Pronunciamento do presidente Lula durante anúncios de investimentos no Rio Grande do Norte
Meus queridos companheiros e companheiras do Rio Grande do Norte, primeiro, eu queria contar um caso para vocês. Eu falei com meus ministros que a gente tem que falar pouco. E eu disse para eles que cada um deveria falar só cinco minutos. Por uma razão muito simples: vocês pensam que é pouco falar cinco minutos.
Mas, quando eu viajo para uma reunião do G7, que eu sou convidado para participar da reunião dos países mais ricos do mundo, eu chego lá, e eu só falo cinco minutos. O Biden só fala cinco minutos. Todo mundo só fala cinco minutos. Eu viajo 18 horas de avião pra China. Quando eu chego lá, eu falo cinco minutos. Xi Jinping (presidente da China) fala cinco minutos. Biden (Joe Biden, presidente dos Estados Unidos) fala cinco minutos. Macron (Emmanuel Macron, presidente da França) fala cinco minutos.
Eu estou indo domingo para a Rússia. Eu vou pra Kazan participar da reunião dos Brics. Então, o meu discurso é escrito para cinco minutos. Em cinco minutos, se a gente organizar as ideias, a gente fala muita coisa.
Eu fui gravar o discurso do 7 de setembro, que eram quatro minutos e quarenta segundos. Parecia uma eternidade. Não acabava mais de gravar. Porque quando as ideias estão bem colocadas, a gente fala tudo que a gente tem que falar de forma sucinta. Mas eu não pude impor à governadora (Fátima Bezerra, governadora do RN), que é a autoridade maior no estado dela, os cinco minutos.
Bem, uma coisa eu queria dizer para vocês. Eu tenho... Primeiro, eu quero agradecer a todos os ministros e queria dizer para vocês que só é possível um governo ser bom se ele tiver bons ministros. Se um maestro não tiver bom músico, ele não será um grande maestro. Se um técnico de futebol não tiver grandes jogadores, ele não será um grande técnico de futebol. Da mesma forma, um prefeito, um governador e um presidente da República, eles não seriam grandes presidentes, não dariam as coisas certas, se não tivesse uma equipe azeitada, uma equipe preparada.
E eu queria agradecer ao Nordeste brasileiro, porque o Nordeste brasileiro nos últimos 20 anos, Garibaldi (senador Garibaldi Alves Filho), tem sido a região do país que tem eleito a melhor safra de governadores que esse país já conheceu, o Nordeste brasileiro. E muitos deles estão no meu governo. Muitos deles. O companheiro Wellington Dias (ministro do MDS), que é o mais novo, tem 16 anos no governo do Piauí.
O companheiro Camilo (Camilo Santana, ministro da Educação), sabe, junto com o Ciro, tem 16 anos no estado do Ceará. O companheiro Renan (Renan Filho, ministro dos Transportes) tem oito anos no estado de Alagoas.
O companheiro, quem mais está aqui? O companheiro Paulo Câmara, que é um companheiro que eu roubei de Pernambuco para ser presidente do Banco do Nordeste, porque tinha uma história que o Banco do Nordeste não emprestava dinheiro para a prefeitura e não emprestava dinheiro para o governo do estado.
E eu fiquei pensando o porquê que não pode emprestar. Se a cidade tiver capacidade de endividamento e se o estado tiver capacidade de endividamento, o banco tem que emprestar. E, é por isso, que, com muito orgulho, eu venho aqui mostrando que o companheiro Paulo Câmara assinou aqui o maior empréstimo do BNB já ao estado do Rio Grande do Norte.
E o Paulo Câmara está administrando o BNB da mesma forma competente que ele administrou o estado de Pernambuco. E tem aí um jovem como o meu companheiro Jader. O Jader (Jader Filho, ministro das Cidades) nunca foi governador, mas ele é filho de um cara que já foi deputado, que já foi senador, que já foi governador, que já foi senador e que é senador, e que é senador, que é o Jader Barbalho, o primeiro cara que eu conheci como oposição no estado do Pará.
