Pronunciamento do presidente Lula durante inauguração da fábrica da EMS, em 23 de agosto de 2024
Minha querida companheira Janja (primeira-dama do Brasil), meu querido companheiro Geraldo Alckmin (vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), meu querido companheiro Carlos Sanchez, presidente do Grupo NC.
Ministros e ministras aqui: ministro Paulo Teixeira [ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar]; ministra Nísia (Trindade, ministra da Saúde); ministra Luciana [Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação]; companheiro Aloizio Mercadante, presidente do BNDES; senador Giordano; deputado federal Fausto Pinato; Leonardo Osvaldo Barchini Rosa, secretário executivo do Ministério da Educação; companheiro Carlos Gadelha, secretário da Ciência, Tecnologia e Inovação do Complexo Econômico e Industrial da Saúde; meu querido Celso Pansera; a deputada estadual Ana Perugini; o Reginaldo Arcuri, presidente executivo do Grupo FarmaBrasil; companheira Izabel Lima, assistente de produção de embalagens e líquidas da EMS.
Amigos e amigas,
Já nos outros mandatos que eu tive na presidência, eu fazia questão de dizer aos meus ministros que, quando tivesse uma fábrica para inaugurar, mesmo que fosse uma fábrica de palito de dentes, que me convidasse para inaugurar.
E por que eu queria inaugurar? Porque era um momento que o Brasil andava muito desacreditado, era um momento em que o Brasil era tratado com pouco respeito e era preciso a gente passar para a sociedade brasileira a ideia de recuperação da autoestima do nosso povo.
A primeira publicidade que nós fizemos, que dizia “eu sou brasileiro e não desisto nunca”, nós fomos procurar o jogador Ronaldo Fenômeno, que tinha se acidentado jogando no Inter de Milão e que muita gente na imprensa brasileira dizia que jamais ele voltaria a jogar futebol. E ele, profissional que era, se preparou, voltou e foi o artilheiro da Copa do Mundo de 2002.
E eu queria passar essa ideia para o povo brasileiro. A ideia de que tudo é possível quando a gente sonha, tudo é possível quando a gente quer. E um governo não é obrigado a saber de tudo, um governo só tem que ter capacidade de ouvir. Ouvir as pessoas que sabem mais do que o governo, ouvir os empresários, ouvir os trabalhadores, ouvir os movimentos sociais, ouvir os estudantes e, dessa quantidade de conversas, tirar as coisas boas para serem apresentadas como políticas públicas nesse país.
E eu estou aqui hoje com muito orgulho por saber que eu já estive aqui outra vez e por saber que, depois que eu vim aqui a primeira vez, vocês cresceram muito. E foi o único grupo econômico que nós chamamos a Brasília para discutir políticas da saúde e que todas as pessoas que fizeram discurso reconheceram a importância do BNDES, reconheceram a importância da Finep, reconheceram a importância do nosso vice-presidente na coordenação e reconheceram o papel do governo brasileiro.
Porque normalmente as pessoas não agradecem. Normalmente as pessoas vão lá, conversam com o Alckmin, o Alckmin faz um monte de coisa e tal, e quando sai a imprensa pergunta: “E daí, satisfeito?” “É insuficiente”.
Não, o Brasil não tem noção da tecnologia e da inovação do que significa essa empresa.
Eu acho que muita gente, mesmo aqui na cidade, não tem noção de que aqui tem uma fábrica capaz de produzir coisas e competir com qualquer país do mundo em igualdade de condições, sem complexo de vira-lata, de cabeça erguida e dizendo: nós somos brasileiros e não desistimos nunca e vamos produzir as coisas que tem sido produzida nesse país.
Vocês são testemunhas de que nós voltamos ao governo num momento de negacionismo jamais visto na história do país. Eu nunca pensei em viver até o dia que eu conhecesse alguém que dissesse que não é bom tomar vacina.
Eu nunca imaginei viver em um país em que algumas pessoas ousaram dizer que a vacina fazia as pessoas virarem jacaré, fazia as pessoas virarem gay, fazia as pessoas virarem qualquer coisa, menos dizer a verdade de que a vacina poderia evitar que muitas doenças continuassem prevalecendo no Brasil.
E foi por vencer essa parada do negacionismo que nós resolvemos recuperar o Brasil. Eu, antes de ler o meu texto aqui, que está bem curtinho, não vou cansar vocês, eu queria dizer para vocês o seguinte: o Brasil vive outra vez um bom momento.
