Pronunciamento do presidente Lula após visita à Sala de Situação do Concurso Nacional Unificado
Olha, a ministra Esther (Dweck, da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) vai ter uma entrevista com vocês à tarde porque ela também não pode falar números agora. Ela tem que esperar o fechamento do concurso para ela poder falar sobre o que aconteceu nesse concurso. E eu vim aqui para dar os parabéns à Esther, dar os parabéns a toda a equipe que trabalhou com ela, todos os ministérios que compactuaram com ela, todos os ministérios que estão esperando concurso, porque há uma novidade extraordinária nesse concurso. É a primeira vez que a gente faz um concurso unificado, a nível nacional, em que nenhum membro, sabe, nenhuma pessoa do Brasil que vai participar do concurso tinha uma cidade acima de 100km de distância. Ou seja, isso foi feito para facilitar que todos os brasileiros que quisessem participar de concurso, pudessem participar de concurso.
As inscrições foram extraordinárias, a participação foi extraordinária, a diversidade vai ser excepcional. O resultado eu espero que seja extraordinário, que a gente tenha muita gente para mostrar a diversidade brasileira. E dizer para vocês que para mim é uma alegria saber que a gente está inovando de verdade no jeito de contratar gente neste país.
Ou seja, nós precisamos adequar a máquina pública ao Século XXI. É preciso discutir os temas que estão na ordem do dia. A democracia tem que ser debatida para as pessoas saberem o que é democracia. Saber a diferença entre democracia e outros regimes. É importante discutir coisas que dizem respeito ao trabalho que ele vai fazer quando ele for começar a trabalhar.
Então, eu penso que não poderia ser uma coisa mais importante para o povo brasileiro do que o sucesso daqueles que foram responsáveis por entregar as provas, daqueles que foram responsáveis por guardar as provas e dar segurança às provas. Não houve nenhum vazamento, numa demonstração extraordinária de que não apenas o governo, mas a sociedade brasileira está preparada para tratar com seriedade um concurso como esse.
Então, eu estou dando os parabéns para a companheira Esther. Espero que você nos ensine a fazer mais concurso unificado. Para que a gente possa, primeiro, atender a demanda da sociedade. O concurso que nós estamos fazendo, nós estamos suprindo uma deficiência de mais de dezenas de anos desse país sem fazer concurso. Ou se fez concurso, fez concurso específico. Então você sequer tem gente para sobrepor aqueles que se aposentaram.
Então, a melhoria do funcionamento da máquina pública, muita gente acha que é preciso digitalizar, ótimo, mas é preciso ter ser humano qualificado, porque o papel do Estado é colocar pessoas que atendam com muito carinho e com muito respeito as necessidades da sociedade. Por isso, ela vai dar uma entrevista mais tarde para vocês, aí vocês podem fazer muitas perguntas para ela.
REPÓRTER: Presidente, hoje é domingo e infelizmente perdemos o Silvio Santos. Gostaríamos de uma declaração do senhor, até sobre os momentos que o senhor viveu com o Silvio Santos, quase disputou as eleições junto, porque ele foi impedido, eu queria que o senhor pudesse contar um pouco da sua relação com o Silvio Santos, por favor.
Olha, naquele momento que o Silvio Santos era candidato a presidente da República, eu fiz uma viagem com ele num avião, de São Paulo para Brasília, e eu tentei convencer da não importância de ele participar do processo eleitoral.
E porque eu dizia isso: eu dizia isso porque era um homem... Inegavelmente, inegavelmente o Silvio Santos foi o melhor apresentador de televisão desse país, o melhor homem de televisão, sabe, depois do Chacrinha e ele junto, sabe, não tem mais ninguém que sequer chegue perto deles.
E quem tem a minha idade viveu pelo menos metade dela vendo o Silvio Santos. Eu estava dizendo para a Janja que eu ouvia o Silvio Santos quando ele estava num programa de rádio com o Manoel de Nóbrega, o programa era O Peru que Fala, foi a primeira coisa.
Depois a TV Paulista, sabe, e depois eram horas no domingo. Horas. E a gente assistia ao Silvio Santos e depois, na segunda-feira e na terça, a gente discutia os blocos do programa do Silvio Santos. Tinha um muito famoso, que era Casamento na TV, Namoro na TV, Qual é a Música?, ou seja, disputa entre cidades. Portanto, o Silvio Santos tem muita responsabilidade com o entretenimento de milhões de brasileiros durante muitos anos.
Eu acho que tem pessoas que não morrem. Tem pessoas que não morrem. Silvio Santos eu penso que ele jamais, eu penso que ele não morreu, penso que ele foi fazer uma viagem. Como eu acredito na existência de um outro mundo, melhor e mais justo, eu acho que o Silvio Santos deve estar direcionado para esse novo mundo. Eu estou imaginando que ele está viajando, que ele não morreu. E assim, as pessoas que a gente admira, as pessoas que a gente gosta não morrem, porque elas ficam no pensamento da gente. A gente lembra das coisas que aconteceu. E eu tenho boas e belas lembranças do Silvio Santos na televisão.
Eu posso contar uma coisa para vocês da seriedade do Silvio Santos. Quando teve aquele golpe no Banco Pan-Americano, o Silvio Santos me procurou aqui, muito preocupado. Eu era presidente da República. Ele estava com medo de ser preso. Eu dizia: Silvio, não há por que te prender. Nós vamos fazer investigação, o Banco Central vai ajudar a cuidar disso, o Ministério da Fazenda, e vamos ver como é que a gente resolve o problema. E o problema foi resolvido. Ele deu como garantia inclusive a televisão dele, coisa que muita gente não quer, dar o seu patrimônio, ele deu.
Eu achava mais interessante porque no programa dele ele contava a história dele. Ele não tinha vergonha de dizer quem ele era. Eu achava o Silvio Santos um homem de bem, de caráter, respeitoso, e que não gostava de falar mal de governo, independentemente de quem fosse o governo. Uma vez eu fui cobrar do Silvio Santos por que ele não tinha um programa grande de jornalismo no SBT, e ele disse: eu não quero um programa em que as pessoas fiquem falando mal do governo.
Então é essa pessoa. Essa pessoa que me fez ficar horas e horas sentado num banco de televisão, no sofá da sala, vendo televisão durante anos e anos, sabe, a gente tinha o Silvio Santos como uma motivação para a gente ver televisão.
Eu tive um tempo em que duas coisas me motivavam: no domingo à tarde a gente fazia uma turma de pessoas para ir ver a Jovem Guarda. Ver o Roberto Carlos, o Erasmo Carlos e a Wanderleia fazendo a Jovem Guarda. E outra era o Silvio Santos. A gente fazia turma para ir na casa para assistir. E foram anos e anos assim.
Portanto, Silvio Santos, o que importa é que você fez muita gente feliz na sua passagem pelo Planeta Terra. Que você viva muito mais e muito melhor aonde você está agora.
REPÓRTER: E era corintiano, né?
Olha, eu nunca discuti futebol com o Silvio Santos, nunca discuti, mas se ele for corintiano é uma qualidade excepcional.