Pronunciamento do presidente Lula durante visita a comunidade em Manaquiri (AM)
... A cabrita, o cavalo, o bode, e a gente ia lá com uma cuia pegar a água para beber. Naquele tempo a gente nem tinha educação para ferver a água. Não tinha filtro. E a gente bebia aquela água do jeito que a gente colhia. A gente colocava em um outro pote para ela assentar. E quando ela assentava ficava um palmo de terra e de sujeira. A gente pegava com uma canequinha para beber.
Então eu sei como é que as pessoas vivem. Eu sei do sofrimento das pessoas. E eu sei o que a água não potável pode fazer na saúde das crianças, pode fazer na saúde das mulheres, pode fazer na saúde dos homens.
E sei que nesse país muita gente não tinha dente por causa da má qualidade da água que bebia desde criança. E, por isso, nós criamos um programa chamado Brasil Sorridente, para garantir que o povo pobre tenha acesso ao dentista.
E a questão da água, a gente também vai fazer com que vocês tenham direito à água. Está aqui o ministro da Integração (Waldez Góes) está aqui. Eu trouxe ele porque ele é um companheiro que conhece a Amazônia porque ele é de Macapá, é do estado do Amapá. E ele sabe que a gente tem condições de vir aqui e cavar os poços necessários para que as pessoas tenham uma água de qualidade para beber.
E mais ainda, quando eu for embora daqui, nós trouxemos uma quantidade de filtros de São Paulo. Esses filtros vão ser distribuídos nas comunidades. E esse filtro dá para filtrar água para 5 mil pessoas em 24 horas. E esse filtro você pode pegar a água do rio do jeito que ela está, colocar no filtro. A hora que a água filtrar, você pode tomar um copo de água na hora que a água está saudável, está potável.
E nós vamos começar distribuir aqui e fazer com que outros filtros cheguem aqui. Já chegou na Base Aérea. Agora, vamos ter que colocar a estrutura, governador, para ver como é que esse filtro pode ser distribuído nas comunidades e ensinar as pessoas a utilizarem esse filtro. Segundo o Waldez, é muito simples utilizar esse filtro. Então, tem 150 filtros e cada um pode filtrar até cinco mil litros de água por dia.
Está é uma questão apenas emergencial. Mas o que nós vamos fazer mesmo é dar um jeito de cavar poço para que vocês tenham, sabe, tenham (inaudível). Por último, eu trouxe todos esses ministros aqui porque, por exemplo, o ministro dos Portos (Silvio Costa) vai ter que fazer a dragagem de muitos rios aqui. Vai ter que fazer dragagem porque tem rio que está totalmente assoreado, a gente vai ter que tirar o excesso de terra para que o rio tenha peixe e se possa navegar.
Eu trouxe o ministro da Integração para ele fazer as coisas que tem que fazer, sobretudo, na questão da água. Eu trouxe o ministro do Desenvolvimento Social (Wellington Dias) para que ele saiba que é importante a gente ver se todo mundo aqui está sendo bem atendido na questão social, no PAA, que é do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Eu trouxe a ministra da Saúde (Nísia Trindade) para ela ouvir se a saúde está boa, se não está boa. Eu trouxe a ministra dos Povos Indígenas (Sônia Guajajara) para ela saber se os indígenas estão sendo cuidados aqui nessa comunidade. E trouxe aqui o nosso ministro da Casa Civil (Rui Costa). Esse é o cara que veio aqui, porque ele está anotando tudo. Quando a gente voltar, ele vai convocar uma reunião com todos os ministros, vai convocar, possivelmente, o governador do estado (Wilson Lima), e nós vamos definir uma política de atuação no estado do Amazonas.
É preciso parar com essa história de achar que é a companheira Marina (Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima) que não quer construir a BR-319. Essa BR-319, ela foi construída nos anos 1970, ela foi abandonada por desleixo não sei de quem. Ela foi ficou sem funcionar e, hoje, a rodovia, sim, ela tem uma parte para cá que funciona, uma parte para cá que funciona, e, no meio, são 400 quilômetros que foram inutilizados.
E eu quero dizer para o governador, quero dizer para o senador Omar Aziz, para o senador Eduardo Braga, eu já conversei muito com eles, conversei quando eles governadores do Estado. Nós vamos chamar vocês para discutir essa BR-319. Nós queremos, queremos pactuar, governador, com o estado. O estado e a Federação.
Nós vamos ter que garantir que nós não vamos permitir o desmatamento e a grilagem de terra próximo da rodovia, como é habitual acontecer nesse país. Se a gente faz uma rodovia, daqui a pouco está destruindo do lado direito, do lado esquerdo. Tem gente queimando, tem gente grilando, tem gente matando, tem gente criando gado onde não é necessário criar gado.
Então, é uma estrada, é uma estrada olhada pelo mundo. Pelo seguinte: o Brasil ficou muito importante. Hoje, governador, nós abrimos em apenas 19 meses de governo 183 novos mercados para os produtos agrícolas brasileiros. E o mundo, que come o nosso alimento, ele está exigindo que a gente preserve a Amazônia. E por quê? Porque eles estão querendo que a gente cuide do ar que eles respiram. Não é? Porque eles não preservaram a terra deles nos séculos passados, há duzentos (anos), quando houve a Revolução Industrial. E nós queremos utilizar a Amazônia não como um santuário da humanidade. Nós queremos utilizar a Amazônia como um patrimônio soberano desse país e estudar a riqueza da biodiversidade para saber se a gente consegue fazer com que os povos indígenas, os povos ribeirinhos, o nosso seringueiro, os nossos extrativistas, vivam e ganhem o dinheiro por conta da preservação da Amazônia.
É isso que nós queremos. E é um compromisso meu, governador, assumido aqui em Manaquiri. O Rui Costa (trecho inaudível) com a ministra Marina, e a gente vai chamar o governador, vamos chamar os senadores, vamos chamar o ministro do Transporte (Renan Filho), o ministro do Casa Civil, a ministra do Meio Ambiente. Vamos chamar quem mais for necessário para a gente dizer: essa estrada agora vai começar a ser feitos 50 e poucos quilômetros. Mas, enquanto esses cinquenta e poucos quilômetros forem construídos, nós vamos preparar, vamos preparar o Estado para que a gente possa entregar, definitivamente, a ligação entre Manaus e Porto Velho (inaudível). Porque nós temos consciência de que quando o rio estava navegável, cheio, podia ter barco grande, a rodovia não tinha a importância que tem quando o Rio Madeira está vazio e todos os outros rios estão vazios.
E nós não podemos deixar duas capitais isoladas. Nós vamos fazer com a maior responsabilidade, governador, e queremos construir uma parceria de verdade. Uma parceria de verdade. E nós temos consciência que nós podemos fazer a coisa da melhor maneira possível.
No mais, companheiros, eu quero dar um beijo no coração de cada um de vocês. Cada um de vocês que estão aqui, teve até uma mulher grávida que disse que vai nascer em janeiro e que vai se chamar Luiz Inácio. Então, cuidem desse moleque para ele crescer com saúde. Oh, Nísia manda o responsável pela saúde cuidar dessa mulher para que ela tenha um Luiz Inácio mais bonito do que eu.
Gente, um beijo no coração.
Que Deus abençoe vocês.
E podem ficar certos de que a gente vai cuidar dos problemas de vocês.
Um abraço!