Pronunciamento do presidente Lula durante entrega de obras de ampliação e modernização dos aeroportos em Cuiabá
Uma coisa importante que eu quero registrar nessa tarde, vocês estão lembrados que quando eu presidi o país, de 2003 a 2010, eu sempre dizia: “Nunca antes na história do Brasil aconteceu tal coisa”. E eu quero aproveitar esse momento, governador, para dizer o seguinte: Eu duvido que em algum momento histórico desse estado, teve um presidente que descerrou quatro placas alusivas a aeroportos. Cinco. Cinco placas.
Eu vou evitar só nominata aqui, não vou citar o nome das pessoas, mas eu vou dizer uma coisa para vocês. Quando eu estava disputando as eleições, eu costumava dizer que tem quatro, cinco palavras mágicas que alguém que quer governar um estado, um município ou uma nação tem que adotar, como princípio básico.
E eu entendia que era necessário dizer essas palavras muitas vezes. Eu dizia: “Bom, primeiro, alguém para governar o Brasil, ele precisa garantir que haja estabilidade jurídica, porque senão as coisas não andam. Depois, ele tem que garantir que haja estabilidade política, porque senão as coisas não acontecem.” E o que está acontecendo hoje, governador, é que eu sou presidente da República com um partido que só tem 70 deputados entre 513, só tem nove senadores entre 81 e nós até agora aprovamos tudo que nós mandamos para o Congresso Nacional de interesse do povo brasileiro.
Numa demonstração de que você não precisa ter só amigos no Congresso Nacional. Às vezes, os amigos atrapalham. É importante que a gente tenha pessoas sérias que estejam dispostas a pensar que é possível separar o que é pessoal, o que é político, o que é de interesse do Estado, o que é de interesse pessoal.
E eu acho que eu sou agradecido à Câmara dos Deputados, ao Senado, porque, com uma outra divergência, que é normal, porque às vezes o governo também pensa que quando ele manda um projeto todo mundo tem que aceitar, tal qual o governo mandou, e não leva em conta que cada deputado tem uma cabeça, que cada deputado pertence a um partido político, que cada senador tem uma cabeça.
Então, é preciso gastar um pouco de conversa. É preciso conversar muito. E é o que nós fizemos, governador. É impensável a gente imaginar que, em apenas um ano e oito meses, a gente já tivesse aprovado uma reforma tributária no Congresso Nacional, coisa que se esperava há 40 anos. Ainda falta um pouquinho no Senado, governador, ainda falta um pouquinho e eu tenho certeza que lá no Senado a coisa vai fluir com a mesma rapidez que fluiu na Câmara.
Eu dizia… É importante que a gente tenha estabilidade jurídica, estabilidade política, estabilidade econômica, estabilidade fiscal e estabilidade social. Porque não adianta nada você fazer as coisas e quando chegar, no final do seu mandato, você constatar que melhorou para muita gente, mas para o povo pobre não melhorou nada. Esse país, nos anos 1970, crescia 14% ao ano. Entretanto, em 1974, o Banco Mundial denunciava que tinha aumentado o empobrecimento do povo brasileiro.
Por isso, é que de vez em quando eu ouço as pessoas dizerem: “Não. O Lula não pode dar aumento do salário mínimo. O Lula não pode dar aumento, porque o aumento, não sei das quantas”. Gente, o mínimo é o mínimo. Ou seja, o mínimo está dizendo que é o mínimo, que ninguém pode ganhar menos do que aquilo. E ao invés de você só colocar reposição inflacionária, que é a obrigação para que a pessoa recupera o poder aquisitivo, a gente está dando um aumento real, que é a soma da média do PIB dos dois últimos anos.
Olha, o que que acontece isso? Acontece que esse país produziu uma riqueza de 3%. Quem produziu? Fui eu? Não. Foi o governador? Não. Foi o povo brasileiro. Olha, se o povo brasileiro produziu, é justo que ele tenha uma participação nesses 3%. Não pode ser apenas acumulado para o lucro. Não. Tem que ser repartido. Porque, no Brasil, governador, ainda falta criar consciência entre algumas pessoas de que uma sociedade pobre não interessa a ninguém, de que uma sociedade de miseráveis não interessa a ninguém. O que interessa é a gente ter uma sociedade de pessoas com poder de compra, pessoas que trabalham, pessoas que consomem, porque a coisa só dá certo quando o dinheiro circula.
