Pronunciamento do presidente Lula durante inauguração do Complexo de Energias Boaventura
Olha, essa companheira, na hora em que nós fomos tirar a fotografia, ela mandou o recado que ela gostaria de ser chamada no palco, porque ela tinha feito uma camisa para mim e queria me entregar. Seu nome qual é? Adriana Hosana. Então, ela está me entregando uma camisa…
Vocês vejam porque a gente não pode acreditar em fake news. Essa companheira, eu fui avisado que a companheira queria me dar uma camisa, uma camisa que ela fez. E eu peguei a camisa, agora que ela está aqui eu descobri que aquela camisa, o que ela quer é uma assinatura na camisa. Então, agora eu vou fazer a assinatura dela.
Esse caso é importante, porque o dia de hoje é um dia, sobretudo para mim, muito especial, muito. Eu não vou falar da Petrobras aqui para não ficar emocionado, como eu fiquei no Paraná. Mas eu lembro, querida Magda [Chambriard, presidente da Petrobras], querido Alexandre [Silveira], ministro de Minas e Energia e a nossa Magda, presidente dessa empresa. Eu lembro da quantidade de brigas que eu fiz durante a campanha de 2002 para tentar convencer a sociedade brasileira que a Petrobras poderia ser uma empresa mais forte, que a gente poderia fazer a Transpetro produzir navio aqui, que a gente poderia produzir as sondas, que a gente poderia produzir plataforma.
E eu lembro que nós fomos desacreditados pelo ex-presidente da Petrobras, que depois morreu, que Deus o tenha. E eu lembro das brigas com o José Eduardo Dutra [ex-presidente da Petrobras], com o José Sérgio Gabrielli [ex-presidente da Petrobras]. Eu lembro que quando eu fui inaugurar o estaleiro lá em Pernambuco, na volta nós passamos na Bahia e a gente precisava comprar plataforma e o Zé Sergio Gabrielli foi me avisar que a gente estava importando 28 sondas, ele e o Estrella [Guilherme Estrella, diretor de Exploração e Produção da Petrobras].
Eu fiquei tão profundamente irritado que eu falei: Zé Sergio Gabrielli, deixa eu lhe dizer uma coisa, se você importar 28 sondas, a mesma mão que pegou a caneta para assinar a sua posse, irá assinar a sua demissão de presidente da Petrobras, porque nós temos que provar que nós temos capacidade de fazer. Ele dizia: “ah, mas os empresários não têm capacidade de fazer”. Eu fiz uma carta aos empresários e os empresários me responderam o seguinte: “presidente Lula, realmente nós não temos condições de fazer a sonda. O que nós queremos sugerir ao senhor é que importe apenas 12, que nós vamos nos preparar para fazer as outras 16”.
E foi assim que nós fizemos, e assim a gente começou a produzir as coisas no Brasil. Estabelecemos uma cota de 65% de componente nacional em tudo o que a gente fazia na Petrobras. Isso para mim foi uma coisa extraordinária, porque o Estado e uma empresa pública como a Petrobras, ela serve não apenas para lucrar. Ela serve para prestar serviços ao conjunto da população e uma parte da possibilidade do seu ganho tem que ser revertido em benefício inclusive do desenvolvimento nacional.
E por que as compras governamentais são importantes estar na mão do governo? Por que que a gente agora não quis assinar com a União Europeia um acordo que a gente ia ceder para eles compras governamentais? Porque, na verdade, nas compras governamentais é a possibilidade que o Estado tem de favorecer pequenas e médias empresas brasileiras a produzirem aqui no Brasil, com tecnologia brasileira, com mão de obra brasileira, com salário brasileiro, com aço brasileiro, para que a gente possa então fazer com que esse país cresça, se desenvolva.
A gente não pode ser um mero importador de tudo, é importante. Foi por isso, Magda, que eu pedi para o Lazaro Brandão, na época, tirar o Roger Agnelli da presidência da Vale, também que Deus o tenha, porque ele morreu no acidente com a família, porque eu estava com um esforço imenso para construir estaleiro no Brasil, um esforço imenso para convencer o mundo de que a gente poderia construir navio para exportar as nossas coisas. Porque a gente tinha um déficit na balança comercial de frete muito grande, e aí a Vale compra três navios da China de 400 mil toneladas.
