Pronunciamento do presidente Lula durante premiação da 18ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP)
Eu queria, antes de dizer algumas palavras a vocês, pedir licença ao companheiro Marcelo Viana, diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, que me honrou com essa medalha de ouro. E eu queria que vocês soubessem, vocês que são muito jovens, eu sou o brasileiro que mais tenho título de doutor honoris causa sem ter um único diploma aqui no Brasil de universitário.
E, sinceramente, de todos os títulos que eu tenho, eu acho que essa medalha de ouro significa muito. E eu queria, em função dessa medalha de ouro, pedir ao Marcelo apenas uma licença para que a nossa querida Suely Druck pudesse dar algumas palavras aqui. Ela, que foi a mentora para que eu criasse as Olímpiadas da Matemática no Brasil.
Eu quero cumprimentar o meu querido companheiro Marcelo e agradecer, Marcelo, pela extraordinária ideia, junto com o prefeito Eduardo Paes e junto com o ministro da Educação, da gente criar a primeira faculdade de matemática aqui do Rio de Janeiro. E Deus queira que seja apenas a primeira e que a gente possa criar muitas outras faculdades de matemática, porque o Brasil precisa muito de gente diplomada, precisa de advogados, o Brasil precisa muito, mas muito mesmo, de cientistas, precisa muito de matemáticos, precisa muito de engenharia, precisa muito de especialistas na área da saúde. E nós precisamos, sempre que possível, a gente incentivar que as faculdades sejam criadas.
Eu quero cumprimentar o meu companheiro Camilo Santana, ministro da Educação. É importante que os jovens que estejam aqui saibam de que o Camilo foi governador do estado do Ceará e é no Ceará o estado que a gente tem maior sucesso nas Olimpíadas da Matemática. E é no Ceará que a gente tem, por vários anos seguidos, a melhor educação no ensino fundamental, graças à dedicação do companheiro Camilo.
E, antes do Camilo chegar no Ministério da Educação, o Haddad [Fernando Haddad, ministro da Fazenda] era considerado o melhor ministro da Educação que o Brasil já teve. E eu falei para o Camilo que ele só tem uma missão agora: é passar o Haddad e deixar o Haddad no segundo lugar e se transformar no melhor ministro da Educação desse país, porque o Brasil precisa de gente que goste de educação dirigindo a educação desse país.
Quero cumprimentar a minha querida companheira Luciana Santos, ministra da Ciência e Tecnologia, companheira do PCdoB, companheira bem formada e companheira que foi prefeita de Olinda, foi deputada federal, foi vice-governadora em Pernambuco. Parabéns, companheira Luciana.
O deputado Ferreirinha, que está aqui presente, do PSB do Rio de Janeiro. O nosso querido Dudu, Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro. O nosso querido Ricardo Galvão, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq. A nossa querida companheira Denise Pires de Carvalho, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior do Ministério da Educação, Capes. Companheiro Celso Pansera, presidente da Financiadora de Estudos e Projetos, Finep. A nossa querida Suely Druck.
Eu quero cumprimentar moços e moças, homens e mulheres, rapazes e rapazes, adolescentes, os pais, as mães, as avós, os avôs, os tios, os irmãos que vieram participar dessa festa extraordinária com vocês.
Eu vou facilitar a vida de vocês, porque vocês já ouviram muito discurso hoje. Eu fico imaginando, vocês nunca tiveram a minha idade. Mas eu já tive a idade de vocês. Então, eu sei como é que vocês são, sei como vocês se comportam e vocês não sabem como é que eu me comporto. Vocês não sabem como é que eu me comporto, então eu queria explicar para vocês o seguinte: o meu discurso, eu sempre sou o último orador a falar. Então, antes de mim, falam cinco pessoas, falam seis pessoas, falam dez pessoas. E, quando você traz um discurso por escrito é muito difícil que o seu discurso já não tenha sido feito pela sequência de oradores que falaram antes de mim.