É por isso que eu digo todo dia: muito dinheiro na mão de poucos é pobreza, é prostituição, é analfabetismo, é desemprego, é mortalidade infantil, é tudo o que a gente não quer. Agora, pouco dinheiro na mão de muitos significa exatamente o contrário. Na hora que todo mundo tiver um pouquinho de recurso, que o cidadão vá para a bodega, vá para o supermercado, vá para a padaria, vai numa loja, ou seja, a economia começa a funcionar, o dinheiro começa a circular e fica bem para todo mundo.
Se vocês quiserem fazer uma experiência, os empresários que têm, quiserem fazer uma experiência, peguem R$1mil e dê R$1mil na mão de um cidadão. E depois você pergunta o que ele vai fazer. Ele vai dizer: “Eu vou no banco, depositar meu R$1 mil, porque senão vão me roubar”. Agora, pegue esse mesmo R$1mil, junte 100 pessoas e dê R$10 para cada um e pergunta: “O que você vai fazer?” “Eu vou comprar alguma coisa para comer, eu vou comprar alguma coisa para vestir, eu vou comprar alguma coisa”. Porque esse é o sentido de governar um país.
E eu dizia mais, eu dizia: além dessa estabilidade toda que eu falei, é preciso ter previsibilidade. Ninguém pode ser pego de surpresa com decretos ou portarias feitas à meia-noite. A gente tem que fazer à luz do dia. Por isso, eu assumi um compromisso de, no meio de janeiro, no primeiro meio do meu mandato, eu convidei os 27 governadores do estado para, lá, no Palácio do Planalto, cada um dizer quais eram as obras prioritárias que o seu governo queria que o Governo Federal participasse.
E todos os governos apresentaram. Todos. Aqui, nesse estado, é R$20 bilhões de investimentos da apresentação do nosso governador, dos quais R$13 bilhões, me parece que é interno, e outros R$7 bilhões ou R$8 bilhões é em parceria, em fronteira com outros estados.
Ora, porque não pode o Brasil dar certo com alguém governando o Brasil de cima para baixo. É importante que as pessoas participem.
Nós fizemos agora uma coisa chamada PAC Seleção, em que todas as obras de saneamento básico, todas as casas que nós estamos construindo, todas as obras de encostamento para evitar deslizamento de terra, tudo que nós estamos fazendo, nós fizemos PAC Seleções.
Antigamente, o presidente dava para o seu partido. Antigamente, o presidente dava para os seus amigos, dava para os seus eleitores. E nós resolvemos fazer uma coisa a mais republicana possível. Nós fizemos o PAC Seleções. Cada proposta dessa era mais de 5 mil propostas de prefeitos do Brasil inteiro que apresentavam a proposta.
E qual foi o critério da gente entregar o projeto? A seriedade do projeto. Então, muitas vezes, o projeto... Eu tenho casos, governador, de prefeitos do PT que reclamam. “Pô, Lula, você está dando dinheiro para o cara que é não sei de quem, votou em não sei quem, e eu que estou aqui”. Não estou dando para você nem para ele, eu estou dando para necessidade da cidade, para necessidade do povo. É pela importância da obra que a gente define como é que as coisas vão acontecer.
O que eu espero é que, quando eu deixar a presidência da República, esse país tenha aprendido uma lição. Qual é a lição? Esse país é muito grande. Vocês não sabem o orgulho que eu tive. Eu fui ao Egito esse ano. E quando eu fui presidente, da primeira vez, a gente comprava um guardanapo, uma licitação que aparecia um guardanapo, a imprensa vendia como se fosse luxo. “Planalto compra, sabe, guardanapo de linho egípcio”. Eu nem sabia o que era, mas diziam. Eu achei que era chique, eu achei que era chique. Nossa, guardanapo feito de algodão egípcio.