Eu fiquei muito p. da vida, muito p. da vida. Eu falei: não é possível, não é possível que essas pessoas não tenham nenhuma noção da importância desse país ser dono do seu nariz. Nós somos um país grande, muito grande, e esse país precisa gostar de ser grande, gostar de ser respeitado. E quando se trata de petróleo, a gente sabe que desde 1953, quando o presidente Getúlio Vargas pensou em criar a Petrobras, é só vocês andarem um pouco para trás no passado e verem a quantidade de editoriais contra, dizendo que o Brasil não tinha que ter petróleo, não tinha que pesquisar, a gente tinha que continuar importando dos Estados Unidos.
Esse era o complexo de vira-lata que ainda perdura até hoje na cabeça de muita gente. Quantas vezes já tentaram privatizar a Petrobras? Quantas vezes já tentaram mudar de nome a Petrobras? Quantas vezes já disseram: “não, nós temos que vender a Petrobras porque o petróleo vai acabar e a gente vai ficar com uma empresa que não presta para nada”. É um bando de imbecil que fala isso. É um bando de imbecil! Porque o dia que acabar o petróleo, a Petrobras será a maior empresa produtora de biocombustíveis nesse país. Será a maior produtora de etanol desse país. Será a maior produtora de hidrogênio verde desse país. A Petrobras é mais do que uma indústria de óleo e de petróleo, a Petrobras é uma indústria de energia e ela vai produzir o que for necessário.
Bem, eu sei, companheiro Alexandre, que tem gente que fica sentado no sofá se remoendo de raiva porque o Lula está aqui com a camisa da Petrobras. Eu estou aqui com essa camisa da Petrobras porque eu, embora não tenha sido petroleiro, certamente pela minha formação profissional e pelo pouco tempo de escolaridade que eu tive, eu jamais passaria em um concurso da Petrobras. Mas como o povo é mais inteligente do que quem faz concurso, o povo achou que eu deveria ser presidente da República e por isso eu estou aqui na Petrobras com vocês.
E queria dizer para você e dar minha satisfação com o meu ministro Alexandre Silveira, da minha satisfação com a minha presidenta Magda e da minha satisfação com vocês. Esse ato de hoje é, na verdade, uma reparação. Uma reparação ao que muita gente honesta, ao que muita gente trabalhadora sofreu dentro da Petrobras com a denúncia da Lava Jato. Eu sempre digo que se você quiser prender um corrupto, você prende o corrupto. Se você quiser dizer que uma empresa roubou, quem roubou não foram os trabalhadores, foi algum corrupto ou algum corruptor. Então você pega ele e pune, mas deixa a empresa produzir, deixa a empresa gerar emprego, deixa a empresa gerar salário, deixa a empresa gerar renda.
Mas a tentativa não era prender corruptos, a tentativa era desmoralizar a Petrobras aos olhos da sociedade brasileira para depois falar “vamos vender". Como eles sabem que o Congresso Nacional, mesmo sendo um Congresso conservador, iria criar confusão para não deixar venderem a Petrobras, eles resolveram vender ativos da Petrobras. “Vamos fatiar a Petrobras, vamos vender a BR”. Vamos ser francos, companheiros e companheiras, vamos ser francos como trabalhadores da Petrobras e como usuários.
O que melhorou para o consumidor brasileiro a venda da BR? O que que melhorou? Barateou o combustível? Eles estão fazendo entrega na casa da gente? Olha, não está. Eles apenas se apoderaram de uma empresa que daria lucro para a Petrobras para tirar um pedaço da Petrobras. A mesma coisa eles fizeram com a empresa de gás. No primeiro mandato meu, eu comprei uma empresa distribuidora de gás, acho que era Liquigás. Eu comprei para que a gente pudesse não permitir que as outras empresas fizessem o preço que quisessem, para a gente poder regular o preço do gás.
Venderam a Liquigás. O que que melhorou para o povo brasileiro? O que que salvou a Petrobras? Nada, nada. Eles tentaram acabar com a construção de navio, vários estaleiros ficaram paralisados. Ora, o que melhorou para a Petrobras? Nada. Na verdade, piorou, porque a gente tem que pagar frete para levar e para buscar. A gente tem que pagar frete para navios estrangeiros transportarem o que a gente poderia estar transportando com produto brasileiro.
