Pronunciamento do presidente Lula durante reunião ministerial
Pronunciamento à nação brasileira, depois fazer uma reunião ministerial para que a gente não apenas fizesse uma pequena demonstração do que já aconteceu nesse período, mas para que a gente possa consolidar o que vai acontecer daqui até o 31 de dezembro de 2026, quando termina o mandato. E é muito importante, porque quando nós pensamos em criar o PAC a primeira vez e depois a segunda vez e depois a terceira vez, era porque a gente precisava dar ao conjunto do governo um compromisso de trabalho para que a gente não ficasse à espera de que cada ministro pensasse a sua política própria, cada ministro atendesse a sua especificidade e que a gente não tivesse um plano nacional de desenvolvimento.
E vocês vão ver ao longo da reunião que o que nós fizemos aqui nesse um ano e oito meses era impensável de ser feito. Eu posso afirmar para vocês que nesse um ano e sete meses e meio, nós já fizemos, Haddad [Fernando Haddad, ministro da Fazenda], mais definição de políticas públicas do que a gente tinha feito no nosso governo passado, em uma demonstração de que todos nós aprendemos, uns aprenderam mais do que os outros, mas o dado concreto é que nós estamos dando um passo importante.
Ontem, por exemplo, eu fiz uma reunião com o ministro Lewandowski [Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública], fiz questão de convidar os ministros que foram governadores de estado para que a gente prepare um esboço de política de segurança pública, na qual o Governo Federal quer se inserir junto com estados, para que a gente possa apresentar para a sociedade brasileira, definitivamente, uma política de segurança pública que envolva União, estados e municípios. Ou seja, é a gente valorizar os entes federados, definir o papel de cada um e o compromisso de cada um para que as coisas dêem certo.
A gente não pode brincar de fazer segurança pública, a gente sabe a dificuldade que é a segurança pública, a gente sabe a organização que está acontecendo no crime organizado nesse país e no mundo inteiro. Porque o crime organizado virou uma multinacional de delitos e muitas vezes estão muito à frente da própria polícia dos estados. Então, o que nós queremos é compartilhar, a gente não quer ter ingerência e nem quer mandar, a gente quer compartilhar ações conjuntas com a definição concreta na Constituição do papel de cada um de nós.
A reunião foi extraordinária, eu estou muito otimista. Agora a gente vai convidar os 27 governadores de estado, os 27, para que a gente possa fazer uma apresentação para eles e o companheiro Lewandowski já vai ter que sair a uma hora da tarde dessa reunião, porque ele está convidado para participar de uma reunião com o grupo de governadores do Sul e do Sudeste do país e é importante que ele vá para já apresentar esse esboço de trabalho que nós queremos fazer.
E as outras políticas todas que foram definidas, o Haddad vai falar um pouco de economia e como é que estão as coisas, o que está acontecendo, o que vai acontecer daqui para frente e nós vamos aqui afinar a viola nas coisas que nós temos que fazer. Todo mundo tem tarefa determinada, todo mundo tem seu PAC, todo mundo tem a sua função. Então daqui para frente, o que nós temos que fazer é trabalhar cada vez mais, fazer cada vez mais o esforço, porque é importante vocês trabalharem com a ideia que a gente não pode terminar um mandato sendo apenas mais um governo, mais um governo, e sai um governo e entra outro governo, e sai um governo e as coisas não evoluem muito, as coisas não avançam muito.
E eu fico sempre imaginando quantos degraus na escala social o povo pobre vai subir, porque é isso que conta quem governa, é saber se conseguiu valorizar aquelas pessoas que sempre foram esquecidas, aquelas pessoas que nunca tiveram vez, aquelas pessoas que não tiveram voz, aquelas pessoas que muitas vezes não têm nem sequer condição de se organizar, de fazer passeata, de fazer protesto, de criar sindicato, de criar entidade.