Vocês estão lembrados que na crise de 2008, quando o mundo estava quebrado - não por uma crise que fosse responsabilidade de países pobres, africanos ou latino-americanos, mas por desarranjo econômico nos Estados Unidos, na União Europeia -, nós tivemos uma crise profunda que foi maior do que a Crise de 1929.
E eu disse que aqui no Brasil, o Brasil seria o último país a pegar a crise e o primeiro a sair. E aconteceu exatamente aquilo que a gente previa. A crise aqui foi uma marolinha e nós, que caímos em 2009, em 2010, quando deixamos a economia, a economia crescia 7,5%, o varejo crescia quase 14%, e esse país estava com a inflação controlada e a massa salarial crescendo.
É o que estamos fazendo aqui outra vez. É por isso que nós colocamos o lema "União e Reconstrução". Porque nós encontramos esse país com seis mil creches paralisadas. Encontramos esse país com 87 mil casas do Minha Casa, Minha Vida totalmente paralisadas. A Nísia pode dizer para vocês quantas UPAs e quantas Unidades Básicas de Saúde ficaram paralisadas.
De 20 e poucos mil médicos que a gente tinha, encontramos o país com 15 mil médicos atendendo as cidades do interior. Em apenas um ano e oito meses, já chegamos a 25 mil médicos e, se for preciso, vamos ter mais médicos, porque o médico é tão necessário quanto o remédio para as pessoas.
Então, se você constrói um projeto de Brasil, eu já tinha pensado na criação do PAC em 2007, porque se você não tem um projeto que unifica todo o governo, a tendência natural é cada ministro querer fazer o seu projeto.
Quem já participou de governo sabe: mesmo nas prefeituras, se não tiver um projeto de quatro anos do que fazer, cada secretário vai querer inventar uma coisa. Todo mundo quer inventar, todo mundo quer ser o bom da fotografia.
Então, o que eu fiz? Eu resolvi fazer um PAC e chamei os 27 governadores de estado, todos os governadores, independentemente se gostavam de mim ou não, se era contra ou a favor, o que eu queria era a representação institucional do governador e fiz a seguinte pergunta: “eu quero que vocês apresentem ao Governo Federal de três a cinco obras que vocês entendem que são prioritárias no estado de vocês.”
E os 27 apresentaram. E aí, nós construímos o PAC, que é o Programa de Aceleração do Crescimento, que tem investimento de um trilhão e setecentos bilhões de reais, público e privado. E, agora, nós estamos numa fase que é colher o que plantamos, ou seja, já foi lançado o PAC, as obras já estão em andamento, as coisas estão sendo já colhidas e nós podemos dizer para vocês, hoje, aqui em Hortolândia, o Brasil vive outra vez um bom momento.
A massa salarial está crescendo, o salário mínimo está crescendo, a inflação está controlada, a gente percebe que a indústria está crescendo como há muito tempo não crescia, a gente percebe que a gente está importando, já abrimos 171 novos mercados para os produtos brasileiros, e o Brasil voltou a participar da geopolítica internacional.
Esse país passou um período sem ninguém querer vir aqui e passou um período sem ninguém querer receber quem governava aqui. Em apenas um ano e oito meses, eu já me reuni com 54 países africanos, já me reuni com 27 países da União Europeia, já participei duas vezes do G7, já participei duas vezes do G20, já participei dos BRICS, já me reuni com 33 países da América Latina e do Caribe e já me reuni com 15 países do CARICOM. Ou seja, em apenas um ano e oito meses, nós já tivemos mais contato do que esse país jamais imaginou.
Além de visitas especiais aos Estados Unidos, na audiência com o Biden, além de visitas específicas na França, além de visitas específicas na Alemanha, além de participar da COP do Egito e agora vamos participar da COP em Baku e vamos realizar a nossa Conferência do Clima na cidade de Belém o ano que vem.
Porque o mundo inteiro fala da Amazônia, e nós marcamos na cidade de Belém para que a Amazônia tenha uma oportunidade de falar para o mundo. As pessoas precisam compreender que o Brasil é dono do território da Amazônia, nós temos soberania sobre ele, nós não queremos transformar a Amazônia num museu, num santuário. Não.