“Ah, mas esse Lula é maluco, porque se a gente importar, vai ficar 30 milhões mais barato, 40 milhões mais barato”. Olha, o que que vale 30 milhões de dólares ou de reais em substituição ao conhecimento tecnológico, a qualificação da mão de obra, a geração de emprego, ao pagamento de salário e ao consumo que o povo vai fazer se ele produzir aqui dentro? Olha, então são nessas coisas que nós temos que pensar, porque desde 1980, quando a Margaret Thatcher [ex-primeira-ministra do Reino Unido]e o presidente Reagan [Ronald, ex-presidente dos EUA] estabeleceram a discussão sobre o consenso de Washington, que nós perdemos um pouco essa luta.
Vamos ser francos, muitos de nós, sentados na frente do sofá, olhando os economistas falando, os especialistas falando: “é que a gente tinha que vender tudo, porque a iniciativa privada é melhor. A empresa estatal só tem corrupção, a empresa estatal só tem ladrão, a empresa estatal não funciona”. É verdade. A Vale está melhor agora que foi privatizada ou ela era melhor quando ela era uma empresa do Estado brasileiro? A Eletrobras está melhor agora ou estava melhor quando estava na mão do Estado? Se não fosse a Eletrobras, a gente não fazia Santo Antônio, não fazia Jiral, não fazia Belo Monte.
A Eletrobras, quando era estatal, o presidente da Eletrobras ganhava R$ 60 mil por mês. Hoje, que ela é privatizada, o presidente ganha R$ 360 mil por mês, fora bônus. O presidente da Vale, que é um senhor, que viaja de avião Gulfstream. O José Sergio Gabrieli era presidente da Petrobras e viajava de avião de carreira para todas as viagens que eu fazia.
Ele não, ele tem um Gulfstream com 18 horas de autonomia que vai de São Paulo a Moscou, de São Paulo a Xangai, avião da empresa. E sabe quanto ganha hoje o CEO da Vale? Cinquenta e cinco milhões por ano. Não são R$ 55 mil, são R$ 55 milhões por ano.
Então eu fico me perguntando, cadê a bondade dessa empresa privatizada? O que ela trouxe de verdade de lucro para o país? O que a Vale tem produzido de novo? Nada. A Vale, também como a Petrobras, no tempo deles, tenta vender ativo. Vender ativo.
Ao invés de investir em pesquisa, ao invés de explorar o tal dos minerais críticos, ao invés de minerar as coisas que o mundo está precisando, nós estamos vendendo ativos. Então quando eu disse que eu estou orgulhoso de estar com essa camisa aqui, é porque é o seguinte: a Petrobras está no meu sangue, ela está na minha formação política, ela está na minha compreensão e na imagem que eu tenho do Brasil.
Eu não preciso ser engenheiro da Petrobras, eu não preciso ser nenhum empregado da Petrobras. Eu só tenho que ser brasileiro, só tenho que respeitar o direito soberano desse país ser dono do seu nariz, olhar para onde quer e fazer o que quer sem precisar dizendo amém a ninguém. É por isso que essa empresa está crescendo. “Ah, mas agora quanto é que vai custar esse tal de complexo que era de Itaboraí e agora virou complexo, como que é o nome agora? Complexo Boaventura”.
Eu imaginei muito tempo, porque isso aqui foi projetado inicialmente para refinar 250 mil barris de petróleo. Isso aqui era para ser a grande indústria petroquímica brasileira. O meu sonho foi jogado no lixo, porque eles pararam as coisas. Como pararam a refinaria Abreu e Lima, como pararam a possibilidade da refinaria no Ceará. Como pararam a possibilidade da refinaria no Maranhão. Porque a gente não queria ficar exportando petróleo cru, a gente queria ficar exportando derivado de petróleo. Porque esse país não pode ser apenas exportador de commodities, nós precisamos aprender a colocar valor agregado nas coisas que nós produzimos, e esse país tem que ser exportador, exportador de conhecimento, exportador de inteligência, exportador de coisas científicas e tecnológicas mais apuradas.