Então, eu só queria contar para vocês algumas coisas importantes. Primeiro, há muita descrença ou havia muita descrença nesse país contra a tentativa de dar oportunidade aos jovens brasileiros, sobretudo os jovens da periferia, as pessoas filhas de trabalhadores, pessoas que têm menos poder aquisitivo, que estudam em escola pública. Havia muita descrença e há muita descrença ainda na qualidade da escola pública. E a gente queria provar que não tem um jovem mais inteligente, porque o pai dele tem mais dinheiro, porque a família dele tem mais posse do que um cara que é mais pobre. Não. Todo mundo tem inteligência suficiente para isso. Todo mundo. O nosso querido Paulo Freire dizia que se todas as crianças comessem todas as crianças seriam inteligentes. Obviamente que uma criança que passa fome, que não consegue comer as calorias e proteínas na idade certa, essa criança poderá ter uma deficiência se comparada a outras crianças que comeram bem.
Pois bem, então o que faltava para a juventude? Oportunidade. Faltava abrir a porta e falar: "entrem que a casa é sua". Porque quando nós fomos discutir as Olimpíadas da Matemática, os primeiros alunos que a Suely me levou lá no Palácio da Alvorada eram de escolas particulares. Eram de escolas particulares. E a maioria, também no Ceará, e também no Piauí. Eram onde tinha parte das maiores inscrições da Olimpíada da Matemática. E eu perguntei para a Suely: "por que a gente não leva isso para a escola pública?". Ela dizia: "é possível levar, é plenamente possível a gente levar". Aí, como sempre, aparece aqueles que falam assim: "não, ô, Lula, esse negócio de levar para a escola pública é bobagem, as crianças da escola pública não têm interesse. Eles não vão se interessar em fazer parte das olimpíadas, eles não gostam de matemática, matemática é uma matéria muito difícil". E a segunda coisa que a Suely me disse é o seguinte: "Lula…". Eu perguntei para ela se matemática era a matéria mais difícil, se era a matéria que as pessoas menos gostavam. (Ela disse) "Lula, é o seguinte: a matemática parece difícil, até as pessoas não aprenderem a desenrolar o casulo. Quando as pessoas aprendem a desenrolar o casulo, a matemática fica a matéria mais gostosa e a que desperta mais e mais tesão para que os meninos estudem matemática e as meninas estudem matemática". E isso ficou comprovado. Depende, obviamente, da vontade do aluno e da aluna e depende também da capacidade do professor.
Ou seja, nós precisamos aprender que o papel importante de um professor dentro da sala de aula não é apenas ensinar o currículo que está lá no anual da escola, que está nos livros. Não. O papel do professor, além de ensinar as matérias que têm que ensinar, é fazer com que o aluno seja motivado a frequentar a escola. Levantar de manhã e falar: "pô, eu vou para a minha escola, eu quero estudar, eu quero ir para a matemática, eu quero ir para o português". É esse o papel do professor, não é só o de dar aula. Essa é uma coisa que faz a diferença na formação de vocês. Então, eu queria que vocês soubessem isso.
A segunda coisa que eu queria que vocês soubessem é que a Olimpíada da Matemática, quando nós começamos, o segundo país do mundo era a Argentina, que tinha acho que 1,2 milhão de crianças na época. E a Rússia parece que era o país que tinha mais crianças e mais adolescentes nas olimpíadas. E eu coloquei aquilo como meta para mim. Por que que a gente tem que ser inferior à Argentina? Por que que a gente tem que só dar chance às pessoas que estão em escola particular, e não dar chance aos filhos de outras pessoas, para provar que eles são inteligentes? Dê oportunidade. Porque essa é a minha briga. Eu não quero prejudicar o filho de ninguém, eu não quero prejudicar a filha de ninguém, eu não quero diminuir ninguém. A única coisa que eu quero é que todos, sem distinção, todos, meninos e meninas deste país, possam ter a mesma chance de disputar as mesmas coisas, para a gente ver quem é quem na história desse país.
