Pronunciamento do presidente Lula durante inauguração de complexo viário e anúncio de investimentos em Feira de Santana (BA)
Bem, companheiros e companheiras de Feira de Santana, companheiros e companheiras da Bahia. Eu quero primeiro agradecer a paciência de vocês que estão aqui há muito tempo nesse sufoco aguardando os nossos oradores falarem. Mas eu queria pedir desculpa para vocês porque eu ainda não vou falar. Agora, quem vai falar um pouco é a Janja, porque eu quero… Nós temos no Governo Federal um site chamado ComunicaBR. Qualquer cidadão brasileiro, de qualquer cidade desse país, se ele entrar no site ComunicaBR ele vai poder saber cada coisa que o Governo Federal faz em qualquer cidade desse país, em Feira de Santana, em Vitória da Conquista, em Santo Amaro, lá em Lauro de Freitas, onde ele quiser.
Ele clica, pega a cidade dele, ele vai saber quantos médicos têm, quantos dentistas têm, quantos agentes de saúde têm, quanta Farmácia Popular tem, quantas operações foram feitas. E eu queria que a Janja mostrasse para vocês o que o Governo Federal faz aqui em Feira de Santana, para que vocês aprendam que a gente não precisa ficar esperando a televisão falar o que a gente faz. Entrem no ComunicaBR que vocês vão saber de viva voz pelo Governo aquilo que é feito em benefício de vocês. Com a palavra a senhora Janja Lula da Silva.
Fala da primeira-dama Janja Lula da Silva.
Muito bem, Janja. Ô gente, é muito importante vocês levarem em conta que nunca existiu no Brasil a possibilidade do povo ter qualquer informação sobre o dinheiro público. Fomos nós, quando governo, que criamos a Lei de Acesso à Informação para que cada jornalista que quiser saber das coisas que a gente faz, nós temos, por Lei, obrigação de informar. Isso aqui não é uma lei, isso é um compromisso moral, político e ético, porque o dinheiro que o Governo utiliza é o dinheiro arrecadado pelo dinheiro de vocês, pelos impostos das empresas e o mínimo que a gente tem que fazer é mostrar para cada mulher, para cada homem, para cada adolescente, cada centavo que a gente aplica.
E por que que a gente fez isso? Porque eu já fui presidente outras vezes e, muitas vezes, você vai num estado, chega lá você financia uma estrada, você financia uma ponte, você manda ambulância e os governadores não falam do Governo Federal, as prefeituras, muitas vezes, não falam do Governo Federal. Não falam. O Governo não existe. Então, o que nós queremos mostrar com isso é que só é possível esse país dar certo se a gente fizer uma governança com participação dos três entes federados.
A prefeitura é importante, o estado é importante e o Governo Federal é importante. Porque todas as políticas públicas nesse país, 90% delas têm o dedo do Governo Federal e é bom que seja assim. Eu sei que as prefeituras, muitas vezes, não têm dinheiro para fazer as coisas. Então, o Governo Federal precisa passar dinheiro para a prefeitura sim. E é por isso que a gente quer mostrar: 203 milhões de brasileiros que têm telefone celular, eles podem saber em tempo real cada centavo, cada metro de asfalto, cada tijolo, cada remédio vendido, cada viagem, ele pode saber tudo. Isso aqui é o Governo nu diante da sociedade brasileira. Não tem segredo para vocês. Portanto, eu quero que vocês tirem proveito. Chegar em casa faça o teste. Escolha uma cidade da Bahia qualquer, e você entra no ComunicaBR para você saber tudo que a gente está fazendo lá.
Bem, obrigado a vocês.
Eu queria, primeiro, dizer para vocês que feliz um presidente da República que tem os companheiros que eu tenho aqui na Bahia. Não é pouca coisa a relação de amizade que eu tenho com o Jaques Wagner [senador], com o Rui Costa [ministro da Casa Civil], com o Jerônimo [governador da Bahia], com os nossos deputados, com as nossas deputadas. Não é fácil a gente manter uma relação civilizada e democrática pensando no bem das pessoas.