Muitas vezes, se vocês pegarem a imprensa da época, não foram poucas as vezes. E aí, sabe qual foi o orgulho que eu senti? Eu fui agora ao Egito, e o orgulho é que o Egito está comprando algodão do Mato Grosso. Esse é o orgulho. Esse é o orgulho de você saber que não existe nada que impeça a gente de fazer aquilo que a gente quer.
O que nós precisamos acabar, no Brasil, é com a cabeça pequena de algumas pessoas que têm complexo de vira-lata, que não acreditam nesse país, que não apostam nesse país. Eu duvido que tenha algum país que os empresários sejam tratados com o respeito que nós tratamos. Duvido. E por que nós fazemos isso? Porque o Brasil não é meu. Eu estou apenas sendo síndico desse país. E o cara que é síndico sabe que ele tem que tratar todos os moradores com respeito e igualdade de condições, senão é até perigoso ele descer o elevador sozinho.
Ora, então, esse país precisa dessa lição. Sabe, quem quer que venha governar cidades ou estados ou o Governo Federal, tem que entender que nós precisamos governar para toda a sociedade brasileira. Cada um tem a sua participação, cada um. Nenhum empresário fica rico sozinho. O empresário fica rico porque teve um trabalhador que trabalhou para ele ficar rico. Esse é o dado concreto da nossa história.
Porque também, governador, ninguém gosta de ser pobre. Eu não conheço ninguém que é pobre porque fez uma opção. “Eu quero ser pobre. Eu não quero estudar, eu não quero tratar meus dentes, eu não quero ir no médico. Eu quero ser pobre, quero dormir na sarjeta”. Não tem. Todo mundo quer ser doutor. Todo mundo quer ser rico. Todo mundo quer viver bem. Todo mundo quer comer bem. Todo mundo quer morar bem. Todo mundo quer criar sua família com tranquilidade, com harmonia. Todo mundo quer escola de qualidade para as suas crianças. Todo mundo quer que as crianças tenham chance de disputar tudo o que tiver direito nesse país. É isso que é o papel do governante: é tentar criar as condições para que aconteça isso na sociedade.
Aliás, eu digo sempre que não é nenhum marxista que falava, mas era o Henry Ford que dizia: eu preciso pagar bem os meus funcionários, porque eu quero que eles comprem o produto que eles fabricam, que era o carro que a Ford produzia. Esse é um país que a gente pode construir e que é possível provar.
Eu queria dizer para vocês: eu, saindo daqui, eu vou inaugurar um conjunto habitacional. É triste, mas é verdade. Esse conjunto habitacional começou a ser construído em 2012, 2012, e foi abandonado.
Eu fui agora em Fortaleza inaugurar um conjunto habitacional de 2013. E está cheio, são quase 87 mil casas que ficaram abandonadas. 87 mil casas, 6 mil escolas e creches, mas não sei quantas mil unidades de saúde que, simplesmente, ficou paralisada. Desde 2012, 2013, 2014, ou seja, sem nenhum respeito pelo povo brasileiro.
Porque nós passamos um momento muito duro em que esse país vivia à base da mentira, à base da chacota, à base da fake news, à base da provocação. Sabe, esse país via, era a tentativa de jogar um contra o outro. E eu quero dizer para vocês que eu quero mudar isso.
Se, ao terminar o meu mandato, o país estiver com uma consciência de que todos nós estamos nesse barco, esse barco não pode afundar porque se ele afundar, afunda todo mundo, ninguém vai conseguir escapar, e que nós somos obrigados a pensar por aqueles que não têm chance que nós tivemos. É por isso que nós investimos muito em educação. O pessoal, de vez em quando, pergunta: “Lula, por que você quer fazer tanta faculdade e tanto Instituto Federal?”. Eu digo: sabe por que eu quero fazer? Porque quando eu tinha 15, 16 anos, eu não tive oportunidade de estudar.
