Pronunciamento do presidente Lula durante reunião com movimentos de catadores
Bem, companheiras e companheiros, eu quero primeiro cumprimentar o meu querido vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o companheiro [Geraldo] Alckmin. Quero cumprimentar os ministros que estão aqui porque é muito importante que vocês percebam que a presença de tantos ministros aqui é para dizer ao Brasil inteiro que cuidar de vocês não é um problema do Lula, é um problema do meu governo e envolve todos os ministros e todo mundo que trabalha diretamente para o governo brasileiro.
Então, quero agradecer aqui a presença do companheiro Ricardo Lewandowski [ministro da Justiça e Segurança Pública], do nosso companheiro Luiz Marinho [ministro do Trabalho e Emprego], da nossa companheira Nísia Trindade [ministra da Saúde], que daqui a pouco vai anunciar o aumento de mais remédios importantes no Farmácia Popular para que o povo pobre possa ter... Povo pobre não, o povo brasileiro possa ter acesso a remédios importantes para cuidar de doenças importantes.
Quero cumprimentar a nossa companheira Marina Silva [ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima], que está me provocando todo dia que eu tenho que ir ao Pantanal com ela. Antes que o fogo acabe com o Pantanal, nós vamos acabar com o fogo. Quero cumprimentar o nosso companheiro Jader Filho [ministro das Cidades], que é um companheiro que tem dado uma demonstração de relação humana com vocês muito grande.
Quero cumprimentar a nossa querida Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, que está junto com vocês. O nosso querido companheiro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos, a companheira Sônia Guajajara, dos Povos Indígenas, o Márcio Macêdo [ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República], que vocês já conhecem muito bem, o nosso Messias, nosso querido Jorge Messias, advogado-geral da União, o nosso querido Gilberto Carvalho [secretário Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego], que muda de lado sempre, vai para um lugar, vai para o outro, mas está sempre junto com os companheiros do movimento social brasileiro. Quero cumprimentar a nossa companheira Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil.
Quero cumprimentar o Marcos Brasiliano, presidente da Caixa Econômica Federal em exercício. Quero cumprimentar o nosso companheiro Enio Verri, diretor-geral da Itaipu Binacional. Quero cumprimentar o companheiro Décio [Lima], presidente do Sebrae.
Quero cumprimentar o Danilo Siqueira, presidente da Petrobras Biocombustíveis. Quero cumprimentar a Tereza Campello, que está aqui em nome do BNDES, diretora socioambiental do BNDES. O companheiro Zé Maria Rangel, ex-petroleiro, ex-dirigente sindical, e atualmente o companheiro Zé Maria é diretor de Responsabilidade Social da Petrobras.
A nossa querida Aline [Sousa, diretora-presidente da Central de Cooperativas de Trabalhadores de Materiais Recicláveis do Distrito Federal], o nosso querido companheiro Roberto Rocha [presidente da Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis].
E termino por aqui porque eu estou com a nominata com o nome de todos vocês, se eu falar o nome de todos vocês, eu não vou fazer o meu discurso. Eu fiz questão de citar o nome das autoridades que estão aqui porque a história precisa registrar as coisas diferenciadas que acontecem no âmbito de um governo.
Não são todas as reuniões que participam tantos ministros e participam todas as instituições importantes do nosso governo, como bancos públicos, como Petrobras e com outros secretários do governo. Isso aqui é apenas a fotografia para dizer ao Brasil, para dizer ao mundo, para dizer à imprensa, porque as pessoas podem negar a informação.
Mas a fotografia ficará para a eternidade de que um dia, não apenas um dia, que no nosso governo os catadores de papel de material reciclável são tratados como cidadãos e cidadãs de primeira classe, que é o que nós queremos que aconteça no país.
Eu não vou ler o meu discurso porque o que foi anunciado aqui é muito dinheiro, é 425 milhões e 500 mil reais ainda. Muito dinheiro em várias frentes de trabalho, que vai acontecer em vários momentos, e eu disse para o Márcio: “vocês criaram um comitê, sabe, de vários ministérios para cuidar dessa coisa, para saber se vai acontecer de verdade”.
Porque a gente não pode anunciar uma quantidade de investimento dessa magnitude e a gente não tem um acompanhamento sistematizado para a gente saber se está acontecendo cada passo, porque senão daqui a pouco a gente recebe a notícia: “olha, aquilo que foi anunciado não está acontecendo”. A Itaipu anunciou não sei quantos milhões e não está acontecendo. O Banco do Brasil anunciou 25 milhões e não está acontecendo. A Caixa mais 25 milhões, o Ministério do Meio Ambiente mais 17 milhões. Tudo isso, Márcio, tem que ter um acompanhamento sistematizado.
Mensalmente você tem que saber o que está acontecendo, porque nós temos dois anos e meio de mandato e é importante que o que nós aprovamos aqui hoje aconteça na sua plenitude para a gente aprovar mais coisa, mais avançada e fazer evoluir um pouco mais para dar a eles garantia, que quando nós deixamos a Presidência da República, depois do impeachment da companheira Dilma Rousseff, aquilo que eles tinham que parecia que era garantido não foi garantido, não existiu, porque entraram aqui um bando de destruidor que destruíram praticamente tudo que a gente tinha acertado com vocês durante longos 13 anos.
Numa demonstração de que é preciso a gente fazer mais para consolidar definitivamente, porque a gente não sabe o que acontece quando o regime é democrático, que tem eleições, que tem alternância de governo, a gente não sabe o que acontece. Então o que nós temos que fazer é fazer a nossa parte, porque a gente sabe que nem todo prefeito respeita o catador como deveria respeitar.
