Pronunciamento do presidente Lula durante anúncio de investimentos no Maranhão
Companheiros e companheiras do estado do Maranhão, companheiras e companheiros de São Luís, companheiras prefeitas, companheiros prefeitos, companheiros que foram convidados e vieram aqui. Eu só peço desculpa que a gente não pode fazer uma coisa melhor para dar mais conforto, porque foi uma coisa feita de última hora que eu estava insistindo com o Brandão que eu queria vir aqui. Eu quero, além de cumprimentar o Brandão, eu quero cumprimentar os meus ministros de Estado. O Silvio Costa Filho, que é um pernambucano e é um companheiro que tem me ajudado de forma extraordinária. O companheiro Alexandre Silveira, que é um mineiro, que é o ministro de Minas Energia, que tem feito um trabalho excepcional no Ministério de Minas e Energia. O companheiro Juscelino (Filho), das Comunicações, que vai trazer conectividade para o Brasil e a gente vai fazer com que todos os povos desse país possam ter acesso à internet, possam ter acesso à internet rápida, porque se a gente não entrar na revolução digital, a gente vai ficar para trás e, portanto, a gente quer que a nossa meninada, meninas e meninos, tenham acesso ao computador, tenham acesso à internet, porque o mundo hoje depende muito disso.
Quero cumprimentar o companheiro André Fufuca. O companheiro Fufuca, quando eu chamei para ser ministro, eu fiquei pensando: “esse cara com esse nome nunca jogou bola. Como é que eu vou colocar de ministro do Esporte?”. Aí eu olhei: “basquete ele também não podia jogar porque ele é baixinho, não é tão alto”. Vôlei também não podia jogar. Mas aí eu descobri que a pessoa não precisa aprender, não precisa ser boa de esporte. A pessoa tem que ser boa de cabeça e o Fufuca é um ministro extraordinário que tem me ajudado a governar esse país. Quero cumprimentar o meu companheiro Alexandre Padilha, que tem a missão mais difícil que é tentar coordenar todas as coisas políticas lá no Congresso Nacional, e nem sempre é fácil.
Quero cumprimentar o nosso companheiro Laércio (Portela), aquele companheiro de camisa escura que está aí, que é um pernambucano, e ele hoje está chefiando a Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Aqui está faltando uma companheira, além de vocês, porque não são dois ministros maranhenses, são três ministros. Está faltando a primeira indígena ministra dos Povos Indígenas, que é a companheira Sônia Guajajara, que por um problema pessoal não pode estar aqui presente. Está faltando uma outra pessoa, que todos nós conhecemos e gostamos, que não está aqui, não porque deixou de ser ministro, porque foi promovido. O nosso querido Flávio Dino, que foi para a Suprema Corte desse país.
Companheiros e companheiras, é importante dizer também, uma vez eu vim aqui, o Flávio Dino era governador ainda, mas o Brandão era vice e estava junto. E nós fomos participar de um negócio de escola, de educação, eu não sei nem onde foi. E aí, de repente, colocam um cidadão para falar. E esse rapaz começou a falar, começou a falar, começou a falar, e eu fiquei pensando: “ como é que Deus faz um cara tão inteligente desse jeito? Como é que pode?”. E esse companheiro, muito esperto, era o companheiro Felipe Camarão, que hoje é o nosso vice aqui nesse estado. Quero cumprimentar a nossa querida companheira deputada estadual Iracema Vale, presidenta da Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão. Cadê a Iracema? Cadê, pra eu ver a Iracema? Dá um beijo na Iracema aqui. Bem, aí eu quero cumprimentar algumas pessoas a quem eu devo muito. Eu quero cumprimentar a senadora Eliziane Gama, líder da bancada do Maranhão no Senado Federal. A Eliziane tem sido uma parceira extraordinária no Senado, tem ajudado o governo a aprovar as coisas, então queria te dizer que eu sou muito grato a tudo que você fez para ajudar o nosso país lá no Senado.