Então é o seguinte, eu quero que todo filho das pessoas humildes tenha o direito de estudar, de fazer uma faculdade. Eu não quero tirar nada de ninguém, eu não quero tirar um centavo de ninguém, mas eu quero que uma empregada doméstica possa ter a sua filha disputando uma vaga na universidade com a filha da sua patroa. Vença quem for melhor, que nem as Olimpíadas, vença quem estiver mais preparado, quem estudou mais. Eu não posso é alijar as pessoas por conta da origem social, por conta da cor, por conta do gênero. Não posso.
Não pode esse país continuar sendo governado a partir dos interesses do berço que a pessoa nasceu. Então, eu estou aqui muito feliz porque eu vou inaugurar essa casa. E assumimos o compromisso, governador, de fazer mais dois milhões de casas, mais dois milhões de casas. E a minha obsessão é fazer esse país dar certo. A minha obsessão é fazer esse país dar certo. Esse país pode, eu já provei uma vez, eu já provei uma vez que esse país pode dar certo.
Nós agora, governador, eu não sei quantos Pé-de-Meia vai ter aqui no seu estado, mas nós descobrimos no ano passado que 480 mil meninas e meninos, que estavam fazendo ensino médio neste país, desistiam do ensino médio para ajudar no orçamento familiar. E nós tomamos uma decisão. Porque um governo que não cuida dos seus jovens não pode falar em futuro.
E nós tomamos uma decisão de criar um programa chamado Pé-de-Meia, é uma poupança. Cada menino que está no CadÚnico — é o nosso paradigma ali –, ou seja, vai receber R$200 de poupança durante 10 meses. E, no final dos 10 meses, se ele tiver 80% do comparecimento e ele passar de ano, ele vai receber R$1mil. Aí já vai ficar dois, 10 de R$200 são R$2 mil, mais um de mil são R$3 mil. No segundo ano, a mesma coisa: 10 de R$200, no final do ano, se passar, mais uma de mil. E no terceiro ano, a mesma coisa, nós vamos terminar o ensino médio com o menino tendo R$9mil na poupança, para que ele possa começar a sua vida profissional.
Aí, de vez em quando, governador, eu vejo alguns críticos dizendo: “mas isso é jogar dinheiro fora, porque como é que vai financiar o estudante estudar ensino médio, como é que vai, não sei das contas, esse dinheiro poderia ser aplicado em viadutos, em pontes, estradas”. Eu fico perguntando: esse país, de vez em quando, vocês empresários, nós políticos, vocês intelectuais, a gente tem que dar uma resposta seguinte: quanto custou não fazer as coisas no tempo certo nesse país? Quanto custou?
Esse país não fez a reforma agrária quando o Japão fez. Esse país poderia ter feito, sem nenhuma violência, feito porque era necessário fazer. Esse país poderia ter feito a reforma universitária que a Argentina fez em 1918, a gente não fez e nem discutiu a primeira. Esse país é um país poderoso. Esse país pode fazer as coisas acontecerem e pode fazer acontecer. E nós estamos provando isso.
Vejam uma coisa, companheiros, empresários e governador. Eu não conhecia o Fávaro. O Fávaro era da bancada ruralista. Eu imaginava: “ele não gosta do PT, não gosta muito menos de mim”. Mas quando, um belo dia, eu conheci o Fávaro. Um belo dia eu conheci o Fávaro, eu ia em um programa de televisão e ele preocupado: “Presidente, o senhor precisa dizer isso, dizer aquilo e tal”. Eu achei ele uma figura simpática. Eu falei: eu vou chamar esse cara para ser meu ministro da Agricultura.
E eu posso dizer para vocês hoje: eu já tive gente muito importante no meu Ministério da Agricultura. Eu já tive gente intelectual, já tive gente de carreira, já tive gente da política, mas eu posso dizer para vocês com, apenas um ano e seis meses de governo, que o Fávaro será, de longe, o melhor ministro da Agricultura que esse país teve.
Nós, é importante lembrar que apenas em 18 meses a gente já abriu 166 novos mercados. Então, 167, sabe? Abrimos 167 novos mercados para os produtos brasileiros. É ovo de pinto, é ovo de codorna, é ovo de galinha, é carne de primeira, abacate, tudo o que vocês possam imaginar, tudo. Tudo que se produz aqui agora, o mundo quer comprar.