A gente sabe que é importante a gente dar a eles o direito de cidadania. Só o fato de ouvir os discursos de vocês, só o fato, Aline, de ver você falar, só o fato de ver esse caboclo falar, o fato de ver o companheiro falar que era catador do maior lixão da América Latina no Rio de Janeiro, que possivelmente tinha pouca perspectiva de vida, estar aqui, dentro do Palácio do Planalto, junto a uma quantidade enorme de autoridades, junto ao presidente da República para dizer: “presidente, eu existo, eu sou catador, mas mais do que catador, eu sou brasileiro e não desisto nunca”.
E é isso que aconteceu na vida de vocês. Não sei se você reparou, Lewandowski, são pessoas simples que ao fazerem o uso da palavra e dizerem aquilo que eles pensam, eles se transformam em oradores eloquentes mais do que muitos que pensam que são eloquentes. Se transformaram em gente que pode falar e que sabe dizer aquilo que é o sentimento que está dentro da sua alma, do seu coração, da sua mente, que é isso que faz a diferença no nosso país.
E eu tenho muito orgulho, muito orgulho porque a primeira vez que eu fui chamado para fazer um discurso, eu não consegui fazer de tanto que eu tremia, eu até saí com um papelzinho na mão para ler, mas quando eu cheguei no microfone a minha mão tremia tanto que eu não consegui ler meu discurso, de um minuto, não era nem de três minutos, era de um minuto.
Você percebe que quando as pessoas têm formação política, quando as pessoas se preparam, as pessoas fazem as coisas corretamente e o que vocês fizeram aqui hoje, sabe, essa sala de vocês com cabeça, tronco e membro, com começo, meio e fim, dizendo o sentimento que vem do DNA de vocês, é uma coisa muito importante. Eu acho que nós já fizemos bastante, mas ainda temos muito por fazer, porque é preciso que a gente eleve de uma vez por todas a sociedade brasileira a não ver e a não enxergar vocês nas ruas como catadores de papel e materiais de casa ou como puxadores de carrocinha.
É importante que a sociedade veja vocês e respeite vocês como cidadãos brasileiros que estão fazendo um serviço tão ou mais importante do que o serviço que aquelas pessoas que estão vendo vocês fazem, porque muitas vezes vocês estão catando a sujeira que eles jogaram na rua, muitas vezes vocês estão limpando uma coisa que eles deveriam limpar.
E isso vale mais do que a quantidade de dinheiro que foi anunciada aqui. Eu só quero terminar, companheiro Márcio, falando diretamente a você, você tem... Eu vou terminar o meu mandato e não tem um púlpito em que a gente possa colocar um copo aqui na frente e beber água. Eu estou reivindicando há um ano e meio um púlpito, que a gente possa colocar um copo aqui em cima, para não ter que ficar procurando aqui embaixo os copos.
O Stuckinha [Ricardo Stuckert, secretário de Produção e Divulgação de Conteúdo Audiovisual da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República], toda vez que eu falo, fala: ”tá pronto”. Mas eu queria terminar falando para você, Márcio, um púlpito, pelo amor de Deus. Não. Não é isso que eu queria falar para você. O que eu queria falar para você, Márcio, é o seguinte: Márcio, é preciso que você assuma a responsabilidade desse tal de CIISC que foi criado. Eu nunca vi uma sigla chamada CIISC. Esse tal de CIISC que foi criado, porque eu tenho muita preocupação.
A gente cria muita reunião interministerial e eu sou informado das reuniões e nem todos os ministros participam das reuniões. Às vezes participam da primeira, na segunda já mandam um segundo colocado, na terceira já mandam um terceiro colocado, na quarta já mandam um quarto colocado. Ou seja, se a gente não aprova as coisas e a gente não cumpre de verdade, primeiro é preciso que quando tiver essa reunião, todos os ministros que fazem parte têm que participar, Márcio, têm que participar.
E você tem a responsabilidade de pegar o telefone e ligar para cada ministro, porque também muitas vezes a gente acha que todo mundo está ligado no WhatsApp e passa uma mensagem “reunião amanhã às nove horas”, nem sempre todo mundo vê. É importante pegar o telefone e ligar para a pessoa. “Companheira Marina, você está no CIISC, então venha. Companheiro Lula, você está no CIISC, venha”. Por que eu quero seriedade nisso? Porque eu quero que vocês tenham sucesso na implementação e na utilização dos recursos que foram disponibilizados hoje.
Só faz sentido se vocês tiverem acesso, se esse dinheiro estiver rodando, se esse dinheiro estiver girando, se esse dinheiro estiver gerando mais emprego, mais salário, mais gente trabalhando, mais organização na cooperativa e mais tranquilidade e cidadania para vocês exercerem a nobre profissão de vocês.
Parabéns, companheiro Márcio, parabéns. Obrigado, companheiros ministros, e obrigado aos bancos públicos que estão aqui. Acha que é fácil trazer o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a Petrobras, o BNDES? Não. Vocês trazem, porque esse governo trata vocês como se vocês fossem os príncipes, como se vocês fossem o rei e a rainha do pedaço.
Hoje vocês abrilhantaram, como nunca foi abrilhantado, esse nobre Palácio, de tantos eventos que já teve reis, já teve rainhas, já teve princesa, já teve presidente, já teve imperador. E hoje é o dia dos nossos catadores e catadoras.
Parabéns e felicidades a vocês.