Por isso que eu estou aqui hoje para tentar mostrar para vocês que, graças a Deus, a Bahia me deu o Rui Costa para trabalhar na Casa Civil, porque o Rui Costa trabalhou com o Jaques Wagner, o Rui Costa foi governador, e ele trabalha junto com equipe que tem uma mulher ao lado dele que é de Santo André, em São Paulo, a Miriam Belchior [secretária-executiva da Casa Civil]. Os dois juntos formam uma dupla diária quase que imbatível, melhor do que Romário e Bebeto, muito melhor, muito melhor do que Coutinho e Pelé, muito melhor. Porque é o seguinte, eles não deixam nada escapar, nenhum ministro conta uma mentira para mim que o Rui e que a Miriam não desminta. “Isso não é verdade, isso não foi aprovado, isso nós não concordamos e a gente”.
E é por isso que, muitas vezes, vocês ouvem que há divergência entre o Rui e os outros ministros. Mas também existia no tempo que a Dilma [Rousseff, ex-presidenta do Brasil] era a minha chefe da Casa Civil. Eu fazia reunião de ministérios e a Dilma falava: “presidente, presidente, se algum ministro for mentir pro senhor eu vou dizer que é mentira”. Isso é muito importante, sabe por que? Porque a presença do Rui Costa na Casa Civil e a equipe que ele montou é a certeza que eu posso dormir toda noite tranquilo, que ninguém vai tentar me dar uma rasteira.
Além disso, não é pouca coisa ter o Jaques Wagner e o Otto [Alencar, senador] no Senado me ajudando. Não é pouca coisa. E também não é pouca coisa ter a bancada de deputados federais ajudando a gente, votando nas coisas. A bancada só precisa aprender a defender mais a gente das porradas que a gente toma. Nós, muitas vezes, não gostamos de enfrentar o debate, e aquele microfone é feito para a gente debater. Não há nada que a gente não tenha que dar resposta. A gente não tem que levar desafora para casa, porque quem nos critica não vale uma titica de cachorro. É importante ter isso em conta. É preciso ter em conta que a gente não tem que levar desaforo para casa. Por muito menos que a gente faça, a gente já faz mais do que eles. Mas muito mais do que eles. Sabe por que, gente?
Você sabe por que que as coisas estão dando certo e sabe por que que as coisas vão dar certo? Porque o Lula não é pai de pobre, o Lula não é nada, o Lula não é o Lula. Sabe quem eu sou? Vocês. Vocês é quem me fizeram ser assim. Então, eu sou a encarnação de vocês. Se vocês estiverem brigando, exigindo, eu estou fazendo, se vocês se acomodaram, eu me acomodo, e vocês não tem que se acomodar.
Nós fomos eleitos para cuidar de mulheres, de homens, de crianças, de adolescentes, cuidar do povo brasileiro, que é o que precisa acontecer neste país. Cuidar da educação, cuidar da saúde, cuidar do transporte. Aqui em Feira de Santana, prefeito, de cada cinco casas, nós fizemos uma. Se tirar todas as casas que nós fizemos, vai diminuir a fotografia de Feira de Santana. Mas é assim. Porque eu nunca olhei de que partido que é o prefeito. Nunca olhei.
Eu, quando quero fazer uma coisa para o estado e para uma cidade, eu não me preocupo se o prefeito é evangélico, se ele é católico, se ele é ateu, não quero saber se ele torce para o Vitória ou para o Bahia. Eu quero saber se o povo necessita daquele dinheiro para fazer benefício para o povo. E ainda vamos fazer. E é por isso que eu estou e vou dizer para vocês. Eu nunca estive em um momento espiritual melhor do que eu estou hoje. Eu estou vivendo um período da minha vida que eu acho que é um período pleno. Nada, nada, nada me aborrece.
Nada me deixa perder uma hora de sono. Eu tenho certeza absoluta de que eu voltei a governar esse país para provar mais uma vez de que a gente não precisa só de diploma para governar, a gente precisa de caráter, precisa de compromisso, precisa de vergonha. E é isso que eu adquiri de vocês. É isso que vocês me deram. E é por isso que a gente está aqui, ainda mais que vocês elegeram um governador simpático como o Jerônimo. Pense.
Eu vivo agora fiscalizando, porque o Rui Costa é chefe da Casa Civil, e quando eu falo assim “nós vamos fazer investimento no Brasil” e mando o Rui Costa preparar, eu fico de olho para saber se ele vai colocar mais a Bahia ou não. Porque, de vez em quando, eu vejo o Jerônimo lá visitando ele. Aí eu falo “vem pegar o dinheiro, venha levar obras para a Bahia”. E eu quero dizer que nós vamos fazer o que for necessário. Olhe, deixa eu dizer para vocês.