E um outro companheiro que eu tenho uma gratidão, que está me devendo um convite para ir aos Lençóis Maranhenses, que eu sei que ele tem uma casa boa lá, é o companheiro senador Weverton Rocha. Nosso querido companheiro Weverton, ele é meio envergonhado, ele disse que não gosta de tirar fotos, ele fica sempre para trás, mas ele não tem cara de envergonhado não. Ele é muito é vivo, e ele sabe o que ele está fazendo. E quero cumprimentar também Ana Paula Lobato, cadê Ana Paula Lobato? Venha cá, Ana Paula Lobato. A nossa senadora, que era suplente do Flávio Dino, e que virou agora titular no Senado, ela é uma figura fantástica. Então eu devo muito a essas três pessoas no Senado, que me ajudam muito.
Mas também quero agradecer aos deputados federais, porque nesse trabalho por Padilha de organizar as votações do governo, é sempre um trabalho muito difícil. Nós, aqui embaixo, muitas vezes perguntamos: “por que o Lula tem que conversar com o fulano, com o beltrano, com o sicrano?”. A gente tem que conversar porque política é assim. O meu partido só tem 70 deputados em 513. E eu, pra votar alguma coisa, preciso de 257 deputados. Então tem que conversar, e tem que conversar, tem que ouvir crítica e a gente tem que sempre chegar num acordo.
Por isso eu quero agradecer de coração ao deputado Duarte Junior, nosso companheiro deputado federal. Muito obrigado, muito obrigado, Duarte Junior. O Márcio Jerry, um companheiro de primeira hora que tem trabalhado de forma extraordinária. Obrigado a vocês. O Rubens Pereira Junior, nosso companheiro, que eu já ganhei o coração da filha dele, que ela disse que gosta muito de mim. Então, obrigado, Rubens. O Pedro Lucas Fernandes, outro companheiro que tem nos ajudado muito nessa empreitada e ter ajudado a presidência, o governo e o companheiro Padilha. O nosso companheiro Cléber Verde. Nós estamos falando de hidrogênio verde, já surgiu um cara verde aqui. Muito bem, Cléber.
O companheiro Hildo Rocha. Cadê o Hildo Rocha? Tudo bem, Hildo? Obrigado, Hildo, por tudo que você tem feito lá por nós. O companheiro Marreca Filho. Cadê o Marreca Filho? Venha cá, Marreca. Venha cá. Obrigado, companheiro, pelo trabalho e pela lealdade. A companheira Luciana Genésio. Cadê a Luciana Genésio? Tomou posse na terça-feira, gente. É uma deputada muito, muito nova. Quero também chamar a Amanda Gentil. Cadê a Amanda Gentil? Venha cá, Amanda Gentil. Ô Amanda, você já tem idade para ser deputada? Eu, quando você foi pedir para tirar uma foto, eu fiquei pensando: “Quem é essa menina? Filha de quem?”. Não é que essa moça é deputada. Obrigado, querida. Obrigado.
Bem, acabei minha nominata, também eu não vou ler meu discurso. Pode pegar aí que eu não vou ler discurso. Eu queria aqui só pedir para vocês a atenção de uma coisa séria para que a gente compreenda o que aconteceu nesse país e o que a gente quer que aconteça nesse país. Não existe nenhuma hipótese de nenhum povo residente num país evoluir se ele for governado na base da mentira, na base do ódio, na base do fake news, na base da deslealdade e na base de desrespeito aos governadores e aos prefeitos desse país.
Porque nós tivemos o presidente que não conversava com governador, que não conversava com o prefeito, que não conversava com o dirigente sindical, que não conversava com o reitor, que não gostava de negro, que não gostava de branco e que não gostava de nada, a não ser de permitir que 700 mil pessoas morressem por conta da Covid e uma parte dela sobre a responsabilidade da negligência médica, que ficava vendendo um remédio que não servia para Covid e que ficava dizendo que se as pessoas tomasse vacinas, viravam jacaré. Nenhum povo vai para frente tendo um presidente da República mentiroso, que não gosta do povo e que só sabe falar mal das pessoas.
Eu quero que vocês saibam que a imprensa resiste e eu queria avocar a empresa aqui porque tudo que foi falado aqui nesse microfone por todos os meus ministros e pelo governador, vocês é que tem que fiscalizar para saber se isso vai ser cumprido. Porque é muito importante, é muito importante. Eu quero dizer para vocês que quando eu voltei para a Presidência em 2023, tem uma quantidade enorme de obras, milhares de obras que nós começamos a fazer em 2008, dinheiro que eu passei para a prefeitura em 2010, em 2011 e esse dinheiro não foi utilizado para resolver o problema do povo pobre. Então, pelo amor de Deus, imprensa, me ajude a fiscalizar todo o dinheiro que nós anunciamos aqui porque esse dinheiro é para melhorar a vida do povo do Maranhão.