É crime pensar nisso? Eu fico pensando que um trabalhador uma vez sentou junto com seu patrão e ele começou a falar para o patrão: “nossa, patrão, eu vi na imprensa que a nossa empresa está crescendo”. E o patrão: “muito bem, você é um cara bem informado, você é um cara que sabe das coisas”. “Eu também vi, patrão, que a nossa empresa teve um lucro extraordinário”. “Muito bem, você é bem informado, você é um cidadão brasileiro que dá orgulho na gente”. “Mas eu vi também, patrão, que o senhor comprou uma casa nova por não sei quantos milhões”. “Muito bem, você é bem informado, você é um brasileiro muito digno”.
“Patrão, eu vi que o senhor está comendo lagosta e caviar”. E o patrão: “muito bem, você é um empregado altamente qualificado. Meus parabéns”. Aí ele falou: “patrão, nós não temos nada a ver com o crescimento da nossa empresa? É só o senhor? Será que nós não temos que ter um pouquinho de aumento de salário para a gente pelo menos chegar perto do prato que o senhor come?”. Aí o patrão falou: “você vai ser preso, seu comunista vagabundo, você não pode ficar de olho nas coisas dos outros, porque a minha empresa cresceu porque eu sou competente”.
E é isso que nós temos que mudar no Brasil. Não tem nenhum empresário rico porque ele se fez rico, quem fez rico foi aqueles que sujaram a mão na graxa, aqueles que trabalharam, aqueles que fizeram o trabalho, aqueles que pegaram na colher de pedreiro, aqueles que fizeram massa. O que nós queremos é apenas repartir um pouco daquilo que nós produzimos. Quando alguém reclama: “mas, Lula, não pode aumentar o salário mínimo porque é inflacionário”. Que desgraça que aumentar o mínimo é inflacionário?
Um cara pode ganhar R$ 360 mil por mês, não é inflacionário. Outro pode ganhar R$ 55 milhões, não é inflacionário. Outro pode pagar como a Petrobras pagou 45 milhões de dividendos de renda, não é inflacionário. Agora vem um cara do Banco Central e fala: “é, não pode aumentar o salário mínimo e esse negócio de pleno emprego pode causar inflação”. Eu fico pensando onde é que essas pessoas estudaram? Qual foi a formação que essas pessoas tiveram? Em que Deus essas pessoas acreditam? Será que é verdade que eles acreditam em Deus?
Porque não é possível que alguém que seja cristão seja tão insensato, seja tão desumano, pense tanto só em si. O que eu quero, na verdade, é fazer com que esse país se transforme num país em que todos possam levantar de manhã, tomar um café gostoso com a sua família, almoçar, jantar, no final de semana ir num restaurante. E os pobres do Rio de Janeiro não têm que ficar só nos morros, eles têm que ter o direito de ir para a praia de Ipanema, Copacabana, tomar uma caipiroska e viver a felicidade que Deus prometeu para eles.
Qual é o crime? Qual é o crime das pessoas viverem bem? Qual é o crime da gente dizer que a filha de uma empregada doméstica tem que ter a mesma oportunidade que o filho da sua patroa? Qual é o crime da gente dizer que um filho de pedreiro pode ser engenheiro? Qual é o crime que a gente comete quando a gente cria o programa Pé-de-Meia para garantir que meio milhão de meninos e meninas no ensino médio não desistam da escola para poder ajudar o orçamento familiar? “Ah, mas vai custar caro, vai custar R$ 10 bilhões”.
Que custe 15. Eu prefiro gastar 10 bilhões em educação para nossa juventude do que gastar 50 centavos para fazer uma cadeia para prender se ele não tiver chance de estudar amanhã. Aqui nesse país, historicamente, tudo que a gente quer fazer as pessoas falam “vai custar caro, custa muito caro”. Está custando caro fazer isso aqui, está custando caro a gente fazer esse Complexo Boaventura. Está custando caro. Mas vamos fazer a pergunta ao contrário: quanto custou paralisar ele desde 2018? Quanto custou?
Quanto custou a esse país a gente não ter feito Reforma Agrária na década de 50? Quanto custou a esse país a gente não ter alfabetizado todo o povo brasileiro na década de 60? Quanto custou a esse país permitir o êxodo rural para ocupar as grandes cidades brasileiras de forma desordenada como aconteceu? As pessoas não perguntam isso, porque as pessoas que fazem essas perguntas não sabem o que é ser pobre, não sabem o que é ser trabalhador, não sabem o que é ficar desempregado, não sabem o que é passar fome, não sabem o que é não ter uma profissão. E eu sou uma pessoa de muita sorte.