O que nós queremos é preservar a Amazônia sabendo que embaixo de cada árvore mora uma mulher, mora um homem, mora um pescador, mora um seringueiro, mora um indígena e que essas pessoas têm que ter direito a sobreviver com dignidade como todos nós queremos viver em qualquer lugar do mundo.
Nós assumimos o compromisso de desmatamento zero até 2030 e vamos cumprir. Mas também, Sanchez, nós vamos cobrar dos países ricos que paguem aos países que ainda têm floresta pela manutenção da floresta em pé, porque se é verdade que a floresta vai ajudar a salvar o planeta, então eles têm que pagar a parte que eles já destruíram na época da industrialização.
É nesse país que eu quero que vocês acreditem. Não há como não dar certo. Eu, quase toda semana, converso com o Fernando Haddad [ministro da Fazenda] e às vezes o Fernando Haddad está com um problema, “ah, tal coisa, não sei das quantas”. Eu falo: “Haddad, não se preocupe, cara, mesmo que dê errado vai dar certo. Está escrito que vai dar certo, está escrito.
Eu levanto todo santo dia e vou dormir todo santo dia tendo a certeza, e quero dizer olhando nos olhos de vocês, outra vez vai dar certo. Os meus adversários dizem que é porque eu tenho sorte, e eu quero continuar tendo sorte, porque pobre o time que tem um goleiro que seja azarado. Eu prefiro ter muita sorte.
Na verdade, o que eu tenho é uma causa. Eu queria provar da outra vez que a gente poderia governar o Brasil melhor do que a elite política brasileira governou durante 500 anos e, agora, nós vamos provar outra vez que esse país pode ser um grande país.
Não tem nenhum país com mais de 100 milhões de habitantes no planeta Terra que tenha um sistema de saúde como o SUS (Sistema Único de Saúde). E vocês sabem como é que esse SUS era atacado, todo santo dia, na imprensa, sobretudo pela iniciativa privada.
As pessoas que trabalhavam no SUS tinham até vergonha de trabalhar no SUS de tanto que o SUS era atacado. O SUS poderia salvar mil pessoas num dia, mas se uma morresse era aquela uma que era a notícia do dia e não a salvação de 999.
Veio a Covid 19 e graças a Deus a gente tinha o SUS e o SUS mostrou que, se não fosse ele enfrentar aquela pandemia e se não fosse o SUS enfrentar o negacionismo, não eram 700 mil pessoas que teriam morrido, quem sabe tivéssemos ultrapassado mais de um milhão de pessoas porque o Governo não sabia como tratar.
Não é que um presidente deveria entender de pandemia, deveria entender de bom senso. Se eu não sei, eu convido quem sabe, eu monto um gabinete de crise e vamos fazer o que tem que ser feito. Não vamos ficar brigando de inventar remédio, de produzir o que não sabe, envolver as Forças Armadas para produzir remédio que não servia para nada.
Quantas pessoas morreram tomando remédios imprestáveis? Quantas? Um dia a História vai julgar, porque não é possível, o Brasil não é o maior país do mundo, mas aqui foi o país em que mais morreu gente de Covid 19. Mais de 700 mil pessoas. Eu posso dizer para vocês que, dessas, pelo menos metade, o governo tem responsabilidade por descaso com o tratamento da doença.
E até pela qualidade dos ministros da Saúde que ele indicava. Ele tinha um ministro aí que era general, que era visível quando ele falava na televisão que ele não entendia o que estava falando. Olha, se alguém não sabe quando é chamado, fala: “Eu não tenho condições. Eu não posso tratar disso, chame um especialista”.
Nós tínhamos tanta gente boa na Fiocruz, no Instituto Butantã, nós temos tantos médicos extraordinários no Brasil. Ou seja, então, por falta de sensibilidade esse país sofreu muito, e nós não vamos permitir mais que isso aconteça. É um compromisso que eu tenho com a minha consciência, é um compromisso que eu tenho de provar mais uma vez. Esse país será do tamanho da qualidade de pensamento e do tamanho do sonho que a sociedade brasileira tiver.
É por isso que eu estava dizendo aos companheiros a minha alegria, na hora que eu fui tirar a fotografia, de ver tantas mulheres e homens jovens, bonitos, pessoas qualificadas, pessoas que conseguiram estudar. É esse país que nós queremos construir.É esse país.
