidade? Pobre não precisa estudar. Pobre tem que trabalhar. Pobre pode ser empregada doméstica. Pode ser ajudante. Pode ser lixeiro. Pode ser faxineiro. Eles que sejam isso. Porque nós queremos mais. Nós queremos ser engenheiro, ser médico, ser psicólogo. Nós queremos ser advogado. Nós queremos ser dentista. Nós queremos ter profissão e ter a nossa dignidade respeitada.
É disso que eles não gostam. É disso que eles acham que a gente está fazendo demais. “Ah, os pobres não querem mais trabalhar”. Tem empresário que fala assim pra mim: “Ô presidente Lula, eu estou com mil vagas, mas o pessoal não quer trabalhar por causa do Bolsa Família”. Não, eles não querem trabalhar porque o salário que você paga é pouco. Paga um pouco mais para ver se ele não vai trabalhar. Ao invés de 1.900, pague 2.500 para ver se ele não vai trabalhar. É simples assim. Porque eles acham que a gente não quer trabalhar porque recebe o Bolsa Família.
Eles acham que a gente não quer trabalhar porque a gente recebe o salário defeso. Eles acham que a gente não quer trabalhar porque a gente tem o salário desemprego. É lógico que tem gente que se puder engana a gente. Tem gente que se puder quer receber os dois. E tem gente que se puder receber os três. Mas não é o pobre.
Vai ver na Câmara dos Deputados. Vai ver os governadores desse país. Quantos têm três aposentadorias, quatro aposentadorias? E não é aposentadoria de 2 mil reais. É aposentadoria de 30 mil reais. É aposentadoria de 20 mil reais.
Quando a gente vê uma denúncia de que tem um juiz ladrão, qual é o castigo que dão para ele? Aposentadoria com salário integral: 35, 40 mil reais. A gente, quando faz uma bobagem, é mandar embora sem direito.
Então, eles têm que saber que eu tenho uma máxima na minha cabeça: dinheiro na mão do povo significa crescimento econômico. Significa distribuição de riqueza. Porque o povo quando tem mil reais, ele não vai depositar no banco, não. Ele vai comprar comida. Ele vai comprar roupa. Ele vai cuidar da escola do filho. Ele vai comprar material escolar. Ele vai comprar um sapato pra sua filha. Vai comprar um chinelo. Ele vai dar um presente. Ele não vai depositar em dólar. Ele vai comer. E quando ele come, ele vai no comércio comprar. O comércio cresce, gera mais um emprego. O comércio vai para a indústria comprar. A indústria cresce, gera mais um emprego. Gerando um emprego é mais um salário. Mais um salário é mais um comprador. E assim a economia cresce.
Porque se tiver muito dinheiro na mão de poucos, é pobreza. Se tiver pouco dinheiro na mão de muitos, é riqueza. Essa é a máxima que nós temos que cunhar para as pessoas aprenderem. E isso é o exemplo que eu estou dando. Os pobres precisam participar da vida econômica desse país. Ah! O PIB cresceu 2%. O povo nem sabe o que é PIB. Não sabe. PIB é aquilo que é o crescimento de toda a riqueza produzida pelo país. Olha, se o PIB cresceu, quem é que fez o PIB crescer? Não foi o patrão. Foi o povo que trabalha. Se o povo que trabalha fez o PIB crescer, o mais correto é a gente dividir o crescimento do PIB com vocês. É dividir com quem trabalhou. Com quem gerou riqueza. Porque sempre, historicamente, foi ao contrário. Pobre só tinha valor em época de eleição. Em época de eleição. Em época de eleição, eles jogavam poste na rua, jogavam guia na rua, jogavam qualquer coisa para dizer: “nós vamos fazer”. Passavam as eleições, eles recorriam e o povo ficava na pindaíba outra vez.
Então, gente, não pensem que sou eu. Não pensem que sou eu. Eu não sou eu. Eu sou vocês. Quem está na Presidência da República não é o Lula. São vocês. Porque tudo que eu faço, a minha escola, a minha universidade, o meu Instituto Federal, eu aprendi com vocês. Aprendi com vocês. Aprendi com os de baixo.
Tem gente que quando deixa a Presidência vai morar nos Estados Unidos. Alguns fogem até antes de deixar o mandato. Tem uns que vão morar em Paris. Tem uns que vão para Londres. Eu não tenho para onde ir. Eu vou voltar para a minha casinha de quando eu conheci vocês. A minha reunião é com vocês. E é por isso que a gente não pode baixar a cabeça. É por isso que isso que nós viemos fazemos aqui, essas entregas, outros não fizeram. E nunca fizeram. Nunca fizeram.