Se eu contar para vocês a quantidade de sorte que eu tive na vida, vocês não vão acreditar. A primeira coisa que eu tive sorte foi nascer, belo como eu sou, de uma mãe que teve 12 filhos sem médico, só com parteira. A segunda sorte que eu tive, Magda, foi não morrer de fome até completar cinco anos de idade, porque onde eu nasci as crianças morrem logo. A terceira sorte que eu tive foi ter uma mãe que, analfabeta, teve coragem de se separar do marido com oito filhos menores, porque quatro já tinham morrido, oito filhos menores. Ela levou a gente para um barraco, a gente dormia amontoado e ela nunca mais quis voltar com meu pai apesar da quantidade de vezes que ele mandou os irmãos dele convencer ela.
Eu digo isso, porque tem muita mulher que vive com o marido porque o marido paga o aluguel. “Eu vivo com o marido porque ele dá comida em casa”. Nenhuma mulher pode vender a sua honra, a sua dignidade por um prato de comida. É por isso que eu tenho obsessão pela educação, porque a educação dá a independência que nós precisamos. Uma mulher bem formada, uma mulher com profissão só vai viver com um homem se ela gostar dele ou viver com a mulher, viver com gente, porque hoje a gente tem que ser mais moderno. Viver com gente.
Mas uma mulher só pode superar um parceiro se ele trata ela bem, se ele respeita ela. Se ele quiser gritar, ficar sentado no sofá: “Me dá uma cerveja, traz a minha cueca, me traz uma toalha”, é melhor ela mandar ele procurar outra e cuidar da vida que ela vai viver muito melhor e com muito mais dignidade. Eu tive sorte quando eu aprendi uma profissão de torneiro mecânico e arrumei emprego para ganhar mais do que o salário mínimo. Eu tive sorte de ser o primeiro filho da minha mãe a ter uma televisão. Eu tive sorte de ser o primeiro filho da minha mãe a ter um diploma primário.
Eu tive sorte de ser o primeiro filho da minha mãe a ter uma geladeira, a ter um carro, a ter uma casa própria. Eu tive sorte de ser presidente do sindicato importante, dos metalúrgicos do ABC, e por conta disso eu tive sorte de trabalhar com uma classe trabalhadora consciente que me ajudou a compreender que eu precisava criar um partido político. Porque as leis que a gente quer que sejam aprovadas não serão pelos nossos adversários dentro do Congresso Nacional.
E eu tive sorte, quando vocês tiveram a coragem e a consciência de colocar um cidadão só com diploma primário para ser presidente da República desse país. Vocês me deram a chance de provar a esse país que a gente não pode confundir inteligência com o ano de banco escolar. No banco escolar, a gente pode aprender conhecimento, conhecimento específico e até conhecimento geral. Mas inteligência é outra coisa. Inteligência você herda da qualidade da massa encefálica da tua mãe, do teu pai, do teu avô, você aprende no berço, você aprende ouvindo.
É por isso que eu tenho a orelha caída, de tanto ouvir. Eu gosto de ouvir. Eu faço reunião com 30 empresários, eu ouço todos. Eu faço reunião com 37 ministros, eu ouço todos. Eu faço reunião com 40 dirigentes sindicais, eu ouço todos. Eu não me canso de ouvir, porque eu gosto de aprender e todo mundo sempre tem uma coisa para ensinar para a gente. E eu precisava mostrar à elite brasileira que o metalúrgico, peão de fábrica, que já passou fome, que já teve sua casa com um metro e meio de água, que já saiu correndo para tirar rato e barata de dentro da sua casa, eu quero provar para eles que eu tenho mais competência de governar do que eles que nasceram numa vida de Nababo, nasceram em berço de ouro e estudaram o que eles quiseram.
E isso nós já provamos e eu tenho sorte. Eu tive sorte no primeiro mandato. 22 milhões de empregos. Muito crescimento da renda salarial, o PIB crescendo 7,5%. O Brasil ganhou duas vezes investimentos grandes no meu primeiro mandato e agora eu tenho sorte. Imagina o seguinte, eu e o Corinthians, eu estou vendo um companheiro com a bandeira do Corinthians, eu queria dizer para vocês, vocês ganharam ontem de 1 a 0 do Bahia. Um jogo chinfrim. Então o Flamengo ganhou ontem. É o seguinte: o Flamengo se prepare, porque ele vai para a semifinal com o Coringão [Corinthians]. E agora nós temos um goleador holandês que foi vendido para nós porque fazia tempo que ele não marcava um gol no Atlético de Madrid, então ele guardou os gols para marcar quando ele estrear no Corinthians.