E tem um irmão que é governador, já por oito anos, vai completar. E ele era administrador das coisas da família e tem demonstrado muita competência. E tem o companheiro Silvio Costa (Silvio Costa Filho, ministro dos Portos e Aeroportos) que é um jovem pernambucano. É uma daquelas gratas promessas, como se eu fosse um técnico de futebol, teria contratado um jogador que pode se transformar num excelente quadro administrativo do país. E tem um pai que é uma pessoa que eu adoro muito, que é o Sílvio Costa, o pai dele que foi deputado federal, e ele que também foi deputado federal.
E tem o Márcio, que é de Aracaju, companheiro criado na política estudantil, companheiro, sabe, filho político do Marcelo Déda, e os dois eram filhos políticos meus. Então, a equipe é das mais extraordinárias que tem. Vocês percebem que poucas vezes a imprensa trata: “O Lula vai mudar ministério?” Ninguém pergunta mais.
Porque no mandato passado, todo dia eu tinha que responder: vou trocar ministério, vou trocar ministério, e eu não tenho nenhum interesse e nenhuma pressa de mexer no time que está ganhando. Essa é a primeira coisa que eu queria dizer para vocês. Obrigado aos companheiros ministros.
E tem um companheiro, um companheiro da competência do Carlos Vieira, que foi, aqui da Paraíba, para me ajudar na Caixa Econômica Federal e eu tenho um grato prazer de ter o companheiro. E é um companheiro indicado por uma pessoa que não é do PT.
Uma demonstração de que eu fui eleito num partido político que só tem 70 deputados em 513. Só tem 9 senadores em 81. Matematicamente, era impossível o meu governo dar certo porque tem 513, e eu só tenho 70. Porque tem 81 senadores, e eu só tenho 9. E, até agora, nós conseguimos aprovar tudo que a gente queria aprovar no Congresso Nacional.
Por isso, a minha gratidão. A minha gratidão à democracia, a minha gratidão à relação civilizada que nós conseguimos estabelecer entre o poder Legislativo, o poder Executivo e agora também com o poder Judiciário.
Quero também falar bem do Maurício Muniz (subchefe da Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento), que está ali atrás. Vocês pensam que as pessoas que estão na fileira de trás são menos importantes. Mas o Maurício é efetivamente o grande maestro, junto com o Rui Costa e o Camilo Belchior, da coordenação do PAC. Ele já participou comigo quando a Dilma era ministra da Casa Civil na construção do primeiro PAC, depois do segundo PAC, agora do terceiro PAC e, se Deus quiser, vai continuar no quarto, no quinto, porque quem tem competência precisa continuar.
Agora, uma coisa extremamente importante que me deixa emocionado aqui é que uma das imagens mais marcantes que eu tenho do Rio Grande do Norte foi a minha vinda aqui no segundo turno da campanha de 1989. Eu acho que poucos políticos terão a chance de ver as imagens que eu vi quando desci naquele aeroporto e subi em cima do caminhão.
Eu, sinceramente, uma das imagens mais bonitas que eu vi, do aeroporto até o centro da cidade: eram milhares e milhares de mulheres, homens, crianças em cima das passarelas. Eu nunca pensei que Natal tivesse tantos habitantes como tinha.
E, por isso, eu sou agradecido ao Nordeste, não só pelo que o Nordeste fez comigo durante os processos eleitorais, mas sou agradecido porque também foi no Nordeste que eu nasci. Foi na cidade de Caetés, em Pernambuco.
E, quando eu dedico um tempo especial ao Nordeste, eu não posso esquecer de dizer que eu sou casado com a paranaense, que é a companheira Janja, a quem eu devo muito, a quem eu devo muito pela motivação de trabalho e pela motivação de vida.
Afinal de contas, um jovem, Garibaldi, de 79 anos, que eu vou completar dia 27, apaixonado, não é brincadeira. Não é brincadeira. Se preparem, porque esse jovem tem vigor, tem vontade de trabalhar, e eu só me canso quando eu descanso. Quando eu sento para descansar, eu me canso. Mas, de trabalhar, eu não me canso.
