Pronunciamento do presidente Lula durante visita a áreas atingidas pelas chuvas no Rio Grande do Sul
Bem, companheiros da imprensa, governador (do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite), prefeitos aqui presentes, de Santa Maria (Jorge Pozzobom), de Faxinal do Soturno (Clovis Alberto Montagner), que veio de uma cirurgia e não pôde voltar para casa ainda. General Hertz, general Tomás. Companheiros ministros, da Cidade, companheiro Jader Filho; do Meio Ambiente, Marina Silva; da Casa Civil, Rui Costa; da Comunicação, Pimenta, do Transporte, Renan Filho; e da Integração Nacional, companheiro Waldez (Góes).
Eu fiz questão de trazer os ministros aqui porque eu quero que cada um deles assuma compromisso, não apenas na minha frente, mas também na frente da imprensa, do que nós estamos nos comprometendo a fazer em solidariedade ao povo do estado do Rio Grande do Sul, para que a gente possa minimizar o sofrimento que esse evento extremo da natureza está causando no estado do Rio Grande do Sul.
É o segundo em um ano que acontece. Então, é preciso que a gente comece a ficar preocupado em cuidar do planeta Terra com muito mais carinho, com muito mais amor.
A segunda coisa, eu queria prestar minha solidariedade ao povo do estado do Rio Grande do Sul, que é um povo que é conhecido nacionalmente como povo trabalhador e que, possivelmente, não precisasse sofrer tanto em tão pouco tempo. Solidariedade aos familiares das pessoas que foram vítimas e que morreram por conta desse desastre extremo e aos familiares dos que estão desaparecidos, na esperança de que eles possam aparecer e que todos estejam ainda com vida.
Eu disse ao governador e disse aos meus ministros que, da parte do Governo Federal, não faltará nenhum esforço para que a gente possa não só trabalhar arduamente, como já está trabalhando as Forças Armadas Brasileiras, aqui representadas pelo general Hertz. E que vai ter agora o reforço do Volney (Zanardi Júnior, secretário adjunto I), que é o companheiro chefe da Casa Civil, que trouxe uma roupa e vai ficar aqui já, porque vão fazer parte de um comando proposto pelo Rui Costa, aqui do Governo Federal, aqui nessa base militar, para que a gente possa ter apenas um eco, um ponto de informação, para que a gente não possa receber informações truncadas, informações, sabe? Que nem sempre são compatíveis com o que está acontecendo.
Então, nós vamos ter um comando aqui, um comando junto com o comando do governador. A gente vai, então, tomar conta disso com muito carinho, com muito respeito, para que as coisas possam acontecer. E eu queria dizer que a gente não vai permitir, como não permitimos no Vale do Taquari, como não permitimos quando houve a seca aqui no Rio Grande do Sul, que faltem recursos para que a gente possa reparar os danos causados, sabe? Na época, pela seca, e depois, em Taquari, pela chuva e agora pela chuva.
O Governo Federal estará 100% à disposição do estado do Rio Grande do Sul, do povo do Rio Grande do Sul, para a gente atender, sabe? Com material humano, com trabalho, com eficiência e com recurso, que eu sei que vai ser necessário, para que a gente possa reparar os prejuízos, que no primeiro momento a gente só tem que salvar vida, a gente só tem que cuidar das pessoas.
Num segundo momento, a gente vai ter que cuidar de fazer uma avaliação dos danos e, a partir daí, começar a pensar como encontrar o dinheiro para que a gente possa reparar esses danos.
E eu quero dizer para vocês que não faltará, da parte do Governo Federal, ajuda para cuidar da Saúde. Quero dizer que não vai faltar dinheiro para cuidar da questão do transporte, que não vai faltar dinheiro para cuidar da questão dos alimentos, que não vai… Ou seja, tudo que tiver no alcance do Governo Federal, seja através dos ministros, seja através da sociedade civil, ou seja através dos nossos militares, a gente vai dedicar 24 horas de esforço para que a gente possa atender às necessidades básicas do povo que está isolado por conta da chuva.
Eu sei que são muitas estradas, são muitas pontes, são muitas casas, sabe? Lamentavelmente, a gente só não pode prometer recuperar as vidas das pessoas porque não está no nosso alcance, mas a gente vai tentar minimizar o prejuízo de todas as pessoas.
Eu quero terminar dizendo para vocês que como ser humano, como ser humano, eu vou rezar e rezar muito para que a chuva possa parar, para que as pessoas possam voltar para as suas casas, para que as pessoas possam se reencontrar e viver a sua vida tranquilamente, em harmonia com a família. Isso do ponto de vista como ser humano.
