Pronunciamento do presidente Lula durante inauguração do 1° trecho do BRT Norte-Sul de Goiânia e anúncios para educação
Eu quero cumprimentar cada companheira e cada companheiro do estado de Goiás e de Goiânia que estão participando deste evento.
Mas eu não poderia deixar de cumprimentar o nosso vice-governador Daniel Vilela, que é filho de um homem que eu tive o prazer de ser constituinte com o pai dele. Tive o prazer de jogar bola, pelo menos duas vezes por semana, contra o Maguito [Maguito Vilela, ex-senador e ex-governador de Goiás]. E confesso que o Maguito era bom de bola.
E quero agradecer ao vice-governador por ter comparecido e aceitado o convite do Governo Federal para participar desse ato, vice-prefeito. Porque uma das coisas que eu quero mostrar para o Brasil é que o fato de você ter divergência com um governador, de ter divergência com um prefeito, não impede que esse prefeito possa participar da atividade ou o governador.
Afinal de contas, eu não estou aqui numa visita partidária. Eu estou aqui numa visita institucional de presidente da República e eu tenho que tratar com muito respeito as pessoas que estão aqui.
Esses dias, houve alguém que disse que o Bolsonaro vinha muito aqui e que eu era a primeira vez que vinha, em um ano e nove meses. Eu vou repor a verdade aqui. Eu estou vindo aqui pela primeira vez e tenho certeza de que os anúncios que nós fizemos aqui, num único dia, não foram feitos nos quatro anos pelo governo passado.
Aliás, eu sou capaz de dar um prêmio a quem achar uma única obra feita pelo governo passado aqui no estado de Goiás. Embora, neste um ano e nove meses, é a primeira vez que eu vim. Eu não pude vir na inauguração da ferrovia, uma ferrovia que eu tenho consciência de que foi no governo do PT que a gente fez. Uma ferrovia que será motivo de orgulho para a produção brasileira.
Mas eu duvido, e aqui tem jornalista, aqui deve ter professor universitário, aqui deve ter pesquisador... Eu duvido que em qualquer governo deste país, num único um ano e nove meses, tenha vindo a Goiás, a quantidade de ministros que vieram no meu governo. E nenhum deles veio aqui para passear na fazenda de ninguém. Nenhum deles veio aqui para andar de jet ski. Todos eles, da Educação, da Saúde, do Transporte, todos eles vieram aqui para anunciar obra ou para inaugurar obra.
Eu vou mostrar uma coisa para vocês. De vez em quando, falam para mim assim: “ô Lula, o agronegócio não gosta de você.” De vez em quando, eu ouço isso. Eu queria dizer para vocês que nós precisamos levar em conta o seguinte: não é por conta de dinheiro ou de financiamento da agricultura. Não é por conta de políticas públicas para o agronegócio ou para a agricultura familiar. Porque se eu der um número para vocês, agora, vocês vão perceber o seguinte: o Plano Safra 2023 e 2024 foi o maior da história de Goiás. Trinta e sete bilhões de reais foram colocados para mais de 46 mil operações.
Só para ter ideia, no investimento do Pronaf para pequeno e médio produtor, foi R$ 1,2 bilhão para 16 mil e 70 operações. Portanto, o problema de alguém não gostar de mim, é o outro.
Talvez eu não seja tão bonito quanto eu penso que eu sou, mas o dado concreto é que eu não levo em conta sequer resultado eleitoral. O que eu levo em conta é que quando um governador é eleito, um prefeito é eleito, nem que eu tenha perdido as eleições, eu vou tratar aquele estado e o povo daquele estado com o mesmo amor, com o mesmo carinho que eu trataria o povo da minha cidade.
É importante vocês lembrarem – não só na agricultura, poderia pegar a questão do transporte. O meu ministro do Transporte, Renan [Filho], que é parceiro político do governador, ele já veio aqui cinco vezes. E veja que absurdo: em apenas um ano e oito meses, nós já inauguramos mais ferrovia, mais rodovia do que o outro governo em quatro anos e mais do que um golpista, em três anos.
Vocês sabem que aqui no estado de Goiás, eu vou dizer para vocês, a construção da ponte sobre o Rio Araguaia, quatro quilômetros e cem metros; na BR-180, com investimento de R$ 49,8 milhões. Trecho de 70 quilômetros na BR-80, no trecho que chega na divisa com Tocantins, com investimento de R$ 136 milhões. Projeto concluído na construção e adequação da BR-70, entre os quilômetros 65 e 187: 132 quilômetros com investimento de R$ 366,5 bilhões.