E é por isso que eu viajo o Brasil. É por isso que eu viajo o mundo, porque é preciso restabelecer o papel do Brasil na democracia mundial. A terceira coisa importante, eu poderia avocar a experiência do companheiro Garibaldi, sabe, que foi o governador desse estado, foi um político muito importante nesse estado.
E o Garibaldi sabe que ele já plantou um fruto, porque uma boa árvore produz bom fruto, e o filho dele é vice-governador. Eu tenho certeza que vai seguir a mesma carreira vitoriosa do pai.
E eu poderia avocar a experiência do Garibaldi para dizer o seguinte, eu falo sem medo de errar: eu duvido que, em algum momento da história desse país, teve um Governo Federal que colocou tantos recursos em todo o Nordeste como eu coloquei. Duvido. Podem os professores fazerem pesquisa, podem os professores analisarem o que foi, desde quando vocês quiserem. Peguem o imperador Dom Pedro II e analisem quem foi que mais investiu.
Aliás, é importante lembrar que eu não fiz apenas as estradas entre as cidades mais importantes e a capital; entre Campina Grande e João Pessoa; entre Caruaru e Pernambuco; entre Arapiraca e Maceió; entre Fortaleza e o quê? Entre Fortaleza e o mundo. Eu fiz uma obra que Dom Pedro II quis fazer em 1846, que era a tão sonhada, a tão almejada, a tão propalada, a tão, sabe, aplaudida e criticada, que era a transposição do rio São Francisco.
Levando água para uma região que assolava 12 milhões de almas que têm uma história de meio século de fugir para o Sul do país à procura de sorte. Foi assim que eu fui para São Paulo. Eu não fui para São Paulo para estudar. Eu não fui para São Paulo para fazer turismo. Eu não fui para São Paulo para trabalhar. Eu fui para São Paulo para não morrer de fome. E, assim, milhões de nordestinos foram para lá.
E aí tem muita gente que fica invocado dizendo que a gente favorece muito o Nordeste, que a gente faz muito subsídio para o Nordeste. Eu queria dizer duas coisas.
Primeiro, eu estava cansado de ler na imprensa que, quando se falava de mortalidade infantil, o Nordeste era o primeiro colocado. Quando se falava de analfabetismo, o Nordeste era o primeiro colocado. Quando se falava de pobreza, o Nordeste era o primeiro colocado. Quando se falava de evasão escolar, o Nordeste era o primeiro colocado. Quando se falava na região que tinha menos professores, menos universidades, menos mestres e doutores, era o Nordeste.
E eu ficava pensando: não é possível! Se Deus simboliza o amor, se Deus simboliza a justiça, se Deus simboliza a fraternidade, o que é que ele tem contra nós, nordestinos? Por que a gente não tem uma chance? Por que a gente não pode progredir? E a gente não quer ser melhor do que ninguém. Eu não quero tirar nada de nenhum estado desse país. Eu quero apenas que todos tenham a mesma chance, a mesma oportunidade e que todos possam desfrutar.
Porque se o Estado não tiver uma certa interferência, nenhuma indústria vem para o Nordeste. Nenhuma grande universidade quer vir para o Nordeste. Ora, porque as pessoas olham o mapa e veem: no Sudeste do país é que estão os grandes países, sabe, as grandes universidades. No Sudeste do país é que tem a mão de obra mais qualificada. No Sudeste do país é onde tem mais infraestrutura. Ora, por que o cara vai investir no Rio Grande do Norte, em Pernambuco, na Paraíba, no Ceará? Eu prefiro logo para onde já tem tudo pronto e até mercado consumidor.
E o papel do Estado é garantir que todos tenham a chance. Então, quando a gente faz subsídio, quando a gente faz investimento no Nordeste, não é porque a gente está fazendo favor, a gente está fazendo justiça. A gente está tentando fazer com que o país seja mais igual.
Eu quero que os nordestinos viajem para o Sul do país a turismo. A gente não deve viajar para ser pedreiro. As mulheres para ser empregadas domésticas, os homens para ser ajudantes pedreiros. Não. A gente não quer mais. A gente não se contenta mais em ser empregada doméstica. A gente quer ser médica. A gente quer ser psicóloga. A gente quer ser advogada. A gente quer ser o que a gente quiser. E trabalhador também não quer mais ser pedreiro. Não quer ser só pedreiro. Pedreiro é uma boa profissão, mas por que ele não pode tentar ser engenheiro? Por quê?