Porque, Alcolumbre, você que é um senador esperto, é tão esperto que já foi duas vezes para o Senado, presidente do Senado, se você olhar a história do Brasil, você que é um cara que lê muito, Randolfe que é um menino letrado, vocês que fizeram. Tem dois momentos na história do Brasil que o povo foi beneficiado. Um foi com Getúlio Vargas, quando ele criou a CLT e criou o salário mínimo, depois criou a Petrobras, a Eletrobras e tudo que foi empresa pública. E o outro foi com nós. Foi com nós, que colocamos o pobre no orçamento.
E tem mais três programas que a gente vai fazer. Se eles não gostam que o povo tenha dinheiro na mão, vão ficar com mais raiva de mim. Porque é o seguinte: nós vamos fazer agora o crédito consignado para os trabalhadores da iniciativa privada. Vai ser a maior política de crédito desse país. Nós vamos fazer agora entrar com um projeto de lei, e eu tenho certeza que vai ser aprovado, que quem ganha até cinco mil reais por mês não pagará mais Imposto de Renda nesse país. E estamos discutindo um projeto, já está quase tudo pronto, esse aqui tem responsabilidade, esse aqui tem responsabilidade, está um projeto quase pronto para a gente entregar gás de graça para 22 milhões de famílias nesse país.
Porque, pra nós, o gás faz parte da cesta básica. E as pessoas não podem... O gás sai da Petrobras por 36 reais. A Petrobras entrega o gás pra essa distribuidora a 36 reais. Ele chega aqui por quanto que é o botijão de gás? Cento e? Não é possível. Veja, ele sai por 36 reais da Petrobras e chega nos estados a 130, a 140, a 150, e não é justo isso. Não é justo. Enquanto o rico não paga Imposto de Renda, é o pobre que paga. E ele paga Imposto de Renda no gás, no feijão, no arroz, que a gente agora está isentando na política tributária que nós fizemos.
Toda cesta básica será desonerada para vocês não pagarem imposto nem sobre a carne. E é isso que nós precisamos fazer. Pra quê? Para fazer os pobres subirem um degrau a mais na vida. Quando a gente sobe um degrau a mais, a gente quer subir outro degrau. E eu quero um país, Alcolumbre, Randolfe, governador [Clécio Luís, governador do Amapá], eu quero um país de gente de classe média. Eu não quero ninguém vivendo de Bolsa Família. Eu não quero ninguém vivendo de favor do governo, porque a coisa que dá mais orgulho pra gente é a gente viver com o nosso salário ganho às custas do nosso trabalho, às custas da nossa especialidade, às custas daquilo que é a capacidade que a gente tem de produzir, às custas daquilo que a gente aprendeu. É por isso que eu faço escola. Porque eu quero que os meninos estudem. Eu quero que o menino tenha uma profissão. Porque um homem com profissão, ele vai ganhar mais, ele vai poder cuidar da sua família melhor, ele vai poder cuidar do seu filho melhor.
E quero que as meninas estudem. Porque as meninas com profissão, elas não vão morar com homem atrás de um prato de comida. Ela vai morar se ela gostar. Ela vai morar com quem ela quiser, se ela gostar. A gente não quer que uma pessoa viva com outra por dependência econômica, mas sim por amor. Por amor. A gente quer que morem juntos. E é por isso que a mulher tem que ter uma profissão. Porque se o cara chegar em casa: “amor, me dá a toalha. Amor, me traz a cueca. Amor, muda de canal. Amor, me traz uma cerveja”, a mulher fala: “Vai você pegar. Vai você pegar”.
Porque as mulheres, as mulheres já aprenderam ir pro mercado de trabalho pra trabalhar. E muitas mulheres trabalham fora. Mas nós, os homens, ainda não aprendemos ir pra cozinha ajudar nossa mulher. Nós ainda não aprendemos a limpar banheiro. Não aprendemos a trocar a fralda de criança. Não aprendemos a dar mamadeira pra criança. Então é preciso que nós, os homens, tenhamos consciência de que quando a gente vive junto com uma pessoa é pra construir parceria. Todo mundo tem que limpar a casa. Todo mundo tem que lavar roupa. Todo mundo tem que cuidar das coisas. E cada um faz aquilo que bem entender. Porque a vida da mulher não é na cozinha. A vida da mulher não é no tanque. A vida da mulher não é no ferro. A vida da mulher é onde ela quiser. Onde ela quiser estar. Por isso que nós temos que fazer com que as mulheres aprendam a profissão.