E isso é importante porque essa vontade das pessoas comprarem do Brasil exige que os nossos empresários comecem a compreender que o carinho que as pessoas têm pelo mercado brasileiro é pela política de preservação que nós estamos fazendo nesse país. É pela política de cuidado, porque a gente vai fazer a COP, o ano que vem, em Belém. E a COP vai ser um marco decisivo na questão do clima.
Hoje, discutir clima não é mais uma coisa de intelectual, uma coisa de universidade, uma coisa de bicho grilo. Não. É uma necessidade da gente lembrar que a natureza também se manifesta e ela pode reagir contra os abusos que nós, seres humanos, que somos inteligentes, muitas vezes esquecemos da nossa inteligência e achamos que a gente pode degradar tudo, destruir tudo.
Então, eu fico muito, mas muito orgulhoso, eu quero chegar aos 200 mercados. Duzentos, só não quero exportar jogador do Corinthians, que não está muito bem, sabe? Mas o Cuiabá está bem. Eu vou ver, eu vou ver se tem algum. Me disseram que o empresariado do agronegócio que financia o Cuiabá. Arruma um desses empresários para ir para São Paulo para investir no Corinthians, pô. Um pouquinho, o Corinthians está...
Então, gente, é o seguinte: eu, governador, o Renanzinho [Renan Filho, ministro dos Transportes] falava assim: “Lula, vamos lá no Mato Grosso ver o anel viário, ver o rodoanel, ver não sei das quantas”. O Silvio [Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos]: “Não, vamos ver os aeroportos, presidente”. Eu falei, bom, já que eu vou ver o Pantanal pegando fogo — e quero dizer para vocês que eu fiquei emocionado de helicóptero, vendo os aviões da Força Aérea Brasileira jogando água, não para apagar, para resfriar para os brigadistas poderem entrar e apagar. E eu fiquei emocionado, porque a gente não vendo, a gente não sabe. A gente só lendo, a gente não aprende. E eu vi o trabalho daqueles brigadistas, sabe, tentando apagar um fogo, sabe, que é difícil apagar. E eu vi o valor daquelas pessoas e o orgulho daquelas pessoas.
Então, eu falei: “Bom, já que eu fui lá, eu vou aproveitar, vou ver os aeroportos do Silvio”. O maior presidente que mais descerrou placa na vida de Cuiabá… Vou inaugurar essas casas e quero dizer, Renanzinho, que a gente vem na inauguração do Rodoanel. A gente vem na inauguração do Rodoanel.
Por fim, gente, eu quero terminar dizendo para vocês uma coisa. Eu tenho dito em todos os lugares que eu, possivelmente, eu esteja vivendo o melhor momento da minha passagem pelo planeta Terra. Como ser humano, eu estou efetivamente bem de cabeça, de saúde e acreditando que a gente vai tirar esse país da condição de partido nanico, de país pequeno, de país pobre. Não tem sentido.
Esse país é muito grande, é muito poderoso. O que nós precisamos é fazer acontecer as coisas. Sabe quantos anos fazia, governador, que não tinha anúncio de investimento na indústria automobilística? Quase 30 anos. Depois que os chineses vieram produzir carros elétricos na Bahia, um mês depois, eu recebi a Anfavea para anunciar investimento de R$130 bilhões de reais, R$130 bilhões até 2028. Há muito tempo não havia investimento em siderurgia. Eu recebi o pessoal da siderurgia, vou investir R$100 bilhões até 2028. Eu recebi o pessoal do alimento, que há muito tempo queria fazer investimento. A indústria do alimento vai investir, até 2026, mais R$120 bilhões. O setor de papel e celulose vai investir mais R$67 bilhões.
E a política de crédito. É só comparar o que está acontecendo com o Banco do Brasil, com a Caixa Econômica, que está aqui o presidente Carlos, a quantidade de crédito, porque o que vale nesse país é crédito. O povo tem que ter acesso a dinheiro. O dinheiro tem que circular, o dinheiro não pode ficar numa conta para comprar em dólar. É para comprar comida, roupa, para comprar livros, para comprar as coisas que nós precisamos. E isso vai acontecer nesse país.