É para essa gente, de forma prioritária, que tem que estar o nosso olhar. Toda vez que eu pensar uma política, toda vez que o Haddad pensar, toda vez que o companheiro Alckmin [Geraldo Alckmin, vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços] pensar, nós temos que olhar além da capacidade de visão dos nossos olhos das pessoas que estão na nossa frente. Nós temos que saber que tem milhões de pessoas que não estão ali, que não vão estar nunca nas reuniões que a gente faz, mas que são as pessoas que são prioritárias no exercício das políticas públicas que nós queremos implementar nesse país.
Eu quero dizer para vocês publicamente, eu estou, já disse da outra vez e vou repetir, eu estou muito satisfeito com o trabalho até agora. Você vê que a imprensa não discute mais se vai trocar ministério. “Vai trocar ministério, vai trocar ministério”. Não existe esse problema, porque todo mundo agora sabe que quem troca sou eu, não é um jornalista que não pode gostar de um ministro ou alguém que não pode, sou eu. Então, como fui eu que expliquei, se eu tiver que trocar alguém, eu vou trocar.
E quero dizer para vocês: não estou pensando nisso, em time que está ganhando, a gente não mexe, a gente continua o jogo para a gente poder terminar com uma vitória robusta, absoluta, muito melhor, mas muito melhor do que aquilo que nós já fizemos até agora. Nessa reunião, nós vamos ter uma exposição, outra vez, da Casa Civil, que tem que explicar o que está acontecendo, porque é ele que coordena isso, depois nós vamos ter uma exposição do companheiro Fernando Haddad sobre a questão da economia e da perspectiva da economia, depois a gente vai ter uma exposição do companheiro Padilha [ministro das Relações Institucionais] sobre a questão política.
A nossa organização nesses próximos dois anos, nós temos uma Câmara que vai trocar de presidente, um Senado que vai trocar de presidente, e tudo isso tem que ter muita cautela para que não tenha nenhuma dissidência no funcionamento do governo. Depois a gente vai ouvir o Laércio [Portela, ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República] na Comunicação, o Pimenta [Paulo Pimenta] não está aqui como ministro da comunicação, o Pimenta está aqui como ministro Extraordinário para o Rio Grande do Sul, portanto, quem vai falar de Comunicação hoje é o Laércio.
Depois, o companheiro Mauro [Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores] vai fazer uma fala para explicar um pouco a questão do G20, como é que está a organização do G20, porque que nós queremos que todos os ministros estejam envolvidos, e também falar um pouco das celeumas que nós estamos encontrando aí para encontrar uma solução pacífica para as eleições da Venezuela. É muito importante.
Outra coisa importante é que eu trouxe um convidado especial que é o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]. Eu pedi para vir o IBGE nessa reunião porque é importante que o governo saiba como é que está o IBGE. O IBGE possivelmente seja o Instituto de Pesquisa mais importante que um país tenha na América Latina. O IBGE tem um histórico altamente respeitável no Brasil, altamente respeitável, o IBGE é merecedor de todas as confianças que a gente queira depositar em alguém, mas é preciso a gente saber que a gente precisa dar condições para que o IBGE possa fazer muito mais.
O IBGE, antes do regime militar, o IBGE era o único instrumento que fazia pesquisa sobre tudo nesse país. Depois do regime militar, houve fragmentações, tiraram coisas do IBGE, mas eu aproveitei que o companheiro Márcio Pochmann está na presidência do IBGE e que é um companheiro altamente competente, altamente preparado, altamente sério e respeitado, não apenas na questão da academia, mas respeitado junto à política, para ele fazer uma pequena exposição para nós.
E depois a ideia é abrir a palavra para cinco minutos para cada ministro ou ministra. Por que cinco minutos? Tem gente que acha pouco. Eu queria dizer para vocês que não é pouco. Eu participo de reunião do G20, eu participo de reunião do G7, eu participo de reunião dos BRICS. Todas as reuniões que a gente faz, eu participo de reunião da CELAC, ou seja, eu viajo daqui para a Índia, quando chego na Índia, o meu discurso não pode ultrapassar quatro ou cinco minutos.