Agora, com a construção de mais 100 novos Institutos Federais, que a gente precisa discutir na área da saúde, como é que a gente vai formar gente para a área da saúde. Como é que a gente vai colocar meninas e meninos para estudar, para se transformarem em profissionais altamente qualificados.
E se o mundo quiser importar nossa mão de obra, tudo bem, se a gente tiver muito, até vamos vender mão de obra. Porque a gente precisa ter consciência que esse país só será grande, não quando a gente estiver exportando muita soja ou muito minério de ferro, quando a gente estiver exportando conhecimento, quando a gente estiver exportando tecnologia, quando estiver exportando inteligência. É esse país que eu quero.
Esses dias, nós descobrimos, Sanchez, que 480 mil meninas e meninos, fazendo ensino médio nesse país, desistiam do ensino médio para poder ajudar no orçamento familiar.
E eu fiquei pensando: que país do futuro é esse? Se a gente ficar quieto diante de uma catástrofe dessa, de 500 mil jovens, meninas e meninos, no momento da sua formação mais importante, pararem de estudar para ajudar no orçamento familiar.
Chamei o ministro Camilo Santana (ministro da Educação) e falei: “Nós não vamos permitir isso”. E criamos uma coisa chamada Pé-de-Meia. Pé-de-Meia vai envolver quase 4 milhões de jovens que estão no CadÚnico, e a gente vai dar uma poupança de 3 mil reais por ano. Dez prestações de 200 reais, e, no final do ano, se ele tiver comparecimento de 80% e passar de ano, vai receber mais mil. No segundo ano a mesma coisa, no terceiro ano a mesma coisa.
Quando terminar o ensino médio, ele pode ter 9 mil reais na poupança. Se ele souber aplicar, vai até render um pouquinho para ele seguir a sua carreira. Porque muita gente diz: “Você está gastando dinheiro à toa”. Eu jamais aceitarei a ideia de que investir em educação é gasto. Investir em educação é investimento. Gasto é se eu não cuidar dessa molecada agora e tiver que cuidar de mais presídio, de detenção de alta periculosidade, de mais cadeia e mais cadeia, ou de cuidar de jovens viciados em droga.
Então, nós estamos fazendo isso. Como estamos fazendo o sistema de educação integrada. Nós vamos terminar o mandato com 3 milhões e 600 mil crianças estudando em escola de tempo integral.
E vamos fazer mais. Nós vamos garantir que, até 2030, 80% das crianças brasileiras, no mínimo, estejam alfabetizadas até o segundo grupo do ensino fundamental. Porque se não tiver, terá muito mais dificuldade.
Esse país nós vamos construir. E quando venho a uma fábrica como essa e vejo a qualidade e a idade dos funcionários e vejo o sacrifício e esforço que vocês fizeram para chegar onde nós chegamos, eu posso te dizer: “Cara, você não fez sozinho. Se não fosse uma tal de Dona Irene na sua vida, talvez você não tivesse tido força para chegar onde você chegou.”
E, possivelmente, o orgulho, o orgulho que você tem de não envergonhar o teu pai. Porque quando o pai bota um filho no mundo, o pai e a mãe o que eles mais desejam, não é que o filho fique rico. Eles querem que o filho viva melhor do que eles viveram. Tenha uma melhor qualidade de vida, melhor qualidade de educação, viver em harmonia. Esse mundo que a gente está construindo e vai construir. Depende de nós.
Nós temos que separar entre as coisas ruins, sobretudo na rede digital, e as coisas boas. Nós precisamos separar o joio do trigo para que a gente possa construir uma sociedade mais humana, mais fraterna, mais justa e, eu diria, mais solidária. Isso é a gente recuperar o humanismo. Não é possível a gente praticar o humanismo sem amor. Não é possível. E esse mundo depende de nós.
Portanto, meu querido Sanchez, é um dia gratificante para mim. É um dia muito gratificante poder participar da inauguração de uma coisa que eu ajudei a começar. E depois de 15 anos eu volto aqui como presidente outra vez.
E dizer: “Pôxa vida, valeu a pena fazer investimento aqui porque vocês têm muita competência, muita dedicação e vão ajudar a salvar muita gente.” É isso que me gratifica como presidente da República. É isso que me gratifica como ser humano. É olhar para trás e ver o que a gente conseguiu construir. O que a gente conseguiu produzir.