Então, o sucesso foi tão extraordinário que na primeira olimpíada a gente teve 10 milhões. Na segunda, a Justiça Eleitoral, Suely, não deixou sequer colocar um papelzinho na porta da escola. Dizendo que era tirar proveito político. Não foi feita nenhuma propaganda. A gente pulou de 10 milhões para 14 milhões de alunos nas olimpíadas. Depois, pulamos para 18 e chegamos até 19. E agora estamos com 18. O que que é importante? É que 99,9% das prefeituras desse país aderiram às Olimpíadas da Matemática e, portanto, a matemática está hoje em uma cidade de 5 mil habitantes e em uma cidade de 20 milhões de habitantes. Esse é o sucesso. E o sucesso é que nós temos, esse ano, 56 mil escolas de 99% dos municípios. Gente, é um sucesso extraordinário. Eu me sinto como se tivesse ganho seis medalhas de ouro, sete. Aqui tem gente que já ganhou seis, né? Tem gente que ganhou cinco. E o que que me apaixona nisso? A Suely lembra, o Marcelo deve lembrar. Vocês, não, porque vocês não tinham nascido ainda, mas um dos primeiros meninos que ganhou medalha de ouro nas Olimpíadas da Matemática, deve ter na internet esse menino, era um menino do Ceará, ele era tetraplégico, o pai dele levava ele para estudar num carrinho de pedreiro. O pai dele levava ele todo dia na escola. Esse moleque ganhou duas vezes medalha de ouro na Olimpíada da Matemática, numa demonstração que não existe nada impossível, nada impossível, para um ser humano. E, sobretudo, não existe nada impossível na idade que vocês estão, com 100% de energia, com muita força, com muita massa encefálica, com muita força física. E vocês podem fazer o que vocês quiserem.
Portanto, gente, é o seguinte: aproveite. Aproveite, porque vocês podem saber de uma coisa. O pai e a mãe de vocês, o avô ou a avó que criaram vocês. Ou a irmã ou uma tia de vocês, que está aí torcendo por vocês, o maior sonho delas é deixar para vocês alguma coisa não é uma herança, não é uma casa, não é um carro. Pode ter certeza que o maior sonho do pai de vocês e da mãe é deixar vocês com uma boa formação acadêmica, com uma boa formação profissional, para vocês poderem constituir família e ajudar esse país a sair da pequenez que esse país foi submetido.
Ô, gente, eu, muitas vezes, sou obrigado a falar as coisas, porque nesse país a elite econômica que governou esse país desde que Cabral aqui colocou os pés e usurpou as terras dos indígenas brasileiros, desde essa época, as elites econômicas nunca se importaram com a educação. Nunca levaram em conta a questão das universidades.
Deixa eu dizer uma coisa para vocês: o Brasil só foi ter a sua primeira universidade em 1920. Quatrocentos e vinte anos depois da descoberta. O Peru teve a primeira dele em 1554, 62 anos depois de descoberta a América, o Peru já tinha a Universidade de São Marco. E o Brasil demorou 400 anos. Por que que demorou tanto? Porque o filho dos donos da usina de cana, os filhos dos donos das empresas chiques que tinha aqui naquela época — que não tinha muito também —, os barões do café, os barões da cana, os barões da laranja, toda essa gente tinha dinheiro para mandar seu filho estudar na França, estudar nos Estados Unidos, estudar na Inglaterra, estudar na Alemanha. E o filho do trabalhador era predestinado a trabalhar, a cortar cana, a viver ganhando o salário mínimo. Por isso que não se acreditava na formação desse país. E é por isso que eu sou o primeiro presidente da República a não ter diploma universitário, mas sou o presidente que mais fiz universidade na história desse país, mais fizemos institutos profissionais.
Por uma razão, por uma razão: eu, quando tinha a idade de vocês, eu tinha vontade de estudar. Não pense que eu não tinha, eu tinha vontade de estudar. Eu tinha uma vontade maluca de ser economista. Eu nem sabia o que era ser economista, mas eu queria ser economista, porque eu via na televisão. Eles falavam tudo bonito e sabiam de tudo. Porque economista tem essa virtude, quando é oposição tem solução para tudo, quando chega no governo esquece as soluções que tinha antes. Essa é uma coisa acadêmica, então eu tinha vontade, eu sonhava em ser economista. Não pude ser, só fui ser torneiro mecânico. Veja a diferença. Só fui conseguir ser torneiro mecânico. E eu tinha vontade de estudar e não tive oportunidade. Então, esse negócio da educação, para mim, é uma obsessão. Eu quero que todo filho das pessoas que trabalham nesse país, seja o mais humilde catador de papel do Rio de Janeiro, seja a mais humilde empregada doméstica desse país, seja o maior rico desse estado, todos eles têm que ter oportunidade e têm que ter direito de se formarem, aprender uma profissão e ser o que quiserem e fazer o que quiserem da vida. É isso que eu quero para o povo brasileiro e é isso que eu quero para vocês.