Nesse país se tentou contar muitas inverdades. Uma delas é que era preciso paralisar o Minha Casa, Minha Vida, e construir Minha Casa Verde e Amarela. Quem é que tem uma casa verde e amarela? Quem ganhou uma casa? Sabe quantas Minhas Casa, Minha Vida eles pararam? 87 mil casas que estavam para ser entregues, eles pararam. Eu fui ontem à Fortaleza entregar um conjunto habitacional que era para estar pronto em 2018. Faltava só dois por cento para entregar as casas e eles não entregaram. Então eu fui entregar porque o povo merece respeito.
Eu estou tossindo porque eu, muito ganancioso, vi uma cocada ali e resolvi colocar a cocada na boca e me caiu aquele pedacinho, minha mãe diria “no goto”, e aquele pedacinho tá enrascado na minha garganta, mas ele vai sair.
Uma outra coisa importante, vocês estão lembrados da ideia de que nós vamos criar carteira de trabalho verde e amarela. Vocês estão lembrados que nesse país, durante sete anos, os salários mínimos não teve aumento. Vocês estão lembrados que funcionário público passou sete anos sem ter aumento. Vocês estão lembrados que um presidente que nunca recebeu um reitor na vida dele, nunca recebeu um reitor. Eu, em apenas um ano e sete meses, já convidei duas reuniões de todos os reitores do Brasil, das universidades e dos institutos federais, porque eu não tenho medo de reitor, e esse dedo que falta não foram eles que morderam. Esse dedo eu perdi numa fábrica e, portanto, eu quero ter uma relação a mais democrática possível.
E vou dizer para vocês mais uma coisa. Eu duvido, e eu queria também pedir o apoio da imprensa, queria pedir o apoio das pessoas mais preparadas, mais escolarizadas, professor e um monte de coisa, para me dizer no seguinte: vocês já tinham visto um presidente da república visitar um estado e anunciar a quantidade de coisa que foi anunciada hoje? Veja se na história do Maranhão tem isso, porque não foi anunciar uma coisa, foi anunciar muitas e muitas coisas. Porque as muitas coisas são a necessidade da maioria do povo brasileiro que, secularmente, foi esquecida desse país e nós não vamos esquecer.
Quando o ministro de Minas e Energia anunciou Luz para Todos. Luz para Todos é uma paixão da minha vida, porque minha mãe dizia: “aquilo que os olhos não veem e o coração não sente”. E o cara que nasce no centro de São Luís, o cara que nasce no centro de São Paulo, no centro do Rio de Janeiro, ele não tem noção do que é o poder da falta de energia. Ele só sabe quando apaga a luz que ele perde a novela, ele fica a puta da vida e xinga, e chuta a televisão, e chuta os artistas, mas é uma vez ou outra na vida. Ainda tem uma vela para acender, qualquer coisa. Mas veja, o povo que nasceu, ficou adulto, casou e vive criando filhos à luz de candeeiro. Vocês sabem o que é fazer comida num fogão de lenha à luz de candeeiro?
Vocês sabem o que é coser um botão, colocar um botão numa camisa com luz de candeeiro? E eu tenho experiências extraordinárias. Um dia, eu fui inaugurar O Luz para Todos numa casa na Bahia. E quando a mulher estava com as crianças, duas que estavam e uma que tava dormindo, que eu acendi a luz, essa mulher queria sair correndo dentro de casa, porque nunca tinha visto tanta claridade na vida dela. Ela estava cega de tanta luz. Aí eu segurei ela, peguei na mão dela, e ela foi no quarto ver o filho que estava resmungando. Ela voltou e falou para mim: “Presidente, eu nunca tinha visto o meu filho dormindo. É a primeira vez que eu tô vendo o meu filho dormir”.
Olha, vocês não têm noção do que é uma pessoa que nunca tinha visto uma televisão. Às vezes, as pessoas andavam quilômetros e quilômetros para ir numa casa de uma pessoa pra ver um jogo. Pra ver um jogo, não do Corinthians que não tá bom, da Seleção brasileira. E quando a gente levava o Luz para Todos, a primeira coisa que eles queriam era uma geladeira, era liquidificador, era uma televisão, era uma bomba para puxar água, era uma casa de farinha. Isso não tem valor. E porque foi feito, ministro? Foi feito porque nós tomamos a decisão.