Eu, hoje, quando estava abraçando meninas e meninos, a coisa que eu mais ouvi foi o seguinte: “Ô Lula, eu fiz o Prouni. Ô Lula, eu fiz o Prouni. Eu fiz o Prouni”. O Prouni era uma inquietação da minha vida. Eu não consegui fazer universidade por “n” razões, mas uma delas é porque pobre dificilmente conseguia fazer universidade a 40 anos atrás. Eu, quando virei presidente, eu tenho uma obsessão de colocar filho de pessoas na universidade.
Então, outro dia eu encontrei um coveiro que o filho dele está se formando em diplomata. Coveiro em São Paulo, Aloizio. O filho está fazendo diplomacia. Filha de empregada doméstica fazendo medicina, fazendo enfermaria, fazendo engenharia. Filho de pedreiro fazendo engenharia, sociologia e tantas outras coisas que essas pessoas podem fazer para melhorar a vida. E uma fábrica como essa é uma oportunidade que eles têm de trabalhar. Portanto, cara, meus parabéns. Teu pai deve estar muito orgulhoso de você. Muito, muito orgulhoso de você.
Agora, eu vou ler o discurso que eu fiz. Não, se eu fosse só ler isso aqui era muito curto. Mas eu também não quero deixar de ler o que foi preparado aqui.
Este é um momento auspicioso para a saúde no Brasil. E muito me alegra voltar a este complexo industrial, 17 anos depois da primeira visita, sabendo que a EMS se tornou uma potência legitimamente nacional, com seis décadas de bons serviços prestados em todo o mundo.
Ao fundar esta fábrica, o saudoso Emiliano Sanchez quis criar não apenas uma empresa de medicamentos. Mas, na verdade, o que ele queria criar era uma empresa de saúde. Era isso que ele queria criar.
Emiliano nos deixou muito cedo, em 1988, mas seu propósito de promover saúde, bem-estar e qualidade de vida para as pessoas continua vivo na atuação de Carlos Sanchez e seu sobrinho, Leonardo, à frente do Grupo NC.
Sua busca contínua pela inovação gerou esta fábrica. A primeira no mundo a produzir moléculas sintéticas destinadas ao tratamento de obesidade e diabetes.
Hoje, a EMS exporta seus produtos para 56 países, e tornou-se uma grande parceira das políticas e programas do Governo Federal.
Entre eles, o Programa de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo e o Programa de Desenvolvimento e Inovação Local, do Ministério da Saúde.
A EMS produz medicamentos estratégicos para o SUS atender adultos e crianças. Isso inclui imunossupressores para transplantes hepáticos e renais e remédios para o tratamento de esclerose múltipla, doença de Alzheimer e esquizofrenia.
A trajetória de excelência dessa farmacêutica é também um dos paradigmas para o Complexo Econômico-Industrial da Saúde que estamos erguendo como um dos pilares da reindustrialização do país.
Minhas amigas e meus amigos,
Desde o início de meu mandato, temos reconstruído toda a política para o Complexo Econômico-Industrial da Saúde.
Publicamos seis decretos, envolvendo desde a recriação da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde do Ministério da Saúde, até mecanismos de participação social, extintos no governo anterior.
O Grupo Executivo que congrega 11 ministérios e mais nove instituições públicas é o responsável pela retomada do marco regulatório para o uso do poder de compra do Estado no desenvolvimento de parcerias produtivas.
Aí, é importante a gente ter em conta a importância do Estado. O poder de compra do Estado é um fator muito importante para o desenvolvimento da indústria nacional.
Ou seja, se uma indústria nacional produz e o Estado não quer comprar da empresa nacional e importa porque não paga imposto e é mais barato, o Estado não vai fomentar o surgimento de uma indústria.
E nós estamos convencidos que o poder de compra do SUS vai permitir que a gente tenha uma indústria farmacêutica capaz de competir com qualquer indústria farmacêutica do mundo. O Brasil cansou de ser pequeno. O Brasil cansou de ser um país em vias de desenvolvimento. O Brasil cansou de dizer que nós somos da juventude, um país do futuro.
Não. Para nós, nós queremos ser grandes. Para nós o futuro não é amanhã, o futuro começa agora e essa fábrica é o exemplo de que o futuro já chegou na área da saúde numa extraordinária relação entre o SUS e o sistema empresarial.
Sua atuação culminou no lançamento da Estratégia Nacional de Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, em setembro do ano passado.