Essas coisas, pelo amor de Deus, não percam a motivação. Na idade de vocês, ninguém tem o direito de dizer: "ah, levantei cansado, pô, eu tô cansado, eu tô quebrado, hoje eu não vou na escola, hoje eu não vou estudar, eu vou sair da faculdade..." Você não tem o direito, gente, porque vocês têm que fazer o esforço, vocês têm que ser mais bem formados que o pai de vocês, mais bem formado que o avô de vocês, mais bem formado que o bisavô de vocês. É isso que é orgulho. É isso que os pais de vocês, as mães de vocês, esperam: que vocês sejam mais estudantes que eles. Que vocês não confundam essa idade nova de namorar. "Eu quero ir para a balada". Tudo bem, você tem o direito de ir para a balada, de namorar, mas, pelo amor de Deus, façam tudo isso sem esquecer que tem que estudar para ajudar esse país a sair da pequenez que esse país foi conduzido durante tantos anos.
Então, a educação é uma coisa muito sagrada para vocês. Eu, Marcelo, não criei apenas a Olimpíada da Matemática junto com a Suely. Nós criamos também a Olimpíada de Português que, depois que eu deixei a presidência, eu não sei que fim levou. Mas eu via na televisão que as crianças estavam fracas em redação. De vez em quando no Enem ainda falam: "As crianças estão fracas na redação". Então, essa meninada tem que estudar português, tem que estudar português, tem que, sabe, aprender a escrever, aprender a ler. Bom, foi criada as olimpíadas e, na primeira, participaram 5 milhões de pessoas, depois terminou o meu mandato e eu fui para a casa. E também criei a Olimpíada da Ciência, porque o pessoal dizia “ciência era uma matéria difícil também, ciência era uma matéria complicada”. Então, vamos criar as olimpíadas. Ela funcionou uns três ou quatro anos e não sei como é que está.
Eu estou dizendo isso, Camilo, eu tô dizendo isso porque nós estamos assinando o decreto aqui para a questão da ciência. Porque é o seguinte: nós temos que apostar que não existe nenhum país no planeta Terra que conseguiu se desenvolver, que conseguiu crescer, que conseguiu dar um padrão de vida médio, uma qualidade de vida em que vocês possam estudar, possam ter lazer, possam trabalhar, possam almoçar em restaurante, possam tirar férias, possam fazer um monte de coisa, não existe povo que conseguiu isso sem antes não ter investimento na educação. A educação. A educação é o oxigênio de uma nação. A educação é a hemodiálise de uma nação. A educação é a nossa capacidade de nos tornar competitivos, tanto do ponto de vista da qualidade quanto do ponto de vista da produtividade, em qualquer país do mundo. O Brasil pode, o Brasil tem condições e o Brasil tem vocês.
E eu, agora, quero terminar dizendo uma coisa para vocês. Eu agora só ouço falar em inteligência artificial. Pô, você não tem noção. Eu faço muita reunião. Eu faço reunião com empresário pequeno, com empresário grande, com empresário maior, com banqueiro, com gente desempregada, com dirigente sindical, faço reunião com intelectuais. Agora, todo mundo fala: “Lula, porque é preciso investir na inteligência artificial”. Eu fico pensando, vou para a casa e falo: "pô, os caras que conversaram comigo são tão inteligentes, por que que eu tenho que acreditar na inteligência artificial? Por que não usa a inteligência humana dos caras que estão me dando conselho?". Daí a Luciana [Santos] me convida para uma reunião do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia. É um grupo privilegiado de cientistas e pesquisadores que participam e eu participo dessa reunião.
Então, depois de ouvir falar uns dez discursos sobre inteligência artificial, eu fiz um desafio aos cientistas brasileiros. Ontem, eu fiz o desafio aos reitores brasileiros de mais de 100 universidades que estavam lá participando de uma reunião que eu convoquei os reitores. É porque se inteligência artificial é tão importante, por que que a gente fica esperando para copiar o que os Estados Unidos fizer? Por que que a gente fica esperando para copiar o que o Japão fizer? Por que que a gente fica esperando para fazer o que a Coréia fizer? Pô, eu desafio os nossos cientistas. Vamos criar vergonha e vai ter uma Conferência Nacional em julho e vocês tratem de me apresentar um produto de inteligência artificial em língua portuguesa, criada pelos brasileiros, e a gente não vai permitir que roubem a nossa criação de inteligência artificial, como foi roubado a criação do avião. Todo mundo sabe que quem inventou o avião foi Santos Dumont. Foi a única experiência de algo mais pesado que o ar que ficou flutuando no ar. É a única experiência. Mas os americanos ganharam a batalha. "A gente são os irmãos Wright, os irmãos Wright". Que eles fizeram uma catapulta com o avião, jogaram que quase que em um estilingue o avião. O Santos Dumont, não. Ele fez o avião levantar. E, além de fazer o avião levantar, criou o relógio de pulso, porque ele tinha que dirigir com as duas mãos e não podia parar para tirar o relógio do bolso, ele, então, inventou. E nós não conquistamos isso. Ninguém sabe disso. Vocês, veem cinema, pensam que foram os irmãos americanos que criaram o avião no mundo. Não, foi Santos Dumont, um brasileiro de Minas Gerais. É isso que foi.