A presidenta Dilma era ministra de Minas e Energia e a gente resolveu colocar 20 bilhões de reais, a gente pagava 80%, os governadores pagavam 20%, terminou os governadores não pagando e nós assumimos 100% de garantir que nenhum cidadão brasileiro iria viver nas trevas. Nós trouxemos o cidadão do século XV para o século XXI quando a gente acendeu a luz. E lamentavelmente, depois do golpe contra a presidenta Dilma, acabou o Luz para Todos, aí virou escuridão para todos. E acabou também o programa Água para Todos, que era um programa que nós tínhamos feito 1 milhão e 400 mil cisternas para levar água para o povo pobre nas regiões mais distantes desse país. Eles simplesmente pararam, porque na cabeça deles pobre não precisa disso. Pobre, se não der certo, que morra.
E para nós, não. Para nós, o ser humano não é medido pelo berço que ele nasce, não é medido pela quantidade de dinheiro que ele ganha, não é medido pela qualidade da casa. O ser humano, para nós, é respeitado como ser humano, ele é gente e tem que ser tratado com respeito. Então, nós, eu lembro, Brandão, que quando eu resolvi fazer a transposição do Rio São Francisco, só para vocês saberem, Dom Pedro II, em 1846, queria fazer a transposição do São Francisco. A Bahia não deixava, Alagoas não deixava, Sergipe não deixava, achando que era dono, Minas Gerais não deixava.
E quando eu assumi a Presidência, eu falei: “sabe de uma coisa, eu vou fazer”. Porque eu nasci num lugar que não chovia, eu sei o que é com sete anos de idade ir pegar um pote de água num açude e você ficar separando o cocô da vaca, cocô do cabrito, o cocô do cavalo, a urina, para você pegar um balde de água, um pote, para levar para casa, para beber, e colocava num outro balde para sentar. Depois de tantas horas assentava, você tirava numa canequinha para beber. A gente não tinha cultura, a gente não sabia filtro, a gente não sabia ferver a água, a gente bebia aquela água totalmente improvável de ser bebida. É por isso que a gente vai nas regiões mais pobres e a gente encontra pessoas de 18 anos, de 20 anos sem dente na boca, exatamente porque não tinha água de qualidade para que pudesse tratar os seus dentes, para poder beber ou lavar a boca.
E é por isso que eu criei o Brasil Sorridente. Eu criei o Brasil Sorridente porque dentista era um artigo de luxo nesse país. Eu era presidente do sindicato e nós tínhamos um departamento médico, nós tínhamos 12 dentistas. Naquele tempo, naquele tempo não tinha esse negócio de tratamento de canal, não tinha ortodontia, tudo isso é coisa nova. Naquele tempo era o seguinte, o cara tinha dor de dente, ele era um dentista. Se desse pra obturar, obturava, se não, arrancava. Simplesmente, tirava o dente. E veja que absurdo, tinha trabalhador que às vezes ele no domingo exagerava em algumas coisas e na segunda-feira ele não queria ir trabalhar, ele chegava no sindicato e falava: “doutor, dá pra me arrancar esse dente”. A coisa era tão grave que nego queria até arrancar dente de dentadura, gente, porque a empresa pagava um dia quando ele arrancava o dente.
E nós mudamos isso, porque o mínimo que o estado tem que garantir é que todas as pessoas, pretas, brancas, baixas, altas, pobres ou ricas, tem que ter direito a ter os 32 dentes na boca para poder provar comida, mastigar e degustar comida. Então essas coisas você só faz se você já viveu. Eu sou um cara que já vivi muita enchente na minha vida. Eu já tive na minha casa várias vezes um metro e meio de água dentro. E quando a água ia embora, que secava, a gente limpava. As canelas da gente ficavam cheias de sanguessuga. A gente tinha que jogar álcool para matar as sanguessugas. E quando parecia que estava limpo, outra chuva. Aí enchia tudo outra vez.