Então, é esse país que nós estamos com a disposição de construir e, é por isso, que eu tenho orgulho de dizer em qualquer estado, não é aqui no Rio Grande do Norte, não, Garibaldi e Fátima, em qualquer estado que eu chegar, seja em Santa Catarina, seja no Rio Grande do Sul, em São Paulo ou em qualquer lugar do Brasil: eu duvido que um presidente da República tenha colocado mais recursos do que eu coloquei.
E faço isso pelo meu aprendizado sobre democracia. Falo isso pelo meu aprendizado sobre civilidade. Faço isso porque eu acho que o presidente da República, ele tem que entender que os entes federados, municípios e estados têm que ter chance de crescer, têm que ter chance de progredir, porque as pessoas querem melhorar de vida, as pessoas querem melhorar de vida, ninguém quer ficar na mesma que está.
Nenhum pai, nenhuma mãe quer que o filho viva pior do que ele. Todo pai, toda mãe, o grande desejo que tem é que o filho aprenda mais do que eles, se forme mais do que eles, cresça mais do que eles e tenha mais do que eles.
E o que é que nós queremos na vida? Nós queremos ter uma casinha, nós queremos constituir nossa família, nós queremos ter um carro, nós queremos ter um computador, ter um telefone bom. A gente quer ter o direito de almoçar, uma vez ou outra, sabe, no restaurante; de tomar café, almoçar e jantar todo dia; de ter escola de qualidade para os nossos filhos. É por isso que nós estamos investindo na escola integral, não só para melhorar a qualidade de ensino, sabe, para os nossos meninos, mas para dar também mais liberdade à mãe, se quiser trabalhar fora de casa.
Porque, graças a Deus, Fátima, as mulheres estão aprendendo muito rapidamente a entrar no mercado de trabalho. Os homens é que ainda não aprenderam a entrar na cozinha para ajudar a mulher a fazer a tarefa que ela faz.
Então, quando eu venho, aqui, numa reunião como essa, e vejo meus ministros anunciarem a quantidade de coisa que estão anunciando, eu fico feliz e queria pedir à imprensa do Rio Grande do Norte: o povo que está aqui não conseguiu decorar todos os números que foram anunciados pelos nossos ministros, mas vocês gravaram e vocês anotaram.
Por favor, me ajudem a acompanhar as promessas que nós fizemos aqui. Me ajudem a acompanhar se as coisas que nós falamos e prometemos vão acontecer. Porque se vocês não acompanharem e não fiscalizarem, pode ser que alguma coisa não aconteça.
Da mesma forma que eu queria pedir para os companheiros, sabe, do movimento chamado ASA, que cuida da seca no Nordeste e da cisterna, olhasse uma coisa muito grande: faça um levantamento no Nordeste e veja como é que estão 1 milhão e 400 mil cisternas que foram feitas no nosso governo passado, porque pode ser que muitas estão abandonadas. Vocês têm que ajudar a fiscalizar, porque se tem uma coisa que é nobre, é esta cisterna.
Só não sabe o valor de uma cisterna quem nunca teve problema de água. E eu tenho na minha cabeça muito forte. Eu tinha sete anos de idade, quando a gente ia no açude pegar água para beber. Lá, a gente precisava espantar o cabrito, espantar o cavalo, espantar a jumenta para pegar uma água com fezes do lado, com urina do lado, com caramujo do lado.
Aquela água barrenta, a gente levava para casa. A gente não tinha filtro, a gente não tinha educação para ferver a água. A água era colocada numa vasilha, a gente esperava assentar, quando ela assentava, a gente pegava a caneca, tirava para colocar num pote para beber e ficava um metro de lama lá embaixo, com caramujo e com outras coisas na água. É por isso, que muita gente morria de esquistossomose, porque as pessoas não tinham sequer tratamento.