Nós estamos há um ano e seis meses completados hoje. Ainda tenho dois anos e seis meses pela frente. Nós começamos a fazer a primeira colheita agora. Nós plantamos desde janeiro, aramos a terra, semeamos, colocamos adubo, colocamos a semente e agora nós vamos viajar o Brasil para anunciar as coisas que a gente vai fazer. E nós queremos deixar a Bahia mais impecável, com melhor qualidade de vida, porque esse povo baiano não é povo, é uma pessoa extraordinária, porque eu até tenho uma música que eu canto de vez em quando para mim.
Eu não canto no microfone porque eu não sei, mas tem uma música que nunca saiu da minha cabeça que é assim: “sou da Bahia, comigo não tem horário, não sou otário e você pode zombar. Sou cabra macho, sou baiano toda hora, meio-dia, duas horas, três e meia o que é que há. Cabeça grande é sinal de inteligência, agradeço a providência ter nascido aqui. Salve a Bahia, iaia”. Sabe que essa música ninguém aqui conhece essa música. Ninguém conhece. Mas eu, quando era pequeno lá em São Paulo, tinha um cantor que cantou essa música e ele fez sucesso. E essa música não me sai da cabeça. Então, cada vez que eu vir aqui, porque não dizer “sou da Bahia, comigo não tem horário”? E eu gosto da Bahia porque vocês gostam de mim.
Eu sou simpático com a Bahia, porque vocês são simpáticos comigo. E eu quero dizer para vocês, estejam certos, estejam certos, nós vamos melhorar a vida desse país, nós vamos melhorar a vida do nosso povo. A gente vai fazer mais aumento do salário mínimo, a gente vai fazer mais os benefícios que as pessoas têm direito. A gente vai cuidar dos pobres, a gente vai cuidar das pessoas menores, a gente vai cuidar daquelas pessoas que precisam. É por isso que eu quero dizer para vocês: esse coração aqui é um coração de mãe, que cabe todos vocês dentro a hora que vocês quiserem e quando vocês precisarem. Prefeitos, não se esqueçam de mandar demanda para o Governo Federal.
Aqui, o prefeito da Bahia é fácil, é só entregar para o Jerônimo, ele entrega para o Rui, o Rui faz lá a conta, entrega pra mim e vocês recebem o benefício. É isso que vai acontecer. Por isso vocês vão saber de uma coisa. Os nossos adversários estão muito nervosos porque, para a gente que ganha as eleições, o mandato passa muito rápido. Mas para quem perde é eterna a derrota. E eu queria dizer para vocês que nunca mais eles voltarão a fazer com que o ódio prevaleça nesse país. Esse país não é o país do ódio. Esse país não é o país da mentira. Esse país não é o país da leviandade.
Esse país é um povo religioso, é um povo amável, é um povo muito, mas muito, muito, muito, amoroso. É um povo que tem solidariedade, é um povo que tem compaixão, é um povo que gosta de ajudar o próximo. E esse país só vai andar para frente, porque eu digo sempre o seguinte: eu não estaria aqui se não fosse a mão de Deus. Eu não estaria aqui. Em 1952, prefeito, em dezembro de 1952 eu saí de Pernambuco, num pau de arara para ir para São Paulo e passei aqui em Feira de Santana. Em 1952. E fui para São Paulo para não morrer de fome.
Então, veja, um pernambucano que sai da miséria e vai para São Paulo para não morrer de fome, não tem diploma universitário e fez mais universidades, não tem diploma universitário e fez mais escolas técnicas e que agora vai fazer escola de tempo integral, e que agora vai fazer o Pé-de-Meia, e que vai investir mais em educação. Quem é que pode ter me trazido aqui? Deus e vocês. Não tem outra coisa para ter me colocado aqui.
E é isso que as pessoas têm que saber quando quiser me xingar, pode me xingar que eu não sou eu. Eu sou vocês. E aí é que a nossa força coletiva vai arrumar a vida desse país.
Gente, um beijo no coração, Feira de Santana. Nós vamos para outra atividade em Salvador. Obrigado aos deputados, às deputadas. Obrigado aos companheiros que vieram nos acompanhar aqui, aos ministros, e pode ter certeza de uma coisa.
Esse país nunca mais vai ter retrocesso democrático.