Eu já levantei muitas vezes para tirar a minha mãe de dentro de casa com rato, com barata e com fezes boiando dentro da casa porque voltava pelo esgoto. Então eu tenho noção do que o povo pobre desse país passa. Eu tenho noção do sofrimento dele. E a única razão pela qual eu quis ser presidente da República era para provar: é possível e é barato cuidar do povo pobre desse país. O que custa caro é cuidar de rico, rico custa caro, porque o pobre vai conversar com você e ele pede 10 reais, o rico pede logo 10 bilhões.
Então veja, eu tenho noção exata do que a gente tem que fazer para resolver o problema desse país. É por isso que eu estou pedindo para a imprensa, cobrem o que nós anunciamos aqui. Porque uma outra coisa que eu quero dizer para vocês, eu duvido que na história do Maranhão, um presidente da República e seus ministros vieram com o governador, num único dia, anunciar a quantidade de coisas que nós anunciamos para o Maranhão.
Nós estamos plantando e nós vamos escolher. Minha mãe morreu, eu estava preso por causa da greve de 1980. Minha mãe não sabia que eu estava preso porque a gente decidiu não contar para ela. Aquela famosa greve de 41 dias dos metalúrgicos do ABC. E eu fico sempre imaginando o esforço que a minha mãe teve para que eu fosse para o Senai. Eu sou o primeiro filho da Dona Lindu, de 12 que morreram, oito que sobreviveram, eu sou o primeiro filho da Dona Lindu a ter um diploma primário. Eu sou o primeiro a ter um curso técnico, eu fui o primeiro a ganhar mais que o salário mínimo, por isso eu fui o primeiro a ter uma geladeira, o primeiro a ter uma televisão, o primeiro a ter um carro, o primeiro a ter a casa e o único a ser presidente da República, graças a vocês que me elegeram três vezes presidente da república.
E eu quero que vocês saibam, eu todo dia converso com a minha mãe. Todo santo dia. Eu não começo o dia sem conversar com a minha mãe porque eu tenho certeza que ela, eu sou a encarnação dela, eu tenho certeza que eu tô com o DNA dela, eu tenho certeza que eu tô com uma célula dela e eu tenho certeza que eu tenho que ser tão digno, eu tenho que ter tanto carinho pelo povo como ela teve por mim e a paciência que ela tinha.
Minha mãe, tinha dia que não tinha comida pra fazer e ela não reclamava. Ela falava: “hoje não tem, mas amanhã tem”. E assim foi a minha vida e assim eu fui criado, uma mulher que com oito filhos teve coragem de se separar do marido, oito filhos de menor e morar num barracão e nunca mais voltou, porque quando nós chegamos de Pernambuco, ela descobriu que meu pai tinha uma outra mulher e uma penca de filhos. E ela, por dignidade, falou: “eu não vivo com homem com duas mulheres. Eu só vivo com quem gosta de mim e me respeita”.
E minha mãe criou oito filhos. Então, esse é o meu paradigma de vida. Eu, de vez em quando, quando vejo algumas pessoas mais grã-finas não gostarem de mim, eu não ligo. Porque se, ao invés de estar aqui agora, ao invés de estar tomando café no Natal com os catadores de material reciclável, se ao invés de estar ficando no acampamento dos sem terra, se ao invés de estar indo no Rio Grande do Sul, como eu fui, se eu estivesse com a calça branca, um lencinho branco no bolso, jogando golfe, todo mundo falava bem de mim. Mas eu sei da onde eu vim. Eu sei quem eu represento e sei pra onde eu vou. E é por isso, companheiros e companheiras, que eu estou aqui muito orgulhoso, muito orgulhoso, dizendo: “Brandão, obrigado pelo gesto de vocês”.
Aliás, eu vou contar a última, porque eu tenho que visitar o Sarney ainda, porque não é possível eu vir ao Maranhão, o Sarney, com 94 anos, eu não passar na casa dele e da Dona Marly. Eu vou!
Mas eu vou contar essa história. O Brandão entra na minha sala e fala: “presidente, o governo está muito duro. Eu tenho uma obra de 5 km”. E levou o mapa lá com o desenho. “E essa obra é importante para São Luís, o senhor não tem noção, que vai desafogar o trânsito de uma avenida chamada Avenida Holandesa, se não me falha a memória. Às vezes as pessoas demoram três horas pra chegar em casa. Se o senhor construir essa Litorânea, vai ser um milagre, 5 km”. Eu fiquei pensando: “por que que um cara vem aqui e me pede uma obra de 200 km, 1000 km? E o cara vem pedir só 5 km?”. Aí, isso foi numa sexta-feira. Eu falei: “Brandão, eu vou pensar com carinho nisso, porque eu tenho a minha turma que cuida do PAC, e para entrar lá é difícil, tem que ter projeto”.