Gente, eu vou embora porque eu tenho duas agendas ainda em Belém. Ainda tenho que inaugurar um conjunto habitacional. Ainda tenho que fazer uma visita ao Basa, lá no estado do Pará. E amanhã eu vou visitar as obras do Parque da COP30 e quero dizer pro governador: eu ouvi seu discurso, eu ouvi o discurso da Alcolumbre, e vou dizer uma coisa pra vocês.
O mundo não sabe o que vocês falaram aqui. O mundo não sabe. O mundo não sabe que os países desenvolvidos desmataram todas as suas florestas para crescer. E agora eles querem que nós, dos países em desenvolvimento e os mais pobres, que ainda tem floresta, que a gente não corte uma árvore. Na verdade, a gente não quer cortar. Mas eles têm que saber que para ajudar a gente a preservar eles têm que pagar.
Porque embaixo de cada copa de árvore tem um trabalhador, tem uma mulher, tem um homem, tem um pescador, tem um seringueiro, tem um extrativista que querem viver, que querem ter acesso aos bens materiais que todo mundo tem. Ou eles acham que o seringueiro quer viver no meio do mato ouvindo o barulho de grilos. Não! A gente quer ter televisão moderna, a gente quer ter telefone, a gente quer ter carro, a gente quer tudo que a gente não tem. Por que eles podem ter e a gente não? Então eles têm que pagar. Mas eles não pagam, eles só prometem.
E nós estamos assumindo um compromisso, governador, que até 2030 a gente vai ter desmatamento zero nesse país. E eu agora vou utilizar o Amapá como exemplo. Quem vier falar, quem vier falar, quem vier falar da Amazônia pra mim, quem vier falar em desmatamento pra mim, eu vou dizer: escuta aqui, vocês por acaso conhecem o Amapá?
Vocês sabem que é o estado mais cuidadoso do mundo que o meio ambiente? Você sabe que lá 93% da floresta está em pé? Você sabe que lá as pessoas vivem do extrativismo? As pessoas cuidam com carinho? Não é por medo de vocês, é porque eles sabem a importância de preservar. Vocês querem que eles continuem? Vocês querem que eles continuem? Paguem! Paguem! Se vocês rasparam o cabelo de vocês, nós temos cabelo ainda, paguem! E nós vamos fazer a COP aqui.
Eu marquei a COP em Belém. Porque a COP não é uma coisa do Pará, nem de Belém, nem do Brasil. A COP é um evento da ONU. E a ONU escolheu o Brasil, o Brasil escolheu o Pará e o Pará escolheu Belém. “Ah, mas em Belém não tem hotel, não tem tudo”. Olha, é bom que não tenha. É bom que eles tomem uma picada de carapanã. É importante, é importante que eles vejam a situação que vivem as pessoas que planejam a preservação ambiental. Vai ser feito lá para eles saberem como é que vive o povo da Amazônia.
Porque é muito fácil sair de Nova York e falar da Amazônia. Venha para a Amazônia! E ainda, eu sou favorável e eu sonho que um dia a gente não precise de combustível fóssil. Eu sou favorável. Eu acho que um dia a gente não vai precisar de combustível fóssil. Mas esse dia está longe ainda. A humanidade vai precisar por muito tempo.
E isso eu estou falando para vocês, porque tem gente que fala que não pode pesquisar a margem equatorial pra saber se a gente tem petróleo. Primeiro, ninguém nesse país tem mais responsabilidade do que eu. [Responsabilidade] Climática. Eu quero preservar, mas eu não posso deixar uma riqueza que a gente não sabe se tem e quanto é a dois mil metros de profundidade, enquanto a Suriname e a Guiana estão ficando ricos, às custas do petróleo que tem a cinquenta quilômetros de nós.
Então, esse moço aqui, esse moço aqui [Rui Costa, ministro da Casa Civil], que de vez em quando sorri, tem a incumbência de a gente acertar com o Instituto de Meio Ambiente do Brasil [Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], que a gente não vai fazer loucura. A Petrobras é a empresa que tem mais tecnologia no mundo de prospecção de petróleo em águas profundas.