Isso vale para o Biden, isso vale para o Olaf Scholz, isso vale para o Macron. Então, se a gente consegue, numa reunião, com as lideranças mais importante do mundo, falar em cinco minutos, em alguns lugares são três, no G7 são três minutos, se a gente consegue falar, aqui em cinco minutos vai dar para vocês fazerem uma palestra extraordinária, se vocês sistematizaram correto, para a gente não ficar falando “eu acho, eu acredito, eu penso, não sei das quantas”. É concretamente ponto por ponto, e quando a gente coloca no papel, a gente percebe que em cinco minutos, a gente fala o triplo do que a gente fala de improviso e com mais qualidade, se a gente souber trabalhar corretamente.
Então, eu queria terminar essa minha fala dizendo para vocês que eu tenho conversado com o companheiro Haddad, eu tenho conversado com outros companheiros, eu tenho dito que eu não acredito que em algum momento, na história do país, mesmo nos meus outros governos e no governo do PT, a gente tivesse razão de estar tão otimista como a gente está agora. Quero dizer para vocês, se alguém estiver com pessimismo, por favor, me procurem para eu passar um pouco de otimismo para vocês.
Se alguém estiver com essa depressão pessimista, procure um cara para dar uma coisa otimista para vocês. Primeiro, porque eu acredito no que nós estamos fazendo. Segundo, eu acredito que os nossos números até agora são todos positivos, apesar da perspectiva de uma crise internacional que o dólar vem causando no mundo inteiro. A gente se mantém muito equilibrado. A gente se mantém numa situação boa, o emprego está crescendo, o salário está crescendo, a massa salarial está crescendo, o desemprego está caindo e a inflação está totalmente equilibrada.
Esse é um dado muito importante, porque toda vez que alguém fala de inflação, eu fico preocupado, Simone [Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento], porque eu aqui talvez tenha sido o único que vivi dentro de uma fábrica, o Marinho [Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego] também, recebendo salário com inflação de 80% ao mês. Então eu sei o que é devastador a inflação na vida do trabalhador. É por isso que, para nós, a inflação é um fator importante. Quanto mais baixa, melhor para a sociedade brasileira.
Pode ser ruim para algum prefeito, para algum governador, que com a inflação também ganha um pouco, porque aplica recursos, mas não interessa esse dinheiro. O que interessa é a inflação baixa, a economia crescendo, o salário crescendo, a educação melhorando. Eu tive a felicidade de participar com o Camilo [Santana, ministro da Educação] do lançamento do Pé-de-Meia, Haddad. É um espetáculo que você vai ter que participar para você ver o que é entusiasmo, o que é alegria. Eu estou propondo ao Camilo que a gente faça um em São Paulo, com 50, 60 mil pessoas, para que a gente possa mostrar a força do significado desse programa.
No mais, companheiros e companheiras, vamos começar a reunião. O companheiro Rui Costa [ministro da Casa Civil] vai coordenar a reunião, como sempre. Esse é um papel crucial da Casa Civil e eu não vou passar aqui um papelzinho para ele falar com entusiasmo. É para falar com entusiasmo desde o começo, porque na minha viagem agora, no avião, eu preparo os ministros. A gente tem que falar com entusiasmo, tem que passar para o povo que vocês acreditam no que vocês estão fazendo.
E é isso que eu quero que vocês façam aqui, que vocês sejam altamente positivos sem inventar coisa, mas apenas aquilo que está sendo feito por vocês e aquilo que vocês esperam que vão alcançar até o final do nosso mandato. Dito isso, companheiros, eu peço licença para a imprensa, que foi muito gentil em cobrir essa parte ao vivo da nossa reunião, e passar a palavra para o companheiro Rui Costa.