Pronunciamento do presidente Lula durante encerramento da Caravana Federativa e anúncio de investimentos no Piauí
Eu acho importante contar um outro caso para vocês, para mostrar o que aconteceu nesse país. Essa identidade que nós entregamos para esses dois jovens, a gente decidiu fazê-la em 2010. Eu ainda estava na Presidência da República e eu tenho a identidade número um. Acontece que eu deixei a Presidência da República em 2010 e, simplesmente, sem nenhuma explicação, eu não sei por que que se parou de fazer a nova carteira de identidade, para que a gente tivesse condições de dar às pessoas um documento com muita respeitabilidade e que tem todas as informações da pessoa.
Então levou — veja uma coisa — 15 anos para a gente votar agora com a Esther e ela numa reunião. Eu falei para ela que ela tem que colocar dinheiro porque nós precisamos entregar as identidades novas, e o Piauí é o estado que mais já entregou carteira, quase 600 mil esse ano.
Olha, eu quero cumprimentar os nossos senadores, nossas senadoras, os nossos ministros, os nossos deputados. O problema é que o pessoal gosta de falar demais e acontece que nesse exato momento eu já estou 10 minutos atrasado porque o meu voo já deveria ter levantado o voo para o Maranhão. E veja, nem almoço o Rafael [Rafael Fonteles, governador do Piauí] nos deu, nem. Eu, no avião, eu ofereci um café para ele, com iogurte, sabe? E eu falei: vai ter uma galinha da Angola, um capote para eu comer. Não tem.
Bom, de qualquer forma, eu acho que não pode um governante, um presidente da República, ter mais felicidade, ou seja um prefeito, governador de estado, quando a gente vê as coisas acontecendo do jeito que a gente imaginava que pudesse acontecer. Esse estado do Piauí, ele está na minha vida por muitas coisas. Por muitas coisas ele está na minha vida. E uma delas é porque toda vez que a gente discutia o projeto de lançar um programa de combate à fome, sempre parecia o Piauí como o estado mais pobre do país. E tinham várias cidades. Não sei porquê, com a ajuda do Wellington [Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome], a gente foi encontrar Guaribas para que a gente entregasse o primeiro cartãozinho do Fome Zero, que era R$ 50. Era uma miséria, era R$ 50, mas era o primeiro que a gente estava dando, era o primeiro sinal, era uma demonstração de que se a gente quiser, as coisas acontecem.
E, pois bem, depois disso, eu já fiz caravana nesse estado, já perdi a eleição com o Antônio José [governador do Piauí 2014 - 2015] , já perdi, nunca perdi com o Wellington. Isso é verdade, com o Wellington nunca perdi. Já perdi com o Nazareno [José Nazareno Fonteles, deputado federal 2003 - 2014] o pai do nosso governador, mas com o Wellington eu nunca perdi. E aqui nós fizemos caravana. Eu estou vendo o Antônio José e a Regina ali, eu fico lembrando que falta do lado deles, a Trindade [Francisca Trindade], o Ribamar [José Ribamar Santos] e o Luís Edwiges, que foram companheiros fundadores do nosso partido aqui em tempos difíceis. Em tempos que não era fácil criar um partido no estado do Piauí, porque aqui tinha uma elite conservadora muito comprometida com a elite conservadora do Sul do país, porque um dos atrasos do Nordeste, você pode ter certeza, Rafael, é que muita gente da elite que governou o Nordeste, eles pensavam como pensava a elite do Sul do país e estava pouco se lixando para fazer o desenvolvimento dos seus estados, porque eles viviam bem, ele vivia bem, ele não passava fim de semana aqui no Piauí, eles viajavam.
Então pobre é pobre, tem que trabalhar, pobre é pobre, a gente ganha o voto de pobre na época da lei, para que cuidar de pobre? Porque na hora que a gente começa a ajudar as pessoas mais humildes e as pessoas vão comendo, as pessoas vão trabalhando, as pessoas vão estudando, as pessoas também ficam mais conscientes politicamente e as pessoas podem não votar, sabe? Então as pessoas não queriam que o povo mais humilde tivesse oportunidade.