Projeto concluído na travessia urbana de Formosa, na BR-20, com investimento de R$ 124 bilhões. Na BR-20, construção do Anel Viário Goiânia, de 45 quilômetros, na BR-153, com investimento de R$ 236 milhões. No Novo PAC, 23 empreendimentos rodoviários. Mas eu quero destacar dois que serão duplicados por meio de concessão: o trecho da BR-60, BR-364, entre Rondonópolis, Mato Grosso e Rio Verde, Goiás, e o trecho BR-60, 4452, entre Goiânia e Rio Verde, em Itumbiara. Todos dentro do estado de Goiás.
Portanto, eu queria pedir para a imprensa fiscalizar. Eu queria pedir para vocês fiscalizarem se algum presidente da República já fez tanto, em tão pouco tempo, como foi feito aqui no estado de Goiás.
Bem, eu não vou citar todos os números, porque o PAC aqui de Goiás, governador, ele é um PAC de quase R$ 67 bilhões. Aqui tem muita ferrovia, aqui tem muita estrada que atravessa outros estados, aqui tem problema de água, aqui também envolve outros estados. Mas só para o estado de Goiás, o investimento direto do estado são R$ 12,5 bilhões. E o investimento executado, até abril de 2024, já chega a R$ 12,2 bilhões.
Eu quero dizer para vocês uma coisa na política. O governador Caiado [Ronaldo] é meu adversário desde que ele nasceu e desde que eu nasci. Eu não era adversário dele porque ele não tinha nascido ainda. Vocês estão lembrados que o Caiado era o grande líder da UDR [União Democrática Ruralista]. Ele era o cidadão brasileiro que mais fazia passeata contra os Sem Terra. Na Constituinte, foi o que mais trabalhou para a gente não ter avanço na questão da agricultura.
Foi candidato em 1989 à presidência da República. Mas deixa eu falar uma coisa para vocês, deixa eu falar uma coisa para vocês, de verdade. Veja, o Caiado, como governador do estado de Goiás, ele tem tido comigo, tem tido com o Rui [Costa, ministro da Casa Civil] e com os ministros do meu governo uma relação 100% civilizada, de muito respeito e de compartilhamento das coisas.
E isso eu levo muito em conta, porque nós tivemos um presidente da República que não visitava o governador do estado, que não gostava de prefeito e que não fazia absolutamente nada. Ele veio aqui várias vezes, mas ele nem vê a cara de vocês porque ele vai na fazenda dos amigos dele comer churrasco, e o povo de Goiás que se lasque. É isso que acontece no Brasil.
E eu voltei à Presidência da República desse país para mostrar, mais uma vez, que a solução desse país é a gente incluir o povo mais pobre no orçamento da União. Quando o povo mais pobre está trabalhando, quando o povo mais pobre está tendo dinheiro no bolso, tudo melhora na cidade, no estado e no país.
As pessoas consumindo um pouco mais, o comércio vai vender mais e vai gerar emprego. O comércio vendendo mais, ele vai contratar mais produtos na indústria e na agricultura. A indústria tendo pedido, ela vai produzir mais e vai contratar mais um trabalhador e vai gerar mais um salário e vai gerar mais um consumidor. E, assim, as pessoas começam a viver dignamente.
É por isso que meus adversários falam: “a economia está bem é porque o Lula tem sorte.” Graças a Deus! Vocês elegeram um presidente que tem sorte, porque, tanto para o presidente quanto para o goleiro do Corinthians, é preciso ter muita sorte porque senão a gente se lasca todo.
E eu quero dizer para vocês que é com muito orgulho. Vocês estão lembrados que, em 2008, quando teve a crise na Europa e nos Estados Unidos, eu disse na televisão: essa crise vai chegar no Brasil como uma marolinha. Fui para a televisão fazer um pronunciamento, de oito minutos, convocando o povo brasileiro a consumir: você vá às compras, não tenha medo de se endividar se a sua dívida você pode pagar.
Você não pode gastar aquilo que você não pode pagar. Mas se você puder fazer uma dívida e você puder pagar, faça! Porque você fazendo, o comércio funciona, a indústria funciona, o mercado de trabalho cresce, o desemprego desaparece e as pessoas vão voltar a viver com mais dignidade nesse país.
Portanto, eu quero dizer para vocês: eu estou muito feliz porque já aumentei o salário mínimo acima da inflação duas vezes e ele passou sete anos sem reajuste. Eu estou muito feliz porque reajustei a merenda escolar em 39%, fazia sete anos que ela não recebia aumento. Eu estou muito feliz porque 90% das categorias profissionais estão fazendo acordo acima da inflação.
Eu estou muito feliz porque a massa salarial cresceu 11,7%. É a maior desde que a gente faz aferição. Eu estou muito feliz porque o desemprego é o menor dos últimos 10 anos. Eu estou muito feliz porque a inflação está controlada.