Aí quando foi no domingo, me deu vontade de ir na casa do Sarney e visitar o Sarney. Aí eu liguei para o Sarney e falei: “presidente, eu quero ir na sua casa com a Janja. Eu vou levar um bolo de macaxeira e um bolo de coco, e vou tomar um café com o senhor e com a Dona Marly”. Cinco horas da tarde eu chego na casa do Sarney, e ele estava impecavelmente vestido de terno e gravata, e eu com o sapato sem meia, com a calça jeans, uma camiseta, todo esculhambado. Porque o Sarney sempre foi uma figura muito elegante, e sempre se cuidou muito.
E a hora que eu cheguei, fui cumprimentar o Sarney, a primeira coisa que ele falou: “presidente, atende o brandão naquela obra Litorânea”. Aí eu falei, eu posso ter coragem de negar pro Brandão a negar pro Sarney, eu não vou negar. E por isso nós decidimos incluir a obra e eu peço a Deus, Brandão, que você conclua essa obra logo. Não deixe o povo esperar, hoje que dia que é do mês? Hoje é 21 de junho, marca a data. E vamos cada dia cobrar do Brandão, como é que tá a Litorânea? Como é que tá a Litorânea? Porque quando ela for inaugurada, eu virei aqui inaugurar a Litorânea junto com vocês.
Eu vou vir no dia, na véspera, porque alguém um dia vai ter que me convidar pra tomar um banho de praia. Ô gente, eu viajo o Brasil inteiro desde 1975. Eu vou a todos os estados, eu vou ao Rio de Janeiro, eu vou a Copacabana, eu vou a Ipanema, eu vou no... Nunca ninguém me convidou pra ir na praia, é só reunião, reunião e comício, reunião e comício. Eu não quero mais reunião, eu quero uma praia aqui no Maranhão pra tomar um banho.
E como o Wellington não me levou nos Lençóis Maranhenses, como o Wellington não me levou lá no Piauí, como o Flávio Dino não me convidou, você assume o compromisso público que você vai convidar para visitar os Lençóis Maranhenses.
Governador Brandão: Já está convidado, presidente. Presidente, olha, só gratidão, mas nós estamos vivendo aqui o maior São João do Mundo e eu não posso deixar de dar uma lembrança.
Eu vou terminar só dizendo pra vocês assim. Eu tenho mais dois anos e sete meses do meu governo. Pense num cara que levanta todo dia com otimismo. Não há nada que me faça perder o otimismo e a crença que eu tenho que a gente vai fazer esse país virar um país respeitado aqui internamente e respeitado no mundo inteiro. Nós tivemos um presidente que ninguém queria recebê-lo lá fora e ninguém queria vir aqui dentro. Agora nós temos um presidente que todo mundo quer recebê-lo e eu quero receber todo mundo aqui porque eu acho que a gente tem que governar como se fosse coração de mão. Então, eu quero dizer para vocês que eu acredito. Eu vou trabalhar, eu vou dedicar, eu vou repetir: eu tenho 78 anos de idade, não tenho 30 não. Mas eu tenho energia de 30 anos. E eu não me canso trabalhando. Eu viajo muito, trabalho muito.
A minha assessoria é mais nova do que eu, mas eles não aguentam o ritmo de trabalho. Porque eu não nasci pra ser poste e ficar parado. Eu nasci pra cuidar desse povo, e cuidar desse povo significa dar, cuidar da educação, cuidar da saúde, cuidar do transporte, cuidar da infraestrutura, cuidar de levar internet pra todo mundo e cuidar de permitir que todo mundo tenha uma profissão, para que todo mundo possa cuidar da sua família com respeito, dignidade e harmonia.
Meu caro Brandão, meus companheiros do Maranhão, um abraço no coração de cada homem, de cada mulher, um beijo no povo do Maranhão e muito obrigado por tudo que vocês fazem para que a gente possa fazer o que nós estamos fazendo. Até outro dia, gente, se Deus quiser.