Então, nós, nós precisamos acabar com o complexo de inferioridade que a gente foi criado. Nesse país, a gente foi criado, eu chamo de complexo de vira-lata. "Ah, eu não sei nada. Eu não tenho nada. Eu sou pobre. Eu não sei das quantas". E, aí, os americanos deitam e rolam em cima de nós. E os europeus deitam e rolam em cima de nós. Agora estão os chineses deitando e rolando em cima de nós, porque quem investiu em educação primeiro está ganhando a batalha. Então, eu queria dizer para vocês: vamos tirar o complexo de pessoa diminutiva que nós temos. E vamos sonhar um pouco grande, porque quem sonha pequeno, quando acorda, pensa que é pesadelo. Quem sonha grande, quando acorda, tem vontade de realizar o sonho. E o sonho de vocês é vocês terem um compromisso de fé, é terem um compromisso com a família de vocês: "Eu vou ser da minha família o cara que mais estudou, eu vou ser mestrado, eu vou ser doutor, eu vou ter uma profissão e eu quero ser orgulho do meu país. Eu não vou ficar sendo inferior a nenhum cientista, a nenhum matemático, do mundo inteiro".
É isso que tem que nascer dentro de nós. Deixar de ser negacionista. "Ah, mas eu sou do Brasil, os americanos que podem tudo. Ah, eu sou do Brasil, os franceses que podem..." Não, ninguém pode nada. Ninguém pode mais do que nós. Ninguém pode mais do que nós. Sabe? Então, a gente não quer ser superior a ninguém, a gente só quer ser igual. A gente não quer comer a comida de ninguém, a gente só quer comer a comida que a gente for capaz de produzir e que a gente ganhar. Mas a gente quer competir em conhecimento, competir em inteligência, a gente quer competir na elaboração de produtos de qualidade para que a gente possa ganhar os mercados internacionais.
É isso que eu acho que é o compromisso de vocês. Por isso eu estou na frente de vocês e estou muito orgulhoso. Vocês não sabem o orgulho que eu tô de estar na frente de vocês. Vocês não sabem que eu sei que vocês estão pensando que esse Lula é chato para cacete, ele está falando e não para de falar. Mas é importante que vocês saibam que eu sou chato também, porque a vida inteira eu falo muito, eu brigo muito e eu quero que as pessoas saibam o que a gente pensa.
Para terminar, vou dar o último conselho para vocês. Só para vocês saberem, eu tenho oito netos. Muitos da idade de vocês. Eles pensam: "ah, meu vô é velho, meu vô é ultrapassado, eu sou o bambambã, eu sou moderno". Então, deixa eu falar uma coisa para vocês: nunca, nunca, pelo amor de Deus, nunca diga que todo político é safado, que todo político é ladrão, que você não gosta de política, que você não vai fazer política, porque todo cara que falar isso vai ser político e todo cara que for político vai ser o que ele pensa. Por que que eu quero que vocês saibam? Porque quando a gente nega a política, quando a gente acha que ninguém presta, "Eduardo Paes não presta, o Lula não presta, não sei quem não presta, o vereador não presta, o deputado não presta". Sabe quem presta? Você, pô, então entre você na política e seja um político decente que você precisa desse país. Não desista, assuma a responsabilidade histórica de vocês.
Dito isso, um beijo no coração de vocês, da mãe de vocês, do pai de vocês, do avô de vocês. E um pouco no coração da juventude brasileira, que é o que nós precisamos, uma juventude forte, sadia, com muita coragem, muita capacidade e muito tesão de brigar por aquilo que vocês acreditam. Um beijo!