Eu estou muito feliz porque a economia está crescendo e eu estou muito feliz porque vocês estão felizes. E eu estou mais feliz ainda, estou mais feliz ainda, porque eu dizia na campanha: se prepare, se prepare que a gente vai voltar a comer uma picanhazinha e tomar uma cerveja gelada. E a gente já está comendo a picanhazinha e está tomando uma cervejinha gelada, que é o mínimo que a gente pode garantir ao povo brasileiro: é o direito de ser feliz.
Por isso, eu cuido da educação. Eu quero que vocês saibam que a minha obsessão pela educação é pelo fato de eu não ter tido um diploma universitário. Eu sonhava ter um diploma universitário. Eu não pude ter, mas eu tenho orgulho, hoje, de olhar na cara de vocês e garantir para vocês: os filhos de vocês vão ter a universidade que eu não tive. Os filhos de vocês vão ter a oportunidade que eu não tive. É por isso, que embora eu seja o único presidente da República que não tem diploma universitário, sou o presidente que mais fez universidade na história desse país.
Governador, aqui neste país, o primeiro Instituto Federal foi feito em 1909, na cidade de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, pelo presidente Campos Sales. De 1909 a 2003, foram feitos, ao todo, 140 Institutos Federais nesse país. Pois, esse analfabeto e mais a presidenta Dilma, eu vou terminar o meu mandato com 783 novos Institutos nesse país.
E eu faço isso porque eu quero dar a oportunidade de as pessoas mais humildes, os invisíveis, que a elite brasileira nunca olhou, os invisíveis, que só se lembram deles na época da eleição. Eu quero dar a oportunidade que a gente possa ter certeza que o nosso filho vai estudar, vai ter uma profissão, que a nossa menina vai estudar e vai ter uma profissão, e, sobretudo, a mulher. É importante ela ter uma profissão, porque uma mulher com profissão, ela é independente, ela nunca vai aceitar viver com um homem que não trata ela bem, que não gosta dela e que não trata ela com respeito.
Se ela tiver uma profissão, e o marido chegar em casa enchendo o saco dela, ela fala: “meu caro, é o seguinte: eu não preciso de você, pode sair que eu vou cuidar da minha vida.” Uma mulher não pode morar com um homem por causa de um prato de feijão. Não pode morar com um homem por causa do aluguel.
E, governador, eu tenho um exemplo da minha vida. Minha mãe com oito filhos menores, oito filhos menores, sem nenhuma profissão, a minha mãe teve a coragem de largar do meu pai e criar oito filhos sozinha. E até o caçulinha dela virou presidente da República desse país.
Porque as mulheres são referência de dignidade nesse país. Por isso, que eu sou contra a violência contra a mulher. Por isso, que eu estou brigando contra o feminicídio, porque o homem que levanta a mão para dar um tapa numa mulher não é homem, é um saco de batata. Porque mulher não foi feita para apanhar.
Eu aprendi com a mãe analfabeta, que, quando eu fui casar, dia 24 de maio de 1969, minha mãe me disse: “meu filho, você vai casar. Se um dia você tiver desavença com a sua mulher, se um dia vocês brigarem e a briga não tiver mais recuperação, nunca bata na sua mulher, saia de casa e vá viver a sua vida sem molestar a vida dos outros”.
Esse país eu quero construir. Esse país eu quero mostrar que o povo brasileiro pode tomar café, almoçar e jantar todo dia. Esse país eu quero provar que uma filha de empregada doméstica pode disputar uma vaga na universidade com o filho da sua patroa.
Eu quero mostrar que, nesse país, um ajudante de pedreiro pode disputar uma vaga na universidade contra o filho do engenheiro. Eu não quero tirar o filho do engenheiro, eu não quero tirar o filho da empregada. A única coisa que eu quero é dar igualdade de oportunidade para as pessoas. E que vença o melhor, que vença aquele que tem condições.
Eu não quero um país com uma supremacia branca. Eu quero um país da cor que ele é: preto, branco e pardo, e todo mundo se tratar com muito respeito. E eu tenho certeza absoluta, quando terminar o meu mandato, dia 31 de dezembro de 2026, eu quero poder olhar na cara de vocês e dizer: dever cumprido. Eu cuidei do povo.
Porque a arte de governar é cuidar de cada mulher, de cada criança, de cada homem, de cada adolescente e de cada pessoa idosa. E pode ficar certo: eu tenho muita sorte e a maior sorte que eu tenho é eu amar vocês e saber que vocês me amam.
Um beijo no coração e até a minha volta ao estado de Goiás, se Deus quiser.