Em um ano, já alcançamos resultados como o avanço no campo dos medicamentos para doenças crônicas, que dá todo suporte aos programas de saúde e a retomada da vacinação e da produção de hemoderivados.
Precisa produzir um remédio para a minha garganta, Sanchez.
Quando eu era metalúrgico, eu ia fazer assembleia às quatro e meia da manhã e aí a voz ficava que nem um caminhão velho subindo. Naquele tempo, eu tomava um conhaque Dreher na porta da fábrica. A garganta ficava maravilhosamente boa. Mas agora você toma… É só na base da água, e a água não resolve o meu problema.
A saúde é ainda um dos pilares da Nova Indústria Brasil, a política pública com a qual recolocamos a indústria no centro da estratégia de desenvolvimento econômico nacional.
No último dia 14, anunciamos em conjunto com o setor produtivo novos investimentos para a saúde no âmbito da Nova Indústria Brasil.
Estamos falando de quase R$ 60 bilhões de reais: o maior volume de investimentos públicos e privados para a saúde nesta década.
A indústria da saúde é um setor que representa 10% do PIB brasileiro.É um gigante que emprega diretamente 9 milhões de pessoas, gera outros 25 milhões de empregos de alta qualidade, produz 35% da pesquisa nacional e detém alto potencial indutor de desenvolvimento tecnológico e econômico.
Saúde, hoje, é sinônimo de pesquisa e tecnologia. Portanto, mais que nunca, seu destino está atrelado ao desenvolvimento industrial, científico e tecnológico do país.
Na verdade, a economia da saúde é um dos setores de maior crescimento em todo o mundo. E a saúde brasileira atingiu uma escala econômica e uma importância sócio-científica que nos cobram um novo salto estrutural.
O nome desse salto é competitividade tecnológica; é adensamento das cadeias produtivas; é investimento em pesquisa; é substituição de importações; é fomento e, sobretudo, é a utilização do poder de compra do Estado para induzir avanços, escalas, inovações, barateamento e eficiência adicional à saúde pública brasileira.
Minhas amigas e meus amigos;
O investimento em saúde é uma grande chave, uma grande oportunidade para um novo padrão de desenvolvimento econômico com equidade social e sustentabilidade ambiental.
A expansão de uma empresa farmacêutica brasileira como a EMS é mais uma demonstração daquilo que sempre reafirmo: a capacidade realizadora de nossos empresários e a qualidade da mão de obra brasileira, sempre elogiada em todo o mundo.
O compromisso com a saúde é o compromisso com a vida.
Mais de 70% da nossa população, ou 130 milhões de brasileiros e brasileiras de todas as idades, dependem exclusivamente do nosso Sistema Único de Saúde, o nosso querido SUS.
A política industrial e de inovação é também uma política para o bem-estar das pessoas e do planeta e para a consolidação da soberania nacional.
E as demandas vindas de quem mais precisa vão orientar toda a reindustrialização do país na área da saúde.
Trabalhando juntos – governos, sociedade e iniciativa privada – temos as condições de superar os desafios que ainda penalizam a rotina do nosso povo, sobretudo, os mais humildes.
Ao mesmo tempo, propiciamos uma escala de investimentos que vai fomentar a articulação virtuosa entre a política de saúde, a ciência brasileira e a reindustrialização do Brasil sobre bases sustentáveis.
Todo o Brasil vai ganhar com a geração de empregos, a economia de divisas e o desenvolvimento de um setor de alta tecnologia.
Mas, sobretudo, ganhará o povo brasileiro, para quem o compromisso com um sistema de saúde de qualidade deve ser consagrado como um pacto de vida entre as gerações.
Companheiros e companheiras, eu vim aqui inaugurar e saio daqui com uma demanda. O nosso amigo Sanchez fez uma demanda, uma provocação à ministra da Saúde, ao vice-presidente da República e ao presidente da República: de que é preciso a Anvisa andar um pouco mais rápido para aprovar os pedidos que estão lá, porque não é possível o povo não poder comprar remédio porque a Anvisa não libera.
Então, essa é uma demanda que nós vamos tentar resolver. É uma demanda que nós vamos tentar resolver.
Quando algum companheiro da Anvisa perceber que algum parente dele morreu porque o remédio que poderia ser produzido aqui não foi produzido, porque eles não permitiram, aí a gente vai conseguir que ela seja mais rápida e atenda melhor os interesses do nosso país.
Um abraço, gente.