Eu tenho dois anos e seis meses de mandato e pode ter certeza de uma coisa: esse país, quando eu terminar o meu mandato, primeiro a fome desapareceu, porque em apenas 18 meses nós já tiramos 24 milhões de pessoas do Mapa da Fome. Vinte e quatro milhões de pessoas. E nós vamos tirar todos, porque eu não quero nunca mais a fotografia de uma pessoa no estado do Mato Grosso, aqui em Cuiabá, na fila do açougue, pegando um osso. Não é possível, não é normal e não é justo. Esse país produz alimento suficiente, o que nós precisamos é garantir que esse alimento chegue nas pessoas. E isso é possível chegar. E, por isso, eu quero dizer para vocês: terei muito orgulho.
Eu estou vindo aqui nesse aeroporto bonito, mas eu queria contar um pequeno caso para você, meu caro senador. Em 1982, eu vim ao estado do Mato Grosso. Vim para as eleições. Eu era candidato a governador de São Paulo, mas o PT tinha um candidato a governador aqui chamado João Monlevade, que era presidente da Andes. E eu cheguei aqui, me avisaram o seguinte: “Ô, Lula, você vai para o Mato Grosso, você toma cuidado, que você vai descer no aeroporto, tem um governador, não sei se é o Jaime ou o Júlio Campos, que ele gosta de atravessar a rua e abraçar as pessoas”. E não é que, quando eu cheguei, o governador estava no aeroporto para me abraçar? Eu falei: “Eu não posso correr”. Fui lá e abracei o governador, tirou a fotografia. Me disseram: “ele vai tirar a fotografia”. Tirou a fotografia, não perdi nada, e nem ele, estamos ainda inteiros.
Aí eu fui para o comício. Ô, gente, o comício, o João Monlevade estava de chinelo havaiana. Candidato a governador. Sabe qual era o meu palanque? Uma charrete, uma carroça. Com um aparelhinho de som 3 em 1 na frente para falar. E quando eu comecei a falar: “Companheiros e companheiras”, a eguinha começou a andar, e eu: “vai ser o primeiro comício móvel da história de Cuiabá”.
Foi um ano em que eu viajava aqui, governador, o João Monlevade tinha um fusquinha e a gente ia visitar o interior. Ele levava farinha e banana para a gente vender, para poder encher o tanque de gasolina e a gente conseguir. É assim que nós criamos um partido. É assim que eu virei presidente da República e é assim que nós vamos governar esse país: com muita alegria, com muita coragem, sem nenhum rancor, sem nenhum ódio, nada, é só governar.
E o que eu quero medir, o que eu quero medir é quando terminar o mandato, a gente vai medir o Brasil que eu herdei e o Brasil que eu vou entregar. É isso que eu quero medir, eu já dei uma lição uma vez. Quando eu entreguei o país em 2010, o PIB crescia 7,5% ao ano, a indústria automobilística vendia 3,8 milhões de carros por ano, hoje está vendendo metade e a gente ainda tinha o prazer de ver o comércio varejista crescer 13% ao ano. E a gente chegou a ter quase que emprego. Hoje, nós temos o menor nível de emprego, a inflação está controlada, só falta a gente reduzir a taxa de juros, que não depende só do governo, mas que a gente vai conseguir também.
Então, governador, eu quero, primeiro, agradecer pelo carinho. Prefeito, desculpa não ter sido apresentado antes para você. Quero agradecer a cada um de vocês aqui. Nós vamos agora inaugurar as casas, depois eu vou embora, porque amanhã eu tenho muito trabalho. Depois eu vou para o Ceará, depois eu vou para o Chile, então eu queria dizer para vocês um beijo no coração de cada homem, de cada mulher. E pode ficar certo que a gente vai investir todo recurso nesse estado.
A Poconé é o seguinte: tem uma fotografia minha com um corrupião na mão, aquela foto foi tirada em 1989 na cidade de Poconé.
Gente, um abraço.