Então, eu vivi isso. Eu sei o que é isso. E eu sei que somente um presidente que conhece isso... Não é um granfino de qualquer outro lugar. Mesmo que esteja do Nordeste, se ele for granfino e nunca tiver passado por isso, ele não vai se lembrar de que o pobre não é invisível, de que o pobre existe e é preciso a gente dar para ele respeito. É preciso a gente dar para ele humanismo, é preciso a gente dar para ele as condições dele sair desse miserê. Porque as pessoas precisam parar de imaginar que pobre gosta de ser pobre. A gente não gosta de ser pobre.
E aí, meus companheiros e companheiras, quando chega o momento de uma eleição, é o momento da gente fazer uma reflexão. A gente tem que pensar, porque eu digo sempre que eleger alguém para governar a gente é como escolher um padrinho para o nosso filho.
Você escolhe um padrinho que você não gosta? Você escolhe uma madrinha que você não gosta? Você escolhe alguém que você não sabe o que é na vida? Você escolhe alguém que não tem biografia? Ora, se você não escolhe alguém dessa magnitude de ruindade para ser governador, para ser presidente, ou melhor, para ser padrinho do seu filho, por que você escolhe alguém ruim para dirigir toda a sua família, toda a sua rua, todo o seu bairro e toda a sua cidade?
Está na hora de a gente assumir, concretamente, o papel que país a gente quer. Analise a história do país. Vocês que têm... Eu vi que tem muito professor e professora... Analise a história deste país. Veja quantos presidentes da República fizeram política de inclusão social. Nunca fizeram, porque o pobre é invisível, o pobre só aparece em época da eleição.
Na época da eleição, o pobre é a pessoa mais importante. Todo mundo paparica, todo mundo abraça, todo mundo beija. Quando terminam as eleições, o pobre não pode passar nem em frente da casa daquele que ganhou as eleições, porque tem segurança.
A gente quando ganha uma eleição, a gente fica de carro aberto, dando a mão para todo mundo. O dia que a gente ganha, a gente é tomado de assalto pela segurança que coloca a gente no carro blindado. A gente não pode nem cumprimentar mais as pessoas.
Então, companheiros e companheiras, esse país, e é essa a razão pela qual eu voltei a ser presidente da República: eu queria provar mais uma vez, mais uma vez eu queria provar, que é possível um torneiro mecânico sem diploma universitário fazer mais do que a elite brasileira já fez pelo povo desse país.
E tenho muito orgulho, tenho muito orgulho. Nós vamos ser o governo que mais investiu em escola de tempo integral. Nós vamos ser o governo que mais investiu na qualidade do ensino médio, agora com o Pé-de-Meia. Você sabe por que nós criamos o Pé-de-Meia? Porque nós descobrimos que 480 mil jovens desistiram da escola no ensino médio para ajudar no orçamento familiar.
E eu ficava pensando com o Camilo: se a gente não cuida desses jovens, o que vai ser um jovem que desistiu da escola com 14 anos de idade? Qual é a perspectiva de futuro de uma menina com 14 anos que parou de estudar para ir trabalhar de empregada doméstica? Para ir trabalhar numa loja ganhando metade do salário mínimo? Que futuro terá essa pessoa? Que país será o Brasil?
Então, a gente resolveu criar um programa chamado Pé-de-Meia e nós estamos criando uma poupança. Cada menino pobre está recebendo 200 reais por mês e, no final do ano, mais mil reais se ele passar de ano. No segundo ano, a mesma coisa. No terceiro ano, a mesma coisa.
Ah, isso é caro? É mais barato do que ter que construir cadeia depois. É mais barato do que ter que fazer prevenção para evitar a quantidade de bandidos. Então, esse país está na nossa mão para construir.
Eu digo sempre para as meninas e para os meninos: por que é importante um jovem estudar? Porque eu fui procurar emprego sem ter profissão. Eu sei a amargura de um pobre trabalhador que sai de manhã para procurar emprego sem profissão. Ele não é nem ouvido. Ninguém pede nem a carteira profissional dele e, quando ele é contratado, é para fazer o pior serviço que tem na cidade. É para limpar esgoto. É para varrer o lixo que os ricos jogam na rua. É para limpar a fossa.