Como governante, eu vou fazer o que tiver ao alcance do Governo Federal e suas instituições para que a gente possa dar ao Rio Grande do Sul e ao povo gaúcho e ao povo da região afetada tranquilidade, para que a gente possa viver com muito respeito cuidando da nossa família.
Dito isso, eu queria passar a palavra para o ministro. Não sei se começa pelo Waldez, que é o que tem maior responsabilidade agora, porque é o ministro da Integração e é o homem que coordena a Defesa Civil. E é o homem que tem uma prática muito grande no Rio Grande do Sul, porque já cuidou do Vale do Taquari na outra enchente, para ele falar um pouco o que a Defesa Civil, o que o ministério vai fazer.
Depois, eu queria passar a palavra ao ministro Renan para dizer o que ele vai fazer com relação às estradas federais. Depois o companheiro Rui Costa. Depois o companheiro Jader, que é o ministro da Cidade, que nós vamos lançar um PAC para resolver o problema das encostas no Brasil, sabe? No próximo dia 8.
Depois a Marina, que é a pessoa que mais tem nos alertado sobre a questão do clima, sobre a questão, muitas vezes, de quanto nós seres humanos estamos sendo culpados pelo que nós estamos colhendo. A natureza está se manifestando e nós precisamos levar isso muito em conta porque quando a natureza se rebela, a gente sabe que os prejuízos são muitos.
Então, com vocês, agora, a palavra do companheiro Waldez.
Não, é só para terminar essa reunião. Eu estou querendo ver se eu vejo o rio, que eu estou querendo ver se eu vou até uma ponte. Não sei se a estrutura está montada. Mas eu só queria terminar essa conversa dizendo ao nosso querido prefeito de Faxinal do Soturno. Eu vou repetir pra você dizer para o seu povo o seguinte: eu tenho noção, nunca vivi isso, mas eu tenho noção do que é o desespero dos seres humanos, perdendo parente, perdendo casa, perdendo a produção.
Eu já tive muitas enchentes na minha vida, mas nunca dessa magnitude. Eu já morei em bairros que entravam um metro e meio de água dentro de casa. A gente perdia tudo. E, muitas vezes, a prefeitura dava um colchão de capim para a gente dormir até a gente arrumar dinheiro para comprar outro colchão.
O que eu quero dizer para você? Diga para seu povo que o Governo Federal, com o governo estadual e com todo o esforço que a gente puder fazer, a gente vai estar junto para minimizar o sofrimento de cada família. O que nós queremos é não medir esforços para que a gente possa garantir que as pessoas voltem a viver dignamente, a trabalhar dignamente, a reconstruir suas casas. De preferência, não deixe as pessoas reconstruírem casas onde tem problema de enchente. Se puder, a prefeitura facilita um terreno para a pessoa construir casa.
O ministro das Cidades, depois que tiver o levantamento feito, eu espero que haja uma reunião, que pode ser em Porto Alegre, com todos os prefeitos atingidos para a gente saber os prejuízos de cada cidade. Para a gente saber quantas casas tem que fazer, o que precisa fazer de casa, e que a gente tome cuidado para as casas não serem feitas no mesmo lugar, que sejam feitas em outros lugares.
Então, prefeito, só diga para o seu povo o seguinte: a gente vai ter parceria para cuidar de vocês. Nós não estamos sozinhos. Esse país voltou a ser humanizado. Esse país voltou a conhecer a palavra fraternidade. Esse país voltou a conhecer a palavra solidariedade. Eu nunca, prefeito, nunca me preocupei de perguntar para qualquer prefeito de qual partido ele é, para qual time ele torce, qual religião ele frequenta. Nunca.
O que eu quero saber é que se o povo de Faxinal do Soturno, o povo de Santa Maria, o povo do Rio Grande do Sul tem um problema, a obrigação do Governo Federal é ajudar a solucionar esse problema. Diga isso para o seu povo, que eles terão a parceria do Governo Federal para recuperar a cidade e o prazer pela vida.
O que vai melhorar a cabeça das pessoas é eles não perderem a esperança de que eles vão recuperar a dignidade plena como ser humano.
Pode. Não, pode falar, só vou terminar aqui dizendo o seguinte: eu, quando terminar isso aqui, eu vou tentar ver se eu consigo visitar uma ponte no rio e depois eu embarco para Brasília, mas estarei à disposição.