Eu não quero estragar um metro de coisas aqui, mas ninguém pode proibir a gente de pesquisar para saber o tamanho da riqueza que a gente tem. Ninguém pode. Então, nós vamos trabalhar muito. Quero que o governador saiba, que os senadores saibam, que a gente não vai fazer nenhuma loucura ambiental. Não vai fazer nenhuma loucura ambiental. Mas a gente tem que estudar. A gente tem que assumir compromisso de que a gente vai ser muito responsável. A gente vai cuidar com muito carinho. A gente não quer poluir um metro de água, um metro, um milímetro de água.
Mas também ninguém pode proibir que a gente deixe o Amapá pobre se tiver petróleo aqui no Amapá. É apenas uma questão de bom senso. É apenas uma questão de bom senso. Aí, tem gente que fala: “mas, presidente, vai ter a COP aqui, vai ser muito ruim”. Vê se os Estados Unidos estão preocupados. Vê se a França, a Alemanha, a Inglaterra estão preocupados. Não, eles exploram quanto puder. É a Inglaterra que está aqui na Guiana. É a França que está aqui no Suriname. Então, só nós que vamos comer pão com água? Não. A gente também gosta de pão com mortadela. A gente gosta. A gente gosta de coisa boa.
Hoje, eu comi um cuscuz com dois ovos fritos. Quem é que não quer? Eu estou comendo agora ovo de pata. Ovo de pata que diz que tem mais sustância. E como eu sou um jovem de 79 anos, eu tenho que comer muito ovo de pata. Ovo de galinha fica pra vocês, que são jovens.
Eu estou comendo agora, sabe o que? Ovo de ema. O ovo de ema é deste tamanho. Um ovo de ema equivale a 12 ovos de galinha. E eu fui pesquisar se eu podia comer. E eu posso comer. Porque eu tenho 70 emas lá no Palácio do Alvorada. 70 emas. E elas botam um ovo, ó, do tamanho da cabeça de vocês. E eu, agora, estou comendo ovo de ema. E agora, estou criando jabuti. Tenho 11 jabutis. Tinha 7, 5 machos e 2 fêmeas. Eu achei que era muito sofrimento pras 2 fêmeas. Aí, arrumei mais 5 fêmeas. Os jabutis estão na felicidade só com as “jabutias”. E eles botam ovo também. Qualquer dia eu vou comer ovo de jabuti também. Porque tudo que é ovo é igual, gente. Tudo que é ovo é igual.
Já que eu não tenho o tucunaré assado, que eu comia na casa do Waldez [Waldez Góes, ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional], o melhor tucunaré que eu já comi na vida foi na casa do Waldez, quando ele gostava de mim e me levava um tucunaré. Agora, ele só leva o tucunaré pro Randolfe. Então, pro Randolfe e pro Alcolumbre. É só pros dois. Então, eu comi o tucunaré assado mais fantástico. Já que eu não tenho tucunaré, eu vou dos meus ovos de pata, de tartaruga e de... Não, ainda não comi. Ainda não comi ovo de tartaruga. Não comi ovo de tartaruga, não. Mas diz que é igual. Diz que é igual. Açaí pode comer com ovo? Não sabia. Eu vou abrir o ovo de ema, vou colocar açaí dentro, e vou ver que gosto tem.
Gente, fiquem com certeza do seguinte: nós temos que derrotar as mentiras. Não é o Lula que tem que derrotar, o Alcolumbre, o governador. Não. São vocês. A gente não pode repassar mentira pra frente. A gente não pode repassar. Quando a gente vê uma mentira descarada de um político qualquer, falando bobagem, a gente tem que apagar e não passar pra frente. Porque, se não, a gente tá dando corda pra mentira ganhar da verdade. E eu tenho um compromisso comigo. Um compromisso com vocês. E tenho um compromisso com a minha mãe. Eu vou derrotar a mentira nesse país. A verdade vai vencer. Pode ficar certo. A verdade vai vencer.
Nós vamos derrotar a mentira construindo as coisas que vocês querem. Fazendo aquilo que o povo necessita. É mais casa, é mais escola, é mais segurança, é mais saúde, é tudo mais que vocês têm direito.
Porque se tem alguém que tem direito de crescer é o povo brasileiro e o povo do Amapá. Um beijo no coração, gente. Muito obrigado a vocês, que Deus abençoe cada mulher, cada homem. E que a gente possa ter certeza que esses meninos de vocês que fazem política aqui, são gente muito especial: Randolfe, Alcolumbre e o Clécio são pessoas muito especiais, que nós precisamos ajudá-los a fazer as coisas de bem para o nosso povo. Às mulheres, um beijo no coração. Aos homens, um beijo no coração. E a todos vocês um beijo na testa.
Um abraço.