Eu sei como é a vida da gente. E as meninas? Por que as meninas têm que estudar? Porque uma mulher com estudo, ela conquista uma coisa sagrada: é a independência dela. Ela não precisa, ela não precisa morar com alguém que ela não gosta por causa de um prato de comida. Ela não precisa. Ela vai morar com quem ela quiser, do jeito que ela quiser.
É assim que a vida vai melhorar para todo mundo. E esse país está nas nossas mãos. Nós poderemos fazer desse país um país justo. Esse país não pode eleger alguém que seja mentiroso. Alguém que passa o dia inteiro contando mentiras. Alguém que fica fazendo fake news. Alguém que fica desrespeitando as pessoas. Alguém que não respeita pesquisador. Alguém que não respeita a medicina. Alguém que inventou remédio para combater uma tal de covid-19 e é responsável pela morte de 700 mil pessoas, no mínimo.
Ou seja, então, eu posso dizer para vocês que essa é a razão pela qual eu voltei. Meu mandato termina dia 31 de dezembro de 2026. Eu estou apenas com um ano e dez meses de governo. E desafio qualquer um a calcular. Veja se o governo passado fez, em quatro anos, o que nós fizemos em apenas um ano e dez meses. Sabe?
Sabe qual é, sabe qual é a diferença entre eu e eles? É que eu não sou o presidente da República. Eu sou vocês. São vocês que presidem este país. É vocês que ajudam a construir as políticas públicas que nós fazemos. É por isso, que hoje eu lancei um programa para combater a fome e a pobreza neste país, onde foi assinado 19 portarias com o ministro Wellington e com o ministro Paulo Teixeira.
Para a gente poder fazer com que a gente dê cidadania ao pequeno e médio produtor brasileiro. Para que ele possa produzir alimento de qualidade. Para que ele possa produzir alimento sem veneno. Para que a gente possa comer uma comida saudável.
É por isso, que nós vamos lançar sexta-feira um programa chamado Acredita, que vai ser a maior política de crédito da história desse país. Para mim, micro e pequeno empreendedor, para pequeno e médio empresário.
E se vocês pegarem a história, vejam qual foi o governo que fez lei para ajudar o pequeno. Quem é que usou a lei geral da pequena e média empresa? Fomos nós. Quem é que fez o MEI? Somos nós. Quem é que fez a política de pequeno e média empresa? Fomos nós. Quem é que criou a política de crédito para os bancos financiar o pequeno? Fomos nós.
Por quê? Porque os pobres não são números. Eles são seres humanos. Eles são homens e mulheres nesse país, que têm que ser enxergados como seres humanos. E a única coisa que eu quero é que a gente volte a ser humanista. A gente volte a ser humanista. O humanista tem que ter fraternidade. O humanista tem que ter solidariedade. O humanista precisa gostar e estender a mão para aquele que tem menos oportunidade. Esse país pode ser um grande país, muito melhor.
Por isso, eu estou satisfeito de vir aqui e dizer para a companheira Fátima: você vai ter, você vai ter, nesse nosso mandato, aquilo que você só viu o Rio Grande do Norte ter no outro mandato, porque a Wilma (de Faria, ex-governadora do RN) é uma parceira muito grande. Eu quero que você saiba que não irá lhe faltar nada para que você possa terminar o seu mandato sendo a melhor governadora da história desse estado.
Por que? Sabe, não é porque ela é do PT, é porque ela é uma mulher. E eu acho que as mulheres precisam compreender que não somos nós, homens, que decidimos onde vocês vão, o que vocês vão fazer. Vocês estão cada vez mais sendo donas da decisão de vocês. E esse país, esse país precisa empoderar as mulheres, para que elas possam em todas as esferas decidir as coisas, produzir as coisas, criar e executar.
É por isso, Fátima, que você pode ter certeza de que eu, seu companheiro, não lhe faltarei, porque jamais eu faltarei ao povo do Rio Grande do Norte, que foi tão generoso.
E um abraço. Que Deus abençoe a todos vocês, que Deus abençoe a Fátima e que esse estado continue progredindo. Um beijo no coração de vocês.