E eu, sinceramente, acho que a história desse estado, com todo o respeito que eu tenho pela história do estado, ele será marcado entre antes e depois do nosso querido índio [Wellington Dias] governar esse estado.
Eu, sinceramente, como eu conheço essa gente desde muito jovem, o Rafael é um menino que esteve no meu colo algumas vezes. Quando o pai dele foi candidato, ele tinha um ano de idade. Um ano de idade. E o Nazareno não está aqui porque está com um problema familiar, mas eu diria para vocês que, se ele estivesse aqui, ele estaria muito, muito orgulhoso do filho dele. Muito!
Bem, o que nós viemos fazer aqui hoje — e eu vou ser bastante rápido, porque eu vou terminar de falar e vou sair correndo para o avião, porque eu tenho que ainda estar no Maranhão e eu tenho que chegar em Brasília ainda hoje, porque a Janja está me esperando. E eu pedi para a Janja, pedi para a Janja pedir um reforço na segurança, porque depois que eu vi a Esther entregar uns 50 maracanãs para o governador do Piauí, e depois que eu vi o Silvio entregar um pedaço do mar para o Piauí, eu falei daqui a pouco que esse governador vai querer tomar o Palácio da Alvorada e o Palácio do Planalto e eu vou me cuidar porque eu ainda tenho dois anos e meio de mandato.
Então, meus companheiros e companheiras, é muita alegria saber que as coisas estão dando certo. Eu estava dizendo hoje numa entrevista, sabe, para as pessoas compreenderem como é que nós pegamos esse país. Nós pegamos esse país totalmente destruído e nós não fizemos uma campanha porque eu tinha experiência já e como o mandato era de apenas quatro anos, eu não queria ficar perdendo o meu tempo falando mal do governo anterior, eu queria governar esse país para tirar o país do atraso.
Vocês não têm noção da quantidade de obras paralisadas. Vocês não têm noção, na área da saúde e na área da educação, a quantidade de obras paradas. Paradas! Ontem, em Fortaleza, eu fui entregar um conjunto habitacional que poderia ter sido entregue em 2018, porque o conjunto estava com 98,5% pronto. Então faltava abrir a porta e falar “entra”. Pois ele foi fechado e não foi inaugurado. De 2018 até agora, ou seja, seis anos, as pessoas pobres esperando um presidente irresponsável e um presidente da Caixa irresponsável inaugurar uma casa, e eles não foram inaugurar a casa.
Vocês não sabem, 87 mil casas paralisadas do Minha Casa, Minha Vida. Paralisadas. Casas que começaram em 2012, casas que começaram em 2013, eles não tiveram a competência ou a boa vontade de inaugurar essas casas para o povo. Inventaram uma tal de casa amarela, casa amarela, casa amarela, depois inventaram uma história de carteira profissional amarela, a carteira profissional, nem emprego amarelo, nem emprego vermelho, nem emprego verde, nem casa amarela. O casa é o Minha Casa, Minha Vida, que é um plano real para esse povo, e nós agora estamos dando um passo a mais, é que as pessoas que recebem o Bolsa Família e BPC não precisam pagar. A gente sabe como é que a gente vai cuidar dessas pessoas.
E eu estou muito orgulhoso de estar aqui no Piauí, mas muito orgulhoso. Não só por causa da minha relação de amizade com esse estado, com essas pessoas, mas porque é um estado que está dando certo. E esse estado dando certo, ele fortalece uma crença que eu tenho. Não há nada impossível para um ser humano quando ele quer que as coisas aconteçam. Eu digo que a única coisa impossível no planeta, no mundo, é Deus pecar. Porque o resto, tudo a gente pode. Se a gente teimar, se a gente brigar, se a gente insistir, se a gente teimar outra vez, a gente acontece.
