Pronunciamento do presidente Lula durante apresentação do Plano de Ação 24/25 para mitigação da dengue
Primeiro, eu quero agradecer a presença de vocês. Quero agradecer a presença da imprensa porque nós vamos tratar, hoje, de um assunto que, todo mundo sabe, é recorrente no Brasil.
Todo verão, nós somos vitimados pelo crescimento da dengue e de outras doenças, e que, dessa vez, com a questão climática evoluindo para que o planeta fique mais aquecido, nós resolvemos antecipar o lançamento da nossa campanha para que a gente tenha tempo – não apenas do ministério e as questões científicas que o ministério pode acionar, a estrutura do SUS [Sistema Único de Saúde], a estrutura de toda a rede do Ministério da Saúde pode funcionar –, nós precisamos antes preparar a sociedade brasileira, porque os mosquitos estão na casa de cada um de nós.
E não é só na casa das pessoas pobres. Eles estão na casa de pessoas que têm o poder aquisitivo melhor, que têm piscina abandonada, que têm vaso, sabe, com água empoçada, que têm o pneu do carro tirado, em pé, com água. Então, o que nós queremos é passar a ideia de que cada cidadão brasileiro é o seu próprio médico na questão do cuidado com a dengue.
A gente tem que cuidar da casa da gente. Às vezes, a casa da gente é bem cuidada, mas o vizinho não está cuidado. A gente não quer que ninguém brigue com o vizinho, é apenas para que alerte o sistema de saúde que tem um vizinho que não está cuidando. Depois que a gente cuidar de cada um, da nossa casa, a gente vai ter que cuidar da nossa rua; depois, a gente vai ter que cuidar da nossa vila, do nosso bairro, da nossa cidade, do nosso estado, e assim nós vamos cuidar do nosso país.
Mas é um compromisso assumido por toda a sociedade brasileira. Se cada um cumprir com a sua função e não permitir que haja nenhuma possibilidade de os mosquitos ficarem tirando férias no seu quintal, a gente vai ter muito mais condições de combater o chikungunya, a dengue e tantas outras arboviroses que existem nesse país.
A Nísia [Trindade, ministra da Saúde] está muito preparada, e o Ministério da Saúde está se preparando e a gente quer ver se a gente consegue antecipar e, se Deus ajudar, a gente quer ter o verão com menos dengue na história desse país.
Vocês sabem que eu já sonhei aqui, em 2009, que a gente ia produzir um mosquito estéril, que esse mosquito iria namorar a mosquitinha e que essa mosquitinha não ia ter um filho e que, portanto, como eles duram pouco, eles morreriam e a gente acabaria com a dengue.
Vocês não acreditam, mas nós já fizemos isso com a mosca da fruta. Nós fizemos, em Juazeiro da Bahia, uma fábrica de mosca estéril, que a gente jogava de uma caixinha com avião. Elas caíam, arrumavam uma namoradinha, namoravam e depois essa mosquinha não reproduzia e, assim, a gente vai diminuindo a quantidade de mosca da fruta. É possível fazer isso com a dengue, é possível fazer isso com qualquer mosquito, mas nós não vamos estar atrás disso, agora, disso também, quem sabe, para 2027, 2028, para o futuro.
A Nísia me disse assim: “Presidente, nós vamos tratar de assuntos de curtíssimo prazo, de médio prazo e de longo prazo.” Eu falei para ela: vamos cuidar primeiro do médio prazo que o nosso mandato termina dia 31 de dezembro de 2026, então, o longo prazo pode estar longe da gente demais também.
Então, é importante, sim, cuidar desse verão e cuidar do ano que vem e cuidar do outro ano e deixar esse país estruturado para que a gente possa ter uma estrutura eficaz de combater de forma massiva os efeitos da dengue.
Com vocês, agora, a companheira Nísia Trindade, ministra da Saúde.
[Fala da ministra Nísia]
Eu vou me retirar. Eu só queria, Nísia, dizer para você que a gente tem que fazer tudo o que a gente puder pelos meios de comunicação, seja digital, seja no rádio, na televisão. Mas é importante que os nossos agentes de saúde e as nossas agentes de saúde estejam compromissados a, todo santo dia, visitar uma rua.
Se for o caso, utilizar megafone para chamar a atenção das pessoas. Porque a gente tem que provar, para a gente mesmo, que a gente pode vencer a dengue. Afinal de contas, da espécie animal no planeta, nós somos os únicos considerados altamente inteligentes. Então, não é possível que a gente não consiga vencer o mosquito.
Eu pedi para o Berge [Swedenberger Barbosa, secretário-executivo do Ministério da Saúde] entregar essa apresentação que a Nísia fez para toda a imprensa sair daqui com um pacotinho da informação para vocês colocarem na mesa da redação lá para todo mundo dar uma lida.
Porque não é uma tarefa só da saúde. É uma tarefa da sociedade brasileira vencer a dengue. A saúde vai fazer a parte dela, mas nós precisamos nos responsabilizar. Na minha casa, eu tenho que cuidar. Se todo mundo cuidar da casa, a rua vai estar limpa. Se a rua estiver limpa, o bairro vai estar limpo. Se o bairro estiver limpo, a cidade vai estar limpa. O estado vai estar limpo. E a Nísia convocará uma outra coletiva para falar: “Vencemos a dengue”.
Um abraço. Boa apresentação, querida.