E aí eu lembro de uma história. Eu sou vascaíno. O Roberto Dinamite, que foi o maior artilheiro da história do Vasco, foi vendido para o Barcelona. Ele ficou no Barcelona e não conseguiu dar sorte, não conseguiu marcar gol e ele voltou para o Brasil. E o filho da mãe voltou para o Vasco. E o primeiro jogo dele foi em São Paulo contra o Corinthians. Ele marcou cinco gols num único jogo contra o Corinthians. Cinco. Tudo o que ele não marcou na Espanha ele marcou contra o Corinthians.
Então, eu quero ter sorte para dizer para vocês: a economia brasileira vai crescer; o salário mínimo vai crescer; a renda do trabalhador vai crescer; a inflação vai estar controlada; a gente vai formar mais professor; vai formar mais engenheiro; vai formar mais matemático; vai formar mais físico; vai formar mais engenheiro para trabalhar na Petrobras.
A gente vai formar mais gente para fazer com que essa empresa continue sendo a empresa motivo de orgulho desse país. Aqueles que não gostam que eu fale isso podem não gostar que eu não me importo. O que eu gosto é de saber que eu estou com a verdade quando eu defendo as empresas públicas brasileiras. E a Petrobras tem que ter orgulho. Não tenham vergonha, não tenham vergonha de defender os interesses soberanos dessa empresa. Porque um país que se respeita tem que tomar conta das suas florestas. Tem que tomar conta das suas riquezas minerais. Tem que tomar conta da sua água doce. Tem que tomar conta da sua fronteira, mas, sobretudo, tem que qualificar a qualidade de vida do nosso povo, que é isso que garante soberania a todos nós.
Querida companheira Magda, querido companheiro Alexandre, queridos companheiros e companheiras dirigentes da Petrobras, vocês podem ter certeza de uma coisa, pode dormir todo dia, Magda, tendo certeza que pode ter um brasileiro que gosta mais desse país do que eu. Pode ter algum brasileiro que possa gostar mais da Petrobras do que eu. Na verdade, gostar eu duvido. Porque eu não só quero gostar, como eu quero transformar a Petrobras na grande empresa de energia do planeta Terra, da América Latina, da América do Sul e do Brasil.
Isso é um sonho? Eu gosto de sonhar. Eu gosto de sonhar e levantar de manhã, tentar cumprir o meu sonho. É isso que eu faço todo dia. O Alexandre Silveira aí enalteceu que eu tenho 78 anos com tanta vontade. Eu vou dizer o que eu tenho na verdade. Eu tenho 78 anos de idade, tenho energia de 30 e estou com tesão de 21. E eu explico tudo isso… É tesão político. Preste atenção. É um tesão político. E presta atenção em uma coisa.
E por que eu tenho isso? Porque eu adquiri a consciência de que só envelhece as pessoas que não tem uma causa, as pessoas que levantam de manhã sem saber o que fazer. Porque um ser humano que não tem o que fazer, ele morre de tédio. E eu não quero morrer de tédio. E eu sempre pedi a Deus, dizer como é que eu queria morrer. Eu queria morrer com 120 anos com o microfone na mão na frente dos trabalhadores da Petrobras, dizendo que a gente vai continuar crescendo e melhorando.
E eu estou querendo chegar a 120 anos. Estou querendo chegar a 120 anos. Estou preparado, motivado, apaixonado. Imagina um cara de 78 anos apaixonado. Apaixonado de verdade, sabe. A paixão é uma coisa muito forte. Mais do que paixão é a paixão com amor. Porque a paixão só é passageira. O amor é eterno. E é assim que eu levo a minha vida. Eu amo esse país, eu amo meu povo, eu amo o Nordeste, eu amo a Janja, eu amo os meus filhos e eu amo a Petrobras de coração e, muito mais do que a Petrobras, eu amo vocês, trabalhadores e trabalhadoras da Petrobras.
Um abraço, gente.
Parabéns, Magda. Parabéns, diretoria da Petrobras, e parabéns, trabalhadores da Petrobras.