Então, quando você me fala os números do Piauí, eu falo: valeu a pena a gente governar esse país e valeu a pena o povo eleger vocês. Valeu a pena. É isso que dá orgulho. O estado mais digitalizado do Brasil, o estado que tem uma vocação extraordinária, sabe, com muita competência, e é importante a gente separar dois tempos. O Wellington certamente não haverá na história desse país um governador tão comprometido com política social como foi esse caboclo aqui, que hoje é meu ministro do Combate à Fome. Agora entrou esse caboclo aqui. Esse caboclo aqui é o governador do futuro do estado do Piauí. É do futuro. Ele não precisa mais fazer o esforço que foi feito para acabar com a fome. Ele não precisa fazer mais o esforço que foi feito para ajudar o pequeno e médio produtor rural. Ele não precisa mais fazer o esforço para fazer as cisternas que nós fizemos. Ele não precisa mais fazer o esforço para fazer o Luz para Todos, que já foi feito muita coisa. Ele agora tem que pensar em outra coisa.
E quando ele me apresentou o projeto, o projeto de navegação do rio Parnaíba. O projeto de um porto, um porto num estado que não tem porto, porque quando foram demarcar o estado do Piauí, enganaram, enganaram o Dom Pedro, porque ficou a água toda com o Ceará, a água toda com o Maranhão e nada com o Piauí. Ficou um pedacinho de praia de 60 quilômetros. Mas vejam como eu sou ligado ao Piauí. Eu vou no Rio de Janeiro desde 1975, desde 1975, eu vou no Ceará, vou na Paraíba, vou no Rio Grande do Norte, nunca, nunca, nunca ninguém me convidou para colocar o pé na água das praias do estado. Eu vim ao Parnaíba uma vez e tem uma foto extraordinária que o Stukinha [Ricardo Stuckert, secretário de Produção e Divulgação de Conteúdo Audiovisual da Secretaria de Comunicação. Social da Presidência da República] tirou, eu na praia, às seis horas da manhã em Parnaíba tomando um banho de mar. Isso demonstra que aqui tem uma energia, uma energia diferenciada. E por isso a gente vai ajudar. Por isso a gente vai ajudar.
Eu digo todo dia, ninguém me convence com discurso. Quando a gente chega na Presidência, a gente aprende. Ninguém convence ninguém com discurso. Agora quando você conversa com o prefeito de uma cidade pequena, com o prefeito de uma cidade grande, ou com um governador, que ele te apresenta um projeto, e esse projeto é factível, esse projeto tem viabilidade, não há como a gente não batalhar para encontrar recursos para aquele projeto ser viabilizado.
E eu quero aqui, para terminar a minha fala, porque eu vou embora mesmo, eu quero aqui dizer ao povo de Piauí e dizer ao meu governador: esteja certo que nós vamos contribuir para você ter o seu porto, ter a inclusa e fazer o Rio Parnaíba virar navegável para transportar a riqueza desse estado. Acho que o Piauí está pronto, o Piauí está pronto para isso e o Piauí está pronto para outra revolução, que é a da transição energética do mundo, está pronto.
Então vocês podem ficar certos que nós não vamos decepcionar o estado do Piauí. Você sabe que fazer as coisas para o Piauí, sabe, é a gente dizer aquela palavra do Silvinho: “gratidão, a gente não esquece”. E eu tenho gratidão pelo povo do Piauí. Meu parabéns, parabéns, Rafael, parabéns, companheiros deputados, senadores. E parabéns ao povo do Piauí. Que Deus abençoe vocês.
Stuckinha, pega aquela moça que está com a placa pra tirar foto e aquela menina, que eu vou tirar foto, porque eu tenho que sair correndo porque o povo do Maranhão já está esperando.
Gente, um beijo, um beijo, um beijo e até outro dia se Deus quiser.